NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

XVII e XVIII – como a escola baseada no modelo fabril – adaptado por Batencour 16 para a
escola, segundo o exemplo citado por Foucault (1977). Este modelo foi aplicado na medida
em que foi aumentando o número de alunos para regulamentar as atividades de toda a turma e
ordenar o funcionamento da mesma.
Os “observadores” devem anotar quem sai do banco, que conversa, quem não
tem o terço ou o livro de orações, que se comporta mal na missa, quem comete
alguma imodéstia, conversa ou grita na rua; os “admonitores 17 ” estão
encarregados de “tomar conta dos que falam ou fazem zumzum ao estudar as
lições, dos que não escrevem ou brincam”; os “visitadores” vão se informar,
nas famílias, sobre os alunos que estiveram ausentes ou cometeram faltas
graves. Quanto aos “intendentes”, fiscalizam todos os outros oficiais. Só os
“repetidores” têm um papel pedagógico: têm que fazer os alunos ler dois a
dois, em voz baixa (INSTRUCTION MÉTHODIQUE POUR L’ÉCOLE
PAROISSIALE, 1669, p.68-83, apud FOUCAULT, 1977, p. 158).
O monitor, fora dos âmbitos escolares, mas não do processo educativo, possui também
sua figura associada às creches, instituições Não Governamentais (ONGs) e aos programas do
governo, onde é visto como educador e desenvolve suas atividades educativas com crianças e
adolescentes em situação de risco. Costa (1994), ao falar das características dos profissionais
que despendem suas energias em ONGs e programas de Atendimento Alternativo 18 para
crianças e adolescentes, os denominam de Instrutores. Segundo ele:
O instrutor é alguém que sabe realizar uma atividade determinada e se dispõe
a ensiná-la. Ele não passa por nenhum tipo de capacitação sistemática nem é
acompanhado em sua atividade docente. Os alunos, por outro lado, são
aqueles que se dispõem a aprender algo, engajando-se simplesmente nas
atividades oferecida (Costa 1994, p.11).
Os instrutores, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do
Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2002), são descritos como sendo aqueles que:
Planejam e desenvolvem situações de ensino e aprendizagem voltadas para a
qualificação profissional de jovens e adultos orientando-os nas técnicas
específicas da área em questão. Avaliam processo ensino-aprendizagem;
elaboram material pedagógico; sistematizam estudos, informações e
experiências sobre a área ensinada; garantem segurança, higiene e proteção
ambiental nas situações de ensino-aprendizagem; fazem registros de
16 Segundo Hébrard (2002), Jacques de Batencour foi um pedagogo que fez parte do quadro da comunidade dos
padres de Saint-Nicolas-du-Chardonnet, em Paris, que tentou renovar, em 1650, o ensino realizado nas pequenas
escolas dessa paróquia. Sua obra, L’Escole paroissiale (publicada por Pierre Targa, em Paris, em 1654),
influenciou o sacerdote e educador francês do século XVII, La Salle e tantos outros criadores de obras de
educação depois deles.
17 A palavra admonitores, proveniente do latim admonitororis, da mesma raiz latina de monitor, que significa
admoestador, 'o que faz lembrar', do v.lat. admoneo,es,nui,itum,ere 'advertir, fazer lembrar; exortar, excitar;
castigar' (HOUAISS, 2001).
18 Costa (1994, p.11) denomina de Atendimento Alternativo o “universo de programas e ações, voltados para a
capacitação e encaminhamento de adolescentes para o trabalho, que não fazem parte do sistema regular de
ensino (educação sistêmica de Iº e IIº graus) nem dos serviços nacionais de aprendizagem (SENAI, SENAC,
SENAR)”.