NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...
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carrega consigo a função de vigiar e fazer cumprir leis e regras normativas provenientes de<br />
algum regulamento?<br />
Quanto à primeira indagação, Graciani (2005) - ao tratar da corporeidade como um ato<br />
de expressão e comunicação - apresenta a situação passada pelas crianças e adolescentes<br />
trabalhadores nos tempos modernos, mostrando a diferença de tratamento vivida entre a<br />
população infanto-juvenil a partir da estrutura hierárquica de classes, afirmando que:<br />
Do ponto de vista do desenvolvimento da corporeidade e do jogo da<br />
população infanto-juvenil, a cidade industrial capitalista estabeleceu uma<br />
dualidade histórica. Para os filhos das camadas médias e superiores, a cidade<br />
mostrou-se generosa em viabilizar tempo, espaço e elementos culturais para<br />
potencialização do “viver infantil”. Ainda que exercendo o controle e o<br />
gerenciamento sobre o tempo livre da criança burguesa, as gerações adultas<br />
souberam reconhecer sua importância para o desenvolvimento. Para os filhos<br />
das classes trabalhadoras, entretanto, acenou-se com a figura do trabalho<br />
precoce, da instrução disciplinar e com o controle e gerenciamento do escasso<br />
tempo livre para atividades lúdicas e de corporeidade (p.163).<br />
Partindo desta visão, Alberto (2002, p.103), ao se referir às fases do desenvolvimento<br />
complementa:<br />
A infância e a adolescência são categorias sociais que permitem pensar a<br />
desigualdade social como inerente a uma sociedade de classes sociais<br />
antagônicas: classes sociais que têm infância e adolescência e classes sociais<br />
que não as têm – ou de formas desiguais de viver estas fases do<br />
desenvolvimento, imprescindíveis na formação do homem. Nesta fase da vida,<br />
já se incumbem socializações divergentes, para assumirem os lugares que<br />
ocuparão na sociedade. Os que precisam trabalhar para sobreviver – os que se<br />
preparam para dominar.<br />
Logo as crianças e adolescentes da classe da base da pirâmide social (os pobres) são<br />
condicionados, seja pelo processo educativo escolar formal, ou pelos agentes dos diversos<br />
programas sociais do governo, mais especificamente do Programa de Erradicação do Trabalho<br />
Infantil (PETI), a reconhecerem-se como pessoas “ignorantes” e inaptas a exercerem uma<br />
função de destaque dentro da sociedade:<br />
De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, que não sabem nada, que<br />
não podem saber, que são enfermos, indolentes, que não produzem em virtude<br />
de tudo isto, terminam por se convencer de sua “incapacidade”. Falam de si<br />
como os que não sabem e do “doutor” como o que sabe e a quem devem<br />
escutar. Os critérios de saber que lhe são impostos são convencionais<br />
(FREIRE 2005, p. 56).<br />
As conseqüências, complementa Alberto (2002, p. 103-104), são:<br />
Sob essa lógica, a reprodução da força-de-trabalho se dá mediante um<br />
processo de exclusão de bens materiais e culturais. O que se tem são<br />
mecanismos de pauperização, mãos-de-obra desempregadas, que criam<br />
estratégias de sobrevivência. A reprodução da força de trabalho é