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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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[...] Conceitos e propostas como as de “descentralização”, “autonomia dos<br />

centros escolares”, “flexibilidade dos programas escolares”, “liberdade de<br />

escolha de instituições docentes”, etc., têm suas correspondências na<br />

descentralização das grandes corporações industriais, na autonomia relativa de<br />

cada fábrica, na flexibilidade de organização para ajustar-se à variabilidade de<br />

mercados e consumidores, nas estratégias de melhora de produtividade<br />

baseada nos círculos de qualidade, na avaliação e supervisão central para<br />

controlar a validade e o cumprimento dos grandes objetivos da empresa, etc.<br />

(SANTOMÉ, 1998, p.20-21).<br />

Estas propostas educacionais, embora pareçam positivas, não são compatíveis com a<br />

proposta de educação verdadeiramente comprometida com o desenvolvimento da capacidade<br />

crítica, reflexiva, profissional e política dos discentes. Elas são sutis e correspondem às<br />

ideologias do mercado, desenhadas por meio da montagem de currículos que estão envolvidos<br />

com relações de poder, interesses, no intuito de controlar a maneira de pensar e de se<br />

comportar dos cidadãos, ficando à escola a função de inculcar os valores, as condutas e os<br />

hábitos “adequados” para manter o controle social, respondendo aos interesses ideológicos<br />

dos grupos que ocupam posições privilegiadas na organização social e que obtém benefícios<br />

com a manutenção do sistema capitalista, garantindo, assim, a continuidade da estrutura social<br />

existente e o prolongamento de seus investimentos financeiros e de poder (MOREIRA;<br />

SILVA, 2005).<br />

Sem fugir dos princípios do sistema capitalista com relação à educação, o “Relatório<br />

para UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI” recomenda<br />

que as escolas não devem ficar alheias ao rápido desenvolvimento econômico, que se desenha<br />

no mundo globalizado. Mas que se mantenham atentas à preparação de “capital humano”,<br />

para corresponderem às demandas do Mercado, conforme acentua o Relatório:<br />

Observa-se, de fato, que no decurso do período considerado e sob a<br />

pressão do progresso técnico e da modernização, a procura de educação com<br />

fins econômicos não parou de crescer na maior parte dos países. As<br />

comparações internacionais realçam a importância do capital humano e,<br />

portanto, do investimento educativo para a produtividade. A relação entre o<br />

ritmo do progresso técnico e a qualidade da intervenção humana torna-se,<br />

então, cada vez mais evidente, assim como a necessidade de formar agentes<br />

econômicos aptos a utilizar as novas tecnologias e que revelem um<br />

comportamento inovador. Requerem-se novas aptidões e os sistemas<br />

educativos devem dar respostas a esta necessidade, não só assegurando os<br />

anos de escolarização ou de formação profissional estritamente necessários,<br />

mas formando cientistas, inovadores e quadros técnicos de alto nível<br />

(<strong>DE</strong>LORS et al, 2000, p.70-71, grifo nosso).<br />

Portanto, o processo educativo passa a ser um meio eficaz para a formação e<br />

implantação do sistema capitalista, que gera uma “massa sobrante”, ou mais especificamente,<br />

um “exército de reserva” que fica a disposição dos empregadores, que se submetem a baixas

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