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Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra

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177<br />

Ora ç ã O CO n t ra LeóCrates<br />

algum dos seus <strong>de</strong>fensores 62 : que não po<strong>de</strong> ser acusado <strong>de</strong><br />

traição porque não tinha a seu cargo os estaleiros navais, nem<br />

a <strong>de</strong>fesa das portas, nem a manutenção do exército, nem<br />

qualquer outro aspecto relativo à <strong>de</strong>fesa da cida<strong>de</strong>. Em meu<br />

enten<strong>de</strong>r, quem tivesse alguma <strong>de</strong>stas funções não po<strong>de</strong>ria<br />

atraiçoar senão uma parte da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva, a atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong>, porém, implica a rendição total da cida<strong>de</strong>.<br />

Mais ainda, os traidores são culpados apenas<br />

perante os vivos, mas este homem é culpado também<br />

perante os mortos, ao privá-los até das honras fúnebres<br />

vindas das tradições dos nossos maiores 63 .<br />

60. Atraiçoada pelos primeiros, Atenas, conquanto<br />

reduzida à servidão, po<strong>de</strong>ria continuar a ser habitada;<br />

do modo como <strong>Leócrates</strong> a abandonou tornar-se-ia um<br />

<strong>de</strong>serto. No seguimento <strong>de</strong> circunstâncias muito graves<br />

as cida<strong>de</strong>s ainda po<strong>de</strong>m esperar vir a conhecer uma<br />

melhoria da sua sorte, mas quando são por completo<br />

arrasadas ficam privadas até <strong>de</strong>ssa limitada esperança 64 .<br />

62 Estes “<strong>de</strong>fensores”, ou “advogados”, são aqueles cidadãos a<br />

quem os Gregos chamam synêgoroi, literalmente, “aqueles que falam<br />

juntamente (com os réus na apresentação da <strong>de</strong>fesa)”, isto é, amigos ou<br />

protectores dos acusados, aos quais é permitido usar da palavra <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> o acusado ter apresentado o principal discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa (geralmente<br />

redigido por um especialista, o “logógrafo”), e não “advogados” em<br />

sentido mo<strong>de</strong>rno, que actuam como representantes do acusado.<br />

63 Ao fugir <strong>de</strong> Atenas, <strong>Leócrates</strong> privou <strong>de</strong> quaisquer actos <strong>de</strong> culto<br />

tanto as imagens dos <strong>de</strong>uses familiares dos seus antepassados, como os<br />

próprios túmulos que continham os restos <strong>de</strong>sses mesmos antepassados.<br />

64 Sobre as alusões implícitas neste <strong>de</strong>senvolvimento (Tróia,<br />

Messene, a <strong>de</strong>struição das Longas Muralhas <strong>de</strong> Atenas no fim da<br />

guerra do Peloponeso v. o comentário <strong>de</strong> Engels 2008, pp. 146-<br />

148. Cremos, no entanto, que Licurgo, ao escrever / pronunciar<br />

esta frase não po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lembrar-se da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

Tebas, or<strong>de</strong>nada em 335 por Alexandre. Logo após Queroneia<br />

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