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sem ler o que eu escrevera e sem esmaecer o sorriso que<br />
permanecia iluminando sua boca e seu rosto.<br />
Elisa era aquele tipo de aluna que sempre aparece em<br />
cursos de especialização, à procura de não-sabe-bem-oquê,<br />
às vezes só uma desculpa para sair à rua e ficar livre<br />
do marido chato, dos filhos e da rotina. Às vezes uma<br />
vontade genuína de correr atrás do tempo perdido como<br />
dona de casa. Na maioria das vezes, apenas um impulso<br />
ao desconhecido, um caminho para o desejo, uma vertigem<br />
pelo perigo.<br />
– Lindo o seu livro. Ainda não li, porque comprei<br />
hoje, mas já vi as imagens.<br />
– Ah, obrigado.<br />
Meu impulso era dizer “linda é você”, mas controlei<br />
a afoiteza e voltei meus olhos aos papéis de aula sobre a<br />
mesa, fingindo interesse pela arrumação da pasta. No percurso<br />
entre seu rosto e a mesa, meus olhos se fixaram um<br />
momento nos peitos empinados sob a blusa de seda azul,<br />
bicos excitados marcando o tecido macio e requintado. Ela<br />
notou e baixou os olhos, não por ter ficado desconcertada<br />
ou com vergonha, mas para olhar diretamente para o meu<br />
pau, divertida com o fato de que estava me deixando maluco<br />
e sabendo que sua mirada só carregava mais tensão<br />
no circuito. Foi muito rápida no gesto, logo levantando a<br />
cabeça com um sorriso ainda mais largo, ao ter provas de<br />
seus talentos de sedutora.<br />
Ela teria qualquer coisa em torno de 30 anos. Linda<br />
e juvenil o suficiente para parecer bem menos, mas com<br />
um olhar esperto e um perfume de autoconfiança bastantes<br />
para denotar a experiência de uma mulher mais madura.<br />
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