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NOZÂNGELA MARIA ROLIM DANTAS PROGRAMA DE ...

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No contexto educativo do PETI, a leitura dos dados também deixa transparecer o<br />

antigo modelo de uma educação básica, que atribui à mulher o papel de implantar, nas<br />

crianças e adolescentes, “a boa educação”, através do exemplo, da paciência e da ternura.<br />

Essa predominância do sexo feminino, no quadro dos monitores do PETI, revela que a<br />

estrutura da escola se faz ecoar nas ações dos monitores, que atribui à mulher, em pleno<br />

século XXI, o trabalho ou a missão de “educar” as crianças e adolescentes, considerando esta<br />

uma função tipicamente do sexo feminino.<br />

Conforme Neves (1999, p.99), além de as atividades femininas estarem marcadas pela<br />

relação entre dentro e fora do lar, que envolvem atividades relativas à casa, aos filhos e ao<br />

esposo, as mulheres também foram cogitadas para esta atividade pelo Estado por serem vistas<br />

como um investimento barato na implementação das escolas públicas no país, assim como<br />

afirma a autora:<br />

O magistério feminino no Brasil está relacionado à própria origem do ensino<br />

público, que aglutinou em torno de si inúmeras mulheres oriundas<br />

principalmente das classes médias da época. O Estado, procurando diminuir os<br />

custos de seus serviços, entre eles o da Educação, passou a contratar mão-deobra<br />

feminina, que se apresentava mais barata do que a masculina e pouco<br />

qualificada.<br />

Sendo assim, os dados colhidos junto aos monitores demonstram que esse papel de<br />

“cuidadora” no contexto educacional, na contemporaneidade, ainda se faz presente ao<br />

universo feminino. A Jornada Ampliada, que funciona como um espaço educativo, acaba por<br />

funcionar como um espaço de cuidado, disciplina, que coloca as crianças e adolescentes sob a<br />

responsabilidade daquela que já traz, em sua construção social, a função de criar e ensinar os<br />

filhos, subordinando-se a baixos salários, conforme a tabela 01.<br />

Novaes (1986) corrobora a reflexão de Neves (1999) afirmando que o magistério era<br />

entendido como uma atividade que prolongava as atividades maternas, passando, então, a ser<br />

visto e aceito pela sociedade como uma ocupação essencialmente feminina. A autora afirma,<br />

ainda, que a função de professora constrói-se enquanto função essencialmente maternal.<br />

Logo, a professora (educadora), para desempenhar bem seu papel, faz da escola o seu segundo<br />

lar, assumindo, muitas vezes, o papel de “mãe” ou de “tia”, tornando-se um parente “postiço”<br />

do educando. Talvez, afirma Novaes (1986),<br />

(...) seja por isso que as professoras se absorvam tanto com sua função<br />

formadora, disciplinadora; se preocupem tanto com o controle das crianças<br />

em prejuízo de sua função de levar os alunos a aprender (p.106).<br />

Freire (1998), ao criticar a postura da professora como “tia”, afirma que o ofício de<br />

professor implica cumprimento de uma função, exige uma postura política do profissional da

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