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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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dispositivos de segurança colocando a mão-de-obra à mercê das engrenagens” (MOURA,<br />

2004, p.264). Nestas condições, as crianças e adolescentes estavam vulneráveis a constantes<br />

acidentes de trabalho por lidarem com equipamentos perigosos, em ambientes insalubres, e<br />

por executarem tarefas incompatíveis com sua idade. Além disso, o esforço físico excessivo, a<br />

disciplina e a atenção constante, exigidas na rotina do processo de trabalho produtivo,<br />

requeria destes um amadurecimento precoce, comprometendo o processo natural de<br />

desenvolvimento (infância e adolescência), a saúde e a escolarização.<br />

Segundo Moura (2004), não só nas indústrias era utilizada a força de trabalho infantojuvenil,<br />

mas também no mercado informal, como na venda de bilhetes de loterias pelas ruas<br />

da cidade de São Paulo. As crianças e adolescentes eram vistas trabalhando junto às praças e<br />

às portas das igrejas, engraxando sapatos, vendendo jornais, e na construção civil. Outros,<br />

para sobreviverem, recorriam à atividade de esmolar, assaltar e roubar. Estas últimas<br />

atividades, consideradas permissivas, transformavam-se:<br />

[...] no foco privilegiado de um discurso que enaltecia o trabalho enquanto<br />

instrumento que permitiria, fornecendo-lhes uma profissão, resgatá-los e<br />

preservá-los do contato pernicioso das ruas, que projetava sobre a cidade as<br />

sombras de uma crescente criminalidade (MOURA, 2004, p. 276).<br />

As crianças e adolescentes espalhados pelas ruas das grandes cidades, como São<br />

Paulo, refletiam a falta de infra-estrutura social, política e econômica existente nos centros<br />

industriais. As pessoas que migravam do campo, de outras cidades, estados ou de outros<br />

países, em busca de melhores perspectivas de vida, aglomeravam-se em quartos de cortiços,<br />

barracos de favelas, em construções clandestinas e debaixo de pontes. Essa composição<br />

difunde a idéia da falta de famílias estruturadas, carentes de subsídios financeiros, sociais,<br />

psíquicos e culturais, que empurram as crianças e adolescentes para a mendicância, expondoos<br />

à criminalidade ou à delinqüência (PASSETI, 2004):<br />

Tornaram-se comuns pais que trocam bordoadas e filhos que são pressionados<br />

a saírem em busca de sustento para prover a família dos meios de subsistência,<br />

abandonando a escola. A sexualidade nestas crianças tornou-se precoce e a<br />

prostituição uma fonte de renda, assim como o tráfico de drogas, e furtos e<br />

roubos passaram a ser “naturais” para a sobrevivência (PASSETTI, 1986,<br />

p.36).<br />

Pautados em discursos moralistas e paternalistas, muitos religiosos, juristas, policiais,<br />

advogados, industriais e as políticas adotadas pelo Estado criaram instituições educativas que<br />

tinham como propósito a adequação e a reabilitação da criança e do adolescente às<br />

necessidades das indústrias e do mercado (MOURA, 2004).

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