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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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“oficiais”, intendentes, observadores, monitores, repetidores, recitadores de<br />

orações, oficiais de escrita, recebedores de tinta, capelães e visitadores. Os<br />

papeis assim definidos são de duas ordens: uns respondem a tarefas materiais<br />

(distribuir a tinta e o papel, dar as sobras aos pobres, ler textos espirituais<br />

nos dias de festa, etc.); outros são da ordem da fiscalização (grifo nosso).<br />

Os responsáveis pela ordem da fiscalização, como os “monitores”, “observadores”,<br />

“visitadores”, “intendentes” e os “repetidores”, também eram possuidores do poder vigilante,<br />

que faziam funcionar, dentro de um sistema integrado de relações hierárquicas, a máquina do<br />

controle das relações, sem que houvesse a dissolução da força deste poder, levando um a<br />

vigiar o outro. Segundo Foucault (1977, p.158-159), esse poder:<br />

[...] Organiza-se assim como um poder múltiplo, automático e anônimo; pois,<br />

se é verdade que a vigilância repousa sobre indivíduos, seu funcionamento é<br />

de uma rede de relações de alto a baixo, mas também até um certo ponto de<br />

baixo para cima e lateralmente; essa rede “sustenta” o conjunto, e o perpassa<br />

de efeitos de poder que se apóiam uns sobre os outros: fiscais perpetuamente<br />

fiscalizados. O poder na vigilância hierarquizada das disciplinas não se detém<br />

como uma coisa, não se transfere como uma propriedade; funciona como uma<br />

máquina. E se é verdade que sua organização piramidal lhe dá um “chefe”, é o<br />

aparelho inteiro que produz “poder” e distribui os indivíduos nesse campo<br />

permanente e contínuo. O que permite ao poder disciplinar ser absolutamente<br />

indiscreto, pois está em toda parte e sempre alerta, pois em princípio não deixa<br />

nenhuma parte às escuras e controla continuamente os mesmos que estão<br />

encarregados de controlar; e absolutamente “discreto”, pois funciona<br />

permanentemente e em grande silêncio. A disciplina faz “funcionar” um<br />

poder relacional que se auto-sustenta por seus próprios mecanismos e substitui<br />

o brilho das manifestações pelo jogo ininterrupto dos olhares calculados.<br />

Graças às técnicas de vigilância, “física” do poder, o domínio sobre o corpo se<br />

efetuam segundo as leis da ótica e da mecânica, segundo um jogo de espaços,<br />

de linhas, de telas, de feixes, de graus, e sem recursos, pelo menos em<br />

princípio, ao excesso, à violência. Poder que é em aparência ainda menos<br />

“corporal” por ser mais sabiamente “físico”.<br />

Portanto, o poder disciplinar e vigilante, por meio de seus “agentes”, visa amoldar os<br />

que estão sob os seus olhares, os corpos individualizados, tornando-os produtivos e dóceis, e,<br />

assim, serem úteis para o sistema de produção capitalista através do adestramento. No entanto<br />

esta modalidade de poder produtivo, em vez de fazer uso da repressão e do castigo físico, atua<br />

na sociedade moderna através das instituições escolares, programas assistenciais como a<br />

FUNABEM, o PETI, dos meios de comunicação de massa – enfim, dispositivos que<br />

(re)passam, (re)transmitem os conhecimentos e as informações conforme os interesses sóciopolíticos<br />

e ideológicos de quem se encontra no topo da hierarquia social.<br />

A partir da perspectiva do poder disciplinar de Foucault, qual a relação existente deste<br />

sistema disciplinar com as crianças e adolescentes trabalhadores na contemporaneidade? Qual<br />

o papel dos monitores na desconstrução deste círculo hierárquico de poder, já que a função

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