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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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Mesmo diante da exploração da mão-de-obra das crianças e adolescentes, o trabalho<br />

sempre foi visto pela sociedade como um tipo de “remédio”, que combate o “vírus” do<br />

comportamento desviante da população infanto-juvenil pobre. O desenvolvimento de alguma<br />

atividade laborativa por parte destes “menores”, geralmente, é vista como o melhor meio de<br />

aprendizagem para sobreviver na escola da vida, em detrimento da formação escolar,<br />

incorrendo na idéia de que o trabalho infanto-juvenil é uma alternativa eficaz para se evitar o<br />

envolvimento destes com roubos, com tráfico de drogas e com a prostituição. No entanto o<br />

que se viu é que o próprio SAM, como instituição governamental, de caráter educativo, levava<br />

os menores à prostituição e, ainda, em nome da educação pelo trabalho, explorava a força de<br />

trabalho destes, submetendo-os ao trabalho escravo (PASSETI, 2004; RIZZINI, 1995;<br />

RIZZINI, 2004).<br />

Ao escolher políticas de internação para crianças abandonadas e infratoras, o<br />

Estado escolhe educar pelo medo. Absolutiza a autoridade de seus<br />

funcionários, vigia comportamentos a partir de uma idealização das atitudes,<br />

cria a impessoalidade para a criança e o jovem vestindo-os uniformemente e<br />

estabelece rígidas rotinas de atividades, higiene, alimentação, vestuário, ofício,<br />

lazer e repouso. Mas neste elogio à disciplina nada funciona primorosamente.<br />

Antes mesmo do dia terminar, todo o proibitivo já está em funcionamento<br />

articulando internos entre si, internos e seus superiores, superiores e familiares<br />

dos prisioneiros numa engenhosa economia de ilegalidade pela qual circulam<br />

mercadorias roubadas, corpos, drogas e lucros (PASSETI, 2004, 356).<br />

Com a extinção do SAM, é criada a Política Nacional do Bem-Estar do Menor -<br />

PNBEM, em 1964, com a intenção de romper com as práticas negativas adotadas pelo SAM,<br />

na tentativa de reescrever a história das crianças pobres do país. A nova política de<br />

atendimento estava organizada para atender, a partir de uma metodologia científica, que se<br />

fundamentava em conhecimentos:<br />

• Psicológicos (estudos dos traços de personalidade);<br />

• Biológicos (deficiências de crescimento) e<br />

• Sociais (condições materiais) das crianças carentes e infratoras.<br />

O objetivo da PNBEM estava respaldado na formação de indivíduos para vida em<br />

sociedade através da educação (PASSETI, 2004). No entanto, conforme o mesmo autor, esta<br />

política nacional, através da Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM) e das<br />

Fundações Estaduais do Bem Estar do Menor (FEBEMs), espalhadas pelo território nacional,<br />

apenas conseguiu “estigmatizar crianças e jovens da periferia como menores perigosos”<br />

(PASSETTI, 2004, p.358).<br />

Conforme o estudo realizado por Altoé (1990), demonstra-se também, que a formação<br />

profissional das crianças e adolescentes da FUNABEM, vista como meio de inserção social,

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