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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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Rizzini (2004), pesquisadora contrária ao uso de mão-de-obra infanto-juvenil, através<br />

de uma breve síntese, demonstra como as instituições fizeram uso da educação para o trabalho<br />

e como esta força de trabalho foi usada como “desculpa” para a formação de mão-de-obra<br />

disciplinada com menor custo, nos moldes das Sunday Schools Inglesas, de crianças e<br />

adolescentes trabalhadores, usando a filantropia como argumento:<br />

Asilos de caridade foram transformados em institutos, escolas profissionais,<br />

patronatos agrícolas. Surgem novas instituições, algumas fundadas por<br />

industriais, visando a adequação do menor às necessidades da produção<br />

artesanal e fabril, formando desde cedo a futura mão-de-obra da indústria.<br />

Foi o caso do Seminário dos Meninos, que em 1874 tornou-se o Instituto de<br />

Educandos Artífices, em São Paulo, oferecendo ensino profissional para<br />

alfaiates, marceneiros, serralheiros e seleiros. A iniciativa foi estendida para<br />

outros estados. A Sociedade Propagadora da Instrução Popular (1874) tornouse<br />

o Liceu das Artes e Ofícios, oferecendo aprendizagem industrial e agrícola.<br />

O Asilo dos Meninos desvalidos, criado em 1875, transformou-se<br />

posteriormente no Instituto Profissional João Alfredo. Em 1899 é criado o<br />

Instituto Professora Orsina da Fonseca para o preparo profissional de<br />

operárias, de oito a 18 anos (RIZZINI, 2004, p.378-379, grifo nosso).<br />

Este tipo de pensamento se fez presente na filosofia de diversas instituições como o<br />

Instituto Disciplinar, criado em 1902, na cidade de São Paulo, com o propósito de recuperar e<br />

reabilitar meninos e meninas que estavam nas ruas, através do trabalho, em nome da<br />

preservação da ordem social (PASSETI, 2004). Conforme o mesmo autor, as crianças eram<br />

vistas como potencialmente perigosas e<br />

[...] integrá-las ao mercado de trabalho significava tirá-la da vida<br />

delinqüêncial, ainda associada aos efeitos da politização anarquista e educá-la<br />

com o intuito de incutir-lhe a obediência. Pretendendo domesticar as<br />

individualidades e garantindo com isso os preceitos de uma preservação geral,<br />

os governos passaram a investir em educação, sob o controle do estado, para<br />

criar cidadãos a reivindicar disciplinadamente segundo as expectativas de uma<br />

direção política cada vez mais centralizadora. Para tal, escola e internato<br />

passam a ser fundamentais (PASSETI, 2004, p.355).<br />

Quando o Presidente Getúlio Vargas assumiu o poder nos anos de 1930, o trabalho<br />

passou a ser objeto de atenção particular do seu governo. Em 1937, sob a égide de um<br />

governo militar, os investimentos em instituições correcionais através do trabalho<br />

continuaram. A partir de 1942, o governo federal criou o Departamento Nacional da Criança<br />

(DNCr), órgão responsável pela coordenação das ações dirigidas à criança e ao adolescente,<br />

que tinha como meta a preparação do futuro cidadão trabalhador. Seguindo a mesma lógica,<br />

outras instituições - públicas e privadas - surgiram como resultado de uma política<br />

compensatória em relação à pobreza sofrida pelos trabalhadores e suas famílias: Legião<br />

Brasileira de Assistência, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Serviço Social do

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