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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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emergencial, exceto naqueles casos em que precisa ser mantido até o fim da vida ou do ciclo<br />

da idade (<strong>DE</strong>MO, 1996, p.31)”. No que se refere ao papel do Estado na política assistencial,<br />

ressalta o autor: “Cabe ao Estado cumprir adequadamente esse dever, sobretudo não rebaixar<br />

assistência a assistencialismo”.<br />

De modo correlato, observa-se, que o mesmo aconteceu na formação das primeiras<br />

instituições para menores, que atribuíam ao processo educativo o mito da resolução dos<br />

“problemas de delinqüência e pauperização” das crianças e adolescentes das grandes cidades<br />

brasileiras, na tentativa de corrigi-las e adequá-las à estrutura da sociedade.<br />

Contemporaneamente, nos moldes da sociedade pós-moderna e tecnológica, ficou ao encargo<br />

do PETI o papel de reinserção dos egressos do trabalho infantil na sociedade, antes<br />

desempenhado por instituições como as Casas de Correções e Institutos Disciplinares<br />

instituídos desde as primeiras décadas do regime republicano, passando pelas FUNABEM,<br />

FEBEMs entre outros, que “educavam” pelo medo, pela vigilância dos desvios de conduta,<br />

preparando-os para a vida em sociedade. O monitor, na sua postura de educador do PETI,<br />

para não fugir desta herança pedagógica, deve, segundo o Manual do Programa (BRASIL,<br />

2004, p.21), “ver as crianças e adolescentes do PETI como seres em particular, com uma<br />

história própria, carências e problemas peculiares, pois as mais vulneráveis podem precisar de<br />

atendimento específico (assistência à saúde, terapias etc.)”.<br />

No entanto, diante desse quadro apontado para os programas de assistência social, em<br />

especial o PETI, é necessário refletir sobre as seguintes questões: qual é a contribuição da<br />

Jornada Ampliada para o futuro profissional e escolar dos egressos do trabalho infanto-juvenil<br />

integrados ao PETI? Qual é a especificidade do trabalho educativo do monitor junto a essas<br />

crianças e adolescente para a construção deste futuro no espaço da Jornada Ampliada, já que a<br />

população infanto-juvenil integrada ao programa foi caracterizada em condição de risco<br />

social? E, se toda a educação é voltada para o desenvolvimento dos educandos na sociedade,<br />

então por que a educação desenvolvida junto às crianças e aos adolescentes em condição de<br />

risco é conhecida como educação social e o profissional de educador social? Qual o papel da<br />

escola, já que se torna necessária a implantação de programas sociais de cunho educativo<br />

(Bolsa-Escola, PETI) para subsidiar o processo educacional das crianças e adolescentes de<br />

baixa-renda do país?<br />

Estas indagações demonstram um cenário de dissociação entre as Políticas Públicas<br />

(em particular as educacionais) e a realidade em que vive a maioria da população, em que as<br />

diferenças econômicas existentes na sociedade brasileira influenciam na permanência da<br />

criança e do adolescente na escola ou mesmo no trabalho precoce.

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