NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...
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Solidária e de grupos de Educadores Sociais de Rua, os quais se organizaram diante da difícil<br />
situação das crianças e adolescentes de e na rua 21 , entre outros movimentos que fizeram da<br />
Educação Popular uma bandeira de luta, na tentativa de transformar a realidade através da<br />
prática dialógica, democrática e política.<br />
O que se percebe, na trajetória dessa concepção de Educação Popular, é que<br />
ela incidiu em mudanças na consciência política e social e no nível cultural e<br />
principalmente na capacitação dos setores oprimidos, mas não gerou<br />
diretamente uma organização política capaz de transformar as sociedades. No<br />
entanto, na década de 80, observou-se a vinculação da Educação Popular, dos<br />
movimentos sociais, a um novo campo problemático, o da defesa dos Direitos<br />
Humanos, principalmente ligados à mulher, aos indígenas, às crianças e aos<br />
adolescentes, e como novos sujeitos políticos – sujeitos de direitos - cujos<br />
discursos passaram a ser os mais fortes e candentes do século XX<br />
(GRACIANI, 2005, p. 57).<br />
Brandão (2002) completa a reflexão de Graciani ao afirmar que a Educação Popular<br />
tem como uma de suas características o esforço em recuperar a novidade da tradição<br />
pedagógica pautada em pelo menos quatro pontos:<br />
a) o mundo em que vivemos pode e deve ser transformado continuamente em<br />
algo melhor, mais justo e mais humano; b) esta mudança contínua é um direito<br />
e um dever de todas as pessoas que se reconheçam convocadas a participarem<br />
dela, em alguma dimensão onde, para elas, isto é uma vocação devida e<br />
viável; c) a educação possui aqui um lugar não absoluto, mas importante, pois<br />
ela cabe formar pessoas destinadas a se verem como co-construtores do<br />
mundo em que vivem, o que significa algo mais do que serem preparados para<br />
servirem no limite dos produtores de bens e de serviços em mundos sociais<br />
que conspiraram contra as suas próprias humanidades; d) aos até aqui<br />
excluídos dos bens da vida e dos bens do saber, o direito à educação, e que<br />
ademais de ser uma educação de qualidade, elas seja também um lugar onde a<br />
cultura e o poder sejam pensados a partir deles: de sua condição, de seus<br />
saberes e de seus projetos sociais (BRANDÃO, 2002a, p. 168).<br />
Nesta trajetória da Educação Popular, Paiva (2003), através de um breve relato sobre a<br />
importância e a luta dos Movimentos Sociais pelo direito das classes populares de se ter<br />
acesso à escola pública e gratuita, afirma que:<br />
Os movimentos que surgiram na primeira metade da década dos anos 60,<br />
voltados para promoção popular, pretendiam-se às condições políticas e<br />
culturais, vividas pelo país naquele momento. Eles nasceram das preocupações<br />
dos intelectuais, políticos e estudantes com a promoção da participação<br />
política das massas e do processo de tomada de consciência da problemática<br />
brasileira que caracterizou os últimos anos do governo Kubtischek (...). Os<br />
diversos grupos lançam-se ao campo da atuação educativa com objetivos<br />
políticos claros e mesmos convergentes, embora cada um deles enfocasse o<br />
problema à sua maneira e mesmo lutassem entre si. Pretendiam todos a<br />
transformação das estruturas sociais, econômicas e políticas do país, sua<br />
21 Os termos crianças e adolescentes de rua e na rua denotam condições diferentes, pois o primeiro se refere<br />
àqueles que não mantêm nenhum vínculo com os seus familiares, escolas entre outros, enquanto que o segundo<br />
se refere àqueles que conservam os vínculos e retornam para casa a maioria dos dias (GRACIANI, 2005).