NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

de formação específica, combinados com cursos de formação geral (por isto os
programas de pós-graduação estão repletos de educadores advindos das
ONGs). (GOHN, 2004, p. 24).
O educador ao fomentar dentro de si e para si tais características, se colocará, então,
contra a “educação bancária” tão criticada por Paulo Freire, pois esta tolhe, fragmenta e
desconsidera a história de vida, experiências, conhecimentos, além de reprimir a livre
expressão, participação do educando, destituindo-o de sua condição de sujeito de direito,
tornando-o mero receptáculo de informações, que apenas armazena e executa as ordens,
domesticando suas ações e reações numa constante disciplina em prol de um modelo de
gestão da produção.
3.3 O sistema educacional na contemporaneidade
As escolas públicas tornaram-se um campo amplo e complexo a ser “explorado” por
grupos que estão no topo da organização social, devido a maioria dos estudantes do país estar
freqüentando escolas públicas. Conforme análise de dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa
– IBGE para o ano de 2005, as instituições públicas de ensino atendiam 88,8% das crianças e
adolescentes que estavam freqüentando o ensino Fundamental, enquanto que 11,2% estavam
nas escolas da rede particular de ensino. O índice também é bastante expressivo no ensino
Médio, com cerca de 85,0% dos estudantes.
O percentual se inverte, segundo o IBGE (2005), quando se trata do ensino superior,
no qual 75,3% dos discentes estão matriculados na rede de ensino particular, enquanto os
outros 24,7% estão matriculados nas universidades públicas. É interessante observar esta
mudança estatística que ocorre quando se trata do ensino superior público. Nesta área, apesar
do sucateamento das universidades públicas, o ensino ainda é considerado de melhor
qualidade e está restrito a uma pequena parcela da população, que corresponde:
[...] do total de estudantes da rede pública de ensino superior, 58% pertenciam
ao quinto mais rico e do total de estudantes da rede privada, 70% pertenciam a
este quinto. Além da própria questão referente à demanda dos estudantes mais
pobres ao nível superior, dado que muitos deles sequer conseguem terminar os
níveis de ensino anteriores, o que se observa é que se por um lado o nível de
rendimento familiar funciona como uma barreira ao acesso desses estudantes
às universidades e faculdades privadas, por outro, a precariedade da atual rede
pública de escolas de nível médio e fundamental não vem preparando
adequadamente seus alunos de forma a concorrer em condições de igualdade