NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

desempenhada pelas atividades informais e, no caso específico do trabalhador
precoce, essa reprodução se dá na família. Destarte, a criança e o adolescente
desempenham um papel na divisão social e sexual do trabalho, compõem um
contingente que ajuda a manter a família, cujos adultos não conseguem
inserir-se nem mesmo nas atividades de sobrevivência.
Portanto a função do monitor como um agente da educação, que tem junto às crianças
e adolescentes do PETI, no desenvolvimento de atividades educativas, deve ser revisto, pois o
papel desempenhado por esses profissionais se enquadra mais no perfil do “vigilante”, do
“disciplinador”, do “moralista”, do “representante da lei e da ordem”, que vai ao encontro do
“disciplinamento” social desejado Foucault (1977). Sendo assim, repensar o papel desse
agente educacional significa fazer uma revisão tanto da política econômica, social e
educacional do país, como, mais especificamente, da estrutura do Programa, da formação e do
modo de atuação dos monitores junto às crianças e adolescentes egressas do trabalho infantojuvenil.
Atuar como educador, ou como um agente educacional, em um Programa que deveria
visar o desenvolvimento biopsicossocial dos educandos, necessitaria adotar a postura de um
“educador dialógico” 20 , onde educador e educando poderiam interagir buscando o melhor
método para o prosseguimento da aprendizagem e do crescimento mútuo. Portanto, Segundo
Freire (2005, p.58), “somente quando os oprimidos descobrem, nitidamente, o opressor, e se
engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando,
assim, sua “convivência” com o regime opressor”. Afinal, o monitor faz parte do sistema
administrativo, mas hierarquicamente a sua função está subordinada às demais dentro das
instituições educacionais, como as do diretor, do pedagogo e do professor.
3.2 A prática profissional dos monitores e a Educação Popular
O trabalho desenvolvido por crianças e adolescentes “contribui com o analfabetismo
de jovens, promove o baixo nível de escolaridade e a defasagem escolar, porque dificulta o
20 Freire (2005) considera essencial que o educador dialógico, atuante como membro de equipe interdisciplinar,
contribua para problematizar o universo temático do educando, recolhido através do processo investigativo
surgido a partir da “palavra geradora”, junto aos educandos, ao invés de simplesmente discorrer sobre
determinado tema ou conteúdos pragmáticos, que apenas “involucra finalidades” a serem impostas ao povo, sem
refletir os anseios e ansiedades deste povo, assim como faz a educação bancária.