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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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educação, enquanto o ser tia é viver uma relação de parentesco com seus sobrinhos, função<br />

não necessária na escola. Segundo o autor, a recusa em aceitar a identificação com a figura da<br />

“tia” não significa menosprezá-la ou diminuí-la, ao passo que aceitá-la também não lhe atribui<br />

valoração. Implica, sim, em retirar da figura da professora a sua responsabilidade profissional<br />

exigida politicamente por sua formação.<br />

Conforme Souza (1996), o que leva as pessoas a optarem pela profissão do magistério<br />

se dá pela facilidade do acesso a ela, como pelo fato de ser oferecida no período da noite de o<br />

investimento ser baixo, proporcionando menor custo para o estudante, ser menos competitiva<br />

no vestibular e de fácil inserção no mercado de trabalho, apesar dos baixos salários.<br />

Neste sentido, ao falar sobre as mulheres brasileiras, Domingos (2004) aponta que<br />

estas compõem a maioria do corpo docente do ensino fundamental. Segundo a autora, o<br />

levantamento realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico –<br />

OC<strong>DE</strong> 34 mostra que, de cada 100 professores em atividade, 83 são mulheres. Dentre os 34<br />

países pesquisados, o Brasil é o campeão do ranking com 83,10%. Israel ficou em segundo<br />

com 77,20%. O menor índice foi verificado na Índia, com 39,4%. Essas informações<br />

demonstram que o ato de “educar” faz parte do papel desempenhado pelas mulheres na<br />

cultura brasileira, refletindo as diferenças de gênero no Brasil.<br />

Os dados de nossa pesquisa, junto aos monitores do PETI da cidade de João Pessoa,<br />

confirmam claramente este fato da cultura brasileira, que aponta para a predominância do<br />

gênero feminino na função docente que se perpetua ao longo da história, que delega às<br />

mulheres a tarefa de ensinar as crianças, enquanto que o gênero masculino busca outras<br />

atividades, com salários mais atraentes, tornando-se uma minoria no exercício do magistério<br />

nas séries iniciais. A inserção masculina neste tipo de trabalho, junto às crianças, conforme<br />

Novaes (1986), é vista com certo “preconceito” por parte da sociedade, que coloca em dúvida<br />

a masculinidade do professor ou questiona a sua atuação profissional pelo fato de não ser<br />

considerado “meigo”, “carinhoso” e “paciente” com as crianças, atitudes estas consideradas<br />

inerentes ao ser mulher.<br />

Para Novaes (1986, p.104):<br />

34 A autora não cita a data do levantamento.<br />

As professoras se espantam quando vêem um homem se interessando<br />

pelo Magistério – surge até a dúvida quanto à sua masculinidade (...). O<br />

espanto cresce quando o homem é bem sucedido no seu trabalho. As<br />

professoras, supervisoras e mesmo a direção da escola reconsideram sua<br />

posição preconcebida, pois as crianças gostam do professor, o professor não<br />

tem problemas de disciplina e consegue se sair bem em suas aulas.

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