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antes da moda. Uma de suas mais constantes causas era a<br />
luta pela reintrodução e o manejo comercial da matrinxã<br />
nas bacias do São Francisco e do Doce, dizimada pelos anos<br />
de degradação ambiental. Como conseqüência lógica, sua<br />
luta derivava para uma cruzada contra a aclimatação dos<br />
tucunarés em alguns lagos, sobretudo os do Alto Rio Doce,<br />
feita pelos pescadores amadores que, a partir da década<br />
de 1980, haviam redescoberto esse parente superior dos<br />
acarás na pesca esportiva da bacia amazônica e o haviam<br />
trazido, sem qualquer controle, para os lagos do Sudeste.<br />
Ambos eram grandes peixes esportivos, mas à nobreza da<br />
matrinxã se opunha a verdadeira devastação provocada<br />
pelo tucunaré onde quer que ele entrasse, efeito não previsto<br />
pelos pescadores e exemplo claro dos desequilíbrios<br />
causados pela ação humana. Quando a ecologia entrou na<br />
moda e passou a dar dividendos políticos, Gustavo Veloso<br />
foi convocado pelos poderosos de ocasião – entre eles o<br />
deputado Severiano Almeida – para propor políticas públicas<br />
de meio-ambiente. Com a honestidade intelectual<br />
e o gosto pelo trabalho que o caracterizavam, chegou a<br />
gerir órgãos públicos, além de integrar todos os comitês<br />
da área, mas acabou desencantado com o ambiente vil da<br />
máquina estatal e se recolheu ao próprio trabalho. Sua<br />
retirada significou um baque para as melhores cabeças da<br />
nova geração, que viam nele um símbolo de resistência<br />
e de probidade. De anos para cá, passou a agir somente<br />
como consultor independente de projetos.<br />
Nessa condição, Doutor Gustavo conheceu Ascânio<br />
Guedes, quando o industrial implantava em Senhora do<br />
Carmo – na fronteira leste do Parque Nacional da Serra do<br />
Cipó e usando águas que iam dar no Rio Santo Antônio –<br />
o Tilápia Viva, impressionante projeto de produção e<br />
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