Dia da Indústria - Fiec

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano IV n N o 37 n JUNHO/2010
Correspondência
1000013828/2006
DR/CE
FIEC
CORREIOS
Presidente da CNI, Armando Monteiro, governador do estado, Cid Gomes,
e presidente da FIEC, Roberto Macêdo, ladeiam os homenageados Jorge
Parente, Airton Queiroz, Alexandre Grendene e filha de Vicente de Paiva
(in memoriam), Cristiane de Paiva
Dia da Indústria
Comemorações ocorrem num cenário de retomada do crescimento,
após o país ultrapassar a crise econômica mundial
3

junho 2010 | No Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
37
................................................................................................
Fim da pobreza no CE
08
REnDA FAMILIAR
Segundo o Laboratório de Estudos
da Pobreza (LEP), caso seja
mantido o nível de crescimento da
renda familiar, a pobreza no estado
será extinta em 32 anos
Robôs cearenses
14
Confecções
19
SoFTWARE
Criado pelo SENAI/CE, o
Vestio padroniza medidas de
peças do vestuário e amplia a
competitividade das indústrias de
confecção do Ceará
Recicla Nordeste
36
RoBÓTICA
Projeto de robótica da Armtec
mostra que o Brasil é capaz
de inovar com tecnologia de
ponta e ganha reconhecimento
internacional
FEIRA
Sindiverde e INDI/FIEC promovem
feira para dar impulso às
indústrias de reciclagem da região,
no Centro de Convenções, de 10 a
12 de novembro
Civilização do boi
39
CoLonIZAÇÃo
Responsável pelo primeiro ciclo
econômico do estado do Ceará,
o gado marcou o processo
de colonização das terras do
estado do Ceará
Capa
60 anos da FIEC
22
Comemorações ocorrem num cenário de
retomada da economia, após fim da crise
mundial e início de empreendimentos
estruturantes no estado
Vidas transformadas
31
VIRAVIDA
Mais 103 jovens concluem
o Projeto ViraVida no
Ceará e iniciam nova etapa
em suas vidas. Desde
o projeto piloto, 158 já
foram formados no estado
Seções
MensagemdaPresidência........5
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas.........13
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Foto: JoSÉ SoBRINHo

Federação das Indústrias do Estado do Ceará — FIEC
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1 o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho
Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira Diretor financeiro Álvaro
de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama.
Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente,
Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França
Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge
Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro
Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,
Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo
e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — SESI
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,
Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério do
Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do
Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do
Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho
Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior
Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço nacional de Aprendizagem Industrial — SEnAI
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard
Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa
Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo
Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria
Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima
Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira
da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional do SENAI/CE Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais (lcarlos@sfiec.org.br) Redação Ângela Cavalcante (adbastos@sfiec.org.br),
David Negreiros Cavalcante (dncavalcante@sfiec.org.br), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.org.br) e Luiz Henrique Campos (lhcampos@sfiec.org.br) Fotografia José Sobrinho e
Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação Gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.
Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia
(AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf
Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — publicidadesfiec@sfiec.org.br e airm@sfiec.org.br
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
Revista da FIEC. – Ano 4, n 37 (jun. 2010) -
– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -
v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
CDU: 67(051)
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
A FIEC aos 60 anos
A Diretoria da FIEC se sente muito feliz por estar
coroando o mandato do período 2006-2010 no ano de comemoração
das seis décadas da nossa Federação. A Federação
das Indústrias do Estado do Ceará nasceu há 60 anos a partir
da associação de cinco sindicatos existentes em 1950: Fiação
e Tecelagem, Construção Civil, Tipografia, Indústria de Calçados,
Alfaiataria e Confecções de Roupas Masculinas, sob a
liderança de Waldyr Diogo de Siqueira e Thomás Pompeu de
Souza Brasil Netto.
Com a diversificação do parque
industrial, a FIEC passou a ter um
papel preponderante no atendimento
à crescente demanda por
gestão e mão de obra especializada.
Esse papel vem sendo desempenhado
hoje pela eficiente atuação
do SENAI, do SESI e do IEL,
que integram a nossa estrutura.
A FIEC atingiu um elevado nível
de experiência e de conhecimentos
nessas seis décadas. Hoje
podemos confirmar a maturidade
do parque industrial cearense da Federação.
e sua capacidade de contribuir
diretamente para a realização dos
projetos estruturantes, anunciados e em implantação, fundamentais
para o desenvolvimento do estado. São muitos os desafios
postos, entre os quais, uma refinaria de petróleo, uma
siderúrgica, uma ZPE, a geração de energia eólica e térmica,
a transposição e integração do Rio São Francisco – e a consequente
agricultura irrigada –, a Transnordestina, a exploração
de urânio e fosfato em Itataia e a expansão do Porto do Pecém.
É importante lembrar ainda as ações de adequação da cidade
de Fortaleza para a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e
mais outras 3.800 obras em andamento, pilotadas pessoalmente
pelo governador Cid Gomes.
“Nos últimos três anos,
trabalhamos com
persistência no fortalecimento
sindical, por acreditarmos que as
células do nosso organismo e a
modernização do nosso Estatuto
passam primordialmente pela
“
forma de escolha dos dirigentes
O Ceará, como o resto do Brasil, ressente-se da escassez de
mão de obra especializada, e a FIEC, por meio do SENAI e do
SESI, tem contribuído para suprir essa demanda, ampliando
sua atuação, com novos cursos de especialização e novos laboratórios
para atender às novas tecnologias.
Por meio do IEL, dentre outros programas, desenvolvemos
o de qualificação de fornecedores e o de apoio à competitividade
das micro e pequenas indústrias – Procompi.
O CIN, Centro Internacional de Negócios, tem tido uma
intensa atividade na expansão das
exportações das empresas cearenses,
mediante contatos com
representações de diversos países,
visando o fortalecimento das
relações comerciais.
No Posto de Informações do
BNDES/FIEC instalado no INDI
firmamos em 2009 cerca de mil
operações de crédito, com desembolso
de R$ 112 milhões de
reais para médias e pequenas
empresas. O INDI vem desenvolvendo
também com afinco o
Programa de Mobilização Empresarial
pela Inovação (MEI).
Nos últimos três anos, trabalhamos com persistência no
fortalecimento sindical, por acreditarmos que as células
do nosso organismo e a modernização do nosso Estatuto,
por intermédio da democratização da gestão, passam
primordialmente pela forma de escolha dos dirigentes da
Federação. Para tanto, teremos a partir desta data em que
a FIEC faz 60 anos o exercício do voto direto de todos os
empresários associados aos seus sindicatos. Assim, contamos
com a participação de todos para que, no exercício
desse direito, contribuam efetivamente para a consolidação
da Federação que queremos.
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |

Notas&Fatos
o q u E A C o n T E C E n o S I S T E M A F I E C , n A P o L í T I C A E n A E C o n o M I A
CIDADAnIA
esColas
CeaRenses
pRemiadas
DOZE ESCOLAS cearenses
foram premiadas com o
Prêmio Construindo a Nação
2009-2010. Nesta edição,
57 instituições de ensino
concorreram. A Escola SESI
Dr. Thomaz Pompeu de
Souza Brasil, de Fortaleza,
foi contemplada na
categoria Destaque Social.
A comenda busca destacar,
valorizar e mostrar como
exemplo, criando referências,
ações que escolas públicas
e privadas realizam com a
presença ativa de seus alunos
no diagnóstico e promoção
de ações para a solução de
problemas das comunidades
onde estão situadas. Visa
ainda valorizar o papel
do educador no processo
de formação do aluno
como cidadão e preparar
os estudantes para a vida,
a partir da convivência
com as demandas sociais.
A premiação é realizada
pelo Instituto da Cidadania
Brasil, CNI e SESI. A versão
estadual é coordenada
pelo SESI/CE.
REVISTA 60 AnoS
O presidente da FIEC, Roberto
Proença de Macêdo, é formado
em Engenharia Mecânica e
não em Engenharia Elétrica,
conforme informado na edição
de maio (pág. 35) da Revista
da FIEC, comemorativa dos 60
anos da entidade.
Foto: JoSÉ SoBRINHo
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
SESI
ação Global beneficia
mais de 18 000 no Ce
MAIS de 18 000
pessoas foram
beneficiadas na
edição 2010 da Ação
Global no Ceará, realizada
em 22 de maio no
município de Eusébio, na
região metropolitana de
Fortaleza. Elas tiveram
ampliada a sua cidadania
ao ter acesso a serviços
gratuitos como emissão
de documentos pessoais,
atendimentos médicos e
odontológicos, orientações
sobre alimentação saudável
e atividades de lazer e
cultura. A iniciativa foi
uma promoção conjunta
do SESI/CE e da TV
Verdes Mares, afiliada da
Rede Globo, e envolveu
1 050 voluntários e 52
organizações parceiras.
Foram totalizados 55 161
atendimentos. Entre os
serviços mais procurados
pelo público ficaram os de
saúde, que registraram 16
828 atendimentos.
RESPonSABILIDADE SoCIAL
ConSTRuToRA CEAREnSE RECEBE PRêMIo nACIonAL
O programa Descobrindo Saberes
– Construindo Cidadania, da Dias de
Sousa Construções, é um dos vencedores
do Prêmio de Responsabilidade Social
da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC). A premiação
reconhece o trabalho realizado pela
empresa no desenvolvimento de atividades
socioeducativas e culturais das crianças
ConSTRuÇÃo
setoR ContRataRá
380 000 até 2014
no país
A COnSTRUçãO civil
precisará contratar
380 000 trabalhadores
por ano até 2014 no país.
Entre os profissionais
mais procurados
estão ajudantes de
obras, trabalhadores
de estruturas em
alvenaria, montadores de
estruturas em madeira,
metal e compostos,
supervisores de obras e
instaladores elétricos.
As informações são de
pesquisas prospectivas
e de tendências feitas
pelo SENAI Nacional.
Segundo os estudos, 54%
da demanda por mão
de obra da construção
civil será concentrada na
região Sudeste, 18% no
Nordeste, 14% no Sul,
8% no Centro-Oeste e
6% no Norte. Parte dessa
demanda deverá ocorrer
no interior dos estados.
e adolescentes com idade entre sete e 16
anos, filhos de colaboradores do setor da
construção civil. A Dias de Sousa é uma
das organizações que integram a rede
de Agentes de Responsabilidade Social,
programa coordenado pelo SESI/CE que
consiste na capacitação de representantes
do setor empresarial para a atuação em
projetos sociais.
AngoLA
missão
paRtiCipa de
FeiRa em julho
A MISSãO empresarial brasileira
a Angola, articulada pelo
Centro Internacional de
Negócios (CIN) da FIEC,
participará de 20 a 25 de
julho da Feira Internacional de
Luanda (Filda). Cerca de 30
empresários de todo o Brasil,
incluindo cearenses, integram a
comitiva. Em sua 27ª edição, a
Filda é uma feira multissetorial
que permite o contato não
apenas com o mercado
angolano, mas também com
importadores dos demais países
da África Austral. Informações:
(85) 3421-5419.
CARIRI
senai/Ce Realiza
CuRso de pedReiRo
paRa mulheRes
A ESCOLA do SENAI/CE
em Juazeiro do Norte e
a Construtora Raimundo
Coelho (CRC) darão formação
técnica gratuita na área da
construção civil a 60 mulheres
do município. O projeto,
intitulado Mulher Pedreira,
está treinando inicialmente
dez mulheres. As participantes
são selecionadas pela
Secretaria de Ação Social do
município e pela CRC. Os prérequisitos
são ter concluído
ou estar cursando o ensino
fundamental, comprovar
situação de pobreza e residir
no entorno da obra. As aulas
teóricas serão ministradas na
unidade do SENAI e a parte
prática ocorrerá no canteiro
de obras da construtora.
Notas&Fatos
ALASCA
FieC apoia expedição de
montanhista cearense
AFIEC está
apoiando a
expedição do
cearense Rosier
Alexandre na
montanha mais fria
da terra: o McKinley,
com 6 194 metros de
altitude, localizado
perto do Polo Norte,
no Alasca (EUA).
Antes desse desafio,
Rosier já escalou o
Aconcágua, maior
montanha da Terra
fora da Ásia, e o Ojos del Salado, maior vulcão do
planeta. A atual expedição ocorre durante o mês de
junho, com duração aproximada de 20 dias. Além
da paixão por altas montanhas, o combustível que
move Rosier em seus desafios são a garra, ousadia,
planejamento, determinação e comprometimento com
seus propósitos e metas, o mesmo que movimenta as
grandes organizações em direção ao sucesso.
FoToS
AS DUAS FOTOS utilizadas na página 11 da
edição de maio da Revista da FIEC,
publicação especial em comemoração aos
60 anos da entidade, pertencem ao arquivo
pessoal do industrial e escritor cearense Cândido
Couto Filho. O empresário é autor do livro
Ceará – A civilização do couro, entre outras
obras alusivas ao setor coureiro cearense.
FotoS: CÂNDIDo CoUto
Foto: ARQUIVo PESSoAL DE RoSIER ALEXANDRE
CURTAS
---------------------
n A ALIMEnTOS
Funcionais do Brasil
(AFBr), em parceira
com o Parque de
Desenvolvimento
Tecnológico da UFC e
empresas cearenses,
está lançando franquia
para instalação de
rede de lojas que
comercializarão apenas
alimentos funcionais
inéditos produzidos
no Brasil. O projeto
inovador pretende abrir
80 lojas nos próximos
cinco anos. A iniciativa
conta com a parceria
do Banco do Nordeste e
já está com a estrutura
operacional montada. As
lojas franqueadas serão
abastecidas com produtos
inéditos fabricados pela
AFBr com tecnologia
patenteada que será
licenciada pela Polymar.
A primeira loja deve entrar
em operação em agosto.
n O BRASIL apresenta
situação privilegiada
em termos de utilização
de fontes renováveis
de energia. De acordo
com dados de 2009, no
país, 47,3% da Oferta
Interna de Energia (OIE)
é renovável, enquanto a
média mundial é de 14%
e nos países desenvolvidos
apenas 6%. A OIE, também
denominada de matriz
energética, representa
toda a energia disponível
para ser transformada,
distribuída e consumida
nos processos produtivos
do país.
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |

Ceará
Pobreza extinta
em 32 anos
Cálculo é do levantamento do Laboratório de Estudos da Pobreza
(LEP) levando em conta uma taxa média de crescimento da renda
familiar per capita no patamar de 1,58% ao ano
POR ÂNGELA CAvALCANTE
Em quanto tempo será erradicada a pobreza no
Ceará? Levantamento do Laboratório de Estudos
da Pobreza (LEP), vinculado ao Curso de Pós-Graduação
em Economia da Universidade Federal do
Ceará (CAEN/UFC), calcula que se a taxa média de crescimento
da renda familiar per capita se mantiver no patamar
de 1,58% ao ano, como ocorreu entre 1995 e 2007, a
pobreza no estado será extinta em 32 anos.
Para o coordenador do LEP, Flávio Ataliba Barreto, o
prazo pode ser reduzido se, além do crescimento econômico,
forem utilizadas políticas públicas que possam alterar
o perfil distributivo da sociedade cearense. Conforme o
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
economista, a utilização de estratégias voltadas para a geração
de renda entre os mais pobres é fundamental, já que a renda
do salário é considerada o principal responsável pela queda
da desigualdade. Segundo Ataliba, a melhoria da educação e
da saúde pública para os mais pobres é também decisiva para
transformar o cenário de desigualdade no estado.
Na análise do LEP, o tempo médio de extinção da pobreza
reduz à medida que a renda real cresce. Conforme
as simulações, caso a renda real das famílias cearenses
crescesse a uma taxa anual consecutiva de apenas 0,5% ao
ano, seriam necessários 97 anos e seis meses para abolir
completamente a pobreza no Ceará. Considerando, então,
que o rendimento aumentasse por ano na faixa de 5%, a
perspectiva de extinção seria de apenas dez anos.
Embora o estudo Sobre a Qualidade do Crescimento
Econômico no Brasil de 1995 a 2008: uma Análise
Comparativa entre Estados e Regiões Brasileiras, realizado
recentemente também pelo LEP, ateste que o Ceará
melhorou todos os seus indicadores socioeconômicos,
o nível de desigualdade ainda é muito grande, como no
restante do país.
No período de 1995 a 2008, o estado apresentou crescimento
em favor da pobreza, reduzindo cada um dos
indicadores e em todos os percentuais de renda analisados.
Segundo Flávio Ataliba, a redução da pobreza ocorre
por meio da mudança na distribuição da renda e do seu
crescimento, que impacta na diminuição da desigualdade
econômica. “Nos dois fatores o Ceará apresentou melhoria
no período estudado”, observa o economista.
O Índice de Gini, criado em 1912 pelo estatístico italiano
Corrado Gini para medir o grau de desigualdade
existente na distribuição de indivíduos segundo a renda
domiciliar per capita, revela uma melhoria na distribuição
do rendimento cearense ao longo dos anos contemplados
no estudo em questão. O índice considera que, quanto
mais próximo de zero, menor é a diferença de renda entre
a população. As taxas verificadas para o estado foram
de 0,61% (período FHC), de 0,58% (período Lula) e 0,53%
(1995 – 2008). Outro ponto positivo, em relação ao Ceará,
é que a taxa de crescimento da renda domiciliar per capita
continua crescente. Ela passou de 2,19% (1995 a 2002) para
26,90% (2000 a 2008), fechando numa variação de 29,68%,
no período de 1995 a 2008.
Da mesma forma como ocorre com a desigualdade,
O prazo para
a pobreza ser
erradicada pode ser
reduzido se, além do
crescimento econômico,
forem utilizadas políticas
públicas que possam alterar o perfil
distributivo da sociedade cearense.
““
Flávio Ataliba Barreto, coordenador do LEP
a evolução nos indicadores socioeconômicos do estado
também tem sido percebida em todo o país. Por esse motivo,
não é possível afirmar até que ponto a evolução no
desenvolvimento cearense estaria ligada a políticas públicas
estaduais, ou seria reflexo das federais.
De acordo com o pesquisador do LEP, Carlos Manso,
as desproporções do desenvolvimento continuam no
Ceará para com o interior, assim como no Brasil para com
o Nordeste. “A zona rural cearense tem 22% da população
e 40% dos pobres, assim como o Nordeste, que tem
apenas 28% da população nacional e responde por 48%
do número de pobres”, compara. Segundo ele, a evolução
no desenvolvimento do estado poderia estar mais veloz
se fossem ampliadas políticas públicas direcionadas, por
exemplo, para a educação, especialmente na infância.
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |
Foto: ARQUIVo PESSoAL, FLÁVIo AtALIBA

Lentidão se deve à “pulverização” do Fecop Estudos mostram que a desigualdade tende a inibir o
Outra pesquisa do LEP, que relaciona o Fundo Estadual
de Combate à Pobreza (Fecop) com o Índice de
Desenvolvimento Municipal (IDM) em dez cidades do
Ceará e em dez localidades da capital do estado, Fortaleza,
entre os anos de 2004 e 2006, aponta que as ações do
fundo teriam maior eficácia no desenvolvimento econômico
dos municípios cearenses se fossem adotados fatores
condicionantes, como comprovações de matrícula escolar e
de vacinação de crianças para a execução dos programas.
O estudo, que também comparou o Fecop com o Bolsa
Família, revela maior impacto do programa de transferência
de renda do governo federal do que do Fecop na melhoria dos
indicadores do estado. “Constatamos estatisticamente que o
Bolsa Família tem um maior peso na evolução dos indicadores.
Entretanto, nem o Fecop sozinho, ou associado ao Bolsa
Família, fez os IDMs dos municípios pesquisados crescerem
acima da média dos outros. Isso merece uma reflexão sobre a
metodologia a ser utilizada na continuidade desse programa”,
avalia a economista Lúcia de Fátima Muniz, responsável pelo
desenvolvimento da pesquisa do LEP.
Em seu sexto ano de atuação, o Fecop tem prazo de
vigência previsto para 31 de dezembro próximo. Para a
economista, ele deve ser mantido, mas com mudanças.
Inicialmente, em 2004, os recursos do fundo eram destinados
aos dez municípios mais pobres do Ceará (na época, Salitre,
Aiuaba, Catarina, Quiterianópolis, Granja, Moraújo, Tarrafas,
Parambu, Cariús e Irauçuba). Porém, a metodologia sofreu
alterações e hoje todos os 184 municípios são contemplados.
A quantidade de ações também se multiplicou e a gestão
do Fecop passou de um comitê central para as secretarias
estaduais. “Essa pulverização pode ser apontada como a razão
para a lentidão dos resultados obtidos”, argumenta Muniz.
Desigualdade X renda
Entre 2001 e 2008, o Ceará conseguiu superar
as regiões brasileiras e o próprio país na
redução da desigualdade. O estado acumulou
uma redução de 7,69%, enquanto o Brasil apresentou
retração de 5,09%. A região Norte também superou
o nível nacional, com queda de 6,05%. O Nordeste
teve o segundo pior desempenho, com 4,54% de
redução, perdendo apenas para o Centro-Oeste, que
teve variação negativa de 3,11%. Os índices têm por
base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Para os pesquisadores do LEP Flávio Ataliba Barreto,
Carlos Alberto Manso e Raimundo Loiola Filho e os
colaboradores do estudo A Renda do Trabalho e a Redução
da Desigualdade – Evidências para o Ceará, Regiões e Brasil,
Janaína Rodrigues Feijó e Danielly Viana Santos, tais números
jogam luz na esperança de que, ao ser atualizada a estatística do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o
Estudo que comparou o
Fecop com o Bolsa Família
revela maior impacto do programa
de transferência de renda do governo
federal do que do Fecop na melhoria
dos indicadores do estado.
Lúcia de Fátima Muniz, economista responsável
pelo desenvolvimento da pesquisa do LEP
““
Na análise dos economistas do Caen, o Fecop, criado
pelo governo estadual em 2003 e regulamentado em março
do ano seguinte, tem como premissa básica a melhoria da
qualidade de vida dos municípios mais pobres do Ceará, com
dois macro-objetivos: promover transformações estruturais
para combater a pobreza e assistir as populações que se
encontram abaixo da linha de pobreza, visando melhorar
suas condições de vida mediante políticas de transferência
de renda, com caráter assistencialista.
Dados do IDM 2008, divulgados pelo Instituto de Pesquisa
e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), mostram que dos
184 municípios cearenses, apenas 20, ou cerca de 11%,
apresentam condições satisfatórias de infraestrutura e índices
sociais e econômicos relativamente favoráveis. Dez destes
pertencem à região metropolitana de Fortaleza. Os outros 164,
onde vive metade da população do estado, detêm indicadores
econômicos e sociais classificados como baixos.
Índice de GINI: Brasil, Regiões e Ceará. 2001 e 2008 (%)
Localidades 2001 2008 Variação
Centro-Oeste 60,22 57,00 -3,22
Norte 58,03 51,99 -6,05
Nordeste 61,10 56,56 -4,54
Ceará 62,24 54,55 -7,69
Sul 55,16 49,61 -5,54
Sudeste 57,14 51,84 -5,30
Brasil 60,13 55,04 -5,09
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos dados da PNAD/IBGE
nosso país passe a ocupar melhor posição. Na última edição do
PNUD, realizada em 2003, dos 160 países pesquisados, o Brasil
ficou em 8º lugar entre os mais desiguais, superando apenas
Guatemala e os africanos Suazilândia, República Centro-Africana,
Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.
crescimento econômico dos países, principalmente em
economias de baixa renda. O motivo é que a desigualdade
contribui para potencializar os desvios e conflitos sociais,
aumentando a necessidade de os governos destinarem
vultosos recursos de seus orçamentos para atividades não
produtivas, como construção de novos presídios, aumento
do aparelho policial, ampliação da justiça etc. Outro fator
limitador é que a alta desigualdade restringe o tamanho
do mercado consumidor interno, já que a propensão
média a consumir tende a ser menor em economias de
renda mais concentrada.
O sucesso de políticas públicas na redução da
pobreza passa necessariamente por ações que
promovam, de forma simultânea, a expansão da renda e
a redução da desigualdade. Quanto mais alto o nível de
concentração de renda inicial, maior a necessidade de
que os resultados benéficos do crescimento econômico
sejam espalhados para todas as classes da população,
especialmente as mais carentes.
No Ceará, o estudo do LEP revela que, do total da renda
per capita, a renda advinda do trabalho representa 72,1%. A
média nacional é maior, chegando a quase 80%. Observase,
porém, que essa variável perdeu participação em todas
as regiões em 2008, significando evidentemente que os
outros componentes ganharam maior peso. Depois da renda
do trabalho, os rendimentos de aposentadorias e pensões
pagas pelo governo federal ou por institutos de previdência
têm a segunda maior importância, representando no Brasil
um pouco menos de 20% do total. Essa variável, junto a
rendimentos relacionados aos pagamentos de juros ou
dividendos e transferências de programas sociais como o
Bolsa Família, teve aumento na participação em 2008, com
especial atenção para esse último no Nordeste – mais do
que duplicou sua importância relativa.
Segundo o estudo, como a renda do trabalho é
o componente mais importante na renda total, ela
Evolução da renda salarial per capita 2002 a 2008
Ceará Nordeste Brasil
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos dados da PNAD/IBGE
tem grande peso na determinação da magnitude da
desigualdade no Brasil. “Significa que a renda advinda do
trabalho praticamente comanda a medida de desigualdade
no país. Constata-se inicialmente, então, que o principal
responsável pela queda da desigualdade nas diversas
localidades é o aumento da renda do trabalho”, avaliam os
autores do estudo.
Com exceção do Nordeste, em todas as regiões e no
Brasil, a participação da renda do trabalho na renda total
está acima de 60%, com destaque para o Sudeste, que
é responsável por quase 78% da variação do Índice de
Gini. O Ceará, com 62,56%, apresenta um comportamento
semelhante ao da região Sul.
Quanto aos outros componentes, verifica-se que
a renda proveniente de aluguéis e doações feitas por
pessoas de outros domicílios teve pouca participação
na redução da desigualdade, enquanto que recursos de
aposentadorias e pensões pagas pelo governo federal
ou por institutos de previdência tiveram expressiva
influência na região Sul, contribuindo com quase 28%
para sua redução. Isso significa que entre as pessoas
que recebem esse tipo de rendimento, a desigualdade
ficou menor nesse grupo de renda, o que, por extensão,
contribui para a queda da desigualdade geral. Ainda sobre
esse componente, a contribuição de 16,76% no Ceará
acompanha o padrão nacional (16,36%) e das regiões
Nordeste (16,46%) e Sudeste (15,90%).
Os desembolsos com transferências oficiais (Bolsa
Família, por exemplo) e o pagamento de juros das
aplicações financeiras têm pouca expressividade nas
regiões mais desenvolvidas do país, como Sul e Sudeste.
Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, a contribuição
dessas fontes de renda é bem mais significativa, sendo
responsável por quase 40% da queda de desigualdade
de renda entre os nordestinos. No Ceará, a contribuição
de benefícios como o Bolsa Família representa cerca de
22,31% da renda total.
10 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 11
| RevistadaFIEC |

Segunda pior média
Apesar de a renda do trabalho ser o principal
responsável pela redução da desigualdade no
Brasil e no Ceará, a média salarial do estado
para o ano de 2008, considerando a faixa etária
com idade ativa de trabalho (15 anos ou mais), teve
a segunda pior média do país (R$ 618,30), ficando
à frente apenas do Piauí (R$ 585,87). Em relação
à evolução da média salarial, o estado apresentou
uma taxa de crescimento de 12,68% no período,
sendo inferior à média nordestina (19,23%), mas
superior à taxa nacional (7,60%). Quando se avalia
essa evolução em relação a toda a população, o
desempenho no Ceará, com uma taxa de 30,61%,
supera novamente Brasil e Nordeste.
Analisando o mercado de trabalho cearense
a partir da distribuição da população ocupada e sua renda
por atividades de 2002 a 2008, o estudo do LEP verifica
que grande parte do contingente em 2002 encontrava-se
nas atividades agrícolas (31%), seguidas do comércio (16%)
e indústria (14%). Em 2008, constata-se uma redução na
participação da população no setor agrícola (27%), com
aumento expressivo no pessoal ocupado no setor industrial
(um crescimento de dois pontos percentuais) e no comércio,
subindo sua participação para 17%.
Renda da população ocupada por atividades no Ceará, 2008
Educação e Saúde
15%
Outras
24%
Adm. Pública
11%
Agrícola
8%
Indústria
14%
Comércio
21%
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos dados da PNAD/IBGE
Construção 7%
O componente mais importante verificado no estudo, em
relação à evolução anual da renda do trabalho entre 2002-
2008, foi o aumento da produtividade. No Ceará, esse ganho
representou uma taxa de crescimento média anual de 3,03%,
enquanto que no Brasil essa taxa foi de 1,90%, e no Nordeste
a expansão foi de 3,89%. No caso específico do Ceará, a
taxa verificada decorreu especialmente da expansão que se
observou de 2006 a 2008. A expansão da escolaridade foi o
principal responsável pelo ganho de produtividade no período,
especialmente para o Nordeste.
Inovaçoes
TECLADO SOBRE A PELE
Foto: CHRIS HARRISoN
Em breve, os touchpads dos
notebooks ou as telas sensíveis
ao toque de computadores,
celulares e outros equipamentos
portáteis, tecnologias que
mal chegaram às prateleiras,
serão “coisa” do passado. Elas
devem ficar “obsoletas” quando
o skinput – uma mescla de
skin (pele) e input (entrada
de dados) – estiver à venda.
Desenvolvida por Chris Harrison
e Desney Tan Dan Morris, da
Universidade Carnegie Mellon,
nos Estados Unidos, o skinput
é uma combinação de sensores
bioacústicos e um programa de
inteligência artificial que pode
transformar os dedos, os braços
– ou virtualmente qualquer
parte do corpo – em um teclado
virtual para controlar telefones
celulares inteligentes e outros
equipamentos eletrônicos.
Em um teste envolvendo 20
voluntários, o teclado virtual
projetado sobre a pele foi capaz
de identificar as entradas com
88% de exatidão. A precisão
depende da proximidade do
toque com os sensores: toques
no antebraço puderam ser
identificados com 96% de
exatidão quando os sensores
estavam fixados abaixo do
cotovelo. Os testes indicaram que
a precisão do skinput é menor
nas pessoas mais gordinhas, e a
idade e o sexo também podem
afetar a precisão. Mas isso eles
ainda não explicaram o porquê!
Então, tá!
&Descobertas
PnEUS “VERDES” DEVEM RODAR EM CInCO AnOS
Os primeiros pneus verdes, fabricados com
matéria-prima renovável, deverão estar disponíveis
no mercado dentro de cinco anos. Foi o que afirmou
o cientista Joseph McAuliffe, durante a Conferência
Anual da Sociedade Química Americana. As pesquisas
atuais tentam substituir o petróleo
por compostos derivados de
plantas. Cada pneu fabricado
hoje consome 26 litros e,
anualmente, é produzido
perto de um bilhão de
unidades. McAuliffe explica
que o novo processo usa
os açúcares derivados da
biomassa para produzir um
composto químico chamado
BITUCA DE CIGARRO EVITA
CORROSãO DO AçO
Quem diria!
Encontraram um
benefício trazido pelo
cigarro o cigarro além
do enriquecimento
dos seus produtores e
dos impostos para os
governos. Cientistas
chineses afirmam que
os cigarros, ou melhor,
as bitucas que sobram depois do uso podem ser
usadas como um poderoso anticorrosivo do aço.
Segundo estudo publicado na revista científica
Industrial & Engineering Chemistry Research, o
filtro de cigarro usado produz nove substâncias
químicas diferentes, entre elas a nicotina, que,
quando imersa em água, impede a corrosão
do aço. Explica o cientista Jun Zhao, um dos
responsáveis pelo trabalho, da Universidade Xian
Jiaotong: “Quando os extratos foram aplicados em
canos de aço comumente usados na indústria do
petróleo, verificou-se que as substâncias tinham
a propriedade de impedir a corrosão do material,
mesmo quando o metal foi submetido a condições
extremas”. Zhao e sua equipe citaram estatísticas
de acordo com as quais 4,5 trilhões de filtros de
cigarro são descartados no meio ambiente a cada
ano. Os chineses consomem cerca de um terço dos
cigarros produzidos no planeta.
isopreno, um derivado do petróleo usado na
fabricação do pneu. “Um dos desafios técnicos tem
sido o desenvolvimento de um processo eficiente para
converter os açúcares em isopreno. Nós resolvemos
isso utilizando um processo de fermentação baseado
em uma cepa de bactérias geneticamente
modificadas para converter os carboidratos
da biomassa em nosso bioisopreno”,
diz McAuliffe. A empresa agora firmou
um contrato com a Goodyear,
uma das maiores fabricantes de
pneus do mundo, para levar o
método para escala industrial,
integrando o processo de
fermentação, recuperação e
purificação do bioisopreno.
CAMPO ELéTRICO REVOLUCIOnA
FABRICAçãO DE CERâMICA
Pesquisadores
da Universidade da
Carolina do Norte
descobriram como
utilizar um campo
elétrico para moldar
peças de cerâmica,
tornando o processo
muito mais eficiente
energeticamente, resultando em economia de
custo significativo para a indústria de cerâmica. O
coordenador dos trabalhos, Hans Conrad, explica
que a cerâmica é um material cristalino, e que uma
de suas características está nos defeitos entre os
minúsculos grânulos que os formam. Um desses
defeitos é chamado de contorno do grânulo, que
é onde os cristais com átomos alinhados em
diferentes direções se encontram no material.
“Nós descobrimos que, se aplicarmos um campo
elétrico ao material, ele interage com as cargas
nas fronteiras dos grânulos e torna mais fácil para
os cristais deslizarem uns sobre os outros. Esse
processo dinamiza a deformação do material”, diz
Conrad. Em outras palavras, o material se torna
superplástico, permitindo que a cerâmica seja
moldada na forma desejada usando uma força
muito menos intensa, quase zero. Os resultados
significam que os fabricantes de cerâmica poderão
passar a fazer suas peças gastando menos energia.
“Isso vai tornar os processos de produção mais
rentáveis e diminuir a poluição”,finaliza Conrad.
Junho de 2010 1
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Tecnologia
Robôs cearenses
Empresa Armtec ganha reconhecimento internacional e mostra que o
Brasil é capaz de inovar com tecnologia robótica de ponta
POR GEvAN OLIvEIRA
Na mitologia tupi, a figura do caipora está intimamente
associada à vida da floresta. É o guardião
da vida animal, aprontando toda sorte de ciladas
para o caçador, sobretudo aquele que abate animais
além de suas necessidades; o saci, também um ser
mitológico, é retratado como um negrinho travesso de
uma perna só, de cachimbo e com barrete vermelho que
persegue os viajantes ou lhes arma ciladas pelo caminho.
No imaginário popular esses seres encantam há gerações.
Atualmente, há um outro saci e um outro caipora andando
por aí, mas que, ao contrário dos seres descritos acima,
não metem medo em ninguém. Numa coisa, no entanto,
se assemelham: chamam a atenção por onde passam.
Na era hightec, o saci responde pelo nome de sistema
de apoio ao combate de incidentes. É feito de fibra, aço e
alumínio, entre outros materiais nada irreais. Ele não desaparece,
nem tira onda como o seu xará; na verdade, sua
missão é a mais nobre possível: salvar a vida de vítimas
de incêndio. Estamos falando do robô desenvolvido pela
empresa cearense Armtec. Mais parecido com um minitanque
de guerra, o saci cabeça chata foi o principal destaque
da Semana de Ciência e Tecnologia, realizada na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília, no ano de 2009.
Com menos de 2 metros de comprimento, 1,5 metro de
altura e pesando 1 tonelada, saci é o menor robô do mundo
utilizado no combate a incêndios. Construído com tecnologia
nacional, é também o único modelo com um canhão
d’água que gira 360 graus. O saci teve sua gênese em 2003,
quando o professor universitário Roberto Menescal apresentou,
em sala de aula, o primeiro robô especializado em
combater incêndios no mundo, de origem japonesa. No
ano seguinte, Roberto Lins de Macedo (filho do professor)
concluía o curso de engenharia eletrônica na Universidade
de Fortaleza (Unifor) apresentando ao mundo o modelo
brasileiro do robô nipônico.
À época, o projeto chamou a atenção do governo cearense,
que incentivou Roberto Lins a criar e incubar uma
empresa para fabricar o robô. “Na ocasião, contávamos
Foto: ABR / MARCELo CASAL
com um depósito de patente e fomos a primeira
empresa incubada na Unifor”, afirma o
engenheiro, hoje diretor-executivo da Armtec.
Em 2005, o saci ganhou os três maiores prêmios
de tecnologia do Brasil: da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), da Petrobras e da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Esse último prêmio, a Armtec ganhou quatro
vezes, com diferentes produtos.
A empresa também é reconhecida como
caso de sucesso da cadeia de petróleo e gás, Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
e Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(Inpi), além de ter ganho o prêmio no Ceará e
nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), na categoria
Melhores Práticas de Estágio, e Werner
Von Siemens (2006), entre outras comendas.
A empresa foi a primeira companhia cearense,
e uma das pioneiras do país, a ser certificada
com o ISO 9000:2008 em seu sistema de gestão
da qualidade. Considerando que a Armtec tem
sede em uma universidade, trata-se de um feito
e tanto. Sobre o fato de ainda permanecer na
Unifor, Roberto Lins diz: “Onde mais teríamos
acesso a várias tecnologias, aos maiores cérebros
e a linhas de financiamento e fomento, entre outras
vantagens, se não fosse na universidade?”
O pulo do saci
Com um jato que alcança até 60 metros
de distância, em linha reta, e 15 metros
de altura, equivalendo a um prédio de
quatro andares, hoje o robô saci, que utiliza
água e espuma no combate ao fogo, está na
terceira geração, atraindo olhares de admiração
em feiras e congressos por onde passa, aqui e
em outros países. Roberto Lins explica que as
vantagens do robô cearense estão no tamanho,
na agilidade e no preço. De fato, se comparado
ao modelo chinês, que custa o equivalente a
R$ 700 000, o invento brasileiro se mostra
muito mais competitivo com os seus R$ 200
000. “O saci pode andar em qualquer terreno,
garantindo mais eficiência no combate a
incêndios”, afirma o engenheiro.
De frente para o perigo, o maior trunfo
do saci é garantir segurança aos bombeiros
no combate ao fogo, uma vez que pode ser
operado a uma distância de até 180 metros.
“O controle da máquina pode ser feito pelo
bombeiro a pelo menos 120 metros. O saci
As vantagens do robô
cearense estão no
tamanho, na agilidade e no preço.
O saci pode andar em qualquer
terreno, garantindo mais eficiência
no combate aos incêndios.
Roberto Lins de Macedo, engenheiro e diretor-executivo da Armtec
““
foi criado para suportar as chamas, por isso
pode ir avançando até o fogo sem problemas”,
ressalta Roberto Lins.
O robô é a maior estrela da Armtec, sem o
qual a empresa cearense não existiria. Mas ele
é apenas o primeiro de uma série com siglas
que formam nomes tipicamente brasileiros.
Entre as invenções estão a mulata (máquina
unificada para lazer, atendimento, treinamento
e apresentações), o samba (minissubmarino
de avaliação de estruturas marítimas, fluviais
e meio ambiente brasileiro automatizado), o
caipora (carro automatizado instrumentado para
perícia, observação, resgate e ataque a artefatos
suspeitos e cargas perigosas).
A mulata, por exemplo, apresentada no
evento o Melhor do Brasil em dezembro de
2009, no Rio de Janeiro, a convite da
Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),
é uma máquina controlada a distância
capaz de interagir com as pessoas e de
realizar o papel de agente de marketing e
propaganda, entre muitas outras funções.
Durante o encontro, o invento impressionou
até o presidente Lula porque o robô, além de
ser uma espécie de recepcionista Avatar, está
sendo aperfeiçoado para enfrentar locais de
risco por meio de controle remoto.
A máquina tem sistemas
de transmissão e recepção
de áudio (ouve e fala), de
recepção e transmissão
de vídeo (vê e transmite
informações), de
iluminação e
de câmeras
infravermelhas
(vê no escuro).
“Em eventos,
a mulata
A mulata é capaz de
interagir com as pessoas
e realizar o papel de
agente de marketing,
entre outras funções
1 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 1
| RevistadaFIEC |
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Foto: FELIPE VELCHIo

pode convocar pessoas para os estandes
e levá-las para passear. Ou mesmo realizar
missões mais radicais, como auxiliar em
missões de negociação com sequestradores,
apoiar a segurança e fazer ronda em ambientes
fechados, sendo programada para cumprir
rotas predeterminadas”, explica Roberto Lins.
Além disso, pode ser utilizada em atividades de
ensino a distância, permitindo a interatividade
com os alunos. Também serve de base de
apoio para a realização de cirurgias a distância,
utilizando para tanto o sistema de câmeras e a
tela de transmissão para apoiar o trabalho dos
cirurgiões com informações.
O samba do siri
As invenções da Armtec não param
por aí. O samba, projeto que tem
como parceiros a Marinha brasileira,
o Ministério da Defesa e a Unifor, é outra
invenção fadada ao sucesso. Trata-se de um
minirrobô submarino não-tripulado, também
controlado a distância, capaz de realizar
diferentes tarefas, em ambientes marítimos
e fluviais, como verificar a extensão de um
desastre ambiental e checar vazamentos ou
danos na estrutura de um navio, além de
poder fazer reparos. Entre os diferenciais do
samba estão um sistema de posicionamento
para manter a estabilidade em meio às
correntes marítimas e a capacidade de
movimentar-se em todos os sentidos.
Produtos similares só existem no exterior a um
custo que varia de R$ 400 000 a R$ 600 000.
O valor da versão cearense deve ficar entre
R$ 100 000 a R$ 200 000.
O primeiro samba, que pode trabalhar a
uma profundidade de até 100 metros, deverá
ser entregue à Marinha ainda este ano. A partir
deste lançamento, a empresa está criando um
outro robô marítimo ainda mais avançado, o siri
(sistema integrado para resgate e investigação),
com capacidade de chegar a 300 metros
de profundidade. Além de telecomandado,
será autônomo, cumprindo sozinho tarefas
previamente programadas.
Outro equipamento desenvolvido pela
Armtec, que já interessa ao mercado nacional
e ao exterior, é o caipora (carro automatizado
instrumentado para perícia, observação,
resgate e ataque a artefatos suspeitos e cargas
perigosas). Países como Rússia, Emirados
Árabes, Alemanha e Estados Unidos – que
conheceram o protótipo pela internet – estão
de olho na máquina. O caipora cumpre as
tarefas de detecção, manuseio e desativação de
artefatos suspeitos e cargas perigosas, sendo
capaz de penetrar em diferentes ambientes
hostis para realizar tarefas civis e militares, ou
seja, é um robô antibombas com suporte para
diversas ações civis e militares.
Sucesso financeiro
Oknow-how na construção de equipamentos
robóticos fez da Armtec um caso único
no país, uma vez que ela anda com os
próprios pés e o melhor: dá lucro, inclusive para
a Unifor, que recebe parte dos valores negociados
com a venda dos robôs. O faturamento atual
gira em torno de R$ 850 000 reais por ano, e
a capacidade de captação de recursos é R$
7 milhões (montante atual captado). E um
dos responsáveis pelo sucesso financeiro é o
segmento de asfalto da Petrobras: a Armetc
hoje é a principal fornecedora para o Centro de
Tecnologia em Asfalto.
São quatro os equipamentos negociados
com a estatal: o triaxial, que avalia a
resistência mecânica do solo e do asfalto; o
MTB, equipamento para produção de misturas
asfálticas; o siembs, um módulo de misturas
betuminosas e solos, e o sistran, vencedor do
Prêmio Finep em 2007 (um dos quatro que a
empresa coleciona). O equipamento consegue
prever as condições em que uma estrada vai se
encontrar após até dez anos de uso. Ele funciona
como um laboratório porque testa antes do início
das obras o tipo de asfalto mais indicado para
uma determinada rodovia.
O samba é um minirrobô
submarino capaz de
realizar diferentes tarefas
em ambientes marítimos
e fluviais
Foto: JoSÉ SoBRINHo
O sistran, vencedor
do Prêmio Finep em
2007, consegue
prever as condições
em que uma estrada
vai estar após até dez
anos de uso
Foto: ARQUIVo ARMtEC
O sistran é composto por dois equipamentos:
o compactador e o simulador. No primeiro, são
misturados os materiais com os quais a estrada
será construída – brita, borracha, material
reciclado e cerâmica. O processo dá origem ao
protótipo do asfalto. No segundo equipamento,
duas rodas simulam sobre o protótipo o tráfego e
a carga estimados para um período de dez anos.
Essa simulação leva aproximadamente 8 horas.
Os dois equipamentos custam R$ 400 000,
cerca de 33% a menos que o similar francês, o
LCPC, que sai por cerca de R$ 600 000.
Com as enormes perspectivas que surgirão
a partir da exploração de petróleo da camada
do pré-sal, Roberto Lins acredita que a Armtec
também deverá se beneficiar. Por isso já trabalha
no desenvolvimento de duas novas tecnologias
destinadas às unidades de bombeio para
elevação artificial de petróleo (conhecidos
como cavalo de pau), utilizadas em poços que
não estão em plena capacidade de produção.
O projeto foi contratado pela Petrobras e a
assinatura da parceria ocorreu em maio passado.
Também em 2010, a empresa deverá voltar
sua atenção para a internacionalização de
seus produtos, a começar com a venda, para a
Rússia, do robô saci. No momento, o mercado
árabe é um de seus principais focos. Roberto
Lins diz que países como Arábia Saudita, Egito,
Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Estado da
Palestina, Bahrein, Líbano, Catar, Kuwait, Líbia e
Síria manifestaram interesse na compra do robô
de combate a incêndio. “Focaremos os países
árabes porque eles têm uma capacidade de
investimento em tecnologia bastante elevada e
estão se capacitando tecnologicamente para se
expandir em outras áreas, quando não houver
mais petróleo”, acrescenta o engenheiro.
Terceirização
Com cerca de cinco anos de atividade,
a Armtec é um caso único de
empresa que nasceu e se mantém
em uma universidade conquistando
admiração até no exterior. Em 2009, a
empresa foi a única escolhida pelo governo
brasileiro para representar o país na 1ª
Semana Nacional de Inovação do Peru.
Na ocasião, Roberto Lins apresentou a
trajetória, os equipamentos, as tecnologias,
o modelo de gestão e a política de
parcerias da Armtec. “Somos uma empresa
associativista. Ou seja, acreditamos em
atuação conjunta no mercado, por isso nos
envolvemos com federações de indústria,
sindicatos etc.”, ressalta.
Entre as singularidades da empresa
que merecem destaque, porque seguem
os modelos mais eficientes de gestão no
mundo, está a terceirização da produção.
Na Unifor, funciona apenas o cérebro
da corporação. Quando os pedidos são
fechados, a empresa contrata galpões
e/ou outras empresas para executar
as atividades de produção. As etapas
chegam a ser pulverizadas entre vários
fornecedores. “Seguimos o mesmo modelo
da Nike, por exemplo, que distribui sua
produção em vários países. Terceirizamos
as atividades não intelectuais, mas os
fornecedores se comprometem conosco
por meio da assinatura do termo de
confidencialidade”, diz Roberto Lins. No
caso de descumprimento do acordo, o
fornecedor paga indenização à Armtec.
No início, a empresa era composta
apenas por Roberto Lins e o pai. Hoje,
a equipe conta com 27 funcionários,
entre eles dois doutores. Noventa por
cento dos colaboradores são professores,
pesquisadores e gente que desenvolve
tecnologia. Os funcionários, incluindo os
estagiários, têm um plano de carreira
individual e participação nos lucros. Para
desenvolver tanta tecnologia, a Armtec conta
com mais de 40 parceiros em pesquisa e
desenvolvimento (P&D). Entre eles mais de
20 universidades nacionais e internacionais.
“Não somos grandes, mas para estar entre
elas, temos de pensar e agir como as
melhores do mundo”, arremata.
1 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 1
| RevistadaFIEC |

Foto: JoSÉ SoBRINHo
Confecção
SENAI/CE cria
software para elevar
competitividade
Projeto, que também busca reduzir custos, foi testado e
aprovado na empresa Slap Indústria e Comércio
OServiço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI/CE), órgão da
Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (FIEC), lançou um novo
software para promover a competitividade da
indústria de confecção cearense, melhorando
a qualidade de seus produtos e processos e reduzindo
custos. O projeto inovador, intitulado
Vestio, foi um dos selecionados pelo Edital
SENAI SESI de Inovação, recebendo financiamento
do SENAI Nacional para sua execução.
O software, implementado como piloto na
empresa Slap Indústria e Comércio, aguarda o
registro do Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (Inpi) para ser colocado à disposição
das empresas por meio das consultorias
prestadas pela instituição.
Desenvolvido por Cecília Alves, técnica
do SENAI/CE e docente de modelagem do
Esse software
determinará o ponto
exato de corte, algo feito até
hoje via método tentativa-erro.
Haverá menos desperdício.
Cecília Alves, técnica do SENAI/CE
““
Centro de Formação Profissional Ana Amélia
Bezerra de Menezes e Souza, localizado no
bairro Parangaba, o software foi criado para
atender a uma demanda premente do setor
no mercado cearense: a padronização dos
tamanhos das peças de roupas. Trata-se de
uma planilha eletrônica que adequa as medidas
das tabelas da empresa, considerando os
diversos tecidos e processos utilizados e calculando
as diferenças para deixar os modelos
dentro do mesmo padrão.
“Os clientes produziam bons produtos,
mas com variação de tamanho. Quando lançavam
no mercado, encontravam resistência
dos consumidores. Ninguém gosta de mudar
do manequim 40 para um 42 simplesmente ao
optar por outro tipo de tecido de um mesmo
modelo”, exemplifica Cecília. Segundo ela, a
falta de tamanho padrão era um problema
que afetava muito as indústrias porque, além
da insatisfação do mercado, provocava o aumento
dos custos com a fabricação de várias
peças-piloto e com o retrabalho dos profissionais
de criação das fábricas.
Para a técnica, o novo software contribui
também para a melhor qualidade do produto
final e redução do desperdício. “O encolhimento
do tecido é comum no processo produtivo
da indústria de confecção. Esse software
determinará o ponto exato de corte, algo feito
até hoje via método tentativa-erro. Haverá
menos desperdício”, garante Cecília Alves.
1 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 1
| RevistadaFIEC |

Testado e aprovado
Oempresário Raimundo Macário Pereira
da Silva comprova a eficiência do
software Vestio, testado e aprovado
por sua empresa, Slap Indústria e Comércio.
Há 12 anos no mercado, a Slap possui quatro
unidades fabris na região metropolitana de
Fortaleza, que produzem 180 000 peças
por mês, gerando 280 empregos diretos e
cerca de 250 indiretos. “O tempo de trabalho
dos modelistas reduziu em torno de 50%
ou mais, significando menos gasto com
horas extras e também com matéria-prima,
pois os profissionais de criação utilizavam
muito tecido para confeccionar várias
peças-piloto. Por mais que se esforçassem,
não conseguiam atingir uma modelagem
padrão que servisse para malha com ou
sem elastano ou mesmo para um jeans.
Assim, perdíamos em qualidade”, recorda o
presidente da Slap. Com o software, garante,
nenhum modelista erra na medida, pois o
ajuste é calculado automaticamente.
Macário Pereira acredita que o software
padronizador de tabelas de medidas do
vestuário vai elevar o padrão da indústria
cearense de confecção, colocando o Ceará
num patamar mais alto perante outros
estados brasileiros. “A moda é a vocação
Marca SENAI + Design ganha força
Para o diretor regional do
SENAI/CE, Francisco das Chagas
Magalhães, o lançamento de
uma ferramenta que vai agregar mais
valor às empresas de confecção
reforça a marca SENAI + Design, à
proporção que resolve o problema
de padronização de medidas com
uma tecnologia criada na própria
instituição. Segundo ele, outra
iniciativa que consolida a atuação do
SENAI na área do design é Caderno
Perfil Moda Inspirações e Tendências
– Verão 2010. A publicação, voltada
às micro e pequenas empresas do
segmento, busca identificar novos
nichos de mercado consumidor e antecipar
novidades em design, tendências e estilos
internacionais para que os profissionais do
20
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
“O tempo de
trabalho dos
modelistas reduziu em
torno de 50% ou mais,
o que significa menos
gasto com horas
extras e também com
matéria-prima.
“
Raimundo Macário Pereira da Silva,
proprietário da Slap Indústria e Comércio
natural do estado. Já temos a padronização. O
que nos falta agora é unir as empresas do setor
para superar barreiras que encontramos lá fora
para vender nossas peças, como a escala de
produção insuficiente para atender à demanda”,
destaca o empresário, cuja empresa é associada
ao Sindicato da Indústria de Confecções de
Roupas de Homem e Vestuário do Estado do
Ceará (Sindroupas).
Caderno Perfil Moda Inspirações e
Tendências – Verão 2010
Foto: JoSÉ SoBRINHo
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
setor tenham subsídios para desenvolver novas
matérias-primas e inovar coleções.
O estudo foi elaborado em 19 estados do
Brasil por designers altamente qualificados
das unidades do SENAI, que realizaram
pesquisas em publicações e viagens nacionais
e internacionais. “Fácil de ser utilizado, o
caderno também é uma importante ferramenta
para o desenvolvimento, a competitividade e
a inovação das micro e pequenas empresas”,
ressalta Magalhães.
Para a designer e ex-aluna do SENAI, Cristina
Rejane Feitosa Silva, um dos diferenciais do
caderno é a pesquisa que aponta o perfil do
consumidor brasileiro, dividido nos estilos
contemporâneo, romântico, sensual, irreverente
e esportivo. Para cada um existem tendências
da moda atual voltadas ao verão/2010. “Mas
todas levam em conta a brasilidade. No caso
do Ceará, o grande diferencial é a utilização
do artesanato, que deve ser explorado dentro
de uma linguagem contemporânea”, observa
a designer. Ela recomenda o uso de outra
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ferramenta, além da publicação impressa do
caderno, que é o portal www.senai.br/design. “Lá,
é possível consultar todos os cadernos de design
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Cristina: “Caderno aponta
o perfil do consumidor
brasileiro”
Foto: JoSÉ SoBRINHo

Foto: JoSÉ SoBRINHo
Dia da Indústria
Crescimento econômico marca os 60 anos da FIEC
Comemorações ocorrem num cenário de retomada do crescimento, após o país transpor uma crise econômica mundial iniciada em 2008 e prolongada por
2009, e no início da concretização de empreendimentos estruturantes esperados há décadas pelos cearenses
Jorge Parente, Airton Queiroz, Alexandre Grendene e Cristiane de Paiva (filha de Vicente de Paiva) foram as personalidades agraciadas com as comendas
Um elenco expressivo de motivações dignas
de comemoração para o setor industrial do
Ceará marcou a edição 2010 da festa anual
do Dia da Indústria, realizada pela Federação
das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) em 13
de maio passado, no bufê La Maison em Fortaleza.
Associada à tradicional outorga da Medalha do Mérito
Industrial (FIEC) e da Medalha Ordem do Mérito
Industrial pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI) a quatro personalidades, a Federação festejou
60 anos de atuação em prol do desenvolvimento socioeconômico
do estado. O aniversário ocorre num cenário
de retomada do crescimento (a economia cearense
aumentou 8,92% no primeiro trimestre deste ano),
após o país transpor uma crise econômica mundial
iniciada em 2008 e prolongada por 2009. O ano marca
ainda o início da concretização de empreendimentos
estruturantes esperados há décadas pelo estado.
Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC
e anfitrião da noite, fez questão de destacar em seu
discurso a conjuntura que envolve o ano no qual
a entidade se torna sexagenária. “Estamos com a
economia crescendo a um nível de aproximadamente
6% e com ameaça de inflação de demanda”,
observou, lembrando que tal realidade é boa, mas
ao mesmo tempo “preocupante”. Um dado positivo
mencionado por Roberto Macêdo é o crescimento
da produção do país, que registra expansão em 26
dos 28 setores industriais pesquisados pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
Sobre os fatores que preocupam, o presidente da
FIEC citou a falta de infraestrutura, o custo Brasil e o
excesso de burocracia que, segundo ele, impedem uma
contribuição mais rápida e efetiva do setor produtivo
ao desenvolvimento brasileiro. Roberto Macêdo enfatizou
que “sem as reformas estruturantes – a exemplo
da tributária, trabalhista e política – não seremos capazes
de alavancar o desenvolvimento do Brasil nos
níveis desejados e no tempo possível”.
O representante dos industriais do Ceará alertou
que o ano eleitoral é “uma excelente oportunidade”
para os empresários escolherem e apoiarem somente
“candidatos reconhecidamente éticos” e comprometidos
em promover tais reformas. Ele lembrou
ainda das alterações políticas e econômicas do país
enfrentadas pelos empresários brasileiros ao longo
22 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 2
| RevistadaFIEC |

dos últimos 60 anos. “Nessas seis décadas
de existência da FIEC, tivemos
17 presidentes da República, 53 ministros,
13 planos econômicos e oito
reformas no padrão monetário, que
levaram a seis mudanças de moeda”,
pontuou. Dentre os desafios presentes
e futuros que se apresentam ao Ceará
Roberto Macêdo citou a refinaria, a
siderúrgica, a Zona de Processamento
de Exportação do Pecém, aprovada no
dia 26 de maio pelo Conselho Nacional
da Zona de Processamento de Exportação
(CZPE); a geração de energia
eólica e térmica, a transposição e
integração do Rio São Francisco, a
Transnordestina, a expansão do Porto
do Pecém e a adequação de Fortaleza
para a Copa do mundo de 2014, além
de outras obras em andamento.
Ele fez ainda um resumo das ações
que a FIEC, por meio das casas que integram
o Sistema, está realizando para viabilizar
mão de obra especializada aos novos empreendimentos,
bem como para incrementar negócios e
fomentar a responsabilidade socioempresarial no
Ceará. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI/CE), com 30 novas salas de aula,
projeta gerar 5 000 matrículas adicionais. E mais:
iniciou seis novos cursos de especialização e criou
mais quatro laboratórios para garantir inovação
tecnológica à indústria do estado.
O Serviço Social da Indústria (SESI/CE),
dentre inúmeras atribuições, capacitou 158
jovens do programa ViraVida, inserindo-os no
mercado de trabalho por meio de empresas parceiras.
O Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE) capacitou
46 micro e pequenas empresas no Programa de
Qualificação de Fornecedores, tornando-as aptas
a atenderem demandas de indústrias-âncora, com
base nas exigências do mercado globalizado.
O líder da FIEC destacou também a atuação
do Centro Internacional de Negócios (CIN/CE),
principalmente pela promoção do 5° Encontro
Empresarial de Negócios na Língua Portuguesa.
Ao Instituto de Desenvolvimento Industrial do
Ceará (INDI) atribuiu o sucesso do Posto de Informações
BNDES/FIEC, instalado na Casa da
Indústria, que firmou 967 operações de crédito
em 2009, com desembolso de R$ 112 milhões
para médias e pequenas empresas. De janeiro a
abril deste ano, o posto atendeu 762 empresas,
número que representa 48% das 1.571 operações
de crédito realizadas pelo banco no estado. Para
o setor industrial cearense, o BNDES financiou
294 operações, com desembolso de mais de R$ 33
milhões (crescimento de 401% ante o mesmo período
do ano passado). Por fim, destacou, dentre
as ações do Instituto FIEC de Responsabilidade
Social (FIRESO), a parceria firmada com a Secretaria
de Cultura do Estado do Ceará (Secult) e
a Universidade Federal do Ceará (UFC) para implantar
o memorial dos povos indígenas do Ceará
nas dependências da Casa de José Alencar.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto,
ratificou as ponderações de Roberto Macêdo, destacando
que o Brasil vive um momento de grande
desenvolvimento econômico. Apesar do desempenho
positivo, ele lembrou que há grandes desafios
pela frente. Ele reforçou a necessidade de
o país cumprir uma agenda pós-crise para recuperar
a competitividade no cenário internacional,
onde a produção manufatureira brasileira vem
perdendo espaço. “Precisamos retomar as reformas
interrompidas; elevar a poupança pública
para investir em infraestrutura e promover a reforma,
sobretudo a tributária, para retirar o peso
dos impostos sobre o emprego formal. O Brasil
precisa criar um sistema tributário de classe internacional
e temos o compromisso de trabalhar
fortemente para fazer essa agenda avançar. Essa é
a agenda da indústria brasileira para os próximos
anos”, completou Armando Monteiro.
Encerrando a solenidade, o governador Cid
Ferreira Gomes destacou que a história da FIEC
se confunde com um Ceará moderno, sendo
contemporâneo da implantação da Hidrelétrica
de Paulo Afonso e da criação da Sudene. “A
FIEC nasceu na hora e no lugar certo e continua
na direção certa”, sublinhou.
Governador Cid
Ferreira Gomes:
“FIEC continua na
direção certa”
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Os homenageados
Sobre as personalidades homenageadas na noite, o
presidente da FIEC destacou Alexandre Grendene,
que recebeu da CNI a Medalha Ordem do Mérito
Industrial, como “ícone da indústria de calçados do Brasil,
que viu no Ceará o lugar ideal para a expansão de seus
negócios, tornando-se o maior empregador do estado”. Em
relação aos três homenageados pela FIEC com a Medalha do
Mérito Industrial, sobre o industrial e chanceler Airton Queiroz
Roberto Macêdo falou de sua “excepcional gestão” à frente
dos negócios do Grupo Edson Queiroz, elevando o Ceará no
contexto socioeconômico do país e colocando o empresário
entre os mais importantes líderes da indústria brasileira.
O vice-presidente da CNI e ex-presidente da FIEC, Jorge
Parente Frota Júnior, foi destacado pela sua capacidade
de realização e de articulação, bem como pela liderança
e dinamismo. Vicente Mendes de Paiva, homenageado in
memoriam, foi lembrado por Roberto Macêdo como um
idealista que dedicou grande parte da vida promovendo o
desenvolvimento do setor de confecções do Ceará, projetando
o estado nos cenários nacional e internacional.
O governador Cid Gomes entregou a comenda a
Airton Queiroz, e enalteceu o empresário por orgulhar
os cearenses pela dinâmica, postura e discrição. “Airton
Queiroz não traz apenas os genes de Edson Queiroz, mas
também a sua genialidade, ao perpetuar o legado pioneiro
deixado por seu pai”, frisou.
Enfim, sai a ZPE do Pecém
Depois de anos de espera, finalmente foi aprovada
em Brasília, pelo Conselho Nacional das Zonas de
Processamento de Exportação (CZPE), a Zona de
Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém. A perspectiva
é que o empreendimento transforme a feição do Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em São Gonçalo do
Amarante, com a instalação de novas empresas, a geração de
centenas de empregos e a ampliação das exportações do estado.
A ZPE de Pecém será instalada em uma área de 4.271,41
hectares, a 20 quilômetros do cais do porto e a cerca de
60 quilômetros de Fortaleza. “Serão mais de 200 indústrias
no complexo portuário”, antevê o superintendente do Centro
Internacional de Negócios (CIN) da FIEC, Eduardo Bezerra Neto.
Com a implementação de uma ZPE no Pecém, o superintendente
do CIN estima que dobrem as exportações cearenses, que hoje
estão no patamar de US$ 1 bilhão ao ano. Além do impulso
na produção industrial, ele aponta impactos na geração de
empregos e no consumo. “Os trabalhadores da região vão
demandar produtos, elevando a arrecadação tributária do
estado”, ressalta Eduardo Bezerra.
Depois da sanção presidencial, o governo estadual terá 90
dias para criar uma empresa autônoma para administrar a ZPE.
Caberá em seguida ao estado viabilizar os lotes para receber
as empresas. A previsão é que os primeiros 50 hectares fiquem
Jorge Parente recebeu a medalha do presidente da
CNI, Armando Monteiro, que elogiou a proatividade, o
senso de prontidão e a sua gestão compartilhada à frente
da FIEC. O empresário agradeceu em nome de todos os
homenageados, destacando cada um e relembrando suas
ações à época em que liderou a Federação. Visivelmente
emocionada, a filha do empresário Vicente de Paiva,
Cristiane de Paiva, recebeu do presidente Roberto Macêdo
a comenda destinada ao seu pai.
Em nome da CNI, Armando Monteiro fez a outorga
da Ordem do Mérito ao industrial a Alexandre Grendene,
que dividiu a homenagem com os colaboradores
das suas empresas, ressaltando que o trabalho e o
comprometimento dessas pessoas o fizeram chegar
aonde está.
prontos ainda este ano. A primeira fase do projeto contempla
325 hectares que contam com recursos da ordem de R$ 26
milhões para aquisição do terreno e infraestrutura básica,
devendo o local ser ocupado em até dois anos. A área total
deverá estar contemplada em 20 anos. O local poderá receber
empresas nacionais e internacionais. A siderúrgica partiu na
frente e já sinalizou sua participação na ZPE. Mil hectares são
da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
As ZPEs são áreas delimitadas, nas quais empresas que
produzem bens exportáveis recebem incentivos tributários
e administrativos. A suspensão de tributos é concedida na
compra de bens e serviços do mercado interno – Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), Cofins e PIS/Pasep – e na
importação, quando a suspensão fiscal será aplicada sobre o
Imposto de Importação, IPI, Cofins, PIS/Pasep e Adicional de
Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Dentre
os incentivos administrativos está a dispensa de licença ou de
autorização de órgãos federais – com exceção dos controles
de ordem sanitária, de interesse da segurança nacional e de
proteção do meio ambiente –, além de mais agilidade nas
operações aduaneiras. O prazo de vigência dos incentivos
previstos para uma empresa em ZPE é de até 20 anos,
prorrogável por igual período. Para fazer jus aos benefícios, as
empresas precisam exportar no mínimo 80% do que produzem.
2 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
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| RevistadaFIEC |

CNI estima crescimento de 6% em 2010
ACNI reviu as projeções de crescimento da economia
brasileira em 2010. No Informe Conjuntural divulgado
em 17 de maio último, a entidade aponta crescimento
de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em relação
a 2009. A estimativa de expansão do PIB em dezembro
passado era de 5,5%. De acordo com o relatório da
CNI, a indústria será o setor que mais contribuirá para o
desempenho da economia brasileira em 2010.
A previsão de crescimento do PIB industrial subiu de 7%
para 8%. A expectativa da CNI é que a produção industrial
cresça 12% este ano. A expansão da economia deve estimular
os investimentos. De acordo com a previsão da indústria, os
investimentos que tiveram uma queda de 9,9% em 2009
aumentarão 18% em 2010. A estimativa anterior, de dezembro
de 2009, apontava para um crescimento de 14%.
“Além da produção, o investimento também deverá
crescer fortemente, o que significa que o setor industrial vem
respondendo bem às necessidades de oferta da economia”,
observa o estudo da CNI. O consumo das famílias deve
crescer 6,2%, impulsionado pelo aumento da oferta de
empregos. A estimativa é que a taxa média de desemprego
neste ano fique em 7,2% da População Economicamente
Otimismo permanece alto
Outro levantamento da CNI – o Índice de Confiança do
Empresário Industrial (ICEI), divulgado em 24 de maio,
mostra que o otimismo dos industriais brasileiros
permanece alto, mas sofreu leve queda. Em maio, o índice
ficou em 66,3 pontos, correspondendo a 0,6 ponto abaixo do
registrado no mês anterior. Mesmo com a retração, o índice
está 7,2 pontos acima da média histórica, que é de 59,1
pontos. De acordo com o estudo, a confiança elevada do
empresário continuará a crescer nos próximos meses. Dos 27
setores pesquisados, apenas o de refino de petróleo apresenta
um índice de confiança abaixo da média histórica.
Para o economista da CNI Marcelo Azevedo, a queda do
ICEI, que vem sendo registrada desde janeiro, não surpreende
porque no final do ano passado o otimismo do empresariado
estava muito elevado por causa da recuperação da
economia. “É natural haver essa acomodação. Também houve
mudanças que podem afetar a confiança, como a retirada
dos incentivos fiscais e a retomada do aumento da taxa de
juros”, destaca. Conforme o estudo, 12 setores apresentam
confiança relativamente estável, com variação positiva ou
negativa inferior a um ponto. Entre os que apresentam
queda superior a dois pontos estão os de alimentos, couros,
calçados, química, limpeza e perfumaria e material eletrônico
e o de comunicação.
O índice das expectativas para os próximos seis meses
também recuou de 69,7 pontos em abril para 69,1 pontos em
maio. Os empresários estão menos otimistas tanto em relação
“ Trecho do Informe Conjuntural da CNI
contribuirá para o desempenho
da economia brasileira em 2010.
Ativa, ante os 7,6% previstos em dezembro de 2009.
Os técnicos da CNI preveem que a inflação medida
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de
2010 será de 5,4%, maior do que os 4,7% estimados em
dezembro de 2009 e superior à taxa de 4,3% registrada
no ano passado. O aumento dos preços será provocado
especialmente por reajustes em alimentos, bebidas e
serviços. Com isso, os juros devem chegar ao final de
2010 em 11% ao ano, ante os 8,75% de dezembro de
2009. A elevação pode reduzir o ritmo de investimento
e de crescimento da economia brasileira em 2010,
segundo a entidade.
Setor de calçados
indústria será o setor que ma“A
is
à economia brasileira quanto à própria empresa. De acordo com
Azevedo, mesmo com a queda, o resultado ainda mostra que
as perspectivas são boas, uma vez que o índice está acima dos
65 pontos, denotando grande otimismo. O ICEI varia de zero a
cem. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. A
pesquisa foi feita com 1.543 empresas (859 pequenas, 475
médias e 209 grandes), em 24 estados e no Distrito Federal,
entre os dias 30 de abril e 20 de maio.
Inflação de demanda é ameaça?
Embora o Brasil ainda comemore o fim da crise mundial,
a recuperação da economia brasileira e a retomada das
atividades do país, alguns economistas e empresários
já se mostram preocupados com a ameaça de aumento da
inflação e com os riscos que ela pode representar ao futuro
dos brasileiros. Outra corrente, encabeçada pelo ministro
da Fazenda, Guido Mantega, descarta essa possibilidade e
aposta na capacidade produtiva da indústria brasileira.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo
Mendes, afirmou no início de maio que há sintomas de
inflação de demanda no primeiro trimestre deste ano.
Segundo ele, a inflação de bens comercializáveis e não
comercializáveis está subindo. Durante apresentação num
seminário sobre juros e câmbio, ele chegou a dizer que as
avaliações do relatório Focus mais subavaliam a inflação por
vir do que superavaliam, principalmente em momentos de
retomada da inflação. “Eles erram mais para menos do que
para mais”, ratificou.
O ex-ministro da Fazenda e economista Maílson da
Nóbrega acredita que a economia brasileira está se
recuperando numa velocidade de crescimento incompatível
com a capacidade produtiva do país. “Essa situação pode
ser resolvida de duas maneiras. A primeira é com o aumento
da importação, entretanto, existe uma série de itens que
impede esse processo. A outra forma de equilibrar o problema
é via inflação, que corrói os salários e reduz a demanda da
economia”. Para Nóbrega, a economia brasileira já vive uma
inflação de demanda. “Por conta do desequilíbrio, o governo
pode perder o controle e o Banco Central será obrigado a
aumentar a taxa de juros”, avalia.
De acordo com o empresário e diretor administrativo da
FIEC, Affonso Taboza, o problema pode ser superado com
a “simplificação da vida das empresas”. “A massa salarial
cresceu, a classe média foi ampliada com o ingresso de
indivíduos das classes menos favorecidas e isso deu um
grande dinamismo ao comércio. A inflação de demanda ocorre
A inflação de
demanda ocorre
devido à grande procura
de bens e à facilidade
de crédito, quando
a indústria não tem
condições de suprir
essas necessidades.
““
Affonso Taboza, diretor administrativo da FIEC
Foto: JoSÉ SoBRINHo
INFLAÇÃO DE DEMANDA
OFERTA DEMANDA
devido à grande procura de bens e à facilidade de crédito,
quando a indústria não tem condições de suprir essas
necessidades”, afirma Taboza, para arrematar: “É preciso
que o governo reduza as exigências legais e a burocracia que
tomam tempo das empresas para que elas possam manter o
foco no planejamento da produção”.
Guido Mantega descarta que haja uma inflação de
demanda. “A inflação que tivemos até agora não é de
demanda, na minha opinião, é de choque de oferta
tecnicamente”, argumenta. Segundo Mantega, “a indústria
vem de 2009 com capacidade ociosa. (...) Além disso, está
fazendo muitos investimentos. Portanto, não há nenhuma
dificuldade para a indústria atender à demanda. (...) Ficam
afastadas, assim, as possibilidades de uma inflação de
demanda”, enfatizou.
O empresário Fernando Castelo Branco não visualiza no
cenário atual ameaça de inflação de demanda. “Que houve
aquecimento da economia é inegável. As classes D e E
estão de fato entrando no mercado consumidor. Se isso está
caracterizando demanda excessiva a ponto de gerar inflação
é que tenho dúvida. A indústria passou por um período de
estagnação da economia no ano passado e tem reserva de
capacidade ociosa que pode expandir, mas não há escassez
de demanda”, assegura.
Sobre a afirmação de Aldo Mendes, diretor de Política
Monetária do Banco Central, de que existem sintomas
de inflação de demanda no primeiro trimestre deste ano,
Castelo Branco diz que o Banco Central é ultraconservador.
“A qualquer ruído sobe os juros para proteger a moeda de
uma inflação em níveis elevados”, resume.
2 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 2
| RevistadaFIEC |

Foto: AGÊNCIA CNI / JoSÉ PAULo LACERDA
Competitividade
Ampliar a renda per capita a cada 15 anos e oferecer
melhores condições para que o Brasil cresça com
uma economia sólida e competitiva. Esses são alguns
dos desafios que o presidente da CNI, Armando Monteiro,
colocou para os pré-candidatos à Presidência da República,
Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV),
que se reuniram, em 25 de maio, num debate na sede
da CNI em Brasília. “Corrigir os principais obstáculos à
competitividade é um dos desafios para o novo governo”,
afirmou ele, na abertura do evento. “Para isso é preciso que
as ações sejam acompanhadas por uma visão estratégica
das oportunidades que se apresentam para o país”,
acrescentou Armando Monteiro.
No documento A Indústria e o Brasil – Uma Agenda para
Crescer Mais e Melhor, entregue a cada pré-candidato, a
CNI elegeu cinco eixos estratégicos para ajudar o próximo
Presidente da República a tornar o Brasil mais competitivo:
a expansão do mercado doméstico, a internacionalização, a
inovação, os projetos propulsores, como os de infraestrutura,
os de habitação e o pré-sal, e a preparação do Brasil para
uma economia de baixo carbono. “São fatores transformadores
e importam desafios para empresas e governos. Mas todos
convergem para a geração de uma estrutura industrial mais
forte, diversificada, com capacidade de promover inovação e
maior produtividade”, explicou Armando Monteiro.
Segundo a CNI, o Brasil deve assumir a agenda da
competitividade com urgência e afastar os obstáculos
que deterioram o ambiente institucional e limitam o
potencial de crescimento da economia. “A elevada carga
tributária, o custo do financiamento, a insuficiência
dos marcos regulatórios, a valorização cambial, as
deficiências de infraestrutura e logística resultam um
Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT), Armando Monteiro (presidente da CNI) e José Serra (PSDB)
realizar um
trabalho intenso no sentido
de elevar a competitividade da
indústria nacional.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI
ambiente pouco favorável aos negócios e colocam
o Brasil em posição desvantajosa em relação aos
concorrentes”, alertou Armando Monteiro. Segundo ele,
após a eleição, um dos pré-candidatos “se defrontará
com dois grandes desafios: remover esses obstáculos e o
construir novas competências”.
O presidente da CNI acrescentou que é preciso reforçar
o investimento em educação e inovação tecnológica, que
poderão garantir o futuro do país como nação industrial
e moderna. “Sem elevado nível de escolaridade, não
disporemos de uma força de trabalho tecnicamente
capacitada para atingir os níveis de produtividade
indispensáveis à competitividade do produto brasileiro,
geração de novos empregos e melhor remuneração de
trabalhadores e investidores”, afirmou Armando Monteiro.
O presidente da CNI reforçou ainda a importância de
uma aliança estratégica entre os setores público e privado
para que o país avance. “Precisamos realizar um trabalho
intenso no sentido de elevar a competitividade da indústria
nacional”, sugeriu Armando Monteiro, lembrando que a
indústria produz grande impacto sobre a produtividade
global da economia, gera inovação “e é fundamental para o
desenvolvimento sustentável”.
““ Precisamos
Reformas estruturantes para
alicerçar desenvolvimento
Economistas, políticos e empresários
acreditam na mesma premissa. O Brasil
precisa realizar reformas estruturantes
urgentemente para continuar crescendo de
modo sustentável. Não foi por acaso que
o presidente da FIEC, Roberto Proença de
Macêdo, alertou os empresários presentes à
solenidade do Dia da Indústria a escolherem
e apoiarem, neste ano eleitoral, somente
“candidatos reconhecidamente éticos” e
comprometidos em promover as reformas
tributária, trabalhista e política. “Sem
as reformas estruturantes não seremos
capazes de alcançar o desenvolvimento
do Brasil nos níveis desejados e no tempo
possível”, sentenciou.
Três meses antes, em fevereiro de 2010,
os cientistas políticos Amaury de Souza
e Bolívar Lamounier lançavam o livro A
Classe Média Brasileira, com o apoio da
CNI, defendendo o mesmo princípio. Baseada
em dados coletados pelo Ibope em 2008, a
publicação mostra que para manter o processo
de crescimento da classe média e consolidar a
distribuição de renda ocorrida nos últimos anos,
o país depende de avanços que somente serão
possíveis por meio de tais reformas.
Segundo os pesquisadores, são necessárias
principalmente reformas no modelo de
tributação e na legislação trabalhista para
que o processo de desenvolvimento continue.
“Não é apenas uma questão de manter
a política macroeconômica. Só isso não
resolve. Chegamos no ponto em que é preciso
fazer reformas. Fazer uma reforma tributária
para valer e fazer uma reforma trabalhista”,
argumenta Souza, para quem os avanços
sociais foram possíveis nos últimos anos devido
à estabilidade da economia e ao aumento do
acesso ao crédito, especialmente de longo
prazo –, “o que seria impensável em uma
economia inflacionária”, observa.
José Pastore, sociólogo especialista em
relações do trabalho e desenvolvimento
institucional e professor da Faculdade de
Economia e Administração da USP, ratifica a
opinião de Amaury de Souza. Segundo ele,
uma reforma trabalhista que vise urgentemente
“ “ Uma
desoneração bem feita poderá
proporcionar um saudável aumento dos
salários, o que é bom para os trabalhadores e
para a economia.
José Pastore, sociólogo especialista em relações do trabalho e
desenvolvimento institucional
desonerar a folha de salários precisa ser feita
no contexto de uma reforma tributária. “Uma
desoneração bem feita poderá proporcionar um
saudável aumento dos salários, o que é bom para os
trabalhadores e para a economia”, frisa José Pastore.
Para Ricardo Young, empresário e pré-candidato
a senador por São Paulo pelo Partido Verde (PV), a
reforma política é outro ponto central da agenda de
mudanças estruturais do país. “A reforma política
vai permitir o financiamento público de campanha,
reduzindo a desigualdade entre os candidatos e a
força do poder econômico”, argumentou em artigo
publicado, dia 24 de maio, no Jornal da Cidade de
Bauru (SP). Para Young, a mudança vai substituir o
“vale-tudo atual” por uma maior transparência no
processo eleitoral do Brasil.
2 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 2
| RevistadaFIEC |

O pré-candidato à Presidência da República José Serra
(PSDB) garante que suas primeiras iniciativas, caso seja
eleito, serão as reformas política e administrativa. “A reforma
administrativa não precisa de lei. A política, vou começar
por ela”, afirmou durante entrevista à Super Rádio Tupy,
do Rio de Janeiro, em meados de maio. Entretanto, não
forneceu detalhes das duas reformas. Durante o encontro
dos empresários com os presidenciáveis na CNI, Serra voltou
a falar da reforma administrativa, ressaltando que o governo
brasileiro precisa gastar menos com a máquina e mais com
o povo. O candidato tucano fez críticas à carga tributária
e às taxas de juros e prometeu, se eleito, acabar com a
cobrança do PIS/Cofins sobre o faturamento das empresas
de saneamento em 2 de janeiro de 2011, um dia depois
da posse. O tributo, que segundo ele dobrou de 3,5% para
7% no atual governo, representa uma arrecadação de cerca
de R$ 2 bilhões que, com a isenção, seriam destinados a
investimentos no setor.
A pré-candidata à Presidência da República pelo PV
Marina Silva defende a convocação de uma Constituinte
para que sejam feitas as reformas necessárias no país,
como tributária, política e trabalhista. “Se fosse fácil,
o sociólogo teria feito a reforma política, tributária e
previdenciária. Se fosse fácil, o operário teria feito a reforma
trabalhista. Isso não foi feito por nenhum deles. Por isso
temos de formar uma Constituinte e fazer as reformas que
o Brasil precisa”, disse a senadora durante a 13ª Marcha
dos Prefeitos, dia 19 de maio, em Brasília. Na CNI, criticou
o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dizendo
que ele não é um programa que pensa o crescimento do
país para os próximos 20, 30 e 40 anos. Segundo ela, o
PAC se limita à gestão de obras. Marina prometeu fazer
uma reforma tributária, mas sem gerar “falsas expectativas”.
Reconheceu que a tarefa é difícil, lembrando que a iniciativa
está na agenda do país há 16 anos.
Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da
República, assumiu o compromisso de realizar, se eleita, a
reforma tributária. Ela declarou durante o encontro na CNI que a
reforma tributária é “a reforma das reformas” e explicou que vai
alterar definitivamente a relação de distribuição entre as esferas
federadas e também a “imensa confusão e esse caos tributário
que existe no nosso país”. Uma das mudanças previstas em
sua proposta é a redução da alíquota patronal do INSS de
20% para 15%. “Vamos aproveitar a mobilização da campanha
eleitoral e os primeiros cem dias do governo para fazer a
reforma tributária”, prometeu em entrevista coletiva logo após o
encontro. Apesar de defender a reforma tributária e afirmar que
é preciso “diminuir e não aumentar” os impostos, Dilma criticou
seis dias antes, na Marcha dos Prefeitos, a decisão de acabar
com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF), que para ela foi uma “armadilha” da oposição.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT), os cidadãos do Brasil consomem 40,5% de seu
rendimento bruto para pagar os impostos federais, estaduais
e municipais. Tal percentual corresponde, em média, ao
trabalho de quatro meses e 28 dias de cada cidadão. No
Temos um
emaranhado de
legislações tributárias
entre os estados que não
permite às empresas gerar
eficiência e sinergia entre
as diversas unidades
implantadas no país.
Robson Braga de Andrade, presidente eleito da CNI
““
calendário, essa estimativa significa que o rendimento
percebido de 1º de janeiro até 28 de maio foi todo
consumido na quitação dos impostos. Conforme o
instituto, tal carga tributária só é menor do que a que
pesa sobre os cidadãos suecos (185 dias) e franceses
(149 dias). Nos Estados Unidos, o imposto corresponde a
102 dias de trabalho e, na Argentina, a 97.
O presidente eleito da CNI, Robson Braga de Andrade,
que também é presidente da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais (FIEMG), reforça que é preciso
desonerar investimentos e exportações, simplificar o
sistema tributário e tributar o consumo. “Temos um
emaranhado de legislações tributárias entre os estados
que não permite às empresas gerarem eficiência e sinergia
entre as diversas unidades implantadas no país”, destacou.
Para Andrade, “qualquer investimento custa ao empresário,
pelo menos, 25% a mais em tributos e isso se agrava ao
considerarmos um país que não tem poupança pública e
com uma poupança privada pequena”.
Além da reforma tributária, o presidente eleito da CNI
destaca a urgência das reformas fiscal, da previdência,
trabalhista e política. “São reformas estruturantes
necessárias ao avanço e crescimento do Brasil”, afirmou.
“Apesar de o país avançar, sem essas reformas haverá um
esgotamento da economia brasileira de tal forma que não
seremos capazes de competir no mercado globalizado”,
alertou Robson Andrade.
Carga trIbutárIa
os cidadãos
brasileiros consomem
40,5%
de seu rendimento
bruto para pagar os
impostos federais,
estaduais e municipais
Foto: AGÊNCIA CNI / MIGUEL ANGELo
Foto: JoSÉ SoBRINHo
ViraVida
Mais vidas
transformadas
Cento e três novos profissionais, habilitados em seis turmas do
ViraVida, estão aptos a buscar um futuro melhor
Começa uma nova etapa no Ceará na
vida de 103 jovens, tendo como marco
a conclusão de outras seis turmas
do ViraVida no estado, no dia 5 de
maio, em solenidade realizada na sede do Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac). Iniciativa do Conselho Nacional do
Serviço Social da Indústria (SESI), o projeto
foi aplicado pela primeira vez em Fortaleza
há dois anos. De lá para cá, muitos sonhos de
meninos e meninas, que viviam em situação
de risco, foram concretizados. E mais: o programa
lhes devolveu a dignidade e se expandiu
pelo país, onde inaugurou uma nova era, com
foco na justiça social. O pioneirismo cearense
no ViraVida se consolida também na união do
Sistema S, na ampla adesão das empresas locais
ao programa e no estímulo ao cooperativismo
como ferramenta de inclusão da juventude no
mercado de trabalho.
Os novos profissionais foram habilitados
nos cursos de Gastronomia (Senac), Auxiliar
Os formandos foram
habilitados em Gastronomia,
Auxiliar Administrativo/
Recepção, Costura Industrial
em Moda Praia e Moda
Íntima, Comunicação Digital,
Assistente Administrativo
Industrial e Formação em
Cooperativismo
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Administrativo/Recepção (Senac), Costura
Industrial em Moda Praia e Moda Íntima
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
– SENAI no bairro Parangaba), Comunicação
Digital e Assistente Administrativo
Industrial (SENAI Antônio Urbano de Almeida
no bairro Jacarecanga) e Formação em
Cooperativismo, realizado em parceria com
SENAI, SESI, Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Serviço
Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
do Ceará (Sescoop). Independente
do curso escolhido, cada um sai do ViraVida
capacitado para exercer com competência a
atividade abraçada.
“Não estamos simplesmente comemorando
a conclusão de seis turmas do Projeto
ViraVida e a entrega dos certificados, mas
reconhecendo a determinação e a coragem
de jovens sonhadores, que ousaram e vislumbraram
uma mudança de vida, um futuro
diferente”, observa o presidente da FIEC,
Roberto Proença de Macêdo, para quem essa
etapa do programa marca também a realização
do “sonho de ver o Sistema S aliado no
Ceará, reconhecendo que juntas as entidades
poderão fazer muito mais”.
Segundo Roberto Macêdo, num cenário
de recursos escassos e demandas crescentes,
o Sistema FIEC vê a parceria como moeda
valiosa. “Por isso estamos abertos para outras
iniciativas conjuntas”, antecipa. Para ele,
a magnitude do desafio que representa o enfrentamento
à exploração de crianças e adolescentes
exige ações em parceria. “O Brasil
não pode negar a suas crianças, adolescentes
e jovens o direito a proteção e o acesso
a educação, saúde, cultura e lazer. Daí porque
o Sistema FIEC, por meio do SESI e do
SENAI, abraçou essa causa e abraçará outras
mais que promovam impactos e mudanças
substanciais na vida dos nossos jovens”, sublinhou
Roberto Macêdo.
Jair Meneguelli, presidente do Conselho
Nacional do SESI e precursor do ViraVida,
lembrou que Roberto Macêdo foi um dos
primeiros empresários cearenses a abraçar
o projeto. A Cemec, do grupo J. Macêdo, é
uma das empresas que abriram as portas para
incluir os jovens egressos do projeto no mercado
de trabalho. Meneguelli destaca o pioneirismo
de Fortaleza. “Da mesma forma que
sediou a turma-piloto do ViraVida, a capital
do Ceará continua dando um passo à frente
com a implantação da primeira incubadora
da cooperativa do projeto”, disse.
João Nicédio Alves Nogueira, presidente
do Sescoop, que ingressou no ViraVida para
contribuir com a inserção dos jovens no
mercado de trabalho, por meio da formação
de cooperativas, ratificou o apoio da entidade
à iniciativa. “Estamos à disposição para
orientar alunos do projeto que decidirem se
tornar donos de seus próprios negócios por
intermédio do cooperativismo”, reforçou
João Nicédio.
Para Luiz Gastão Bittencourt, presidente da
Federação do Comércio do Estado do Ceará
(Fecomercio), mais do que propiciar uma
profissão e o acesso ao primeiro emprego, o
ViraVida dá aos jovens a oportunidade de
uma consciência maior da sua cidadania,
além da chance de receberem conhecimento
e, assim, ampliarem os horizontes. Após a participação
inédita no programa, a Fecomercio,
segundo Luiz Gastão, irá ampliar a oferta de
cursos do Senac.
Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC
““
Jair Meneguelli: capital
do Ceará continua dando
um passo à frente com a
implantação da primeira
incubadora da cooperativa
do projeto ViraVida
Não estamos simplesmente
comemorando a conclusão de seis
turmas do Projeto ViraVida, mas reconhecendo
a determinação e a coragem de jovens
sonhadores, que ousaram e vislumbraram uma
mudança de vida, um futuro diferente.
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Cidadania
Oempresário Carlúcio Pereira, proprietário da
Dilady Lingerie, uma das empresas parceiras,
diz que só tem elogios ao projeto. “É uma
iniciativa excelente. Além de dar oportunidade a
quem nunca teve chance na vida, fornece mão
de obra eficiente para as empresas. Na Dilady,
contratamos cinco pessoas formadas pelo ViraVida,
como operadores de máquina de costura, e foi
uma surpresa! Em pouco tempo eles desenvolvem
o trabalho com muita eficiência. Estamos até
pensando em ampliar nossa parceria”, antecipa.
Cátia Maria Oliveira Pinheiro, responsável pelo
setor de pessoal da empresa Colonial, afirma que
o projeto tem sido de grande valia. “Os jovens
aprendizes oriundos do ViraVida conseguem
melhor desempenho porque possuem um maior
acompanhamento da equipe do projeto. Isso faz
com que não tenhamos problemas com atrasos e
faltas. A diferença é que o ViraVida, além de treinar,
orienta os alunos nos campos profissional, social e
psicológico”, explica.
Para o superintendente regional da Caixa
Econômica Federal em Fortaleza, Gotardo Gomes
Gurgel Júnior, o ViraVida é um exercício de
cidadania para empresas e jovens beneficiados.
“A Caixa é parceira do projeto, contratando e
prestando orientação profissional a esses jovens.
Nosso objetivo é que eles sintam orgulho em
participar da nossa equipe e que os empregados
de nossa empresa vejam a importância dessa
missão social que o banco coloca para cada um
de nós. É um projeto de responsabilidade cidadã
e um ato cristão”, reforça.
Em reconhecimento ao apoio dado ao projeto,
o ViraVida concedeu certificados às empresas
parceiras, como Caixa, Dilady e Colonial, que têm
garantido a empregabilidade dos jovens formados
Vida nova
Estou começando uma vida nova. Eu, que não sabia fazer
nada, agora vou dar novo rumo à minha vida. Antes de
entrar no programa, eu não trabalhava nem estudava. Ninguém
acreditava em mim. Hoje, é meu irmão que está surpreso por eu
ter mudado tanto. Meu filho nasce no próximo mês. Depois que
ele nascer, vou voltar no SESI e eles vão me encaminhar para um
emprego. Quero dar um futuro bom para o meu menino, com lazer
e educação como eu nunca tive.
Aline de Lima Santos, 20 anos, grávida de oito meses, concludente do curso de Costura
Industrial em Moda Praia e Moda Íntima, realizado pelo SENAI Parangaba.
““
pelo projeto. Em vídeo apresentado durante a
solenidade, o vice-presidente da República, José
Alencar, elogiou os parceiros e convidou outras
empresas a aderirem ao projeto. “O Sistema S
já está fazendo a sua parte. O ViraVida oferece
a chance de as empresas participarem dessa
mudança na vida de nossos jovens. O Brasil conta
com vocês”, completou.
Ao final do evento no Senac, as empresas Dilady
Lingerie e Sanny Underwear apresentaram um
desfile das novas coleções de moda íntima e moda
praia, cuja produção contou com a mão de obra de
concludentes do ViraVida provenientes do curso de
Costura Industrial em Moda Praia e Moda Íntima.
O ViraVida foi idealizado em 2008 pelo
Conselho Nacional do SESI para capacitar
Foto: JoSÉ SoBRINHo
As empresas Dilady
Lingerie e Sanny Underwear
apresentaram desfile das
novas coleções de moda
íntima e moda praia
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Junho de 2010 | RevistadaFIEC |
Foto: JoSÉ SoBRINHo

jovens em situação de risco e exploração
sexual, e teve o projeto piloto coordenado
pelo SESI/CE. Em seguida, outras instituições
do Sistema S se engajaram. “A cada edição
aumenta a participação. Além do SESI/CE e
Senac, contamos com a parceria do SENAI,
Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) e Sescoop, entre outras
organizações”, afirma a coordenadora do
projeto no Ceará, Catarina Sabino.
A iniciativa contempla educação básica,
empreendedorismo, atendimento psicossocial e
apoio às famílias. O projeto já formou 158 jovens
no Ceará, dos quais 104 estão trabalhando,
resultando num índice de inserção de 66%.
Empresas e instituições
parceiras:
> Pena Sportwear
> Panifício Aguananbi S.A (Panevita)
> EIT – Empresa Industrial Técnica S/A
> Dilady Lingerie
> Banco do Nordeste
> Banco do Brasil
> Cemec Construções Eletromec S/A
> Unitêxtil Indústria Têxtil
> Chaves S.A
> Araucária Incorporações
> Cocobambu
> Sanny Underwear
> Panificadora Montmartre
> Caixa Econômica Federal
> Cachaça Colonial
> Construtora e Imobiliaria JMV Ltda.
> Enguia Gen BA, CE e PI Ltda.
> Manhattam/ABC
> Inco Engenharia
> Faculdades Cearenses - FAC
> Curso Juscelino Kubitschek
> Centro Integrado Empresa Escola - CIEE
> Secretaria de Direitos Humanos – Coordenação da
Criança e do Adolescente
> Conselho Nova Vida – Convida
> Associação das Prostitutas do Ceará – Aproce
> Associação Maria Mãe da Vida
> Barraca da Amizade
> Sociedade da Redenção
> Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS)
> Superintendência Regional do Trabalho (SRT)
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
Mudança completa
“
Depois do ViraVida,
mudou muita coisa
em minha vida. Penso
em estudar, em construir
meu próprio negócio
– uma confecção de moda
masculina e feminina.
Antes de entrar no
programa, eu tinha até largado
os estudos. A oportunidade surgiu quando eu mais
precisava. Hoje, trabalho no Núcleo de Referência em
Saúde do SESI. O ViraVida representa tudo de bom em
minha vida. Aprendi coisas que vou aplicar em todos
os ramos de minha vida, seja na minha confecção ou
na administração industrial. Nunca vou esquecer.
Ramon Vlad de Sousa Alves da Silva, 17 anos, aluno do curso Assistente
Administrativo Industrial, ministrado no SENAI Urbano de Almeida.
Olhar futuro
“
Foi uma senhora da comunidade que trouxe
a novidade para o bairro. Com o incentivo
dela, me inscrevi pela primeira vez no ViraVida,
mas não compareci no dia marcado. Depois, quando
apareceu outra chance de me inscrever, agarrei. Não
é todo mundo que tem duas oportunidades de mudar
de vida. Graças ao ViraVida já estou trabalhando
há quatro meses como
jovem aprendiz no Banco
do Nordeste. Quero
deixar para trás tudo de
ruim que vivi. Agora,
só vou olhar para a
frente. Existem poucas
iniciativas assim. E esse
programa veio para
salvar muitos jovens,
como eu.
“
Renara Mendes da Silva,
21 anos, concludente do curso Comunicação Digital e Produção de Eventos,
ministrado no SENAI Urbano de Almeida.
“
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Foto: GIoVANNI SANtoS
Cooperativa no Ceará
Aprimeira incubadora da cooperativa do
projeto ViraVida foi inaugurada em 5 de
maio último pelo Conselho Nacional do
SESI e o SESI/CE na unidade da instituição no
bairro Parangaba, contando com 21 cooperados
egressos dos cursos de Costura Industrial em
Moda Praia e Moda Íntima, Criação & Moda,
Comunicação Digital e Produção de Eventos.
Durante dois anos, os cooperados terão o
acompanhamento integral do SESI/CE. A partir
de agosto deste ano, começam os contratos com
os primeiros clientes, e a inserção no mercado
toma forma definitiva. Em 2012, a cooperativa
já deverá estar preparada para caminhar com
o próprio Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
(CNPJ). O empreendimento é dedicado ao setor
de confecção e a produção deverá ter início no
segundo semestre deste ano.
A presidente da incubadora, Joyce da Silva,
21 anos, tem uma história de vida forte e
personalidade firme. “Fico feliz em ter sido
escolhida para a presidência, mas sei que, na
verdade, tenho 20 chefes”, afirma, fazendo
referência aos outros cooperados. Segundo
ela, a ideia da incubadora surgiu durante o
desenvolvimento do VidaVida e foi ganhando
corpo a partir da iniciativa do próprio grupo.
Este ano, de janeiro a abril, os membros
da cooperativa tiveram acesso a consultorias,
nas quais foram abordados os aspectos
mercadológicos do empreendimento. O Sescoop,
integrante do Sistema Cooperativista Nacional,
repassou conhecimentos sobre o assunto.
Durante os cursos, os alunos passaram por
“ do VidaVida e foi “
A ideia da
incubadora
surgiu durante o
desenvolvimento
ganhando corpo a
partir da iniciativa do
próprio grupo.
Joyce da Silva,
presidente da incubadora
disciplinas técnicas de gestão e finanças e
por aulas de formação técnica para preparar a
cooperativa para atuar no mercado. Joyce ressalta
que o planejamento foi feito a longo prazo e
a produção será voltada para a confecção de
fardamentos e, depois, enxovais para restaurantes
e estabelecimentos de hospedagem.
“A mudança que ocorreu na vida desses
meninos, de perspectiva e de qualidade de
vida, foi imensa. Muitos não tinham vínculos
familiares, e o projeto pôde aproximar essas
famílias. Este é um momento ímpar, o término
de um trabalho de muito sucesso”, resume a
responsável pelo acompanhamento psicológico
dos alunos, Isabel Cristina Teixeira.
Primeira incubadora da
cooperativa do projeto
ViraVida funcionará no
SESI Parangaba
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |
Foto: GIoVANNI SANtoS

Preservação ambiental
Recicla Nordeste dará
impulso ao setor
Evento trará o que há de mais moderno em máquinas e
equipamentos para a indústria de reciclagem nordestina
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
Parquinho feito de plástico
reciclável tem maior durabilidade
porque não enferruja nem se
deteriora com facilidade
Para impulsionar o setor de reciclagem na região
Nordeste, o Sindicato das Empresas de Reciclagem
de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do
Estado do Ceará (Sindiverde), em parceria com a
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por
meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI),
realizará no Centro de Convenções de Fortaleza, de 10 a 12
de novembro de 2010, a feira Recicla Nordeste – evento pioneiro
do segmento no Ceará e também na região. A feira trará
o que há de mais moderno em máquinas e equipamentos
para a indústria de reciclagem. Além de promover negócios
e desenvolver o setor, a Recicla Nordeste deverá reunir todos
os atores da cadeia produtiva.
A ideia surgiu depois que o Sindiverde participou de feiras
setoriais em São Paulo e noutros estados. “Identificamos
que, além de serem locais para lançamentos de máquinas e
equipamentos modernos, que buscam cada vez mais a melhoria
da produtividade, as feiras oferecem ao expositor e visitante
oportunidades de negócios”, explica Marcos Augusto
Nogueira de Albuquerque, presidente do Sindiverde. A meta
para a primeira edição é movimentar R$ 50 milhões. O público
estimado é de mais de 10 000 visitantes. No total, serão
colocados à disposição 108 estandes. O público-alvo da feira
são empresários do setor de reciclagem, transformadores, cooperativas,
técnicos, professores e pesquisadores, entre outros.
Simultaneamente à Recicla Nordeste, serão realizados durante
dois dias seminários sobre meio ambiente, com a participação
de universidades, faculdades, escolas, associações,
cooperativas, prefeituras, representantes do governo federal e
estadual e a sociedade civil. Após as palestras, haverá rodadas
de negócio. Será promovido ainda um concurso jornalístico
sobre meio ambiente. A premiação será entregue na abertura
da feira. Em paralelo, o Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da
FIEC fará a entrega do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental
para empresas com produção mais limpa, reuso de
água, educação ambiental e integração com a sociedade.
Estudos indicam que a reciclagem dos resíduos sólidos,
além de contribuir com a preservação ambiental, evita que
milhares de toneladas de lixo sejam lançadas a céu aberto nos
lixões ou em aterros sanitários, contaminando o solo e aumentando
a temperatura com a emissão de gases poluentes.
“Quando reciclamos, estamos reduzindo o consumo de
energia e preservando nossas florestas e nossos recursos naturais.
Com a atividade de reciclagem, podemos gerar milhares
de empregos e renda para a população que não tem nenhuma
especialização”, ressalta o presidente do Sindiverde.
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |

Tributação é alta
Segundo Marcos Albuquerque, com
aproximadamente 300 empresas atuando
no segmento de reciclados, o Ceará é um
dos estados brasileiros que mais reaproveitam
seus resíduos sólidos. Mesmo assim, de todo o
resíduo destinado aos aterros sanitários e lixões
somente são aproveitados 30%. Esse pequeno
índice é consequência direta da ausência de
coleta seletiva no estado. Estimativas indicam
que a coleta elevaria para cerca de 70% o
percentual de resíduos aproveitáveis no Ceará.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) indicam que apenas 8,2%
das cidades brasileiras fazem coleta seletiva
do lixo. Para Marcos Albuquerque, o fato de no
Brasil a reciclagem ainda estar com percentuais
muito baixos se deve à ausência de uma
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Aprovado em março último pela Câmara dos
Deputados, o Projeto de Lei 203/91 ainda
passará por ajustes e nova votação no Senado,
antes de seguir para sanção presidencial.
No Ceará, a falta de incentivo do governo
é um dos principais desafios do setor. A
tributação que incide sobre as indústrias que
trabalham com matéria-prima reciclada é
igual à de qualquer indústria. Não existe uma
política de crédito com juros menores para os
recicladores e a tarifa da energia é tão alta
como a de qualquer outro consumidor.
De acordo com Marcos Albuquerque, o Ceará
foi um dos primeiros estados brasileiros a se
preocupar com a reciclagem de termoplásticos.
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
Estamos trabalhando
com o SENAI/CE para
capacitar todos os operadores
de máquinas injetoras. Em
breve, teremos conhecimento
e tecnologia para vender para
outros estados brasileiros.
Marcos Albuquerque, presidente do Sindiverde
““
O sindicato, por sua vez, tem investido na
capacitação de pessoal, na estruturação das
empresas, na busca de novas tecnologias
e na aquisição de máquinas e periféricos
modernos para melhorar a produtividade e,
consequentemente, a competitividade das
indústrias cearenses em relação ao restante
do país. “Estamos trabalhando com o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial do
Ceará (SENAI/CE) para capacitar todos
os operadores de máquinas injetoras. Em
breve, teremos conhecimento e tecnologia
para vender para outros estados brasileiros”,
projeta Marcos Albuquerque.
SERVIÇO:
Mais informações sobre a feira pelo
telefone (85) 3261-1111.
A reciclagem dos resíduos
sólidos evita que milhares
de toneladas de lixo sejam
lançadas nos lixões e
aterros sanitários
História
Civilização do boi
Responsável pelo primeiro ciclo econômico do estado do Ceará, o
gado foi fundamental no processo de colonização de nossas terras
POR GEvAN OLIvEIRA
Diferentemente de outros estados, onde a população
se deslocava do litoral para o interior, foi a
partir do sertão que começou o povoamento do
Ceará. E um animal em particular – o boi – marcou
os passos dessa caminhada, deixando mais do que rastros
e estrumes pela terra seca e empoeirada do semiárido
cearense. No início oficial da nossa história, está registrado
que as terras daqui não despertaram a atenção dos colonizadores
(ou melhor, exploradores) nos primeiros cem
anos após a partilha das capitanias hereditárias.
Dizia-se que a terra era inútil, sem ouro nem pedras
preciosas. Apenas sal e pouca madeira sem muito valor
comercial. Está escrito também que o português Antônio
Cardoso de Barros, incumbido, em 1535, de administrar
as centenas de léguas do Rio Grande do Norte, Ceará e
Maranhão (o Siará Grande), não pisou por estas bandas
uma única vez. Coube ao açoriano Pero Coelho de Sousa,
em 1603, liderar a primeira expedição a este lado do
Atlântico. Mas as secas brabas e índios cabras-machos,
inconformados com a escravidão, expulsaram o europeu
e sua turba de volta ao frio do velho continente. Contudo,
os teimosos e ávidos exploradores não deram trégua e logo
regressaram sob o comando do português Martin Soares
Moreno, considerado o fundador do Ceará, em busca de
fortuna, fartura e de nossas índias – por que não? –, como
romanticamente retratou o escritor José de Alencar na trilogia
indianista Iracema, O Guarani e Ubirajara.
Sempre no encalço dos branquelos, índios e piratas inimigos
dos portugueses dificultaram a exploração da terra
até 1637, quando a região foi oficialmente invadida pelos
holandeses, que então passaram a ser o alvo dos bravos tupiniquins,
que lhes impuseram fragorosas derrotas. No entanto,
sob o poderio das armas de fogo, os holandeses atacaram
em maior número em 1649, numa expedição chefiada por
Matias Beck, instalando-se, após vitórias, nas proximidades
do riacho Pajeú, onde construíram o Forte Schoonenborch,
tomado pelos portugueses em 1694, e renomeado de Forte
de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. À sua volta,
formou-se a segunda vila do Ceará, chamada de Vila do
Forte ou Fortaleza. A primeira foi a de Aquiraz.
Junho de 2010 | RevistadaFIEC |
Foto: ÉDIS MALAGUttI

“Bicho que mija pra trás”
Mas, voltando às primeiras linhas deste texto,
pode-se afirmar que foi com a ajuda do
boi que o Ceará (e, na verdade, a região
Nordeste) passou a ser povoado em todos os seus
recantos. O fenômeno pode ser explicado a partir
desta frase: “Bicho que mija pra trás é que bota
homem pra frente”. Foi assim que o historiador
Leonardo Mota eternizou o adágio popular herdado
dos que fizeram do gado sua primeira fonte de
riqueza em toda a região. No livro O Processo
Histórico de Industrialização do Ceará (2001), o
historiador Geraldo Nobre diz que o estabelecimento
do primeiro curral nordestino (e brasileiro) se deve
a Garcia d’Ávila, filho de Tomé de Sousa, o primeiro
governador geral do Brasil, que chegou ao país
em 1549, estabelecendo-se em Salvador, Bahia.
A Garcia d’Ávila também é creditado o feito de ter
trazido, para o país, o coco e o gado nelore.
Foi então, a partir da Bahia, que a criação de
gado teve início. A atividade logo chegou em Sergipe
e Pernambuco, sempre seguindo o curso do rio São
Francisco. Em poucos anos, esses estados (outrora
capitanias) passaram a engordar, matar e exportar
milhares de cabeças de gado. Contudo, o historiador
cearense Capistrano de Abreu relata que essa
expansão (ou seria melhor dizer invasão) de terras
não ocorreu de forma pacífica, principalmente às
margens do São Francisco, onde estavam fincadas
várias tribos pertencentes ao tronco cariri, que
lutaram muito por suas terras.
Geraldo Nobre amplia esse fato explicando
que “a hostilidade dos índios ainda bravios e
a invasão holandesa, até o início da segunda
metade do século seguinte ao da introdução do
gado, e, em seguida, as lutas contra os quilombos,
haviam desorganizado os rebanhos, criando sérios
problemas para os fazendeiros, que procuraram
novas regiões de criar, sendo atendidos nos sertões
do Piauí, Rio Grande do Norte e, principalmente, do
Ceará”. Eis o início das boiadas sertão adentro.
O empresário e escritor Cândido Couto Filho,
no livro Ciclos Econômicos do Ceará, conta que
as boiadas provenientes da Bahia e Pernambuco
chegavam ao Ceará pelos rios Jaguaribe e Acaraú, e
vinham essencialmente para a engorda (ou fugindo
de ataques de inimigos), aproveitando-se das
abundantes pastagens e das características salinas
do solo, ou seja, tinham o objetivo de retornar aos
estados de origem. Mas, em função das longas
viagens, muitos desistiam do regresso, seja porque
encontravam abrigo e comércio para o seu rebanho
por aqui mesmo, ou simplesmente pelo fato de não
compensar a viagem de volta, haja vista que o gado
mirraria novamente.
O grande relevo histórico dessas travessias de
centenas de quilômetros pela caatinga – que não
se faziam em menos de 15 dias – é o de serem
consideradas o mais significativo fato para a
colonização do Ceará, pois, por onde passavam,
muitos criadores iam se fixando, sobretudo, às
margens dos rios, originando, assim, os primeiros
povoados, vilas e, claro, os primeiros coronéis e
jagunços, que defendiam as reses, terras e entes
queridos com muita valentia e sangue frio, e não
poucas vezes.
Cândido Couto mostra em seu livro que
as famílias partiam com o gado de Acarape,
transpunham o Jaguaribe e atravessavam Russas
e Icó, subindo o rio Salgado até suas nascentes.
“Esta estrada serviu de escoamento para o gado
do sertão do Ceará até o médio São Francisco.
Foi a mais notável via de colonização do Ceará
colonial. Por ela, chegaram para ficar os primeiros
povoadores, dentre eles os Feitosas e os Montes”,
afirma o escritor ao se reportar à gênese de duas
das mais tradicionais famílias do Ceará. A primeira,
dos Montes, era comandada pelo coronel Francisco
do Monte Silva, procedente de Sergipe, e que fez
história por aqui nas localidades de Icó e Sobral,
principalmente. A segunda, dos irmãos Lourenço
“ Cândido Couto Filho, empresário e escritor
Cidade de Aracati
As famílias partiam com o gado de
Acarape, transpunham o Jaguaribe
e atravessavam Russas e Icó, subindo o rio
Salgado até suas nascentes.
“
Alves Feitosa e Francisco Alves Feitosa, trouxe o
gado de Alagoas até o Rio Jaguaribe e, também, Icó,
“protagonizando inúmeros conflitos de terra com a
família Monte”, conta Cândido Couto.
Em função do declínio dos currais da Bahia
e Pernambuco, o negócio do gado no Ceará
prosperou de tal forma que, no início do século
18, já se apresentava como o maior da colônia,
gerando um importante comércio de carnes pelo
Porto dos Barcos de Santa Cruz (atual município
de Aracati). O local atraía, na época do abate,
dezenas de intermediários no fornecimento do
produto às capitanias de Pernambuco e Bahia.
Portanto, é um fato histórico que o negócio do
gado foi o principal responsável pelo povoamento
do interior cearense, criando vilas prósperas que
mais tarde deram início às cidades de Icó, Aracati,
Acaraú, Camocim, Sobral, Quixeramobim, Tauá,
Crateús, Russas e Morada Nova.
Carne de sol do Ceará
Em 1780, relata Cândido Couto, existiam na
capitania do Ceará quase mil fazendas de
criação, com uma média de 750 cabeças
de gado vacum cada uma. Somente na região do
baixo Jaguaribe eram mais de 300 000 animais.
Quais os motivos de tanta prosperidade? Por
que o comércio do gado vingou de tal forma por
aqui? Geraldo Nobre oferece uma explicação:
“Apresentou esta capitania a vantagem de a área
do criatório confundir-se praticamente com a
do litoral, facilitando o comércio de carne, leite,
couros, chifres etc., de maneira a intensificar-se
rapidamente a atividade”.
De fato, era muito bicho para pouca gente.
O que no início (por volta de 1650) foi uma
grande vantagem, logo se transformou em um
desafio porque a maioria da população local
tinha baixo poder aquisitivo. O problema, de
início, foi solucionado com a comercialização do
gado (vivo) nas feiras pernambucanas e baianas.
Contudo, a ida das manadas para esses centros
passou a não compensar mais em função das
longas viagens que debilitavam os rebanhos,
a ponto de não servirem para o abate (de tão
magras após as viagens).
Foi a partir daí que surgiu a ideia, em Aracati
(então Porto dos Barcos de Santa Cruz), de se
abater o gado e exportar a carne salgada. Em
toscos sobrados, passou a ser fabricado um tipo de
carne seca, prensada, moderadamente salgada e
desidratada ao sol e ao vento. Surgiam, assim, no
Ceará, as fábricas de beneficiar carne, as chamadas
oficinas ou feitorias, instaladas nos estuários dos
rios Jaguaribe, Acaraú e Coreaú, estendendo-se
depois ao Parnaíba, no Piauí, e ao Açu, Rio Grande
do Norte. Outra saída foi beneficiar os subprodutos,
como o couro. Nessa época, centenas de pequenos
comércios surgiram, já a partir das secas de 1710-
1711, para transformar a pele do animal em roupas,
chapéus, sapatos, bolsas e tudo mais que a criativa
mente do cearense pudesse imaginar. Essa indústria
ganhou tal vulto que por aqui passaram a nos
denominar de a “civilização do couro”.
Com tudo isso, em poucos anos, o estado passou a
ser o principal produtor e exportar dessas mercadorias
(carne e objetos em couro) para as demais províncias
e até para Portugal. Nesse contexto, a cidade que mais
prosperou foi Aracati, tendo recebido, por volta de
1744, o título de capital brasileira da carne de sol e do
couro salgado. É também dessa mesma cidade e ano
que se tem o registro da primeira indústria cearense
(um curtume artesanal que beneficiava peles de cabra,
carneiro e boi em tanques de madeira, usando cinzas,
pedra ume e casca de angico).
Atualmente, apesar das crises do setor pecuarista
cearense, fato que teve início já partir do início dos
anos 1800, em função, principalmente, das grandes
secas, a indústria de beneficiamento do couro ainda
se mostra pujante em nosso estado, sempre entre
os cinco primeiros na pauta de exportação. Segundo
números do Centro Internacional de Negócios (CIN)
da Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC), as vendas de couro ficaram em terceiro
lugar no mês de março deste ano, com quase US$
41 milhões, cerca de 13% do total dos produtos
vendidos ao exterior.
0 | RevistadaFIEC | Junho de 2010
Junho de 2010 1
| RevistadaFIEC |
Carne de sol

Frases&Ideias
T I R A D A S I n S P I R A D A S , F R A S E S C o n C E I T u A I S E o u T R A S
Indústria no Ceará é uma atividade responsável
por grande quantidade de empregos e que tem
conseguido crescer em índices
superiores à média nacional.
CID GOMES, govErNaDor Do CEará
PrESIDENtE Da FIEC
CERâMICA
gASTôMETRo
o ideal seria conter o ‘gastômetro’ do governo para investir
na reforma da saúde e educação.
ALENCAR BURTI, PrESIDENtE Da aSSoCIação CoMErCIal DE São Paulo (aCSP),
ao CoMENtar quE a arrECaDação rEgIStraDa NEStE aNo No IMPoStôMEtro
SuPEra toDaS aS PrEvISõES: ChEgou EM 2 DE juNho à MarCa DE r$ 500 bIlhõES
A sustentabilidade do setor cerâmico passa pela eficiência
energética e evolução tecnológica, mas também pela busca de mudanças
de comportamento e atitudes ecologicamente corretas e adoção de
tecnologias mais limpas.
FERNANDO IBIAPINA, PrESIDENtE Do SINDCEraMICa
MÃo DE oBRA quALIFICADA
a escassez de mão de obra qualificada já “inflaciona”
os salários, principalmente nas empresas dos setores de
mineração e petróleo.
CoNCluSão DE PESquISa FEIta CoM 175 000 ProFISSIoNaIS quE trabalhaM EM
árEaS oPEraCIoNaIS, gErENCIaIS E No alto ESCalão DE EMPrESaS DE 20 raMoS
ECoNôMICoS, PublICaDa No JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDIção DE 2/6/2010
EDITADo PoR LuIZ CARLoS CABRAL DE MoRAIS
E-MAIL LCARLoS@SFIEC.oRg.BR
O crescimento e o progresso da economia do
Ceará, hoje um polo de alta relevância na região
nordestina, se confundem com a
atuação da FIEC.
ARMANDO MONTEIRO NETO, PrESIDENtE Da CNI
A FIEC atingiu um
A FIEC é responsável por
elevado nível de experiência
importantes momentos não
nestes 60 anos. Hoje podemos
somente industriais, mas também
confirmar a maturidade do
institucionais.
parque industrial cearense. ERNANI BARREIRA, PrESIDENtE Do
ROBERTO PROENÇA DE MACêDO,
trIbuNal DE juStIça Do CEará
A FIEC é uma instituição muito importante. Nós,
empresários, precisamos ser representados e a FIEC
cumpre bem essa função.
ALExANDRE GRENDENE, PrESIDENtE Do CoNSElho DE aDMINIStração E
DIrEtor-PrESIDENtE Da grENDENE S.a
Foto: JoSÉ SoBRINHo
2
| RevistadaFIEC | Junho de 2010
A FIEC, nos seus 60 anos,
contribuiu eficazmente com as políticas públicas
implementadas pelo governo estadual, mantendo-se
ainda uma instituição moderna e contemporânea.
JORGE PARENTE FROTA JúNIOR, Ex-PrESIDENtE Da FIEC E
vICE-PrESIDENtE Da CNI
ESTALEIRo
o estaleiro é o empreendimento que está tendo mais
polêmica, e outros estados estão doidos para pegá-lo.
ZUZA OLIVEIRA, PrESIDENtE Da agêNCIa DE DESENvolvIMENto Do CEará
(aDECE), alErtaNDo quE o EStaDo Não PoDE PErDEr o EMPrEENDIMENto
InADIMPLênCIA
percebe-se uma estabilidade. não há nenhum risco
de a inadimplência crescer. o índice de emprego e renda
continua aumentando.
ANTôNIO CARLOS RODRIGUES, SuPErINtENDENtE Da CâMara DE DIrEtorES
lojIStaS (CDl), DIzENDo quE a INaDIMPlêNCIa No CoMérCIo DE FortalEza CaIu
10,07% No aCuMulaDo Do aNo DE jaNEIro a MaIo
Onde tem pessoas para aprender tem o SENAI para ensinar.
FIEC I AIRM
Nos quatro cantos do estado do Ceará, o SENAI acompanha
o crescimento e a expansão da indústria. São nove núcleos
escolares em cinco municípios, além de diversas unidades
móveis para atender à demanda das empresas cearenses
por educação e aprimoramento profissional.
(85) 3421.5900
www.senai-ce.org.br