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ANO 39, Julho/Agosto de 2009, nº 250 - Faculdade Cantareira

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<strong>ANO</strong> <strong>39</strong>, <strong>Julho</strong>/<strong>Agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2009</strong>, <strong>nº</strong> <strong>250</strong>


Associação <strong>de</strong> Engenheiros<br />

Agrônomos do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo<br />

Filiada a Confe<strong>de</strong>ração das Fe<strong>de</strong>rações<br />

<strong>de</strong> Eng. Agrônomos do Brasil (Confaeab)<br />

Presi<strong>de</strong>nte Arlei Arnaldo Ma<strong>de</strong>ira<br />

aeasp@sti.com.br<br />

1º vice José Antonio Pieda<strong>de</strong><br />

dsmm@cati.sp.gov.br<br />

2º vice Angelo Petto Neto<br />

petto@wi<strong>de</strong>soft.com.br<br />

1º secretário Ana Meire Coelho<br />

Figueiredo Nativida<strong>de</strong><br />

anikka@lexxa.com.br<br />

2º secretário Francisca Ramos <strong>de</strong><br />

Queiroz Cifuentes<br />

ninacifuentes@hotmail.com<br />

1º tesoureiro Luis Alberto Bourreau<br />

bourrea@terra.com.br<br />

2º tesoureiro Rene <strong>de</strong> Paula Posso<br />

reneposso@uol.com.br<br />

Diretor Glauco Eduardo Pereira Cortez<br />

Glauco.cortez@uol.com.br<br />

Diretor Luiz Ricardo Viegas <strong>de</strong> Carvalho<br />

ricardoviegas@terra.com.br<br />

Diretor Marcos Roberto Furlan<br />

furlanagro@yahoo.com.br<br />

Diretor Nelson <strong>de</strong> Oliveira Matheus Júnior<br />

nmatheus@sp.gov.br<br />

Diretor Sebastião Henrique Junqueira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

aeasp@sti.com.br<br />

Diretor Tulio Teixeira <strong>de</strong> Oliveira<br />

taliooliveira@hotmail.com<br />

CONSELHO DELIBERATIVO<br />

Aguinaldo Catanoci, Arnaldo André Massariol,<br />

Celso Roberto Panzani, Fernando Penteado<br />

Cardoso, Francisco José Burlamaqui Faraco<br />

Genésio Abadio <strong>de</strong> Paula Souza, Henrique<br />

Mazotini, José Amauri Dimarzio, José Maria<br />

Jorge Sebastião, José Paulo Saes, Luiz<br />

Henrique Carvalho, Luiz Mário Machado Salvi,<br />

Pedro Shigueru Katayama, Tais Tostes Graziano,<br />

Val<strong>de</strong>mar Antonio Demétrio<br />

CONSELHO FISCAL:<br />

André Luis Sanches, Anthero da Costa Satiago,<br />

José Eduardo Abrami<strong>de</strong>s Testa<br />

Suplentes: Francisco Fre<strong>de</strong>rico Sparenberg<br />

Oliveira, João Jacob Hoelz, Celso Luis Rodrigues<br />

Vegro<br />

Órgão <strong>de</strong> divulgação da Associação<br />

<strong>de</strong> Engenheiros<br />

Agrônomos do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

Conselho Editorial<br />

Ana Meire Coelho F. Nativida<strong>de</strong><br />

Ângelo Petto<br />

Sebastião Junqueira<br />

Diretor Responsável<br />

Nelson <strong>de</strong> Oliveira Matheus<br />

Jornalista Responsável<br />

Adriana Ferreira (mtb 42376)<br />

Colaboradora: Sandra Mastrogiacomo<br />

Secretária: Alessandra Copque<br />

Tiragem: 10.000 exemplares<br />

Produção: Acerta Comunicação<br />

Diagramação: Sígri<strong>de</strong> Gomes<br />

Redação<br />

Rua 24 <strong>de</strong> Maio, 104 - 10º andar<br />

CEP 01041-000 - São Paulo - SP<br />

Tel. (11) 3221-6322<br />

Fax (11) 3221-6930<br />

aeasp@sti.com.br/aeasp@aeasp.org.br<br />

Os artigos assinados não refletem<br />

a opinião da AEASP.<br />

Permitidaa reprodução com citação da fonte.<br />

Mudança é vital<br />

Talvez a melhor das qualida<strong>de</strong>s humanas seja a capaci-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar e <strong>de</strong> adaptar-se. As transformações, é ver-<br />

da<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m nos parecer boas ou ruins, <strong>de</strong> acordo com o<br />

nosso ponto <strong>de</strong> vista, mas uma coisa é certa, sem elas não<br />

estaríamos vivos.<br />

A <strong>de</strong>mocracia é um regime bom exatamente porque per-<br />

mite que haja alternância <strong>de</strong> pessoas no comando das institui-<br />

ções e eu fico feliz <strong>de</strong> ver isto acontecer aqui na AEASP. Em<br />

junho promovemos eleições para escolher o presi<strong>de</strong>nte e a<br />

nova diretoria, fico honrado por ter sido reeleito, sinal <strong>de</strong> que<br />

estou no caminho certo. Foram reeleitos e eleitos diretores.<br />

A AEASP também realizou Assembléia do Conselho Fis-<br />

cal para verificação das contas da instituição, e ficamos<br />

satisfeitos <strong>de</strong> apresentar as contas saneadas. O nosso obje-<br />

tivo é fazer o melhor uso possível dos recursos da entida<strong>de</strong>.<br />

A AEASP também trabalhou bastante para manter o óti-<br />

mo nível da tradicional Festa da Deusa Ceres, importante ce-<br />

rimônia que busca prestigiar os engenheiros agrônomos que<br />

se <strong>de</strong>stacaram ao longo do ano em diversas áreas. Confor-<br />

me havíamos prometido na última edição do JEA, abrimos<br />

espaço para mostrar quão bonito foi o evento <strong>de</strong>ste ano.<br />

E o engenheiro agrônomo do ano 2008, Shiro Nishimu-<br />

ra, foi entrevistado pelo JEA. É uma boa oportunida<strong>de</strong> para<br />

sabermos um pouco mais sobre a história <strong>de</strong>ste colega que<br />

tanto nos honra.<br />

Nesta gestão que se inicia preten<strong>de</strong>mos jogar nosso foco<br />

em três gran<strong>de</strong>s temas: qualida<strong>de</strong> do alimento, sustentabilida-<br />

<strong>de</strong> e bioenergia. Esse tripé vai sustentar todas as discussões<br />

e ações da entida<strong>de</strong>, dada a relevância <strong>de</strong>les. No mundo<br />

globalizado quando se fala em agricultura, inevitavelmente se<br />

fala em um <strong>de</strong>sses temas.<br />

E vamos tratar do assunto “qualida<strong>de</strong> dos alimentos”,<br />

nesta edição do JEA em um ótimo artigo sobre as <strong>de</strong>clara-<br />

ções da ANVISA acerca dos pimentões. Também estamos<br />

dando continuida<strong>de</strong> a tão importante discussão acerca do<br />

Código Florestal.<br />

O JEA <strong>de</strong>ste mês traz mais outros temas relevantes para<br />

os colegas. Esperamos que gostem!<br />

Boa leitura!<br />

Arlei Arnaldo Ma<strong>de</strong>ira<br />

editorial<br />

Rua 24 <strong>de</strong> Maio, 104 - 10º andar CEP 01041-000<br />

São Paulo - SP Tel. (11) 3221-6322 Fax (11) 3221-6930<br />

aeasp@sti.com.br/aeasp@aeasp.org.br


Agrishow e Cida<strong>de</strong> da Bioenergia: cada uma em seu lugar<br />

Está <strong>de</strong>scartada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a Agrishow 2010, consi<strong>de</strong>rada<br />

a maior feira do agronegócio da América Latina, mudar-se para São<br />

Carlos, futura Cida<strong>de</strong> da Bioenergia. Ela permanecerá em Ribeirão Preto,<br />

<strong>de</strong> acordo com seu presi<strong>de</strong>nte Cesário Ramalho. “A Agrishow vai<br />

permanecer em Ribeirão Preto porque é a gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> da agricultura<br />

brasileira, lá vivem as pessoas ligadas ao agronegócio. E agora com o<br />

apoio <strong>de</strong>finitivo da Secretaria da Agricultura e do secretário João Sampaio,<br />

conseguimos superar as dificulda<strong>de</strong>s históricas que envolviam essa<br />

questão da permanência em Ribeirão Preto. Hoje há sinergia com a<br />

prefeitura da cida<strong>de</strong>”, afirma Ramalho.<br />

A <strong>de</strong>cisão, porém não afeta os planos da Prefeitura <strong>de</strong> São Carlos<br />

que promete continuar investindo na construção da Cida<strong>de</strong> da Bionergia,<br />

que consumirá R$ 80 milhões, dos quais R$ 53 mi serão bancados pelo<br />

governo fe<strong>de</strong>ral e tem previsão <strong>de</strong> ser inaugurada em abril <strong>de</strong> 2010.<br />

Ramalho faz questão <strong>de</strong> ressaltar que a Agrishow e a Cida<strong>de</strong> da<br />

Bioenergia são coisas distintas. “A Cida<strong>de</strong> da Bioenergia é um gran<strong>de</strong><br />

pólo <strong>de</strong> ciências a Agrishow é a segunda maior feira <strong>de</strong> agronegócios<br />

do país e queremos que seja a primeira. A Agrishow <strong>de</strong>ve se firmar<br />

não só como uma feira <strong>de</strong> máquinas, mas principalmente <strong>de</strong> tecnologia<br />

agrícola”, salienta o dirigente.<br />

Brasil na reunião do Comitê do Co<strong>de</strong>x Alimentarius<br />

Francisco Fre<strong>de</strong>rico Sparenberg Oliveira, conselheiro da AEASP e gerente<br />

<strong>de</strong> articulação nacional da ABNT<br />

O avanço das normas elaboradas por organismos privados ou<br />

setoriais e a preocupação que o fato vem causando a órgãos como<br />

a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) e a Organização das<br />

Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) foi um<br />

dos temas em discussão na reunião anual do Comitê do Co<strong>de</strong>x<br />

Alimentarius, que aconteceu entre os dias 29 <strong>de</strong> junho e 4 <strong>de</strong> julho,<br />

em Roma, na Itália.<br />

O engenheiro agrônomo Francisco Fre<strong>de</strong>rico Sparenberg Oliveira,<br />

conselheiro da AEASP, esteve no Co<strong>de</strong>x, representando a Asso-<br />

Na <strong>de</strong>fesa da categoria<br />

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) consultou, até 31<br />

<strong>de</strong> julho passado, a socieda<strong>de</strong> sobre a mudança do nome do curso<br />

<strong>de</strong> Engenharia Agronômica para simplesmente Agronomia e da<br />

titulação <strong>de</strong> Engenheiro Agrônomo para Agrônomo.<br />

A AEASP, assim como a ESALQ, mantém sua posição pela manutenção<br />

do nome do curso como Engenharia Agronômica, tendo em vista os<br />

prejuízos que tal modificação po<strong>de</strong>ria acarretar para a categoria.<br />

A Associação se posicionou junto ao MEC, e a campanha<br />

realizada pela ESALQ conseguiu que milhares <strong>de</strong> emails <strong>de</strong> exalunos<br />

se manifestassem contra a intenção <strong>de</strong> tal mudança.<br />

Na opinião <strong>de</strong> Arlei Arnaldo Ma<strong>de</strong>ira, presi<strong>de</strong>nte da AEASP,<br />

Cesário Ramalho, presi<strong>de</strong>nte da Agrishow<br />

O presi<strong>de</strong>nte da Agrishow conta que para 2010 estão previstas algumas<br />

mudanças como: a ampliação da área, modificação da entrada<br />

daFeira, para facilitar o acesso. Além disso, a Secretaria da Agricultura<br />

vai dispor <strong>de</strong> uma área para mostrar suas pesquisas em cana <strong>de</strong> açúcar.<br />

ciação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas (ABNT), como gerente <strong>de</strong> Articulação<br />

Nacional. “A preocupação dos organismos internacionais é<br />

consi<strong>de</strong>rada justa, porque o aumento das chamadas normas privadas<br />

impõe dificulda<strong>de</strong>s para a comercialização. Os produtores tornam-se<br />

cativos <strong>de</strong> um só mercado e, portanto, ficam a mercê das regras que<br />

ele estabelece, <strong>de</strong>ntre outros fatores”, comenta Sparenberg.<br />

A ABNT tem atuado fortemente no sentido <strong>de</strong> congregar as<br />

ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção, para que possam criar um padrão brasileiro<br />

que evi<strong>de</strong>ncie a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos e processos no setor<br />

agrícola. Tal iniciativa <strong>de</strong>verá facilitar a comercialização tanto no<br />

âmbito nacional como no internacional.<br />

A Comissão do Co<strong>de</strong>x Alimentarius foi criada em 1963 pela<br />

FAO e pela OMS para <strong>de</strong>senvolver normas alimentares, orientações<br />

e textos relacionados, tais como códigos <strong>de</strong> boas práticas no âmbito<br />

do FAO. The main purposes of this Programme are protecting health<br />

of the consumers and ensuring fair tra<strong>de</strong> practices in the food tra<strong>de</strong>,<br />

and promoting coordination of all food standards work un<strong>de</strong>rtaken by<br />

international governmental and non-governmental organizations. Os<br />

principais objetivos <strong>de</strong>ste programa estão relacionados à proteção<br />

à saú<strong>de</strong> dos consumidores e assegurar práticas comerciais justas no<br />

comércio <strong>de</strong> alimentos, além <strong>de</strong> promover a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> todas<br />

as normas alimentares trabalho realizado pelas organizações internacionais,<br />

governamentais e organizações não-governamentais.<br />

tal atitu<strong>de</strong> do MEC representa falta <strong>de</strong> clareza quanto ao perfil<br />

profissional do Engenheiro Agrônomo e <strong>de</strong>monstra uma minúscula<br />

posição para o <strong>de</strong>senvolvimento acadêmico e profissional do<br />

Engenheiro Agrônomo. “Pensar gran<strong>de</strong> seria consultar a comunida<strong>de</strong><br />

sobre como melhorar a formação acadêmica e o ensino da<br />

Engenharia Agronômica nas 234 faculda<strong>de</strong>s existentes no Brasil,<br />

para a graduação <strong>de</strong> profissionais cada vez mais competentes e<br />

à altura do <strong>de</strong>senvolvimento da agropecuária e do agronegócio<br />

do Brasil!”, diz o dirigente. E finaliza: “bons exemplos já existem<br />

nas boas escolas, que sabem acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico<br />

e olham para o futuro com gran<strong>de</strong>za”.<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO agrônomo é notícia<br />

agrônomo é notícia


entrevista<br />

4<br />

Tradição e inovação<br />

Shiro Nishimura é o quarto e último presi<strong>de</strong>nte da família<br />

Nishimura na or<strong>de</strong>m sucessora a assumir o comando da Jacto Máquinas<br />

Agrícolas, em 2000. Um dos principais responsáveis pelo<br />

processo <strong>de</strong> profissionalização da companhia, <strong>de</strong>ixou o cargo em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007 para fazer parte do Conselho Administrativo.<br />

Formado em engenharia agrícola pela Unesp-Jaboticabal, ele<br />

abandonou seu sonho <strong>de</strong> ser boia<strong>de</strong>iro em Rondonópolis, em<br />

1991, para <strong>de</strong>dicar-se integralmente aos negócios da família.<br />

Para Shiro, a mistura da perseverança, segundo ele, uma característica<br />

bastante japonesa, com a amiza<strong>de</strong> do brasileiro ajudam<br />

a explicar o sucesso da companhia.<br />

O respeito pelos costumes aliado ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> inovar marcam<br />

a trajetória pessoal e profissional do quarto filho dos sete que<br />

o senhor Sunji Nishimura teve com dona Chieko. Ele cresceu na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia, em um ambiente que preservava os costumes<br />

orientais, mas estudou em escola pública e se inteirou dos hábitos<br />

locais. Entre os jogos <strong>de</strong> futebol e os trabalhos escolares, ajudava<br />

o pai a montar pequenas peças da futura companhia, quando<br />

chegava do colégio.<br />

A integração dos costumes se <strong>de</strong>u aos poucos. Até completar<br />

oito anos, Shiro e seus irmãos só comiam comida japonesa, aos<br />

12, o menino era fluente no idioma japonês, mas ia mal no português,<br />

foi quando passou a <strong>de</strong>dicar-se exclusivamente aos estudos<br />

da língua nativa. “Quando eu tinha oito anos, entrou uma cozinheira<br />

pernambucana em casa, a Madalena, aí, nós começamos<br />

a comer feijão, arroz e carne. A Madalena melhorou nossa comida”,<br />

conta ele, entre risos. E emenda. “Eu me sinto brasileiro<br />

completamente, eu tenho cara <strong>de</strong> japonês, mas não sou”.<br />

Como forma <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao país que o acolheu, há 30 anos o<br />

pai <strong>de</strong> Shiro criou a Fundação Shunji Nishimura, que oferece ensino<br />

técnico profissionalizante na área agrícola para centenas <strong>de</strong> jovens<br />

crianças na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pompéia. Shiro tem forte atuação na entida<strong>de</strong>.<br />

Shiro também foi presi<strong>de</strong>nte da Câmara Setorial <strong>de</strong> Máquinas<br />

e Implementos Agrícolas (CSMIA/ABIMAQ) no período <strong>de</strong><br />

1999/2001 e reeleito em 2001/2003. Durante 14 anos, ele<br />

<strong>de</strong>u sua colaboração à CSMIA, tanto em sua gestão, como nas<br />

gestões <strong>de</strong> Francisco Matturro (Marchesan) e Fabrício <strong>de</strong> Morais<br />

(Jumil). Foi gran<strong>de</strong> colaborador do Sistema Agrishow, sendo o<br />

responsável pela criação da Agrishow Cerrado, em Rondonópolis.<br />

Também foi incentivador e responsável pela participação<br />

da CSMIA nas Feiras <strong>de</strong> Guanajuato (México), Expochacra (Argentina)<br />

e Nampo Show (África do Sul). Graças à participação<br />

nessas feiras, muitas empresas familiares começaram a exportar<br />

os seus produtos pela primeira vez.<br />

Durante os oito anos que esteve à frente da Jacto transformoua<br />

em uma empresa <strong>de</strong> estrutura administrativa piramidal (on<strong>de</strong> a<br />

<strong>de</strong>cisão vem <strong>de</strong> cima para baixo), em uma empresa orgânica<br />

(<strong>de</strong>cisão compartilhada em vários níveis hierárquicos) com a consultoria<br />

do Sr. Victor Pinedo. Esta iniciativa transformou totalmente<br />

a Jacto e introduziu na companhia a visão <strong>de</strong> futuro.<br />

Sob seu comando a Jacto construiu a primeira fábrica <strong>de</strong> pulverizadores<br />

fora do Brasil, em Rayong, Tailândia, visando abastecer<br />

o mercado asiático.<br />

Shiro também foi diretor da Associação Brasileira <strong>de</strong> Agribusiness<br />

(ABAG) e é membro Conselho Superior do Agronegócio,<br />

(COSAG – FIESP).<br />

Entrevista<br />

JEA - Um dos segmentos do agronegócio mais prejudicados com<br />

a crise foi o <strong>de</strong> máquinas e implementos. Como a Jacto está lidando<br />

com a crise e como o senhor acha que esse segmento po<strong>de</strong><br />

evitar novos solavancos?<br />

entrevista JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO<br />

Shiro - A crise atingiu todas as empresas do segmento e nós estamos<br />

lidando com a crise como sempre com muito cuidado.<br />

A nossa sobrevivência é baseada na tecnologia e inovação,<br />

solavancos são conseqüências da condução macroeconômica,<br />

portanto não somos atores. Sofremos muito para conquistar o mercado<br />

externo, pois foram anos <strong>de</strong> trabalho e investimentos, mas<br />

hoje estamos per<strong>de</strong>ndo exportações.<br />

A competitivida<strong>de</strong> internacional é uma realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>vemos<br />

ter ações que permitam aliviar os custos internos no Brasil, se<br />

<strong>de</strong>cidirmos manter e criar novos empregos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

JEA - Qual o principal <strong>de</strong>safio para o engenheiro agrônomo hoje<br />

em dia?<br />

Shiro - Agronomia hoje é uma profissão muito importante porque<br />

além <strong>de</strong> apoiar o produtor rural, como nos meus tempos, tem pela<br />

frente <strong>de</strong>safios maiores, pois precisa aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas do<br />

comercio mundial, o aumento da <strong>de</strong>manda por alimentos, energia<br />

limpa. Também é preciso fornecer dados <strong>de</strong> rastreabilida<strong>de</strong><br />

sanida<strong>de</strong>, que são exigências atuais.<br />

O mundo daqui há 30 anos vai necessitar <strong>de</strong> mais alimentos<br />

ainda e as fronteira <strong>de</strong> produção estão diminuindo portanto o<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio dos que agora se formam é produzir mais com<br />

menos, vai precisar <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e muita pesquisa, aliada à<br />

boa extensão rural<br />

JEA - Se pu<strong>de</strong>sse voltar no tempo, faria agronomia novamente?<br />

Shiro - Sim, faria. Vocação não é medido pelo tempo, vocação<br />

é um sacerdócio, acima <strong>de</strong> tudo é amar o que se faz.<br />

JEA - O senhor pensaria em seguir carreira política?<br />

Shiro - Seguir carreira política só se for setorial, portanto não é<br />

carreira pública.


Quem é o vilão<br />

no caso do pimentão?<br />

Por Anita <strong>de</strong> Souza Dias Gutierrez, do Centro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong><br />

em Horticultura da Ceagesp (CQH)<br />

O pimentão pertence à família botânica das solanáceas, a<br />

mesma do tomate, da berinjela e <strong>de</strong> muitas outras hortaliças. Ele<br />

é uma das hortaliças mais cultivadas no Brasil e no mundo. O<br />

<strong>de</strong>scobrimento da América por Colombo permitiu a sua utilização<br />

em todo o mundo e forneceu à humanida<strong>de</strong> uma importante fonte<br />

<strong>de</strong> vitamina A. No Brasil o pimentão é a principal hortaliça cultivada<br />

em ambiente protegido. Ele permite uma vida digna para<br />

pequenos produtores que cultivam cerca <strong>de</strong> mil m2 <strong>de</strong> estufa, uma<br />

área igual a um décimo <strong>de</strong> hectare. Só no estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />

em vinte e três municípios, <strong>de</strong> 14 regiões agrícolas, existem três<br />

mil hectares, que produzem 60 mil toneladas <strong>de</strong> pimentão.<br />

O Entreposto Terminal <strong>de</strong> São Paulo da Ceagesp comercializou<br />

48 mil toneladas <strong>de</strong> pimentão em 2008, proveniente <strong>de</strong> nove<br />

estados e <strong>de</strong> 303 municípios brasileiros. O estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

respon<strong>de</strong> com seus 193 municípios por 64% do volume total. Os<br />

produtores são pequenos. A remessa média é <strong>de</strong> 38 caixas (10<br />

quilos) por produtor <strong>de</strong> pimentão amarelo, 51 caixas por produtor<br />

<strong>de</strong> pimentão vermelho e 158 caixas por produtor <strong>de</strong> pimentão<br />

ver<strong>de</strong>. Um caminhão truck po<strong>de</strong> carregar a produção <strong>de</strong> 17 produtores<br />

<strong>de</strong> pimentão amarelo ou <strong>de</strong> 13 produtores <strong>de</strong> pimentão<br />

vermelho ou <strong>de</strong> quatro produtores <strong>de</strong> pimentão ver<strong>de</strong>.<br />

As recentes manchetes <strong>de</strong> jornais e revistas, inspiradas pelas<br />

informações da Anvisa e pelas <strong>de</strong>clarações do Ministro da Saú<strong>de</strong>,<br />

José Gomes Temporão, criaram um movimento <strong>de</strong> rejeição ao<br />

pimentão e às hortaliças <strong>de</strong>sastroso para os produtores e para<br />

os consumidores. Afinal, o que está acontecendo? Quem é o<br />

responsável por essa situação? O que <strong>de</strong>ve ser feito para prevenir<br />

futuros problemas?<br />

A Anvisa coleta as amostras <strong>de</strong> pimentão e <strong>de</strong> outras frutas e<br />

hortaliças nos supermercados, para fazer a análise <strong>de</strong> resíduos<br />

<strong>de</strong> agrotóxicos, uma ativida<strong>de</strong> louvável. Entretanto, na informação<br />

dos resultados ela não i<strong>de</strong>ntifica o responsável e con<strong>de</strong>na<br />

todos os agentes da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção do pimentão.<br />

A Anvisa é o órgão responsável pela fiscalização da rotulagem<br />

nas embalagens <strong>de</strong> alimentos, mas não fiscaliza a rotulagem<br />

das frutas e hortaliças. O Procon é o órgão responsável pela fiscalização<br />

da i<strong>de</strong>ntificação do produto e do seu responsável, mas<br />

não fiscaliza as frutas e hortaliças. A falta <strong>de</strong> rotulagem impe<strong>de</strong> a<br />

i<strong>de</strong>ntificação do responsável pelo produto, situação solucionada<br />

pela Anvisa, quando esten<strong>de</strong> a acusação para todos os produtores<br />

<strong>de</strong> pimentão do Brasil, culpados ou não.<br />

Os resultados das análises <strong>de</strong> 1.773 amostras <strong>de</strong> 17 frutas<br />

e hortaliças foram divulgados pela agência no último dia 15 <strong>de</strong><br />

abril. Foram analisadas 101 amostras <strong>de</strong> pimentão, 65 amostras<br />

apresentaram irregularida<strong>de</strong>s. A maior parte das irregularida<strong>de</strong>s<br />

(53 amostras – 80% das análises com resíduos) o produtor não<br />

consegue evitar, pois se <strong>de</strong>vem à utilização <strong>de</strong> agrotóxicos não<br />

registrados para a cultura. Essa situação exige o posicionamento<br />

da Anvisa, do MAPA e do Ibama numa questão, que vem<br />

se arrastando há muitos anos no Brasil, já resolvida nos países<br />

europeus, no Japão, nos Estados Unidos e em outros países <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

A Portaria <strong>nº</strong> 94, submetida à Consulta Pública, em<br />

27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008, é a gran<strong>de</strong> esperança dos produtores<br />

das pequenas culturas, entre elas as frutas e hortaliças, para uma<br />

solução <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong>ssa situação.<br />

Foram encontradas irregularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fato em 13 das amostras<br />

analisadas <strong>de</strong> pimentão (12,87% das amostras analisadas).<br />

Quem são os produtores responsáveis por esses pimentões? O<br />

que eles fizeram <strong>de</strong> errado? Aplicaram o agrotóxico fora do pe-<br />

ríodo <strong>de</strong> carência recomendado ou numa dosagem maior que<br />

a recomendada? A obrigação dos órgãos <strong>de</strong> fiscalização é<br />

i<strong>de</strong>ntificar o culpado e prevenir futuras ocorrências pela punição<br />

e orientação do culpado e nunca punir todos os produtores <strong>de</strong><br />

pimentão. A <strong>de</strong>fesa nunca é a melhor alternativa, mas é sempre<br />

a situação colocada para os agricultores– que são consi<strong>de</strong>rados<br />

responsáveis pela gripe suína, pelo <strong>de</strong>smatamento da Amazônia,<br />

pelo aquecimento global, por escravidão e pelos resíduos <strong>de</strong><br />

agrotóxicos das frutas e hortaliças.<br />

Algumas medidas, simples e factíveis ajudariam muito<br />

a prevenir a repetição <strong>de</strong> mais um episódio que prejudica<br />

tanto os produtores e alarma os consumidores:<br />

1. Exigência <strong>de</strong> rotulagem nas embalagens <strong>de</strong><br />

frutas e hortaliças para garantir a i<strong>de</strong>ntificação do<br />

produto e do seu responsável.<br />

2. Exigência da i<strong>de</strong>ntificação do fornecedor do<br />

produto na gôndola do supermercado, <strong>de</strong> preferência<br />

com a colocação da caixa que vem do produtor na<br />

gôndola – sistema <strong>de</strong> manuseio mínimo.<br />

3. Exigência, na publicação dos resultados do<br />

monitoramento <strong>de</strong> resíduo <strong>de</strong> agrotóxico pelos órgãos<br />

governamentais, a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />

do responsável e das medidas tomadas para a prevenção<br />

<strong>de</strong> futuros problemas.<br />

4. Solicitação às autorida<strong>de</strong>s que não façam <strong>de</strong>clarações<br />

que comprometam todo um setor, sem assumir<br />

a sua parte <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> no problema e<br />

i<strong>de</strong>ntificar os culpados.<br />

5. Publicação <strong>de</strong>finitiva da Portaria <strong>nº</strong> 94, colocada<br />

em Consulta Pública em 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008,<br />

que estabelece critérios e procedimentos a serem adotados<br />

para o estabelecimento <strong>de</strong> limites máximos <strong>de</strong><br />

resíduos, para as culturas com suporte fitossanitário<br />

insuficiente e para a inclusão <strong>de</strong>stas culturas na monografia<br />

dos agrotóxicos registrados para uso agrícola.<br />

6. Um trabalho contínuo <strong>de</strong> estimulo à compreensão<br />

da agricultura pela população urbana, no seu<br />

esforço <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alimentos, fibras, energia,<br />

preservando o meio ambiente e garantindo a segurança<br />

do alimento.<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO artigo<br />

artigo


6<br />

Noite <strong>de</strong> festa<br />

para a agronomia paulista<br />

capa JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO<br />

A AEASP realizou, em São Paulo, a tradicional entrega do<br />

troféu “Deusa Ceres” e do “Prêmio do Mérito Agronômico” com as<br />

medalhas “Fernando Costa”. As distinções são conferidas aos profissionais<br />

que se <strong>de</strong>stacam nos diferentes campos da Agronomia. O galardão<br />

principal, o troféu “Deusa Ceres”, foi entregue ao engenheiro agrônomo<br />

do ano, Shiro Nishimura, atuante empresário da Jacto Máquinas Agrícolas. Já<br />

as medalhas “Fernando Costa” contemplaram os engenheiros agrônomos Agostinho<br />

Mario Boggio, Extensão Rural e Assistência Técnica; Cláudia Vieira Godoy,<br />

Pesquisa; Guilherme Luiz Guimarães, Iniciativa Privada; Laércio Valentin Giampani,<br />

Iniciativa Privada; Santin Gravena, Iniciativa Privada; Natal Antônio Vello, Ensino;<br />

Nelson Rentero (Revista Bal<strong>de</strong> Branco), Comunicação Rural; Túlio Teixeira <strong>de</strong> Oliveira,<br />

Li<strong>de</strong>rança do Agronegócio; empresa Tatu Marchesan Implementos e Máquinas Agrícolas,<br />

Empresa <strong>de</strong> Agronegócio e Carlos Henrique Augusto, Estudante Associativista.<br />

O evento, realizado no Clube Sírio, reuniu cerca <strong>de</strong> 300 pessoas e contou com nomes <strong>de</strong><br />

expressão no meio político, tais como o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano,<br />

o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Guilherme Campos, o presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Legislativa<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo, Barros Munhoz, o ex-ministro da Agricultura,<br />

Roberto Rodrigues, além <strong>de</strong> empresários e representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

peso do setor agropecuário.<br />

Shiro Nishimura <strong>de</strong>clarou sentir-se feliz e honrado em receber o título<br />

<strong>de</strong> Engenheiro Agrônomo do Ano. Em seu discurso <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento fez<br />

questão <strong>de</strong> dizer que a homenagem que recebeu é também uma homenagem<br />

a toda a colônia japonesa que tanto contribuiu pela agricultura brasileira.<br />

Emocionado, agra<strong>de</strong>ceu à família, aos funcionários e aos amigos. Roberto<br />

Rodrigues foi incumbido <strong>de</strong> falar sobre o premiado.<br />

Ele <strong>de</strong>stacou o empenho <strong>de</strong> Shiro para valorizar o agronegó cio brasileiro<br />

e também ressaltou seu espírito associativista.<br />

“Na vida muitas coisas po<strong>de</strong>m ser relativizadas, mas o valor <strong>de</strong> homens<br />

como o Shiro não se contesta”, <strong>de</strong>finiu Rodrigues.<br />

Todos os homenageados da noite


JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO capa Crédito das fotos: Luciana <strong>de</strong> A raújo Magalhães


meio ambiente<br />

8<br />

Reserva florestal: uma proposta para aproveitar<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança<br />

A atual crise econômica exige medidas que aproveitem as oportunida<strong>de</strong>s<br />

que se apresentam. O Brasil tem todas as condições <strong>de</strong> se<br />

aproveitar disso e se firmar como o maior produtor mundial <strong>de</strong> alimentos,<br />

fibras e energia renovável, além <strong>de</strong> “produtos ecossistêmicos”<br />

não tradicionais, utilizando mo<strong>de</strong>los pioneiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

com tecnologias baseadas em baixo carbono e recicláveis.<br />

Para isso precisa mo<strong>de</strong>rnizar sua legislação, incorporando os avanços<br />

científicos ocorridos nos últimos quarenta anos. Um <strong>de</strong>sses casos é a<br />

legislação florestal, cujo Código Florestal Brasileiro (CF) completa 44 anos<br />

neste ano, sendo lei ainda vigente. No entanto, no CF há uma aberração<br />

técnica e socioeconômica chamada Reserva Florestal Legal – RFL, cujo<br />

conceito , <strong>de</strong> 1965, refere-se a essa área como no mínimo 20% daquela<br />

ainda coberta por florestas ou vegetação nativa, que precisaria ser<br />

mantida em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento, excluídas as áreas <strong>de</strong> preservação<br />

permanente. Em nenhum momento, porém, a reserva referia-se à área da<br />

proprieda<strong>de</strong> e sim à área ainda coberta por vegetação na proprieda<strong>de</strong>.<br />

Essa reserva acabou sendo inócua para os Estados do Sul e Su<strong>de</strong>ste do<br />

Brasil, visto que em 1965 já se havia ocupado a fronteira agrícola.<br />

Entretanto, em 2001 foi editada uma Medida Provisória (MP) - ainda<br />

não votada - que gerou uma nova figura legal criando no interior <strong>de</strong><br />

todas as unida<strong>de</strong>s produtivas brasileiras uma área com características <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação que, como dispõe o artigo 225 do CF/ 88,<br />

são atribuídas ao Po<strong>de</strong>r Público e à coletivida<strong>de</strong>. Com essa MP, todas as<br />

ativida<strong>de</strong>s agrosilvopastoris que estavam sedimentadas per<strong>de</strong>ram numa<br />

penada, no mínimo, 20% da sua capacida<strong>de</strong> produtiva cujas ativida<strong>de</strong>s<br />

agropecuárias passaram, daquele momento em diante, a serem consi<strong>de</strong>radas<br />

nocivas ao meio ambiente, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> elas ainda não<br />

serem proibidas legalmente. Restringir e reduzir a produção do território<br />

rural produtivo em uma época <strong>de</strong> conquista <strong>de</strong> mercados com produção<br />

ambientalmente a<strong>de</strong>quada e certificada é um contrasenso absoluto.<br />

O que se precisa é ter produção ambientalmente a<strong>de</strong>quada em<br />

100% da área e tecnologia para isso já existe.<br />

Impactos socioeconômicos<br />

A área para recomposição da reserva legal equivale a mais da<br />

meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda área estadual ocupada com pastagens, que era <strong>de</strong><br />

8,07 milhões <strong>de</strong> hectares em 2008, implicando na redução da área<br />

agropecuária paulista (lavouras, pastagens e florestas econômicas) dos<br />

atuais 20,5 milhões <strong>de</strong> hectares para 16,4 milhões <strong>de</strong> hectares. Desses<br />

20,5 milhões <strong>de</strong> hectares, quase 2,5 milhões são ocupados com florestas<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> privada, correspon<strong>de</strong>ndo, grosso modo, à área<br />

<strong>de</strong> preservação permanente existente no Estado <strong>de</strong> São Paulo, sendo 2<br />

milhões relativos às matas ciliares e meio milhão aos terrenos inclinados<br />

e topos <strong>de</strong> morro. Assim, precisariam ser <strong>de</strong>stinados à reserva legal mais<br />

<strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong> hectares.<br />

Estimativas dos impactos po<strong>de</strong>m ser feitas pelo valor médio da<br />

produção por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, que em 2008 era <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong><br />

dois mil reais por hectare. Assim, a redução da renda agropecuária<br />

bruta paulista atingiria o montante <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 8 bilhões <strong>de</strong> reais, que<br />

somados aos custos da recomposição que custarão no mínimo mais<br />

16 bilhões <strong>de</strong> reais, atingiriam R$ 24,0 bilhões, ou seja, 56,0% da<br />

riqueza gerada pela agropecuária paulista em 2008. Mais grave é<br />

que se eliminariam empregos na mesma proporção.<br />

Uma proposta<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista estritamente técnico científico, o que se reivindica<br />

é que a legislação garanta uma produção agrosilvopastoril sustentável,<br />

conservando a diversida<strong>de</strong> biológica no território estadual<br />

como um todo, utilizando-se as Classes <strong>de</strong> Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uso das<br />

Terras como suporte. Ou seja, nada que fosse baseado em percentuais<br />

<strong>de</strong> cada proprieda<strong>de</strong>, mas, sim, em qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong><br />

meio ambiente JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO<br />

absoluta <strong>de</strong> área. Estudos já realizados para o Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

indicam que a proporção <strong>de</strong> terras aptas para usos florestais po<strong>de</strong><br />

ser superior a 30%, ou seja, 50% maior do que a percentagem que<br />

a legislação florestal fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>termina como mínimo.<br />

Assim, numa política pública estadual pró-ativa, a proporção<br />

<strong>de</strong> vegetação nativa conservada <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>finida para o Estado<br />

como um todo e não para proprieda<strong>de</strong>s individualizadas, po<strong>de</strong>ndo<br />

ter como base regiões com características ambientais semelhantes.<br />

Fundamental consi<strong>de</strong>rar que essas áreas estarão também produzindo<br />

serviços ecossistêmicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância, que precisam ser<br />

remunerados a<strong>de</strong>quadamente, respeitando-se os preceitos constitucionais<br />

do art. 225 da CF/ 88.<br />

Uma forma <strong>de</strong> dar início a uma política pública <strong>de</strong> pagamentos<br />

por serviços ecossistêmicos seria utilizar valores baseados no custo<br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> médio das terras do Estado.<br />

Fazendo-se uma hipotética evolução para 30 anos, que seria o<br />

prazo previsto para a a<strong>de</strong>quação ambiental, esse dispêndio anual<br />

estaria ao redor <strong>de</strong> R$ 37 milhões, no primeiro ano, acumulando<br />

quantias semelhantes por ano até que se chegasse ao ponto <strong>de</strong>sejado.<br />

No último ano e a partir daí, haveria uma estabilização em<br />

torno <strong>de</strong> R$ 1 bilhão anuais, ou seja, <strong>de</strong> 2,5 a 3% do valor atual da<br />

produção agropecuária estadual , volume perfeitamente absorvível<br />

pelo atual sistema <strong>de</strong> impostos vigente no Estado, representando<br />

não mais do que 30% do ICMS arrecadado no setor rural.<br />

Esse esquema po<strong>de</strong> embasar um novo paradigma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

fugindo dos esquemas baseados em carbono fóssil e “metal-mecânico”.<br />

Há que expandir a agricultura para on<strong>de</strong> ela for viável e restringi-la<br />

on<strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s forem potencialmente mais interessantes.<br />

Nesse sentido, por exemplo, não há porque usar a Amazônia para a<br />

agricultura se ela é o maior produtor <strong>de</strong> equilíbrio climático do planeta.<br />

Assim como se comercializam produtos agrícolas, tem-se que<br />

fazê-lo com os serviços ecossistêmicos não tradicionais.<br />

Essa discussão é interessante pelo momento que o planeta atravessa.<br />

É preciso saber o que se quer quanto ao futuro e aproveitar<br />

as oportunida<strong>de</strong>s.<br />

Não se trata, portanto, <strong>de</strong> maior rigor nas punições, nem <strong>de</strong><br />

estabelecer mais proibições, mas <strong>de</strong> aproveitar os avanços dos conhecimentos<br />

feitos nos campos ambiental e dos agronegócios, para<br />

reverter o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação porventura existente e manter o<br />

potencial sócio econômico dos agronegócios.


DESMATE ZERO<br />

Fernando Penteado Cardoso*<br />

*Eng.Agr.Sênior, ESALQ-USP1936, Presi<strong>de</strong>nte da Fundação Agrisus<br />

**Nova Mutum, Lucas do Rio Ver<strong>de</strong>, Sorriso, Sinop, Alta Floresta e Matupá.<br />

Desmatamento zero implica em tolher o direito atual <strong>de</strong> abrir<br />

20% das áreas florestadas, bem como em impedir a produção <strong>de</strong><br />

alimento dos safristas, ditos posseiros ou pequenos agricultores.<br />

Implica também na renúncia à captação da energia solar através<br />

da fotossíntese, viável on<strong>de</strong> chove e faz calor, mas que não acontece<br />

à sombra do dossel arbóreo.<br />

Imagine-se nosso país coberto <strong>de</strong> mata até hoje. On<strong>de</strong> o progresso<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento que viabiliza a vida, o conforto e a segurança<br />

dos que amam a floresta sem que a conheçam na intimida<strong>de</strong>?<br />

A Amazônia tem 4,4 milhões <strong>de</strong> km2 dos quais 3/4 ou 4/5<br />

são terras inundáveis, ou pedregosas ou inacessíveis em que neste<br />

milênio ninguém vai tocar por ser economicamente inviável. Po<strong>de</strong>-se<br />

estimar que 3 milhões <strong>de</strong> km2 <strong>de</strong> floresta são permanentes por força<br />

da natureza: um ônus para o país. Não seriam suficientes para satisfazer<br />

todas as repetidas virtu<strong>de</strong>s climáticas e botânicas da floresta?<br />

Agora, querer <strong>de</strong>sperdiçar aquele milhão <strong>de</strong> km2 aproveitável<br />

e dotado <strong>de</strong> transporte fluvial, é mesmo que optar pela pobreza,<br />

pelo atraso, pelo sub<strong>de</strong>senvolvimento permanente. Valerá a pena?<br />

Qual o fundamento ético <strong>de</strong> cercear a produção <strong>de</strong> alimentos em<br />

benefício da humanida<strong>de</strong>?<br />

Vejamos: O estado <strong>de</strong> MT, nos últimos 27 anos, mostrou que<br />

a área com cereais aumentou 6,6 Mi ha; a produção <strong>de</strong> cereais<br />

cresceu 21 Mi t; o bovino proliferou mais 12 Mi <strong>de</strong> cabeças;<br />

apresenta um honroso Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano- IDH <strong>de</strong><br />

0,800 para a média <strong>de</strong> 6 cida<strong>de</strong>s novas**.<br />

Estaríamos arrependidos do que foi feito? Foi um erro substituir<br />

a flora natural pela agropecuária? Seria justo con<strong>de</strong>narmos o<br />

trabalho dos realizadores <strong>de</strong>sse estupendo feito econômico, <strong>de</strong>ssa<br />

notável conquista social?<br />

Enten<strong>de</strong>mos as campanhas internacionais temerosas <strong>de</strong> nossa<br />

concorrência. Urge reagir contra o repeteco <strong>de</strong> seus argumentos<br />

falaciosos e <strong>de</strong>magógicos.<br />

Devemos nos orgulhar do feito <strong>de</strong> nossos patrícios pioneiros,<br />

que abriram a mata para <strong>de</strong>ixar entrar sol e assim produzir alimentos,<br />

criar riqueza e promover civilização.<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO artigo<br />

artigo


formação<br />

10<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>Cantareira</strong> tem o único curso<br />

<strong>de</strong> Agronomia no município <strong>de</strong> São Paulo<br />

A preocupação com o meio ambiente e a crescente participação da<br />

ca<strong>de</strong>ia produtiva do agronegócios no PIB brasileiro foram as responsáveis,<br />

pela criação da Faculda<strong>de</strong> <strong>Cantareira</strong>, em 1999, a qual é mantida<br />

pela Associação João Meinberg <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> São Paulo, fundadora do<br />

Colégio Jardim São Paulo, umas das referências <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

na capital paulista há mais <strong>de</strong> 60 anos. O primeiro curso implantado foi<br />

o <strong>de</strong> Agronomia, até hoje o único da Região Metropolitana da Gran<strong>de</strong><br />

São Paulo, que tem como principal objetivo formar profissionais para<br />

este momento mágico da produção <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> energia renovável<br />

que o Brasil e o mundo estão vivendo.<br />

No ano <strong>de</strong> 2005, consi<strong>de</strong>rando somente as faculda<strong>de</strong>s, a<br />

instituição recebeu a melhor avaliação do Ena<strong>de</strong>, dada pelo Inep<br />

(Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) /<br />

MEC (Ministério da Educação), em todo o país, para o curso <strong>de</strong><br />

Agronomia. Em 2008, foi novamente reconhecida pelo MEC, que<br />

também autorizou a ampliação dos números <strong>de</strong> vagas.<br />

Atualmente, o mercado abrange uma gama enorme <strong>de</strong> opções <strong>de</strong><br />

trabalho. O engenheiro agrônomo po<strong>de</strong> atuar em proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />

– sistemas solo, água, plantas, animais, equipamentos e tecnologia –, cooperativas<br />

agrícolas, indústrias, comércio, bancos, exportação, instituições<br />

<strong>de</strong> ensinos e pesquisas, entre outras. Esta é uma área abrangente e com<br />

sólidas perspectivas <strong>de</strong> crescimento. O agrônomo também po<strong>de</strong> trabalhar<br />

em paisagismo, climatologia, meio-ambiente, ecossistema e outros<br />

setores que estão em expansão, como biotecnologia e biocombustível.<br />

Além dos laboratórios específicos, a Faculda<strong>de</strong> <strong>Cantareira</strong> possui<br />

uma Fazenda Experimental, localizada no bairro Boa Vista – Mairiporã<br />

– SP. A área, <strong>de</strong> 150 hectares, é composta por salas <strong>de</strong> aulas, laboratórios<br />

<strong>de</strong> campo, oficinas mecânicas, galpões para equipamentos, estufas,<br />

diversas instalações para criações, refeitório e lanchonete.<br />

Na área vegetal, a fazenda conta com hortas hidropônica e orgânica,<br />

pomar, estufas experimentais, viveiros <strong>de</strong> mudas, culturas anuais,<br />

plantas medicinais e ornamentais, além <strong>de</strong> outros cultivos.<br />

Na área animal a fazenda mantém diversas criações <strong>de</strong> pequenos<br />

e gran<strong>de</strong>s animais.<br />

opnião JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO


Espírito santo dos resíduos<br />

Eng.º Agrônomo Túlio Teixeira <strong>de</strong> Oliveira, diretor executivo da Associação<br />

Brasileira dos Defensivos Genéricos (AENDA)<br />

Os fiscais agropecuários <strong>de</strong> todo o Brasil se reuniram no mês <strong>de</strong><br />

julho na insulada Vitória, em evento conjunto com o Seminário Nacional<br />

<strong>de</strong> Agrotóxico. Na pasta comemorativa distribuída aos participantes<br />

constava: a programação, bloco <strong>de</strong> rascunho, caneta ecológica<br />

(envoltório <strong>de</strong> papelão no lugar do plástico) e folhetos diversos. Entre<br />

esses últimos um pequenino, como que sem pretensões, com os resultados<br />

do PARA – Programa <strong>de</strong> Analise <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Agrotóxicos em<br />

Alimentos, no Estado do Espírito Santo. Resultados consolidados dos<br />

monitoramentos <strong>de</strong> 2003 a 2008. Durante o seminário esses dados<br />

foram melhor ilustrados e dissecados pela Engenheira <strong>de</strong> Alimentos<br />

Eliany A. Oliveira D’Avila, do IDAF – Instituto <strong>de</strong> Defesa Agropecuária<br />

e Florestal. Vejam a Tabela com algumas nossas adaptações.<br />

Como se percebe, a informação sobre os resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos<br />

é exposta ao público <strong>de</strong> forma séria e responsável, um<br />

tributo à verda<strong>de</strong>. Cada alimento advindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada cultura<br />

agrícola traz claramente o número <strong>de</strong> amostras, quantas apresentaram<br />

ou não problemas <strong>de</strong> resíduos, quantos ingredientes ativos<br />

apresentaram-se com resíduos acima do LMR permitido e quantos<br />

se apresentaram com resíduos não autorizados para a cultura.<br />

Nunca é <strong>de</strong>mais esclarecer que o LMR significa a quantida<strong>de</strong><br />

diária do ingrediente ativo que o indivíduo po<strong>de</strong> ingerir todos os<br />

dias <strong>de</strong> sua vida sem efeitos maléficos. E essa quantida<strong>de</strong> diária é<br />

estabelecida com gran<strong>de</strong>s margens <strong>de</strong> segurança. Ou seja, mesmo<br />

que você tenha comido um alimento com LMR acima do permitido,<br />

você só sentiria algum dano em casos muito excepcionais. Ou você<br />

é tão persistente que come o mesmo alimento contaminado todos os<br />

dias e em excesso para ultrapassar as margens <strong>de</strong> segurança?<br />

Quanto aos usos não autorizados, o raciocínio é o mesmo, com a<br />

atenuante <strong>de</strong> que as quantida<strong>de</strong>s encontradas po<strong>de</strong>m ser apenas traços,<br />

sem importância o suficiente para serem explicitados nas tabelas.<br />

Po<strong>de</strong> comer sossegado seu pimentão!<br />

Mas nem por isso <strong>de</strong>vemos relaxar dos cuidados. E nesse sentido,<br />

o programa tem o seu mais relevante papel ao apontar quais as lavouras<br />

on<strong>de</strong> as práticas culturais estão necessitando <strong>de</strong> reciclagem técnica,<br />

através <strong>de</strong> coletas trimestrais no CEASA/ES. Por que a alface, o mamão,<br />

o morango e o tomate apresentam altos índices <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> produtos<br />

não autorizados? Certamente, o principal motivo é a falta <strong>de</strong> produtos<br />

registrados para essas culturas. O governo fe<strong>de</strong>ral prometeu lançar uma<br />

Instrução Normativa Conjunta (MAPA, ANVISA e IBAMA) para minimizar<br />

essa situação, estimulando o registro por parte das empresas para as<br />

chamadas pequenas culturas ou culturas com pouco suporte fitossanitário<br />

(Portaria MAPA <strong>nº</strong> 94 <strong>de</strong> 24jun2008, em consulta pública). Por que o tomate<br />

apresenta 10 ingredientes ativos (13,8%) acima do LMR permitido<br />

em um universo <strong>de</strong> 72 amostras? Aqui, trata-se <strong>de</strong> mal uso.<br />

Em vista <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> indicador, o governo do Espírito Santo<br />

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS<br />

NO ESPÍRITO SANTO – 2003 a 2008<br />

Nº <strong>de</strong> Amostras Quantida<strong>de</strong> ing. ativo<br />

insatisfatório<br />

Culturas Geral Satisfatório Insatisfatório NA (ia) > LMR (ia)<br />

Abacaxi 06 05 (83,3%) 01 (16,7%) 01 --<br />

Alface 60 47 (78,3%) 13 (21,7%) 13 --<br />

Arroz 09 09 (100,0%) --- (00,0%) -- --<br />

Banana 62 62 (100,0%) --- (00,0%) -- --<br />

Batata 76 74 (97,4%) 02 (02,6%) 02 --<br />

Cebola 07 07 (100,0%) --- (00,0%) -- --<br />

Cenoura 59 53 (89,8%) 05 (10,2%) 05 --<br />

Feijão 09 09 (100,0%) --- (00,0%) -- --<br />

Laranja 65 62 (95,3%) 03 (04,7%) 04 04<br />

Maçã 65 61 (93,8%) 04 (06,2%) 04 02<br />

Mamão 63 47 (74,6%) 16 (25,4%) 19 --<br />

Manga 07 07 (100,0%) --- (00,0%) -- --<br />

Morango 66 33 (50,0%) 33 (50,0%) 40 04<br />

Pimentão 07 03 (42,8%) 04 (57,2%) 06 --<br />

Repolho 07 06 (85,7%) 01 (14,3%) 01 --<br />

Tomate 72 65 (90,3%) 07 (09,7%) 13 10<br />

Uva 07 06 (85,7%) 01 (14,3%) 01 --<br />

NA = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingredientes ativos não autorizados para a cultura<br />

>LMR (ia) = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingredientes ativos acima do limite<br />

máximo <strong>de</strong> resíduo<br />

instituiu o PROGRAMA MORANGO SAUDÁVEL, que já colheu resultados,<br />

pois em 2008 as amostras insatisfatórias no morango foram<br />

apenas 2, contra 20 em 2003.<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO artigo<br />

C rédito: Aenda.<br />

11<br />

artigo


parabólica<br />

12<br />

Contas equilibradas<br />

Em assembléia, o Conselho Fiscal da AEASP se reuniu para<br />

discutir e avaliar receita e <strong>de</strong>spesas da entida<strong>de</strong>. Rubens Pironi,<br />

auditor externo, responsável pelas contas da instituição, apresentou<br />

seu parecer. Segundo o profissional, a AEASP se encontra com<br />

boa saú<strong>de</strong> financeira e ressaltou: “são poucas as instituições que se<br />

encontram com a saú<strong>de</strong> financeira que estamos constatando aqui.<br />

E po<strong>de</strong>mos verificar que os recursos financeiros foram bem gastos,<br />

o que se nota no trato das <strong>de</strong>spesas efetuadas”. Conselho Fiscal reunido na AEASP<br />

A agronomia mostra sua força<br />

<strong>Julho</strong> foi um mês <strong>de</strong> acontecimentos importantes para a AEASP, ocorreram eleições para a escolha do corpo diretivo e presidência<br />

da Casa, que resultaram na entrada <strong>de</strong> novos membros e na reeleição do presi<strong>de</strong>nte Arlei Arnaldo Ma<strong>de</strong>ira, além <strong>de</strong> Assembléia do<br />

Conselho Fiscal e Cerimônia <strong>de</strong> posse dos novos membros.<br />

A chapa “A Força da Agronomia” com a diretoria e conselho <strong>de</strong>liberativo e fiscal recém eleitos, a entida<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> efetuar uma<br />

série <strong>de</strong> mudanças. Três gran<strong>de</strong>s temas pautarão as ações da AEASP : qualida<strong>de</strong> do alimento, sustentabilida<strong>de</strong> e bioenergia. A idéia é<br />

ampliar parcerias com instituições públicas e privadas, paulistas e nacionais, <strong>de</strong> setor do agronegócio.<br />

A Cerimônia <strong>de</strong> Posse ocorreu em 15 <strong>de</strong> <strong>Julho</strong>, em solenida<strong>de</strong> na se<strong>de</strong> social da AEASP. Os nomes dos membros estão listados no<br />

expediente do JEA, na página 2.<br />

Membros da AEASP comparecem à se<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> para registrar seu<br />

Novos tempos<br />

A globalização trouxe inovações e novos conceitos para o<br />

mundo, para as empresas e para os profissionais. O associativismo<br />

é ainda um forte elo na valorização da agronomia, e por<br />

isso a Associação <strong>de</strong> Engenheiros Agrônomos do Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo ( AEASP) é consi<strong>de</strong>rada entida<strong>de</strong> fundamental para<br />

a <strong>de</strong>fesa dos interesses dos profissionais da agronomia.<br />

Os três anos da gestão 2006-<strong>2009</strong> foram <strong>de</strong>dicados<br />

à mo<strong>de</strong>rnização administrativa e regimentária, melhoria <strong>de</strong><br />

cadastro, controle financeiro e patrimonial e às melhorias na<br />

infra-estrutura da se<strong>de</strong>. Agora é preciso avançar na abrangência<br />

<strong>de</strong> atuação da AEASP em três temas fundamentais<br />

para os novos tempos:<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alimentos;<br />

Sustentabilida<strong>de</strong>;<br />

Bionergia;<br />

A atuação em cima <strong>de</strong>ssas ban<strong>de</strong>iras, obrigatoriamente<br />

<strong>de</strong>stacará, ainda mais, a importância do profissional, engenheiro<br />

agrônomo para as <strong>de</strong>mandas da nova economia,<br />

calcada no conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

parabólica JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO<br />

Novo time <strong>de</strong> diretores na se<strong>de</strong> da AEASP<br />

Ações propostas:<br />

• Fomentar a capacitação e reciclagem dos profissionais;<br />

• Descentralização da AEASP, através da criação das Delegacias<br />

Regionais;<br />

• Criação <strong>de</strong> Conselho Institucional com representantes <strong>de</strong><br />

todos os segmentos do Agronegócio, visando o <strong>de</strong>bate e encaminhamento<br />

<strong>de</strong> proposituras e medidas para a valorização,<br />

crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento da agropecuária;<br />

• Transformar o JEA em porta voz dos profissionais e tribuna<br />

da Agronomia e Agricultura.


Mudanças no Clube dos Agrônomos<br />

No início <strong>de</strong> agosto o Clube dos Agrônomos, em Campinas,<br />

foi palco <strong>de</strong> um evento que reuniu 80 pessoas para dar as boas<br />

vindas à nova diretoria, recém eleita. O eng. agr. Celso Roberto<br />

Panzani <strong>de</strong>ixou a presidência executiva do Clube e em seu lugar<br />

assumiu o eng. agr. Fernando Gallina, diretor <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

para a América Latina da Syngenta.<br />

O Clube dos Agrônomos é um espaço para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer<br />

e esportes <strong>de</strong>dicado ao associado da AEASP. Com 70 anos, foi em<br />

sua antiga se<strong>de</strong> que nasceu a AEASP, nos primeiros tempos, sob o<br />

comando <strong>de</strong> José Fernando Lazzarini, lá eram promovidos bailes e<br />

nestas festas muitos dos sócios da AEASP conheceram suas esposas,<br />

recorda o atual presi<strong>de</strong>nte do conselho <strong>de</strong>liberativo, eng. agr. Nelson<br />

Paulieri Sabino, que esteve ao lado <strong>de</strong> Lazzarini nesse período.<br />

O respeito à tradição e à história do Clube aliado ao <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> tornar esse espaço cada vez mais atrativo para as novas gerações<br />

está na base dos planos <strong>de</strong>ssa gestão que se inicia.<br />

Gallina diz que as mudanças são naturais, mas não haverá<br />

radicalismos, visto que todos reconhecem os progressos da gestão<br />

<strong>de</strong> Panzani. Mas algumas priorida<strong>de</strong>s foram listadas pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte, tais como: rever os critérios para a admissão <strong>de</strong> novos<br />

sócios, para que o processo seja mais inclusivo; estreitar a<br />

relação entre o clube e a comunida<strong>de</strong>, para que ele seja cada<br />

vez mais um agente capaz <strong>de</strong> promover ações benéficas para<br />

Da esquerda para a direita: Fernando Gallina, Celso Roberto Panzani<br />

e Nelson Paulieri Sabino<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Agribusiness<br />

seu corpo <strong>de</strong> associados e para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira geral.<br />

Ainda nessa linha, o Clube <strong>de</strong>verá ser cada vez mais atuante nas<br />

discussões acerca das questões ambientais.<br />

O uso dos recursos do clube para estabelecer parcerias, como<br />

forma <strong>de</strong> angariar fundos para seu sustento, também é algo que<br />

está nos planos da nova gestão. O presi<strong>de</strong>nte menciona uma possível<br />

parceria com escolas locais para que os estudantes possam<br />

fazer visitas monitoradas ao bosque que o Clube mantém com<br />

espécies nativas, além do aluguel da quadra e <strong>de</strong> outros equipamentos<br />

para universida<strong>de</strong>s e empresas realizarem treinamento.<br />

Entre os dias 10 e 11 <strong>de</strong> agosto ocorreu a 8ª edição do Congresso Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Agribusiness, promovido pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Agribusiness (Abag).<br />

Nesta edição, a sustentabilida<strong>de</strong> e a crise mundial foram os temas que nortearam<br />

os <strong>de</strong>bates, que aconteceram durante dois dias, no WTC em São Paulo. Durante<br />

a cerimônia <strong>de</strong> abertura, Carlo Lovatelli, presi<strong>de</strong>nte da associação, iniciou o<br />

discurso explicando que a palavra crise, quando escrito em chinês, compõe-se <strong>de</strong><br />

dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunida<strong>de</strong>.<br />

Sobre a sustentabilida<strong>de</strong>, Lovatelli disse que é um processo contínuo e não po<strong>de</strong><br />

se basear apenas em ações pontuais e conhecidas. “ Sustentabilida<strong>de</strong> envolve diferentes<br />

práticas empresariais, mas sempre atreladas ao compromisso com o diálogo, a<br />

transparência e o processo <strong>de</strong> comunicação verda<strong>de</strong>iro com os agentes envolvidos”.<br />

O evento reuniu renomados especialistas para <strong>de</strong>bater as questões relacionadas<br />

ao agronegócio sustentável, Roberto Rodrigues, Kátia Abreu, Delfim Neto,<br />

<strong>de</strong>ntre outras importantes personalida<strong>de</strong>s foram palestrantes.<br />

As novas diretrizes para o 9º Congresso em 2010 foram <strong>de</strong>finidas em torno<br />

da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar políticas públicas. Carlo Lovatelli, presi<strong>de</strong>nte da Abag<br />

Agenda<br />

ExpoAzeite <strong>2009</strong> - Feira <strong>de</strong> azeites<br />

Data: 08 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> <strong>2009</strong><br />

Descrição: evento voltado para profissionais e interessados no setor.<br />

Local: Centro Fecomércio <strong>de</strong> Eventos - São Paulo - SP<br />

Site do Evento: http://www.expoazeite.com.br<br />

Fruit & Log Brazil - Feira Internacional <strong>de</strong> Frutas<br />

e Derivados, Tecnologia <strong>de</strong> Processamento e Logística<br />

Data: 08 a 10 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> <strong>2009</strong><br />

Descrição: evento exclusivo para profissionais do setor.<br />

Local: Expo Center Norte - São Paulo - SP<br />

Site do evento: http://www.fruitelog.com.br<br />

Frutal <strong>2009</strong> - Feira <strong>de</strong> Produtos e Serviços - 16ª Semana<br />

Internacional<strong>de</strong> Fruticultura, Floricultura<br />

e Agroindústria<br />

Data: 14 a 17 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> <strong>2009</strong><br />

Descrição: frutas e verduras orgânicas; <strong>de</strong>stilarias <strong>de</strong> cachaça; vinículas;<br />

indústria <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> frutas; flores; plantas ornamentáis; etc.<br />

Local: Centro <strong>de</strong> Convenções do Ceará - Fortaleza - CE<br />

Site do Evento: http://www.frutal.org.br<br />

4º Rural Tecnoshow<br />

Data: 28 <strong>de</strong> setembro a 03 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>2009</strong><br />

Descrição: novas tecnologias para o agronegócio.<br />

Local: Parque <strong>de</strong> Exposição Ney Braga - Londrina - PR<br />

Site do Evento: http://www.srp.com.br<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO parabólica<br />

1<br />

parabólica


pesquisa agrícola<br />

C rédito: Antonio Carriero<br />

14<br />

Produzir mais e melhor<br />

Aperfeiçoar os processos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e segurança dos alimentos<br />

é a missão do ITAL<br />

Luis Madi, diretor geral do ITAL<br />

O ITAL (Instituto <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos) pertence à Agência<br />

Paulista <strong>de</strong> Tecnologia dos Agronegócios (APTA) que, por sua vez,<br />

faz parte da Secretaria <strong>de</strong> Agricultura e Abastecimento do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo. O órgão realiza ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

assistência tecnológica e difusão do conhecimento nas áreas<br />

<strong>de</strong> embalagem e <strong>de</strong> transformação, conservação e segurança <strong>de</strong><br />

alimentos e bebidas.<br />

O ITAL foi criado em 1963, a partir <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> do Instituto<br />

Agronômico (IAC). Naquele período, o IAC-APTA começava a trabalhar<br />

com tecnologia <strong>de</strong> equipamentos para a indústria <strong>de</strong> alimentos.<br />

Houve a percepção <strong>de</strong> que o estado <strong>de</strong> São Paulo teria a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> possuir um Instituto que trabalhasse com a área <strong>de</strong> pesquisa, inovação<br />

tecnológica e <strong>de</strong>senvolvimento na industrialização <strong>de</strong> alimento. A<br />

partir disso, foi <strong>de</strong>senvolvido um projeto (integrado com a FAO - Food<br />

and Agriculture Organization), para a criação do ITAL.<br />

Hoje, o Instituto se <strong>de</strong>staca por <strong>de</strong>senvolver tecnologias que<br />

ampliam o “tempo <strong>de</strong> prateleira” dos produtos e viabilizam o aproveitamento<br />

<strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> processamentos. Os projetos ligados à<br />

saú<strong>de</strong> do consumidor e à segurança alimentar estão no foco da<br />

ativida<strong>de</strong> científica do ITAL-APTA. São <strong>de</strong>senvolvidos produtos diet,<br />

light e funcionais, como o hambúrguer light e enriquecido com colágeno,<br />

proteína benéfica à saú<strong>de</strong>.<br />

O Instituto se concentra em três gran<strong>de</strong>s áreas, tecnologia,<br />

ciência e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos e embalagem. A área <strong>de</strong> tecnologia<br />

inclui unida<strong>de</strong>s especializadas em produtos cárneos,<br />

cereais, chocolate, balas, confeitos, produtos <strong>de</strong> panificação,<br />

laticínios, frutas, hortaliças, engenharia <strong>de</strong> processos industriais<br />

e tecnologia <strong>de</strong> pós-colheita. Já a área <strong>de</strong> ciência e qualida<strong>de</strong><br />

dos alimentos abrange laboratórios <strong>de</strong> análises químicas, físicas,<br />

sensoriais e microbiológicas. E a área <strong>de</strong> embalagem possui núcleos<br />

especializados em materiais metálicos, <strong>de</strong> vidro, plástico,<br />

celulósicos e <strong>de</strong> distribuição e transporte.<br />

O Governo do Estado está investindo na mo<strong>de</strong>rnização dos Institutos.<br />

“Esse ano faremos a inauguração das novas instalações da<br />

planta <strong>de</strong> processamento e acondicionamento asséptico do Tecnolat<br />

(Centro <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Laticínios do ITAL). Essa obra é só o início<br />

<strong>de</strong> uma reforma que em 2010 abrangerá os espaços reservados<br />

para as pesquisas com queijos, leites, iogurte e sorvetes. Assim,<br />

começaremos com a parte dos laboratórios do convênio com a<br />

pesquisa agrícola JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO<br />

C rédito: JAM Fotos Aéreas e Técnicas<br />

TetraPack”, conta o diretor geral do Instituto, Luis Madi.<br />

O instituto possui certificação segundo a norma ISO 9001:2000<br />

e tem, entre suas análises microbiológicas e físico-químicas, ensaios<br />

acreditados pelo Inmetro e pela REBLAS/ ANVISA. Para as empresas,<br />

o ITAL oferece serviços <strong>de</strong> consultoria, capacitação e análises,<br />

com garantia <strong>de</strong> isenção e competência.<br />

A missão da entida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>senvolver pesquisa, produzir inovação,<br />

oferecer assistência tecnológica e difundir o conhecimento<br />

técnico-científico para o agronegócio, em benefício da socieda<strong>de</strong>.<br />

“Nós temos clareza que vai vir uma onda <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos alimentícios on<strong>de</strong> o Brasil será um dos principais países<br />

atuantes nesse setor. Por isso, nós precisamos nos <strong>de</strong>senvolver na<br />

parte tecnológica”, prevê o diretor da instituição.<br />

“A i<strong>de</strong>ia é criar e adaptar o Tecnolat, para que ele atue numa<br />

área que nunca trabalhamos que é o sorvete. Se observarmos o<br />

mercado, notaremos que o sorvete (que era uma coisa totalmente<br />

empírica) hoje passa a ser um segmento estratégico no mercado<br />

brasileiro, em termos <strong>de</strong> nutrição. Assim, o ITAL, junto com o conselho<br />

consultivo do Tecnolat, estará criando ali uma planta <strong>de</strong> processamento<br />

<strong>de</strong> sorvete artesanal e industrial que será inaugurada em<br />

2010, no aniversario <strong>de</strong> 47 anos do instituto”, conta Luis Madi.<br />

O ITAL também está envolvido no projeto O Brasil Foods Trend<br />

2020, em parceria com a FIESP e oito entida<strong>de</strong>s setoriais, além<br />

da EPSM e da Faculda<strong>de</strong> Anhembi Morumbi, que irá diagnosticar<br />

o que <strong>de</strong>verá estar acontecendo na área alimentícia nos próximos<br />

10 anos. O documento abrangerá uma análise que irá <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

hábitos alimentares até varejo e distribuição <strong>de</strong> alimentos no Brasil,<br />

levando em conta a ida<strong>de</strong> média da população, número <strong>de</strong><br />

pessoas e hábitos <strong>de</strong> alimentação fora do lar. Os resultados serão<br />

divulgados no final do ano.


A educação como fonte para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

*Luís Carlos Ribeiro é engenheiro agrônomo e gerente <strong>de</strong> Educação e Treinamento<br />

da Associação Nacional <strong>de</strong> Defesa Vegetal, An<strong>de</strong>f<br />

O Brasil tem diante <strong>de</strong> si um <strong>de</strong>safio crucial, se preten<strong>de</strong> tornar<br />

consequente o enorme potencial econômico que ostenta. Trata-se<br />

do <strong>de</strong>safio chamado Educação. A preocupação confirma-se diante<br />

do grau <strong>de</strong> analfabetismo da população brasileira, ainda acima<br />

<strong>de</strong> 10,0% em 2006, correspon<strong>de</strong>nte a pessoas <strong>de</strong> 15 anos ou<br />

mais, <strong>de</strong> acordo com o Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística,<br />

IBGE. Trata-se <strong>de</strong> uma taxa bastante elevada, sobretudo quando<br />

comparada às <strong>de</strong> outros países do continente sul-americano, como<br />

Uruguai, Argentina e Chile, cujas taxas variam entre 2,0% e 4,0%.<br />

Mas há outro dado revelado no estudo que interessa mais<br />

diretamente aos setores envolvidos nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias:<br />

a maior população <strong>de</strong> analfabetos está no meio rural. E o que chama<br />

a atenção é o número persistentemente elevado. A população<br />

da zona rural tem em média 4,5 anos <strong>de</strong> estudo, enquanto a do<br />

meio urbano tem 7,8 anos. Estudos do Instituto Nacional <strong>de</strong> Estudos<br />

e Pesquisas Educacionais, Inep, indicam que, se for mantido o<br />

ritmo atual <strong>de</strong> evolução, a população rural levará mais <strong>de</strong> 30 anos<br />

para atingir o atual nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da população urbana.<br />

A literatura acadêmica registra diversos estudos que atestam<br />

como a <strong>de</strong>cisão estratégica <strong>de</strong> nações investirem em Educação<br />

as elevou ao patamar do <strong>de</strong>senvolvimento. No Brasil, a garantia<br />

da Educação básica – formação <strong>de</strong> crianças e adolescentes – é<br />

<strong>de</strong>ver constitucional do Estado. Ainda assim, a iniciativa privada<br />

vem, há vários anos, <strong>de</strong>senvolvendo enorme esforço, com investimentos<br />

significativos, no sentido <strong>de</strong> reduzir o fosso do conhecimento.<br />

Bons exemplos a serem citados são o Sistema S, com <strong>de</strong>staque<br />

para o SESI, para o qual as empresas <strong>de</strong>stinam boa parte <strong>de</strong><br />

suas receitas à Educação, na forma <strong>de</strong> tributos ou mesmo <strong>de</strong> investimentos<br />

<strong>de</strong>liberados. Outra iniciativa, mais recente, digna <strong>de</strong><br />

todo louvor e apoio, é o programa Todos Pela Educação, mantido<br />

por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> empresas e com a participação <strong>de</strong> educadores,<br />

gestores públicos e representantes da socieda<strong>de</strong> civil.<br />

Se, nas últimas décadas, o campo vem exibindo <strong>de</strong>sempenho<br />

excepcional, as indústrias <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas têm contribuído<br />

fortemente para esses resultados: seus investimentos em Pesquisa e<br />

Desenvolvimento, por exemplo, totalizaram em 2007 expressivos<br />

US$ 78 milhões. Mas tão importante quanto esses recursos é o<br />

fato <strong>de</strong> essas indústrias estarem investindo na sustentabilida<strong>de</strong> do<br />

meio rural através <strong>de</strong> outra iniciativa magnífica: a educação e o<br />

treinamento do homem do campo.<br />

Apenas uma mostra parcial do significativo investimento em ações<br />

<strong>de</strong> stewardship pelas indústrias <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas po<strong>de</strong> ser conferida<br />

no livro lançado este ano pela Fundação <strong>de</strong> Estudos Agrários<br />

Luiz <strong>de</strong> Queiroz (FEALQ), da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura “Luiz <strong>de</strong><br />

Queiroz”, Esalq/USP. A publicação traz os números consolidados<br />

das ativida<strong>de</strong>s que participaram do 12º Prêmio Mérito Fitossanitário,<br />

iniciativa da An<strong>de</strong>f que reconhece ações <strong>de</strong> profissionais, indústrias,<br />

distribuidores, cooperativas e centrais <strong>de</strong> recebimento <strong>de</strong> embalagens<br />

com mais <strong>de</strong>staque nas iniciativas <strong>de</strong> educação e treinamento no<br />

campo e <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> socioambiental. Para sua realização,<br />

o Prêmio tem o apoio da Associação Nacional dos Distribuidores<br />

<strong>de</strong> Insumos Agrícolas e Veterinários, Andav; Instituto Nacional <strong>de</strong><br />

Processamento <strong>de</strong> Embalagens Vazias, Inpev; e Organização das<br />

Cooperativas Brasileiras, OCB.<br />

Para se ter uma idéia do alcance <strong>de</strong>sses programas, <strong>de</strong>staquemos<br />

alguns dados: sete empresas associadas à An<strong>de</strong>f colocaram no<br />

campo, em 2008, 751 técnicos, ou 72% do total <strong>de</strong>sses profissionais<br />

das indústrias. Eles <strong>de</strong>senvolveram 7.202 ativida<strong>de</strong>s, como palestras,<br />

dias <strong>de</strong> campo e treinamentos. Com suas ações educativas, sociais e<br />

ambientais, as empresas atingiram 9.713.068 pessoas, com investimento<br />

<strong>de</strong> R$ 9.850,926 milhões. Em outras palavras, as indústrias<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas, com o apoio das entida<strong>de</strong>s parceiras, têm<br />

feito exemplarmente sua parte ao levar aos agricultores e trabalhadores<br />

do campo o tema da responsabilida<strong>de</strong> socioambiental.<br />

C rédito: An<strong>de</strong>f.<br />

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO artigo<br />

1<br />

artigo


É fácil contribuir!<br />

Os engenheiros agrônomos e profissionais da<br />

área tecnológica que preenchem a Anotação <strong>de</strong><br />

Responsabilida<strong>de</strong> Técnica (ART) po<strong>de</strong>m estar <strong>de</strong>ixando<br />

<strong>de</strong> preencher o campo 31 do formulário, no qual o<br />

responsável tem o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinar 10% do valor à<br />

entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classe <strong>de</strong> sua preferência.<br />

Ao preencher o campo com o número 058, da<br />

AEASP, o profissional estará automaticamente fazendo<br />

sua contribuição à associação, ajudando assim a manter<br />

o trabalho da Entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

agronomia brasileira.<br />

Se o emissor <strong>de</strong>ixar o campo 31 em branco a alíquota não<br />

é repassada para nossa entida<strong>de</strong> e vai direto para o Confea.<br />

Os tipos <strong>de</strong> ARTs específicas para o engenheiro agrônomo<br />

são as <strong>de</strong> Obras, Serviços, Receituário Agronômico,<br />

Desempenho <strong>de</strong> Cargo/Função e Crédito Rural.<br />

Para anunciar no JEA ou recebê-lo,<br />

entre em contato:<br />

Rua 24 <strong>de</strong> Maio, 104 - 10º andar<br />

CEP 01041-000 - São Paulo - SP<br />

Tel. (11) 3221-6322<br />

Fax (11) 3221-6930<br />

aeasp@sti.com.br/aeasp@aeasp.org.br<br />

DETALHES IMPORTANTES:<br />

Será consi<strong>de</strong>rada nula a Anotação <strong>de</strong> Respon-sabilida<strong>de</strong><br />

Técnica, quando:<br />

1. a qualquer tempo, verificar-se a inexatidão<br />

<strong>de</strong> quaisquer dados nela constantes;<br />

2. o Conselho Regional verificar a incompatibilida<strong>de</strong> entre as<br />

ativida<strong>de</strong>s técnicas <strong>de</strong>senvolvidas e as atribuições profissionais<br />

dos responsáveis técnicos respectivos;<br />

3. for caracterizado o exercício ilegal da profissão, em qualquer<br />

outra <strong>de</strong> suas formas.<br />

(artigo 9º - Resolução <strong>nº</strong> 425/98 do Confea).<br />

Tradição e Informação<br />

O Jornal do Engenheiro Agrônomo é uma publicação que completa 40 anos<br />

<strong>de</strong> existência em 2010. Ao longo <strong>de</strong>ssas quase quatro décadas <strong>de</strong> atuação, este<br />

veículo tem atuado como uma tribuna para os profissionais da agronomia e para<br />

o setor agronômico, <strong>de</strong> modo geral.<br />

Seu público leitor é formado por engenheiros agrônomos, sócios da<br />

Associação <strong>de</strong> Engenheiros Agrônomos do Estado <strong>de</strong> São Paulo, autorida<strong>de</strong>s,<br />

políticos e <strong>de</strong>mais profissionais ligados à agropecuária. Se você precisa levar<br />

sua mensagem, seu produto ou serviço para esse público, anuncie no JEA.

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