NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...
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Até 1992, o trabalho infantil tinha uma determinada configuração. Seu<br />
volume, sua intensidade, seus processos chamaram a atenção da comunidade<br />
internacional. A situação das crianças e adolescentes trabalhadores do Brasil<br />
era tão alarmante que, no final da década de 80, o país tornou-se sinônimo de<br />
desigualdade social, concentração de renda, miséria, subdesenvolvimento,<br />
corrupção e negligência. O Brasil, que nos anos sessenta tinha proclamado ser<br />
“o país do futuro”, nos anos oitenta era o país que negava um futuro às suas<br />
próprias crianças e adolescentes (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO<br />
TRABALHO, 2003, p.34).<br />
Conforme a OIT (2001, p.8), o IPEC objetiva a erradicação progressiva do trabalho<br />
infanto-juvenil através do fortalecimento das capacidades nacionais e do incentivo à<br />
mobilização mundial para o combate das atividades laborais perigosas, insalubres e<br />
degradantes exercidas por crianças e adolescentes. Visa também promover o desenvolvimento<br />
e a aplicação de legislação protetora e apoiar organizações parceiras na implementação de<br />
medidas destinadas a prevenir o trabalho infantil através de incentivos a políticas preventivas<br />
e ações diretas que desestimulem a exploração da mão-de-obra infanto-juvenil em todas as<br />
partes da terra.<br />
O IPEC/OIT, através de quatro programas de ações 11 , realizadas em seis anos de<br />
trabalho (1994 a 2000), no estado de Mato Grosso, junto às carvoarias do Mato grosso do Sul<br />
e da problemática nas destilarias da cana-de-açúcar, na plantação de braquiária, de algodão e<br />
erva-mate, tinham como objetivo geral a eliminação gradual do trabalho infanto-juvenil<br />
dessas atividades no estado (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2003,<br />
p.88).<br />
Essas ações foram importantes para a criação do Programa de Ações Integradas (PAI) no ano<br />
de 1995, iniciativa liderada pelos governos municipais e estadual de Mato Grosso do Sul,<br />
órgãos federais e por entidades da sociedade civil local, apoiada por instituições nacionais e<br />
11 Segundo a OIT (2003), os programas foram firmados com duas entidades não-governamentais: a Comissão<br />
Pastoral da Terra (CPT), que implementou 3 programas, e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do<br />
Estado do Mato Grosso do Sul (FETAGRI), que implementou 1 programa. O programa implementado pelo<br />
FETAGRI denominado de Mobilização para a Prevenção e Eliminação do Trabalho Infantil em Carvoarias<br />
do Estado do Mato Grosso do Sul (1994-1996), foi o primeiro a ser executado pelo IPEC/OIT, através de um<br />
acordo estabelecido com a FETAGRI/MS.<br />
Os outros três programas, realizados em parceria entre o IPEC/OIT e a Comissão Pastoral da Terra<br />
(CPT), Regional/MS, desdobraram-se paralelamente ao programa de ação implementado pela FETAGRI. O<br />
primeiro desses três executados pela Pastoral da Terra, foi denominado de Comissão Permanente de<br />
Investigação das Condições de Trabalho – Intervenção Sistemática nas Áreas de Trabalho Infantil em<br />
Condições de Risco (1994 -1996); o segundo, dando continuidade ao trabalho do primeiro e de maior<br />
abrangência e tendo como parceiros o Ministério Público do Trabalho e a Delegacia Regional de Trabalho, foi<br />
intitulado de Comissão Permanente de Investigação e Fiscalização das Condições de Trabalho no Estado<br />
do Mato Grosso do Sul – Intervenção Sistemática nas áreas de Trabalho Forçado em Condições de Risco<br />
(1996-1998). E, por fim, o terceiro programa, Comissão Permanente de Investigação e Fiscalização das<br />
Condições de Trabalho no Estado do Mato Grosso do Sul (1999-2000), deu continuidade aos dois anteriores<br />
e também contou com a parceria do Ministério Público do Trabalho e da Delegacia Regional do Trabalho.