NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...
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devem proporcionar à população infanto-juvenil o acesso, a permanência e o bom<br />
desempenho de crianças e adolescentes na escola (BRASIL, 2004, p.3).<br />
Essa postura se confirma quando 22 monitores afirmam que a sua função no Programa<br />
é a de “educar as crianças e adolescentes”; 09 monitores, a de dar uma “formação para a<br />
cidadania”; 08 monitores, a de “resgatar e valorizar a auto-estima das crianças e<br />
adolescentes”; 07 monitores, que é a de “realizar atividades socioeducativas”; 03 monitores,<br />
que é a de “participar da vida e dos problemas das crianças e dos adolescentes”; 03 monitores,<br />
que é a de “atuar como multiprofissional”; 02 monitores, que é a de “evitar o trabalho infantojuvenil”;<br />
01 monitor, que é a de “auxiliar no reforço escolar”, e 02 não responderam.<br />
A consulta ao dicionário Aurélio revela que a palavra “educar” pode significar o ato de<br />
“promover a educação, transmitir conhecimentos, instruir, domesticar, domar; cultivar o<br />
espírito, instruir-se e cultivar-se”. Quando, em resposta a uma das questões, 22 monitores<br />
dizem que a sua função é “educar as crianças e adolescentes”, não deixam claro o tipo de<br />
educação que gostariam de compartilhar com as crianças e adolescentes do PETI, podendo<br />
estar se referindo tanto à transmissão de conhecimento, como à falta de disciplina por parte da<br />
população infanto-juvenil, como exemplificam as afirmações seguintes:<br />
Tentar educar e disciplinar as crianças (Monitor (a) fixo, 33 anos, Ensino<br />
Médio completo);<br />
Ser transmissor de conhecimentos e resgatá-los das culturas de cada um<br />
(Monitor fixo, 21 anos, Ensino Médio completo);<br />
Direcionar os adolescentes, a terem sua própria opinião, mudando o seu<br />
perfil (Monitor (a) fixo, 42 anos, não informou a escolaridade).<br />
Educar as crianças e adolescentes a serem bons cidadãos (Monitor (a) fixo,<br />
21 anos, ensino Superior Incompleto).<br />
Essas afirmações demonstram uma preocupação por parte dos monitores de tentar<br />
enquadrar as crianças e adolescentes segundo as normas sociais vigentes, sem considerar o<br />
processo pessoal de cada um, caracterizando o que Freire (2005, p.76) denomina de “prática<br />
bancária” da educação. O papel do educador que segue esta prática, segundo o autor, é o de<br />
apassivar os educandos e adaptá-los ao mundo, pois, “quanto mais adaptados, para a<br />
concepção “bancária”, tanto mais “educados”, porque adequados ao mundo”.<br />
Daí a necessidade de os monitores verem o espaço da Jornada Ampliada como um<br />
lugar que pode ajudar as crianças e os adolescentes no sentido de “melhorá-los” socialmente e<br />
no sentido de disciplinar, de vigiar e de colocar uma ordem, assim como acontece com as<br />
escolas. Essas imposições são realizadas, não por meio da força bruta, mas sutilmente, através<br />
da implantação de sistemas simbólicos de acordo com os quais a pessoa deve interpretar e<br />
organizar o mundo e nele agir: “A infância e o alfabetismo tornaram-se institucionalizados