NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

A necessidade econômica transparece nas seguintes afirmações de alguns dos
pesquisados usadas aqui para exemplificar a questão:
Por está(sic) desempregada e ter surgido uma oportunidade no núcleo
próximo de minha residência. (monitora fixa, 32 anos, Ensino Superior
Incompleto).
Por que estava procurando emprego e fui convocada. (monitora fixa, 19 anos,
Ensino Médio Completo).
Por necessidade, falta de emprego (Monitora fixa, 26 anos, Magistério).
Oportunidade de trabalho, pois estava desempregado (Monitor itinerante, não
informou a idade, Ensino Superior Incompleto)
Pode-se perceber, então, que o monitor da Jornada Ampliada do PETI, na sua maioria,
não está preparado nem familiarizado com a temática nem com a realidade das crianças e
adolescentes provenientes do trabalho infanto-juvenil. Essa realidade dos monitores do PETI
difere das que possuía o educador social de rua, descrita por Graciani (2005), que, na sua
gênese, era formado por um grupo interdisciplinar de universitários e professores do Centro
de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Essa equipe
interdisciplinar resolveu:
[...] após exaustiva discussão e análise de referência, partir para as ruas da
cidade de São Paulo e efetivar uma prática educativa (...) com o compromisso
de se engajar nessa realidade e, se possível, contribuir para a sua reversão,
mesmo sem contar que nenhuma estrutura política lhe desse respaldo (p.215-
216).
A pedagogia social de rua, proposta por Graciani (2005), exige competência técnica
para trabalhar com a realidade que se encontra fora do espaço, do tempo e dos conteúdos e
métodos oferecidos pela escola formal, mas está articulada com um compromisso político
com os educandos. Para tanto, o fazer pedagógico do educador social de rua deve propiciar
aos educandos o resgate da cidadania plena, orientada e embasada pelos princípios da
Educação Popular freireana, a qual se contrapõe às condições correcionais, disciplinares e
repressivas provenientes do passado.
A proposta metodológica educativa da Pedagogia Social de Rua se inscreve
como criadora das condições lúdicas para que o fazer educativo ocorra num
espaço de ação, reflexão e debate dos principais desafios e dificuldades,
concatenados com a pluralidade dos acontecimentos cotidianos da rua.
Possibilitando que o educando contextualize sua realidade, problematizando-a,
ele pode se distanciar dela e criticar as múltiplas determinações de sua
circunstância pessoal e social, como autor de sua própria história e com o
apoio imprescindível do Educador Social de Rua. Ele apreende e aprende, por
meio de comunicação, do diálogo e principalmente dos atos concretos e da
relação com o educador, a solidarizar-se com o plano mais amplo das lutas dos