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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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que se submeter a trabalhos mais duros, de remuneração mais baixa e com risco de ficar sem<br />

o trabalho na hora da crise, pois a criança e adolescente trabalhadores não possuem nenhum<br />

direito trabalhista por parte de seu empregador, assim como a grande maioria, principalmente<br />

na Paraíba, que trabalha no setor informal.<br />

Através do desenvolvimento de suas atividades metodológicas educacionais, junto às<br />

crianças e adolescentes do PETI, os monitores, dependendo do tipo de relacionamento que<br />

mantêm com as crianças e adolescentes, podem desenvolver atividades que resgatem a autoestima<br />

destes trabalhadores precoces, ou ir de encontro à proposta do PETI, reforçando a idéia<br />

de que a criança deveria trabalhar para ajudar financeiramente seus pais, mascarando o<br />

desenvolvimento de suas atividades.<br />

Conforme Rizzini e Rizzini (1996), há, na sociedade, a idéia de que o trabalho evita<br />

que as crianças e adolescentes se tornem bandidos ou vagabundos; ou a de que o trabalho<br />

disciplina a criança e facilita a sua entrada no meio social, impedindo, assim, a sua inserção<br />

em atividades ilícitas, ocupando seu tempo ocioso com atividades consideradas “sérias”,<br />

“rentáveis” e de “futuro”. Sendo assim, os monitores, atores sociais responsáveis pelas<br />

crianças durante o período da Jornada Ampliada, podem estar desenvolvendo uma função<br />

dentro do PETI, sem ter consciência da sua importância e corroborando a idéia de que criança<br />

da classe popular deve trabalhar desde cedo para ajudar a sua família:<br />

A educação, desvinculada de um usufruto econômico imediato, era colocada<br />

como desnecessária e até problemática. Aprender a brincar, divertir-se e<br />

vivenciar o caráter lúdico e contemplativo de algumas atividades foram<br />

encaradas como total perda de tempo ou como atividade carente de sentido.<br />

Educação que não ensinasse a trabalhar era tida como uma atividade<br />

desviante, ora das tradições familiares (pois muitos pais, mães e avós tiveram<br />

de trabalhar ao lado dos seus pais), ora da própria realidade econômica das<br />

famílias dessas crianças, pois a equação era trabalhar ou passar fome<br />

(BRASIL,2004, p.22).<br />

Alberto (2002, p.230), complementa essa reflexão afirmando que as responsabilidades<br />

e obrigações atribuídas às crianças e adolescentes prematuramente incidem no<br />

desenvolvimento destes:<br />

[...] Estas responsabilidades prematuras têm conseqüências para a saúde,<br />

porque impedem o acesso desses sujeitos a vivências apropriadas e necessárias<br />

ao desenvolvimento, além de gerar um sentimento de sobrecarga, de perda, de<br />

pressão, de exploração, o que poderá levar, inclusive, ao desestímulo ao<br />

trabalho na vida adulta.<br />

Este tipo de pensamento vai de encontro ao objetivo da Jornada Ampliada, que é o de<br />

fomentar e incentivar a ampliação do universo de conhecimento dos egressos do trabalho

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