NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...
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Comércio, Serviço Social da Indústria, Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Estas<br />
instituições, junto ao DNCr, objetivavam dar às crianças uma formação profissional, além de<br />
desenvolver nelas o respeito à hierarquia por meio da educação, suprir o mercado com<br />
“capital humano” do futuro cidadão e salvaguardar a família no intuito de proteger a criança<br />
(RIZZINI, 1995).<br />
Neste mesmo período, o governo federal criou o Serviço de Assistência a Menores<br />
(SAM) subordinado ao Ministério da Justiça. A partir de 1944, este serviço passou a abranger<br />
todo o território nacional, centralizando a assistência ao menor “delinqüente e transviado” da<br />
sociedade brasileira. No entanto, conforme Rizzini (1995), o SAM, por não atender às reais<br />
necessidades das crianças e dos adolescentes, transformou-se em mais um “depósito” para<br />
essa população, passando a ser denominada negativamente pela sociedade de “Escola do<br />
crime”, “Fábrica de criminosos”, “Sucursal do inferno”, entre outros. O SAM foi alvo de<br />
severas críticas e denúncias de corrupção, clientelismo, maus tratos dos internos,<br />
superlotação, indo de encontro à proposta oficial, voltada para educação, formação<br />
profissional, assistência à saúde e cuidados dos internos.<br />
Conforme Del Priore (2003), o SAM foi um sistema criado pelo Estado Novo, que,<br />
devido à sua ineficiência, ajudou a criminalizar e estigmatizar definitivamente o menor de rua,<br />
como sendo um delinqüente perante toda a sociedade. Além disso, complementa Rizzini<br />
(1995), os menores ali internos eram submetidos aos castigos corporais, à alimentação de<br />
baixa qualidade, à falta de higiene, à violência sexual tanto masculina como feminina,<br />
praticados por seus responsáveis dentro da instituição:<br />
Os inspetores de alunos foram culpabilizados por praticamente todos os exdiretores<br />
do SAM pelos maus tratos e exploração praticados contra os<br />
internos, sendo considerados incapazes para exercerem o cargo, por<br />
desconhecerem o “problema” do menor abandonado. Ao que tudo indica,<br />
muitos desses funcionários foram dispensados de outros órgãos públicos e<br />
aproveitados no SAM (RIZZINI, 1995, p.284).<br />
Seguindo a tradição de educar ou reformar o “caráter” dos menores pelo trabalho,<br />
ainda segundo Rizzini (1995), as meninas internas no SAM eram submetidas à exploração do<br />
trabalho doméstico, enquanto os meninos eram encaminhados aos Patronatos Agrícolas<br />
(instituições subordinadas ao SAM), para serem usados na lavragem das terras dos donos<br />
destes institutos. Ao término do período de internação, eram reenviados à capital da<br />
República, maltrapilhos, subnutridos e analfabetos, para sobreviverem nas ruas (RIZZINI,<br />
2004).