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A Fantástica Literatura Queer - Vermelho - Tarja Editorial

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14<br />

pacotes de consciências vaporizadas disputavam o mesmo espaço<br />

fedido e melado. Poucos paravam nas portas do ZooSex,<br />

atendidos por uma mulher-raposa de seios à mostra e calça de<br />

vinil. Ali perto, um casal de translienígenas metamorfos agarrava-se<br />

encostados numa projeção holográfica que berrava<br />

alguma sequência entediante de estatísticas sobre a eleição que<br />

se aproximava. Seus corpos alaranjados mesclavam-se como<br />

esponjas fusionando-se, perpassadas por ossos que se deslocavam<br />

e penetravam no holograma, furando o olho arregalado<br />

de um candidato que exibia uma pele metalizada em constante<br />

movimento turbilhonante.<br />

– Nada de lixo aqui na frente! – gritou um animorfo de<br />

ombros largos e cabeça de chacal enquanto bicava a menina<br />

que acabara de perder o polvo de estimação.<br />

A bota atingiu a coluna da garota e a jogou longe, para<br />

o meio da rua, onde quase foi atropelada por um grupo de<br />

peregrinos temporais em aeromotos. Xingando e tacando<br />

latinhas de cerveja, os viajantes fizeram a menina fugir para<br />

um beco, chorando alto e com filetes de catarro escorrendo<br />

do nariz.<br />

Após chutar algumas sucatas e pedaços quebrados de<br />

próteses que se amontoavam sobre uma profusão de restos<br />

de ração e escorpião frito, a menina deixou-se apoiar num<br />

galão de dejetos hospitalares e escorregou até o chão. Irritada,<br />

massageava o olho para tentar acertar a sequência de códigos<br />

que havia bugado sua visão. Mas antes que conseguisse se<br />

entender com o defeito no software, ouviu um menino choramingando<br />

e murmurando algo ininteligível. Com cuidado,<br />

ela levantou-se tentando não fazer barulho e perscrutou o<br />

fundo do beco, que terminava num paredão pichado com<br />

passagem para um criptoaçougue. Semicerrando os olhos e

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