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política - Jornal da Metrópole

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15<br />

JAN<br />

10<br />

NIZAN GUANAES ATACA CROONER CARECA DO CHICLETE E DEPOIS ‘PIPOCA’ pág. 2<br />

JORNAL DA<br />

Engana-se quem pensa que a on<strong>da</strong> de criminali<strong>da</strong>de atinge apenas a periferia de Salvador. A violência acua a classe média nos<br />

bairros nobres, em índices que crescem de forma alarmante, transformando a capital baiana na ci<strong>da</strong>de do medo. Págs. 4 a 8<br />

GERALDO MELO<br />

Bonfim: em<br />

foco, a violência<br />

Nem eleições de outubro nem<br />

alianças partidárias – a vio-<br />

lência monopolizou o debate<br />

político na Lavagem do Bon-<br />

fim este ano. Sob as bênçãos<br />

de Oxalá, que, de acordo com<br />

o candomblé, rege 2010, políti-<br />

cos fizeram campanha pela<br />

paz durante a festa, que trans-<br />

correu tranquilamente e como<br />

reza a tradição: com desfile de<br />

jegue enfeitado. Págs. 9 a 11<br />

aconteceu 3<br />

Tragédia<br />

no Haiti: 15<br />

brasileiros estão<br />

entre os milhares<br />

de mortos<br />

ci<strong>da</strong>de 16<br />

Posto médico<br />

de Pirajá só<br />

trata como<br />

‘urgência’<br />

desvio de verba<br />

esportes 20<br />

Bahia e Vitória<br />

retornam aos<br />

gramados com<br />

estratégias e<br />

metas diferentes<br />

lazer 22<br />

Personagem<br />

polêmico: Bob<br />

Fernandes<br />

prepara livro<br />

sobre Chávez


2<br />

que p...<br />

é essa? pilha pura<br />

Deu bode no Caminho <strong>da</strong>s Árvores<br />

Quem diria... Tem bode seco fabricado em varan<strong>da</strong> de apê em plena<br />

Rua do Timbó, no nobre Caminho <strong>da</strong>s Árvores, um dos metros<br />

quadrados mais caros de Salvador. Será que está dentro <strong>da</strong>s normas<br />

<strong>da</strong> produção de carne? A rede de proteção garante a segurança <strong>da</strong>s<br />

crianças, mas a mosquita<strong>da</strong> deve fazer a festa... E aí, Vigilância Sanitária,<br />

açougue avaran<strong>da</strong>do em bairro chique já pode? Ou vai <strong>da</strong>r bode?<br />

Expediente<br />

Publisher Mário Kertész<br />

Diretor Executivo Chico Kertész<br />

Re<strong>da</strong>tora-chefe Ana Paula Ramos<br />

DRT 1576/BA<br />

Projeto Gráfico Marcelo Kertész<br />

Editor de Arte Paulo Braga<br />

Conversão e correção de Cor Geraldo Melo<br />

Diagramação Dimitri Argolo Cerqueira<br />

Assistente de Arte Larissa Batista<br />

Re<strong>da</strong>ção Carolina Garcia, Florence<br />

Perez, James Martins e Larissa Oliveira<br />

FOTOS ULISSES DUMAS<br />

Produção: Laís Buri<br />

Revisão Cristiane Sampaio<br />

Fotos Ulisses Dumas<br />

Produção Gráfica Evandro Brandão<br />

Comercial (71) 3505-5022<br />

comercial@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Tiragem 80.000 exemplares<br />

Grupo <strong>Metrópole</strong><br />

Rua Conde Pereira Carneiro, 226<br />

Pernambués CEP 41100-010<br />

Salvador, BA tel.: (71) 3505-5000<br />

re<strong>da</strong>cao@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br Uma publicação <strong>da</strong> Editora KSZ<br />

O “pega-pa-capá” entre o publicitário Nizan Guanaes e a ban<strong>da</strong> Chiclete com Banana<br />

podia ter sido melhor. Ou melhor: podia ter sido pior. É claro que Bell merece pelo menos<br />

metade <strong>da</strong>s críticas que recebeu, mas Nizan não fica atrás. Principalmente após o papelão<br />

de pedir desculpas. Ele tem Deus no seu coração e o diabo no Twitter! Por James Martins<br />

Crooner careca<br />

“Esta indústria do axé, personifica<strong>da</strong><br />

em Bell do Chiclete, só<br />

destrói a Bahia. Ele não é um artista.<br />

É um crooner careca. Tudo<br />

nele é mentira”, escreveu Nizan<br />

no Twitter, gerando ti-ti-ti. A<br />

imagem do crooner careca é<br />

boa, mas ignora que Bell, assim<br />

como Roberto Carlos, não sendo<br />

exatamente um grande cantor,<br />

tem carisma fora do comum. O<br />

melhor foi dizer que “tudo nele<br />

é mentira”. De fato, Bell Marques<br />

parece empalhado, nem<br />

uma espinha nasce na cara do<br />

cara. Quanto à careca, dizem<br />

que sequer a esposa do crooner<br />

já avistou o que ele guar<strong>da</strong> embaixo<br />

<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>na. Mas, por falar<br />

em mentira, a ban<strong>da</strong> do Chiclete<br />

é tão boa que chama músicos<br />

“de ver<strong>da</strong>de” para gravar os<br />

seus discos.<br />

Nizan e o Carnaval<br />

A ideia de um Carnaval soteropolitano<br />

internacional sempre<br />

perturbou as ideias de Nizan<br />

Guanaes. Tanto que ele compôs<br />

uma espécie de (welcome<br />

to the) jingle com aspirações a<br />

hino comparável a diversos sucessos<br />

grudentos do Chiclete,<br />

mas com um refrão em inglês<br />

made in Feira de Santana: “We<br />

are Carnaval/ We are, we are<br />

folia/ We are, we are the world<br />

of Carnaval/ We are Bahia”.<br />

Pontos de distribuição<br />

Pontos fixos<br />

Farmácias Santana<br />

Chame Chame<br />

Iguatemi 1º piso<br />

Salvador Shopping<br />

Cajazeiras<br />

Comércio<br />

Aveni<strong>da</strong> Manoel Dias <strong>da</strong> Silva<br />

Itapuã<br />

Praça <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />

Vilas do Atlântico<br />

Graça<br />

Não contente, em 2008, o publicitário<br />

pagou uma graninha<br />

para a modelo Naomi Campbell<br />

vir aqui confundir Curuzu<br />

com caruru. Por falar em “tudo<br />

nele é mentira”, parece que o<br />

Carnaval baiano é mestre nisso,<br />

né, Naomi?<br />

Esta indústria do axé<br />

Quando personificou em Bell<br />

Marques a indústria do axé,<br />

Guanaes deu ao crooner careca<br />

as feições de um Bell Zebu com<br />

poderes de boi de piranha.<br />

O fato é que o papel<br />

cai como uma luva,<br />

porque o cansaço do<br />

gênero está de mãos<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s com o saturamento<br />

<strong>da</strong> música<br />

chicleteira. A fila<br />

desandou há muito<br />

tempo e eles continuam<br />

raspando o fundo<br />

do tacho do cabelo<br />

raspadinho, mas só<br />

conseguem mesmo<br />

um céu sem estrelas,<br />

uma praia sem mar,<br />

amor sem carinho,<br />

romance sem par,<br />

Carnaval sem festa...<br />

Deus te perdoe!<br />

O pedido de arrego<br />

A pior parte <strong>da</strong> briga – pior até<br />

que a citação dos árabes por<br />

Wadinho: “Os cães ladram...”<br />

Subway (Barra)<br />

Shopping Tricenter (aveni<strong>da</strong> ACM)<br />

Banca do Luís (Supermercado Monteiro)<br />

Restaurante Manah (CAB)<br />

Giramundo Turismo (Barra)<br />

Banca Paulo VI (aveni<strong>da</strong> Paulo VI)<br />

Terminal Rodoviário de Salvador<br />

Supemercado GBarbosa (Costa Azul)<br />

Uranus2 (Lucaia e Tancredo Neves)<br />

Distribuição de rua (sexta-feira)<br />

Cruzamento V. <strong>da</strong> Gama X Garibaldi<br />

Sinaleiras do Largo <strong>da</strong> Mariquita<br />

– foi o pedido de arrego de<br />

Nizan Guanaes: “Errei em falar<br />

sobre o Bell, ele é um cara batalhador<br />

e vencedor”. Aí eu lhe<br />

pergunto: e <strong>da</strong>í? Por ser batalhador<br />

e vencedor, o crooner careca<br />

deixa de ser o não-artista? É<br />

como defender a pintura de Portinari<br />

dizendo que ele era pobre<br />

e conseguiu ganhar uma grana<br />

com o vendedor de passarinhos.<br />

Era melhor ter deixado sem<br />

desculpas...<br />

Aveni<strong>da</strong> Tancredo Neves<br />

Sinaleira av. ACM (Iguatemi)<br />

Sinaleira do Hiperposto<br />

Sinaleira do Campo Grande/TCA<br />

Praça <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de<br />

Praça Municipal<br />

Sinaleira Manoel Dias <strong>da</strong> Silva<br />

(praça Nossa Senhora <strong>da</strong> Luz)<br />

Sinaleira Jardim dos Namorados<br />

Sinaleira ASBAC X Bompreço<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


JOSÉ CRUZ/ABR<br />

Tragédia no Haiti<br />

Um terremoto que atingiu 7° na<br />

Escala Richter devastou Porto Príncipe,<br />

capital do Haiti, no dia 12/1.<br />

Com o epicentro a apenas 15 km <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de, ruíram o Palácio Nacional,<br />

o Parlamento, a Catedral e vários<br />

outros prédios. O tremor maior foi<br />

seguido por outros dois, com magnitudes<br />

de 5,9° e 5,5°. Autori<strong>da</strong>des<br />

locais estimam que o número de<br />

OAB ganha<br />

terreno no CAB<br />

O presidente reeleito <strong>da</strong> Ordem<br />

dos Advogados do Brasil –<br />

Seção Bahia (OAB-BA), Saul Quadros,<br />

foi empossado no dia 11/1, no<br />

Fiesta Convention Center, com a<br />

presença de 11 mil profissionais <strong>da</strong><br />

área. Na cerimônia, o governador<br />

Jaques Wagner anunciou a doação<br />

de um terreno de seis mil metros<br />

quadrados para a construção <strong>da</strong><br />

sede <strong>da</strong> instituição no Centro Administrativo<br />

<strong>da</strong> Bahia. O anúncio<br />

foi aplaudido de pé pelos advogados<br />

e autori<strong>da</strong>des <strong>política</strong>s.<br />

Caso Agerba:<br />

aluguel irregular<br />

A concessionária TWB, que opera<br />

o sistema ferryboat em Salvador,<br />

teria alugado ilegalmente as balsas<br />

Bartira e Santa Helena para as empresas<br />

Odebrecht e Petrobras. O<br />

caso consta no inquérito <strong>da</strong> Operação<br />

Expresso, que investiga suposto<br />

esquema de corrupção na Agerba. O<br />

diretor-executivo do órgão, Aristides<br />

Amorim, disse que a TWB solicitou<br />

o aluguel <strong>da</strong>s balsas, mas não houve<br />

permissão. Em novembro, a agência<br />

reguladora solicitou a documentação<br />

<strong>da</strong> TWB para análise, mas a empresa<br />

não atendeu. A concessionária afirma<br />

que os aluguéis foram feitos com<br />

a permissão do governo. A Agerba<br />

formou uma comissão para investigar<br />

o caso. Antes <strong>da</strong>s balsas, em<br />

dezembro de 2009, a TWB alugou o<br />

ferry Ivete Sangalo para uma festa.<br />

“Todos que governaram<br />

permitiram que a<br />

socie<strong>da</strong>de se amontoasse<br />

de forma desordena<strong>da</strong>”<br />

Presidente Lula, ao falar sobre a gravi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> tragédia em Angra dos Reis, onde uma avalanche<br />

aconteceu<br />

de terra causou a morte de pelo menos 52 pessoas aconteceu@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

mortos pode passar de 100 mil; já a<br />

Cruz Vermelha especula em torno<br />

de 50 mil óbitos. Entre as vítimas<br />

já confirma<strong>da</strong>s, a coordenadora <strong>da</strong><br />

Pastoral <strong>da</strong> Criança, Zil<strong>da</strong> Arns (veja<br />

Obituário) e 14 militares brasileiros.<br />

Em três dias, o total de doações prometi<strong>da</strong>s<br />

por governos e instituições<br />

chegou a US$ 350 milhões, superando<br />

um terço do orçamento do Haiti.<br />

Arru<strong>da</strong> controla a CPI do DEMsalão<br />

O presidente e o relator <strong>da</strong> CPI<br />

instala<strong>da</strong> no dia 11/1 para investigar<br />

o escân<strong>da</strong>lo do DEMsalão foram secretários<br />

do governador do Distrito<br />

Federal, José Roberto Arru<strong>da</strong> (sem<br />

partido), acusado de liderar o esquema<br />

de corrupção. Alírio Neto (PPS),<br />

presidente <strong>da</strong> CPI, foi secretário de<br />

Justiça até o mês passado, quando<br />

o seu partido decidiu abandonar<br />

a base de apoio de Arru<strong>da</strong>. A relatoria<br />

ficou com Raimundo Ribeiro<br />

(PSDB), que também foi secretário<br />

de Justiça de Arru<strong>da</strong>, alvo de investigação<br />

no Superior Tribunal de<br />

Justiça (STJ), que autorizou a que-<br />

bra dos sigilos bancário<br />

e fiscal dele e de<br />

mais sete envolvidos<br />

no DEMsalão. Arru<strong>da</strong><br />

garantiu maioria nas<br />

três comissões que decidirão o seu<br />

destino nos próximos meses na Câmara<br />

Legislativa. O deputado dis-<br />

STJ autorizou<br />

quebra dos<br />

sigilos fiscal<br />

e bancário<br />

trital Paulo Tadeu (PT), único representante<br />

<strong>da</strong> oposição no colegiado,<br />

quis aprovar dois requerimentos de<br />

sua autoria, mas não teve apoio. O<br />

primeiro reivindicava<br />

o depoimento do<br />

ex-secretário de Relações<br />

Institucionais,<br />

Durval Barbosa, autor<br />

de dezenas de vídeos anexados ao<br />

inquérito que mostram deputados<br />

distritais recebendo propina.<br />

Terra treme no<br />

Nordeste do País<br />

Um tremor de terra foi registrado<br />

no Rio Grande do Norte, às<br />

14h do dia 11/1, e teve reflexos em<br />

Pernambuco, Ceará e Paraíba. Informações<br />

preliminares do laboratório<br />

sismológico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

Federal do Rio Grande do Norte<br />

indicam que a magnitude atingiu<br />

3,8° na Escala Richter. O tremor<br />

foi sentido em um raio de 300 km<br />

do epicentro e atingiu ci<strong>da</strong>des dos<br />

estados vizinhos. De acordo com<br />

a Secretaria de Defesa Social de<br />

Natal, não houve registros de pedidos<br />

de socorro ou comunicação de<br />

imóveis <strong>da</strong>nificados após o tremor.<br />

Bandeira branca<br />

Sem consenso em torno do 3º<br />

Plano Nacional de Direitos Humanos,<br />

o presidente Lula assinou, no<br />

dia 13/1, um decreto instituindo um<br />

grupo de trabalho para elaboração<br />

do anteprojeto que criará a Comissão<br />

Nacional <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de. A decisão foi<br />

toma<strong>da</strong> após Lula se reunir com os<br />

ministros Nelson Jobim (Defesa) e<br />

Paulo Vanucchi (Direitos Humanos),<br />

que estão em rota de colisão devido<br />

ao Plano Nacional. Nesse novo decreto,<br />

construído de forma consensual,<br />

a expressão “violação dos direitos<br />

humanos” não está acompanha<strong>da</strong> do<br />

texto “no contexto <strong>da</strong> repressão <strong>política</strong>”,<br />

que constava do decreto que<br />

criou o Plano Nacional e gerou polêmica<br />

entre os coman<strong>da</strong>ntes militares,<br />

que ameaçaram até deixar o governo.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 3<br />

JORGE CRUZ/AE


Pânico em Salvador<br />

Escala<strong>da</strong> <strong>da</strong> violência em Salvador atinge tanto a periferia quanto os bairros de classe média <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

CÂMERAS, CERCAS ELÉ-<br />

TRICAS, grades e condomínios<br />

fechados. Tudo parece oferecer<br />

segurança e “blin<strong>da</strong>r” quem pode<br />

pagar para evitar que a violência<br />

que impera nas ruas bata à sua<br />

porta. Mas a ilusão acaba quando<br />

é preciso sair de casa e enfrentar a<br />

reali<strong>da</strong>de de Salvador. Engana-se<br />

quem pensa que a criminali<strong>da</strong>de<br />

atinge apenas a periferia ou o subúrbio<br />

<strong>da</strong> terceira maior capital<br />

do País – os bairros <strong>da</strong> classe média<br />

parecem ain<strong>da</strong> mais vulneráveis<br />

quando o assunto é violência.<br />

Poucos ou nenhum módulo<br />

policial, a falsa sensação de segurança<br />

dos moradores desprevenidos<br />

e a certeza de lucro garantido<br />

no final <strong>da</strong> “operação” são<br />

os principais fatores que atraem<br />

os bandidos às zonas abasta<strong>da</strong>s.<br />

Enquanto na periferia, na maioria<br />

<strong>da</strong>s vezes, a violência está relaciona<strong>da</strong><br />

ao tráfico ou ao consumo de<br />

drogas, nos bairros <strong>da</strong> classe média<br />

o problema reside no poder<br />

aquisitivo dos moradores, que<br />

se tornam alvos fáceis e desejados<br />

– na pior <strong>da</strong>s hipóteses, terão<br />

um celular para nutrir a “féria” <strong>da</strong><br />

bandi<strong>da</strong>gem. “É a espacialização<br />

<strong>da</strong> violência. Nos bairros <strong>da</strong> classe<br />

média, ela está liga<strong>da</strong> à ques-<br />

4<br />

polícia policia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Florence Perez<br />

florence.perez@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

por que prestar queixa<br />

tão patrimonial, e matar não é o<br />

primeiro objetivo. Por isso, esses<br />

bairros continuarão sendo atraentes<br />

para a criminali<strong>da</strong>de. Na<br />

periferia, as brigas e mortes são<br />

o primeiro objetivo, sejam causa<strong>da</strong>s<br />

pela polícia ou por membros<br />

<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de”, explica a coordenadora<br />

do Movimento Estado<br />

de Paz e membro do Conselho<br />

Nacional de Segurança Pública,<br />

Suzana Varjão<br />

Violência nos<br />

bairros <strong>da</strong> classe<br />

média tende<br />

a aumentar<br />

Ela ressalta que a violência<br />

nos bairros “nobres” tende a crescer<br />

se o governo não promover<br />

ações preventivas. “Não há eficiência<br />

na repressão, que só visa<br />

matar pessoas, e não há interação<br />

entre os setores administrativos<br />

do Estado. To<strong>da</strong> secretaria está<br />

liga<strong>da</strong> à segurança pública. É<br />

preciso criar <strong>política</strong>s em to<strong>da</strong>s as<br />

esferas – saúde, educação, infraestrutura<br />

–, com foco em segurança,<br />

ou tudo será em vão”, defende.<br />

O <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> colheu<br />

depoimentos “de arrepiar” entre<br />

as vítimas <strong>da</strong> violência na classe<br />

média. Confira os principais.<br />

A informação é a matéria-prima <strong>da</strong> polícia, e os detalhes,<br />

como os locais e a forma de agir dos bandidos, são<br />

fun<strong>da</strong>mentais para garantir uma ação mais precisa.<br />

As denúncias se transformam em estatísticas,<br />

permitindo que os governantes possam montar<br />

estratégias para o setor de segurança.<br />

SXC<br />

Execução em Narandiba<br />

Um homem foi morto a tiros no dia 12/1, no bairro<br />

de Narandiba. De acordo com a polícia, Alan Lima de<br />

Souza, 24, foi atingido por dez tiros disparados por<br />

homens que passaram em um carro e uma moto.<br />

os números <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong>de<br />

Eterno otimismo<br />

DIVULGAÇÃO<br />

MONTAGEM SOBRE FOTO SXC<br />

Duro na que<strong>da</strong><br />

Um pedestre foi atropelado por um ônibus <strong>da</strong> empresa<br />

Rio Vermelho, às 15h do dia 12/1. Segundo a Transalvador,<br />

o acidente aconteceu próximo à entra<strong>da</strong> do Detran, na<br />

Av. ACM, e a vítima não quis ser leva<strong>da</strong> para o hospital.<br />

Mesmo com os números alarmantes,<br />

a Polícia Militar insiste em<br />

acreditar que as <strong>política</strong>s de segurança<br />

pública estão funcionando.<br />

“Há uma necessi<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nça<br />

de modelo e, por isso, desativamos<br />

alguns módulos policiais. O projeto<br />

Ron<strong>da</strong> nos Bairros tem objetivo de<br />

atender mais rapi<strong>da</strong>mente a comuni<strong>da</strong>de<br />

e promover mais interativi<strong>da</strong>de<br />

entre a PM e a socie<strong>da</strong>de civil.<br />

Mas o serviço está em desenvolvimento<br />

e não a pleno vapor. Por isso,<br />

os números <strong>da</strong> violência têm diminuído,<br />

mas ain<strong>da</strong> são altos. Enquanto<br />

não houver mais interativi<strong>da</strong>de e<br />

também não for resolvido o proble-<br />

ma social, a violência continuará.<br />

Estamos trabalhando para sanear<br />

isso”, disse o coronel Gondim.<br />

Mas, para Suzana Varjão (foto),<br />

a recente implantação do sistema<br />

não é desculpa para seu mau funcionamento.<br />

“O sistema de módulos<br />

está obsoleto. Quanto maior a mobili<strong>da</strong>de,<br />

melhor, e por isso a ideia<br />

<strong>da</strong> Ron<strong>da</strong> está correta. O problema<br />

é que não funciona como deveria,<br />

pois há falhas de comunicação entre<br />

a socie<strong>da</strong>de e a polícia. As pessoas<br />

não conhecem os números <strong>da</strong><br />

Ron<strong>da</strong>. Dizer que o sistema ain<strong>da</strong><br />

é novo não justifica na<strong>da</strong>. Ou mu<strong>da</strong><br />

para melhor ou não mu<strong>da</strong>”, afirma.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


Corpo no lixo<br />

Populares encontraram o corpo de uma mulher<br />

dentro de uma lata de lixo no dia 13/1, na Estra<strong>da</strong> do<br />

CIA. A vítima estava nua e com as pernas para fora <strong>da</strong><br />

lata. A polícia ain<strong>da</strong> investiga o caso.<br />

Flagrante na Vasco <strong>da</strong> Gama<br />

Dois homens foram presos, dia 11/1, na Aveni<strong>da</strong> Vasco <strong>da</strong><br />

Gama, com cerca de 17 kg de maconha, além de munição<br />

para pistolas. Segundo a polícia, eles foram parados para<br />

uma abor<strong>da</strong>gem de rotina.<br />

Bala perdi<strong>da</strong> no Réveillon Enchanté<br />

polícia<br />

policia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Mesmo custando entre R$ 130 e R$ 8 mil, as festas de Réveillon não são mais tão seguras quanto a maior parte <strong>da</strong>s pessoas<br />

supõe. No dia 1º/1, durante a queima de fogos do Réveillon Enchanté, no Clube Espanhol, na Barra, a pe<strong>da</strong>goga Nara Silva Magalhães,<br />

37, foi alveja<strong>da</strong> por um disparo de arma de fogo. O projétil atingiu o lado esquerdo do tórax de Nara, mas não precisou<br />

ser retirado, conforme avaliação médica realiza<strong>da</strong> no Hospital Geral do Estado e no Hospital Santa Izabel. Até então, não se<br />

sabem motivação e autoria, mas a suspeita é que Nara tenha sido vítima de uma bala perdi<strong>da</strong>. A pe<strong>da</strong>goga estava ao lado do<br />

palco no momento em que recebeu o tiro e só percebeu o ferimento durante a queima de fogos. O disparo, segundo a polícia,<br />

veio do alto, reforçando a hipótese de que tenha partido <strong>da</strong> área externa do Clube Espanhol.<br />

‘Morro de medo’<br />

Ilustrações Bruno Marcello<br />

Em Morro de São Paulo, um dos mais caros pontos turísticos<br />

<strong>da</strong> Bahia, apenas 36 policiais estavam de plantão para<br />

garantir a segurança de 10 mil pessoas no Réveillon. Ou seja,<br />

havia um policial para cerca de 278 visitantes. Na noite do<br />

dia 1°/1, um grupo de nove pessoas hospe<strong>da</strong><strong>da</strong>s em uma casa<br />

na 4ª Praia foi feito refém. Enquanto dois homens encapuzados<br />

levavam todos os pertences, o grupo ficou durante duas<br />

horas preso em uma barraca de camping, onde só cabiam<br />

duas pessoas. Os assaltantes levaram celulares, máquinas<br />

fotográficas, cerca de R$ 2 mil, óculos escuros, além de roupas<br />

e malas. O analista de sistemas Marcílio Bastos, 34,<br />

disse que, depois do episódio, não quer mais voltar a Morro.<br />

“Perdeu o encanto para mim. Estou traumatizado. Sempre<br />

havia comentários lá sobre assaltos frequentes, mas eu não<br />

imaginava que pudesse encontrar tanta violência em um lugar<br />

como Morro”, relata. Após registrar queixa, Marcílio soube<br />

que houve ação semelhante no Réveillon passado.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 5


6<br />

polícia policia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Roubo e agressão<br />

Há um mês, a comerciante Linde Oliveira Santos, 29, precisou<br />

tomar um ônibus para buscar o filho, que estu<strong>da</strong> na Aveni<strong>da</strong><br />

Paralela. Quando desceu em um ponto próximo à Facul<strong>da</strong>de<br />

Jorge Amado, dois homens a abor<strong>da</strong>ram agressivamente.<br />

“Eu estava usando uma pequena corrente. Como era muito<br />

fininha, acho que o brilho do pingente chamou a atenção deles,<br />

que aparentemente também estavam esperando um ônibus.<br />

Mal desci do veículo e eles me agarraram pelo pescoço,<br />

puxando fortemente a corrente. Eu pedia calma e eles xingavam.<br />

Depois de me machucarem muito, conseguiram arrancar<br />

a corrente”, relata. Após o roubo, um dos homens colocou<br />

a joia na boca e os dois saíram tranquilamente em direção ao<br />

Shopping Paralela. Linde revela que já foi assalta<strong>da</strong> diversas<br />

vezes e hoje tem receio de sair de casa. “Comprei um celular<br />

simples para não chamar atenção de ladrões e não saio mais<br />

com joias. É muito assustador viver assim”, constata.<br />

Carro invadido<br />

Bando mata jovens<br />

Acompanhado de um amigo, o estu<strong>da</strong>nte Jackson Bonfim<br />

Pereira, 17, ouvia música na porta de casa, no subúrbio<br />

ferroviário, quando foi surpreendido por oito homens<br />

encapuzados, que dispararam 20 tiros contra os garotos.<br />

PM responderá por crime<br />

O tenente PM Fagner Castro Santos foi denunciado,<br />

no dia 12/1, pela morte do perito-técnico <strong>da</strong> Polícia<br />

Civil Hilton Martins Rivas, ocorri<strong>da</strong> no dia 29/6, na<br />

Praça do Santo Antônio Além do Carmo.<br />

A contadora Gabriela Chagas, 37, estava com o carro parado em um engarrafamento em frente à Ceasa do Rio Vermelho. Ela<br />

deixou a bolsa entre o seu banco e o do carona, mantendo os vidros fechados – procedimentos de segurança comuns. Mas na<strong>da</strong> disso<br />

impediu que o pior acontecesse. “Quando olhei pelo retrovisor, vi um garoto perto de um Hon<strong>da</strong> Civic que estava atrás do meu carro,<br />

e outro estava ao meu lado. De repente, ouvi um estrondo muito forte. Ele havia quebrado o vidro traseiro do carro com uma pedra.<br />

Depois, entrou no carro e pegou minha bolsa rapi<strong>da</strong>mente. Não tive reação. Fiquei completamente paralisa<strong>da</strong>”, narra. A contadora<br />

prestou queixa na delegacia de Amaralina e descobriu que seu caso não era o único. “Soube que frequentemente aconteciam roubos<br />

semelhantes na mesma região e que tinham pedido reforço policial para a área, mas que na<strong>da</strong> tinha sido resolvido”, afirma.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


Menor estuprador<br />

Um adolescente de 16 anos foi apreendido na zona<br />

rural do município de Piatã, sudeste do Estado, sob<br />

a acusação de ter estuprado e assassinado a prima,<br />

Grazieli dos Santos, 9, no dia 10/1.<br />

Veículo tomado de assalto<br />

Casas arromba<strong>da</strong>s<br />

Há dois meses, o módulo policial do bairro do<br />

Caminho <strong>da</strong>s Árvores foi desativado. A partir<br />

<strong>da</strong>í, segundo a advoga<strong>da</strong> Adriana Vinhas, 34,<br />

casas começaram a ser arromba<strong>da</strong>s na região.<br />

“Nas alame<strong>da</strong>s Algarobas e Mulungus, quatro<br />

foram invadi<strong>da</strong>s. Os roubos aconteciam aos domingos<br />

à tarde, quando as famílias almoçam<br />

fora. Quando retornei de um desses almoços,<br />

percebi que tinham levado um computador, o<br />

aparelho de DVD, perfumes, relógios, dentre outros<br />

objetos. Foi um susto. Estamos totalmente<br />

inseguros e nos cercando em casa. Colocamos<br />

cerca elétrica e gradeamos as janelas. Não me<br />

sinto mais segura. As pessoas que moram por<br />

aqui e costumavam caminhar na praça em frente<br />

agora evitam o passeio. A ci<strong>da</strong>de está caótica<br />

e não há mais lugar seguro”, desabafa.<br />

A caminho do enterro<br />

Dezenove pessoas ficaram feri<strong>da</strong>s num acidente<br />

entre um ônibus e um caminhão, dia 12/1, na BR-324,<br />

próximo ao posto fiscal de Candeias. O grupo fretou<br />

o ônibus para um enterro na ci<strong>da</strong>de de Castro Alves.<br />

polícia<br />

policia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

“Apesar de ser um bairro de classe média-alta, não me sinto seguro no Horto Florestal. A via de acesso aos prédios é extremamente<br />

deserta e sem proteção policial”. O relato é do estu<strong>da</strong>nte Marcelo Aguiar (nome fictício), 24, que teve o carro roubado há três anos perto<br />

de um condomínio luxuoso no bairro. “Estava com minha irmã e meu cunhado indo buscar uma amiga. Chegamos ao Horto por volta <strong>da</strong>s<br />

22h. Como o segurança não me deixou entrar, fiquei em frente ao prédio por cerca de cinco minutos. Foi quando passou um carro subindo<br />

a rua. Logo depois, ele deu meia volta e parou em nossa direção. Desceram quatro homens armados e nos renderam. Pediram meu relógio<br />

e a chave do carro. Pareciam estar com pressa. Foram minutos apavorantes. Eles poderiam nos matar ali mesmo e ninguém faria na<strong>da</strong>”,<br />

relembra. Alguns meses depois, o carro de Marcelo foi encontrado, e a polícia descobriu que os assaltantes estavam fugindo.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 7


8<br />

polícia policia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Sequestro relâmpago<br />

SXC<br />

Drogado mata a mãe<br />

O usuário de drogas Eduardo Ferreira Carlos matou<br />

a própria mãe, Julieta Ferreira Carlos, 70, com um<br />

golpe de faca no pescoço, e depois se matou. O crime<br />

aconteceu na casa <strong>da</strong> família, na Liber<strong>da</strong>de.<br />

Campanha depõe<br />

O traficante Cláudio Campanha depôs, no dia 11/1, na<br />

2ª Vara de Tóxicos de Salvador. Ele é acusado liderar<br />

uma <strong>da</strong>s principais quadrilhas de tráfico do Estado de<br />

dentro <strong>da</strong>s cadeias baianas.<br />

Saidinha bancária<br />

Há dois meses, o advogado Caio Bastos (nome<br />

fictício), 35, caiu no golpe <strong>da</strong> saidinha bancária.<br />

Ao entrar no setor prime do Bradesco do Rio Vermelho,<br />

o advogado sacou R$ 16 mil. Ao sair, não<br />

percebeu que dois bandidos em uma moto estavam<br />

à espreita. “Segui para meu escritório tranquilamente.<br />

O dinheiro pagaria umas despesas<br />

com a reforma que eu estava fazendo em meu<br />

apartamento. Quando entrei na garagem do prédio<br />

comercial, na Tancredo Neves, onde trabalho,<br />

dois homens me abor<strong>da</strong>ram violentamente. Eles<br />

ameaçaram me matar se eu não entregasse o envelope.<br />

Após entregar o dinheiro, eles saíram rapi<strong>da</strong>mente”,<br />

relata. Caio conta que os assaltantes<br />

não tiveram dificul<strong>da</strong>de em entrar na garagem do<br />

prédio e nem precisaram pegar o tíquete de entra<strong>da</strong>.<br />

“Invadiram o prédio e ninguém notou”, afirma.<br />

Às 2h de uma manhã, o publicitário Mateus Medeiros, 26, estava saindo <strong>da</strong> casa de uma amiga, no condomínio Pituba Ville,<br />

quando seu carro foi abor<strong>da</strong>do por dois motoqueiros. “Faz três anos, mas me lembro bem do fato. Como eles estavam armados,<br />

tive medo de reagir e, por isso, encostei o carro”, conta. Os bandidos colocaram Mateus no porta-malas do veículo e o levaram<br />

a um caixa eletrônico. “Como eu havia esquecido meu cartão de débito em casa, eles ficaram muito irritados e me agrediram<br />

verbalmente. Depois, mu<strong>da</strong>ram de planos e ligaram para meus pais para pedir um resgate. Como meu pai não cedeu de primeira<br />

e ameaçou chamar a polícia, eles desistiram. Acho que não estavam preparados para esse tipo de sequestro”, relata. Mateus<br />

foi liberado do “cativeiro” 20 horas após ser abor<strong>da</strong>do pelos bandidos e teve roubados o carro, uma bolsa e roupas.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


Em busca <strong>da</strong> paz de Oxalá<br />

Oxalá, ou Senhor do Bonfim, rege 2010, de acordo com<br />

o candomblé. Acreditando ou não, baianos e turistas<br />

que subiram a Colina Sagra<strong>da</strong> consideraram a festa<br />

mais pacífica e organiza<strong>da</strong>.<br />

Promessa de cornos<br />

O açougueiro Ademário dos Santos usava dois grandes<br />

chifres enquanto subia a Colina: “Eu estava quase morrendo<br />

e prometi, se vivesse, matar um boi, arrancar o chifre e<br />

trazer”. E a cerveja na mão? “Para me <strong>da</strong>r forças para subir”.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 9<br />

GERALDO MELO<br />

<strong>política</strong><br />

Teve jegue na lavagem<br />

Equinos participaram normalmente <strong>da</strong> festa do Bonfim, que transcorreu em clima de tranquili<strong>da</strong>de<br />

MAIS ENFEITADOS<br />

do que “jegue em Lavagem<br />

do Bonfim”, como<br />

reza o dito popular, os<br />

equinos participaram normalmente<br />

<strong>da</strong> festa este<br />

ano, para desespero dos<br />

ecochatos e alívio dos radicais<br />

defensores <strong>da</strong>s tradições<br />

culturais <strong>da</strong> Bahia.<br />

Se houve a fiscalização<br />

determina<strong>da</strong> pela Justiça,<br />

para evitar maus-tratos<br />

aos animais,<br />

ficou difícil<br />

descobrir – afinal,<br />

nenhum<br />

preposto <strong>da</strong><br />

Prefeitura usaria uma camiseta<br />

com os dizeres:<br />

“Fiscal de jegue”.<br />

Mas, por via <strong>da</strong>s dúvi<strong>da</strong>s,<br />

houve gente que achou<br />

jeito de burlar qualquer fiscalização<br />

que, porventura,<br />

ocorresse. O Grupo <strong>da</strong>s<br />

Burrinhas, por exemplo,<br />

adotou uma estratégia interessante.<br />

“Aqui não tem<br />

jeito para o Ministério nos<br />

multar”, afirmou Bel Rocha,<br />

uma <strong>da</strong>s “jeguinhas”,<br />

que, há dez anos, se veste<br />

Padre Edson<br />

lembrou os<br />

mortos no Haiti<br />

e pediu paz<br />

para aproveitar a festa e<br />

homenagear os animaissímbolo<br />

<strong>da</strong> lavagem.<br />

Polêmicas risíveis à<br />

parte, a tranquili<strong>da</strong>de<br />

marcou as homenagens<br />

ao Senhor do Bonfim. No<br />

ponto alto <strong>da</strong> festa, pouco<br />

antes <strong>da</strong> lavagem <strong>da</strong>s<br />

esca<strong>da</strong>rias, padre Edson<br />

Menezes apareceu na saca<strong>da</strong><br />

para abençoar os fiéis,<br />

lembrando a tragédia<br />

do Haiti e a<br />

violência. Ele<br />

soltou uma<br />

pomba branca<br />

para simbolizar<br />

a paz.<br />

Como reza a tradição,<br />

sagrado e profano an<strong>da</strong>ram<br />

juntos. O cabeleireiro<br />

Valdir Paulo, por exemplo,<br />

fez tudo para não desagra<strong>da</strong>r<br />

ao santo, sem deixar<br />

de se divertir: “Primeiro,<br />

acompanho o trajeto e<br />

rezo; depois, tomo minha<br />

latinha, aí Ele me perdoa”.<br />

Participaram <strong>da</strong> cobertura <strong>da</strong><br />

Lavagem do Bonfim as repórteres<br />

Carolina Garcia, Florence Perez,<br />

Laís Buri e Larissa Oliveira.


10<br />

<strong>política</strong><br />

politica@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

“Aqui não é o momento para<br />

fazer campanha. O 2 de Julho,<br />

sim, é um festejo mais oportuno”<br />

Governador Jaques Wagner<br />

Violência domina debate<br />

Tendo as eleições como pano de fundo, conversas sobre segurança pública foram prioriza<strong>da</strong>s na Lavagem do Bonfim<br />

TRADICIONAL “TERMÔ-<br />

METRO político”, a Lavagem<br />

do Bonfim deste ano deixou em<br />

segundo plano as eleições de outubro<br />

e trouxe outro tema à tona:<br />

a falta de segurança pública. Nem<br />

políticos nem imprensa falaram<br />

sobre a disputa para o governo<br />

do Estado ou alianças <strong>política</strong>s – a<br />

violência crescente praticamente<br />

monopolizou declarações, críticas<br />

e “alfineta<strong>da</strong>s”. Os alvos foram o<br />

governador Jaques Wagner (PT) e<br />

o secretário <strong>da</strong> Segurança, César<br />

Nunes, que insistem no discurso<br />

de que os índices “estão caindo”.<br />

Para apimentar ain<strong>da</strong> mais<br />

o clima, rompendo a tradição,<br />

Wagner manteve-se afastado <strong>da</strong><br />

cerimônia de abertura e seguiu<br />

em total discrição para a comitiva<br />

do PT, no início do desfile.<br />

Outra questão polêmica foi a politização<br />

excessiva <strong>da</strong> festa. Com<br />

a maior comitiva do cortejo, com<br />

estimados quatro mil militantes,<br />

e pela primeira vez desfilando<br />

em trincheira oposta ao PT, os<br />

peemedebistas condenaram a<br />

transformação <strong>da</strong> lavagem, principal<br />

festa do calendário religioso<br />

de Salvador, em disputa <strong>política</strong>.<br />

O prefeito João Henrique Carneiro<br />

(PMDB) chegou a acusar partidos<br />

de pagarem pessoas para<br />

fazer “claque” contra e a favor: “A<br />

<strong>política</strong> faz parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, mas sou<br />

terminantemente contra aqueles<br />

que apequenam a lavagem pagando<br />

para pessoas vaiarem os<br />

políticos”. Já o deputado federal<br />

ACM Neto (DEM) acha “inevitável<br />

reconhecer que a Lavagem do<br />

Bonfim é o ponto de parti<strong>da</strong> para<br />

o calendário político”.<br />

No entanto, em pleno ano eleitoral,<br />

o tema foi pouco discutido<br />

pela multidão que subiu a Colina<br />

Sagra<strong>da</strong>. Com maior participação<br />

popular que em 2009, a lavagem<br />

deste ano não registrou vaias significativas,<br />

cartazes de protesto<br />

ou manifestações de apoio a políticos.<br />

Baianos e turistas, devotos<br />

ou não do Senhor do Bonfim, preferiram<br />

apenas aproveitar a festa.<br />

FOTOS ULISSES DUMAS<br />

Wagner: ‘Este Bonfim é voltado ao povo do Haiti’<br />

Com uma chega<strong>da</strong> discreta, o governador Jaques Wagner (PT) e a comitiva do PT abriram o cortejo<br />

<strong>da</strong> Lavagem do Bonfim. No grupo petista, marcaram presença a primeira-<strong>da</strong>ma, Fátima Mendonça, o<br />

ex-senador Waldir Pires, além dos secretários de Cultura, Márcio Meireles, de Justiça, Nelson Pelegrino,<br />

e <strong>da</strong> Segurança, César Nunes. Mesmo em meio à crescente on<strong>da</strong> de criminali<strong>da</strong>de que o Estado<br />

enfrenta, o governador preferiu dedicar a Lavagem do Bonfim aos haitianos, vítimas de um trágico<br />

terremoto: “Este Bonfim é voltado ao povo do Haiti”.<br />

Defesa <strong>da</strong> paz é a bandeira do PMDB<br />

A defesa <strong>da</strong> paz foi a bandeira levanta<strong>da</strong> pelo PMDB. Com faixas, cartazes e o Bloco <strong>da</strong> Paz, a imensa<br />

comitiva fazia barulho por onde passava, com tambores e fogos de artifício. Ao longo do desfile, os peemedebistas<br />

não pouparam críticas à segurança pública. “A Prefeitura não tem responsabili<strong>da</strong>de direta<br />

pela segurança, mas seremos parceiros e faremos nossa parte com a campanha Verão <strong>da</strong> Paz”, ressaltou<br />

o prefeito João Henrique. Já o presidente regional do PMDB, Lúcio Vieira Lima, que caminhou ao lado<br />

do irmão, o ministro <strong>da</strong> Integração, Geddel Vieira Lima, disse que a falta de segurança é só um reflexo<br />

<strong>da</strong>s inúmeras falhas do governo Wagner: “O ponto fraco deste governo é ele mesmo. Esta administração<br />

vem apresentando falhas em todos os setores, e a falta de segurança é só mais um lamentável erro”.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


“Segurança pública tem que ser priori<strong>da</strong>de e é<br />

uma questão que precisa ser discuti<strong>da</strong> com acui<br />

<strong>da</strong>de porque, sem segurança, o turista não vem”<br />

Paulo Souto, presidente do DEM na Bahia<br />

FOTOS ULISSES DUMAS<br />

PR ‘independente’ sai perto do DEM<br />

Apesar de chegarem juntos à concentração do DEM/PSDB na Conceição<br />

<strong>da</strong> Praia, o senador César Borges (PR) e o deputado federal ACM Neto<br />

(DEM) não desfilaram no mesmo grupo. A comitiva do PR seguiu o cortejo<br />

um pouco à frente <strong>da</strong> comitiva do DEM, capitanea<strong>da</strong> pelo presidente regional<br />

do partido, Paulo Souto, o que, segundo Borges, significou “colocar o PR<br />

em posição de independência”: “Me sinto confortável. O governador tem<br />

me procurado, mas isso não significa que há uma aliança ou não. É tempo<br />

de conversas, vamos esperar passar o Carnaval”, disse. Mais um banho de<br />

água fria em quem esperava que o senador saísse de cima do muro.<br />

Modesta comitiva do PV dividido<br />

A pequeníssima comitiva do PV, forma<strong>da</strong> pelo pré-candi<strong>da</strong>to ao governo<br />

do Estado, o deputado federal Luiz Bassuma, o pré-candi<strong>da</strong>to ao<br />

Senado, deputado federal Edson Duarte, e poucos gatos-pingados, passou<br />

despercebi<strong>da</strong> pelo cortejo. Apesar disso, Bassuma se mostrou otimista:<br />

“Tenho convicção em uma campanha vitoriosa e na nossa i<strong>da</strong> para o segundo<br />

turno”. Mas o tom subiu após o deputado comprovar a presença<br />

do secretário do Meio Ambiente, Juliano Matos, no cortejo do PT, usando<br />

uma camisa do governo por cima e outra do PV por baixo. O partido rompeu<br />

com Wagner. Por isso, Bassuma e Duarte prometem ingressar hoje<br />

com uma representação disciplinar contra Matos.<br />

PMDB e Lula<br />

juntos nas faixas<br />

Durante o cortejo, foram vistas<br />

faixas com dizeres que uniam<br />

o presidente Lula ao PMDB nas<br />

eleições de outubro. Em uma<br />

delas, lia-se: “Lula e PMDB. Trabalho<br />

para o bem <strong>da</strong> Bahia”. O<br />

governador Jaques Wagner (PT),<br />

amigo do presidente há 30 anos,<br />

não gostou muito.<br />

Pelegrino<br />

alfineta...<br />

O secretário de Justiça, Nelson<br />

Pelegrino, aproveitou a lavagem para<br />

declarar que a candi<strong>da</strong>tura ao governo<br />

do deputado federal Luiz Bassuma<br />

(PV), é apenas “espiritual”. “An<strong>da</strong>m comentando<br />

que ele recebeu uma carta<br />

de JK que dizia que ele é predestinado,<br />

mas JK, pelo visto, não fixou qual<br />

era o pleito”, contou aos risos. Bassuma<br />

é conhecido por ser fiel praticante<br />

<strong>da</strong> doutrina espírita.<br />

‘Papagaio de<br />

pirata’<br />

Outro político que marcou presença<br />

na lavagem, como sempre<br />

ao lado do ministro <strong>da</strong> Integração,<br />

Geddel Vieira Lima – ou melhor,<br />

gru<strong>da</strong>do nele –, foi o deputado estadual<br />

Arthur Maia (PMDB). Ao que<br />

parece, o “papagaio de pirata” teme<br />

quebrar o ritual e não ter sorte pelo<br />

resto do ano.<br />

<strong>política</strong><br />

politica@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

JH mantém ‘tradição’<br />

Para não quebrar a “tradição”, o prefeito João Henrique não chegou<br />

ao fim do desfile, mais uma vez passando mal e saindo na metade do percurso.<br />

Mas, segundo sua assessoria de imprensa, ele tinha um “compromisso”.<br />

O que será que João Henrique pode ter marcado no dia <strong>da</strong> mais<br />

importante festa popular <strong>da</strong> Bahia?<br />

Democratas otimistas<br />

O monocórdio discurso de César Borges sobre sua suposta indefinição<br />

quanto às alianças do PR na Bahia não encontra eco nos políticos do<br />

DEM. O ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo demonstra confiança:<br />

“Acredito que sai”. Paulo Souto também mantém-se otimista: “Devemos<br />

definir os partidos que vão compor a aliança em abril ou maio, mas<br />

este não vai ser um problema”.<br />

‘Falta do que fazer’<br />

A quase proibição dos equinos no cortejo do Bonfim foi comenta<strong>da</strong><br />

pelos políticos do DEM. O deputado ACM Neto disse que “a festa é do<br />

povo, e o povo tem que fazer o que quiser”. Já o deputado estadual João<br />

Carlos Bacelar (PTN) disparou: “Eu acho que a tentativa de proibir os equinos<br />

na Lavagem do Bonfim é falta do que fazer do Ministério Público!”<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 11<br />

GERALDO MELO


12<br />

<strong>política</strong><br />

politica@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Salve-se quem puder<br />

A Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, carece de salvavi<strong>da</strong>s.<br />

A prefeita Moema Gramacho deveria <strong>da</strong>r atenção<br />

especial à locali<strong>da</strong>de. Nem as belezas naturais compensam<br />

a negligência, que põe em risco a vi<strong>da</strong> de baianos e turistas.<br />

Farra indenizatória<br />

No apagar <strong>da</strong>s luzes de um ano recheado de irregulari<strong>da</strong>des, deputados reajustam a própria verba em 95%<br />

EM UM 2009 RECHEADO<br />

de irregulari<strong>da</strong>des, como a farra<br />

<strong>da</strong>s passagens aéreas e licitações<br />

suspeitas, os parlamentares <strong>da</strong><br />

Assembleia Legislativa <strong>da</strong> Bahia<br />

decidiram, no apagar <strong>da</strong>s luzes,<br />

aumentar em 95% as próprias<br />

verbas indenizatórias, de R$ 15<br />

mil para R$ 29.259,38, para ca<strong>da</strong><br />

deputado. O reajuste, aprovado<br />

por acordo entre as banca<strong>da</strong>s<br />

no dia 29/12, última<br />

sessão do ano, consumirá<br />

mais R$ 10,8<br />

milhões de dinheiro<br />

público ao ano – um<br />

reforço de caixa mais do que comemorado<br />

entre os deputados,<br />

que disputarão as eleições de<br />

outubro.<br />

A desculpa dos parlamentares<br />

para aumentar os próprios<br />

benefícios foi a equiparação<br />

ao que é pago aos deputados<br />

federais baianos em Brasília,<br />

Equiparação<br />

exclui gastos<br />

com diárias e<br />

combustível<br />

conforme resolução aprova<strong>da</strong><br />

em 2006 na Assembleia. Em<br />

julho do ano passado, a Câmara<br />

de Deputados criou a Cota<br />

Única para o Exercício <strong>da</strong> Ativi<strong>da</strong>de<br />

Parlamentar, reunindo na<br />

verba indenizatória as cotas de<br />

passagens aéreas, combustível,<br />

diárias, postal e telefônica.<br />

Na Bahia, entretanto, apesar<br />

<strong>da</strong> equiparação do valor <strong>da</strong><br />

verba indenizatória,<br />

“penduricalhos”<br />

como três mil litros<br />

de combustível e<br />

R$ 4,8 mil em diárias<br />

continuam existindo distintamente,<br />

gerando despesas extras<br />

ao erário público. Na prática, o<br />

Legislativo baiano equiparou<br />

sua verba indenizatória com a<br />

dos deputados federais baianos,<br />

mas preferiu manter parte<br />

dos antigos benefícios, extintos<br />

no Congresso Nacional.<br />

As explicações de Nilo<br />

O presidente <strong>da</strong> Assembleia,<br />

Marcelo Nilo (PDT), explica que o<br />

auxílio-combustível não foi incorporado<br />

porque, diferentemente dos<br />

deputados federais, os parlamentares<br />

baianos precisam do benefício,<br />

já que grande parte <strong>da</strong>s bases<br />

eleitorais é visita<strong>da</strong> com os carros<br />

oficiais. “Os deputados federais an<strong>da</strong>m<br />

com carro próprio”, justifica. A<br />

cota de três mil litros de combustível<br />

dá para percorrer 36 mil quilômetros.<br />

É o mesmo que ir e voltar<br />

14 vezes de Curaçá a Mucuri, municípios<br />

extremos <strong>da</strong> Bahia, e voltar<br />

para Salvador. Na<strong>da</strong> mau para os<br />

deputados em campanha.<br />

Nilo explica também que as di-<br />

árias de viagem não são benefícios<br />

fixos mensais, e sim repassa<strong>da</strong>s<br />

aos deputados apenas quando há<br />

a comprovação de viagens, mas, na<br />

prática, não é bem assim (veja matéria<br />

coordena<strong>da</strong>). O vice-presidente<br />

<strong>da</strong> Assembleia, deputado Rogério<br />

Andrade (DEM), preferiu evitar<br />

a repercussão negativa do aumento<br />

nas benesses demonstrando<br />

um proposital desconhecimento:<br />

“Não sei como vai funcionar esta<br />

adequação, mas estou tranquilo,<br />

não me preocupo com essas coisas,<br />

pois algumas (cotas) eu não utilizo,<br />

como as passagens aéreas, porque<br />

vou sempre de carro. E telefone<br />

também sempre sobra”.<br />

JOÃO RAIMUNDO/DIVULGAÇÃO<br />

os benefícios mensais<br />

Verba indenizatória: R$ 29.259,38<br />

Salário: R$ 12,3 mil<br />

Assessores: R$ 60 mil para contratar até 25 colaboradores<br />

Auxílio-moradia: R$ 2,35 mil<br />

Diárias de viagem: R$ 4,6 mil<br />

Combustível: R$ 3 mil litros<br />

Telefone: R$ 5 mil *<br />

Correios: R$ 2 mil *<br />

Passagens aéreas: 4 mil *<br />

* Na Resolução nº 1.464, publica<strong>da</strong> no Diário Oficial do dia 31/12, não há a extinção de qualquer benefício<br />

para compensar o aumento <strong>da</strong> verba indenizatória. A assessoria <strong>da</strong> AL afirma que apenas no processo de<br />

regulamentação <strong>da</strong> resolução, no fim do recesso parlamentar, em fevereiro, esses benefícios serão extintos.<br />

Liber<strong>da</strong>de para gastar<br />

Com a união de diversos “penduricalhos”<br />

em uma única cota, os<br />

deputados têm maior liber<strong>da</strong>de para<br />

gastar como quiser. Ou seja, se antes<br />

havia o limite de R$ 5 mil para despesas<br />

com telefone, agora este teto<br />

é flexível. Os deputados que pouco<br />

utilizam as cotas de passagens aéreas<br />

por terem suas bases próximas <strong>da</strong><br />

Viagens não comprova<strong>da</strong>s<br />

Na edição de 24/4/2009, o <strong>Jornal</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> denunciou a<br />

existência de uma “caixa-preta” na<br />

Assembleia: o hábito de aproveitar<br />

cotas de passagens para promover<br />

farra com dinheiro público. No Legislativo<br />

baiano, parlamentares de<br />

todos os partidos “torraram” milhões<br />

em diárias para encher o bolso todos<br />

os meses, com supostas viagens que<br />

sequer foram comprova<strong>da</strong>s. Um re-<br />

capital, por exemplo, podem gastar<br />

a quantia com telefone. Na prática, a<br />

unificação <strong>da</strong>s verbas dá aos parlamentares<br />

a possibili<strong>da</strong>de de “torrar”<br />

os R$ 29.259,38 sem precisar especificar<br />

tetos para as despesas.<br />

A experiência na Câmara de Deputados<br />

demonstra a falta de controle<br />

dos deputados com o dinheiro<br />

latório do TCE constatou que 62 dos<br />

63 deputados haviam incorporado<br />

aos vencimentos mensais R$ 5.560<br />

em diárias. A exceção foi a deputa<strong>da</strong><br />

Maria Luiza Carneiro.<br />

Outra “caixa-preta” envolvendo a<br />

Assembleia em 2009 foi denuncia<strong>da</strong><br />

pelo <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> em 11/9: a<br />

contratação, com fins eleitoreiros, de<br />

uma empresa de táxi aéreo, a Abaeté<br />

Aerotáxi. Foram gastos R$ 295 mil<br />

público após a regulamentação do<br />

“cotão”. O petista Antonio Palocci<br />

(SP) é um dos indisciplinados. Ele<br />

tinha uma média de gasto mensal<br />

com telefone em torno de R$ 1 mil.<br />

No primeiro mês <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça nas<br />

regras, em julho, aumentou seus<br />

gastos para R$ 8.814 e, em setembro,<br />

chegou a “torrar” mais de R$ 11 mil.<br />

para fretar aviões para o uso dos parlamentares,<br />

que já possuem suas cotas<br />

de passagens. Outro fato que intrigou<br />

a população foi a contratação <strong>da</strong><br />

Axxo Construtora Lt<strong>da</strong>. para executar<br />

a obra do Anexo III <strong>da</strong> Assembleia,<br />

no valor de R$ 17,472 milhões. Os<br />

próprios deputados questionaram a<br />

obra, considera<strong>da</strong> por muitos como<br />

“desnecessária”, já que há gabinetes<br />

suficientes no prédio do Legislativo.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


HUMBERTO FARIAS<br />

‘Mui amigo’...<br />

O vereador Henrique Carballal (PT) an<strong>da</strong> dizendo que é amigo<br />

de Ronaldinho Gaúcho. Estranho não ter sido convi<strong>da</strong>do<br />

para a festinha numa tradicional casa noturna após o jogo<br />

beneficente em Pituaçu. Ronaldinho deve ter “esquecido”.<br />

HUMBERTO FARIAS<br />

Vereador de carona no ‘buzu’<br />

Ficará frustrado quem procurar no site Transparência, <strong>da</strong> Câmara<br />

de Salvador, quanto o vereador Gilmar Santiago (PT) gastou<br />

com a divulgação <strong>da</strong> lei que estabeleceu a obrigatorie<strong>da</strong>de de instalação<br />

de hidrômetros individuais nos novos prédios construídos<br />

na ci<strong>da</strong>de. Entretanto, não é difícil encontrar material divulgando<br />

a medi<strong>da</strong> nas traseiras dos ônibus que circulam na capital baiana.<br />

Vistas grossas...<br />

A Prefeitura de Feira de<br />

Santana e as polícias Civil e<br />

Federal fazem vistas grossas<br />

ao comércio de produtos piratas<br />

no chamado Feiraguai. O<br />

problema é histórico e não há<br />

solução à vista.<br />

Following Sandoval<br />

A Rua Padre Feijó, no Canela, foi<br />

escolhi<strong>da</strong> pelo vereador Sandoval<br />

Guimarães para locar um outdoor<br />

conclamando a seguirem-no no<br />

Twitter. Mas não é segredo que o<br />

decano peemedebista não sabe mexer<br />

nem em celular moderninho...<br />

...para os ‘made in China’<br />

Mas o que ninguém sabe é que<br />

o deputado estadual Zé Neto (PT)<br />

é padrinho dos vendedores de produtos<br />

“made in China”. A amizade<br />

nasceu quando o petista, ain<strong>da</strong><br />

como advogado, defendeu os comerciantes<br />

numa ação de despejo.<br />

Uma vela para Deus...<br />

O prefeito de Simões Filho,<br />

Eduardo Alencar (PSDB), está<br />

numa sinuca de bico, numa ver<strong>da</strong>deira<br />

encruzilha<strong>da</strong> <strong>política</strong>.<br />

Por questões partidárias, terá de<br />

apoiar a candi<strong>da</strong>tura de Paulo Souto<br />

(DEM) ao governo do Estado.<br />

<strong>política</strong><br />

politica@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

ideia-xeque<br />

Cabeça a prêmio<br />

A Associação de Praças <strong>da</strong> Polícia<br />

Militar <strong>da</strong> Bahia garante que<br />

determina<strong>da</strong> facção criminosa que<br />

age em Salvador paga R$ 10 mil<br />

para qualquer integrante do bando<br />

que matar um PM. É o programa<br />

de incentivos do mundo do crime.<br />

...e outra para o diabo<br />

Mas Eduardo também terá de<br />

aju<strong>da</strong>r o irmão, o conselheiro Otto<br />

Alencar, na disputa pelo Senado. O<br />

problema é que Otto joga no time<br />

do governador. Portanto, o tucano<br />

vai ter de acender uma vela para<br />

Deus e outra para o diabo.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 13


14<br />

ci<strong>da</strong>de<br />

ci<strong>da</strong>de@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Campanha do MP<br />

Na próxima segun<strong>da</strong>-feira, 18/1, às 15h, o Ministério Público <strong>da</strong><br />

Bahia lança a 5ª edição <strong>da</strong> Campanha de Combate à Violência<br />

Sexual contra Crianças e Adolescentes. Este ano, a iniciativa<br />

conta com o apoio de Carlinhos Brown, Claudia Leitte e Tatau.<br />

Mar revolto<br />

Estatuto <strong>da</strong>s Festas Populares provoca polêmica com ‘tubarões’ <strong>da</strong> folia<br />

Larissa Oliveira<br />

larissa.oliveira@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

HÁ DUAS SEMANAS, graças<br />

a um microfone ligado na<br />

hora erra<strong>da</strong> – ou certa? –, o apresentador<br />

Boris Casoy cometeu<br />

uma gafe <strong>da</strong>s boas e insultou<br />

dois garis que desejaram, sorridentes,<br />

feliz Ano Novo aos espectadores<br />

do ‘<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> Band’.<br />

“Dois lixeiros, o mais baixo <strong>da</strong><br />

escala do trabalho...”, zombou<br />

Casoy, já alvo de três ações<br />

movi<strong>da</strong>s pela classe. Em uma<br />

breve comparação com o “deslize”<br />

do apresentador, para criar<br />

uma grande polêmica em Salvador,<br />

não foi preciso nenhum<br />

microfone “aberto” – bastou ser<br />

publicado um estatuto propondo<br />

melhorias nas condições<br />

de trabalho dos cordeiros para<br />

ficar claro que, em se tratando<br />

de povão, os ricos e poderosos<br />

estão pouco se lixando.<br />

O novo Estatuto <strong>da</strong>s Festas<br />

Populares foi lançado pelo vice-<br />

prefeito, Edvaldo Britto, no dia<br />

7/1 como uma tentativa de colocar<br />

ordem no ca<strong>da</strong> vez mais caótico<br />

e privatizado Carnaval de<br />

Salvador. Composto por 58 artigos,<br />

o documento reúne regras<br />

para gestores, trabalhadores e<br />

foliões, porém a reação dos “donos<br />

<strong>da</strong> festa” – representantes<br />

de blocos e trios – não foi na<strong>da</strong><br />

amena e muitos até ameaçam<br />

não desfilar este ano.<br />

Em se tratando<br />

do povão, ricos e<br />

poderosos estão<br />

se lixando<br />

Dentre os pontos que provocavam<br />

discórdia entre Prefeitura<br />

e empresários, estava a<br />

obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des<br />

carnavalescas de distribuir aos<br />

cordeiros, gratuitamente, calçados<br />

fechados, mínimo de três litros<br />

de água, alimentos de valor<br />

XANDO PEREIRA/AGÊNCIA A TARDE<br />

nutritivo adequado, entre outros<br />

itens, e de instalar GPS nos trios.<br />

Já os ambulantes <strong>da</strong> festa terão<br />

de se adequar a exigências como<br />

a que proíbe a ven<strong>da</strong> de churrascos<br />

e queijo coalho em espetos.<br />

Com o argumento de não<br />

haver tempo hábil para operacionalizar<br />

as mu<strong>da</strong>nças – já que<br />

o estatuto foi lançado a 35 dias<br />

<strong>da</strong> festa –, representantes <strong>da</strong> Associação<br />

de Blocos e Trios (ABT)<br />

se reuniram com o Ministério<br />

Público do Trabalho e o Conselho<br />

do Carnaval, no dia 13/1, para<br />

propor alterações. O acordo eliminou<br />

a obrigatorie<strong>da</strong>de de fornecer<br />

boné e sapatos fechados,<br />

que deverão ser bancados pelos<br />

cordeiros, e reduziu a quanti<strong>da</strong>de<br />

de água (veja infográfico). Procura<strong>da</strong>s<br />

pelo <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong>,<br />

as grandes estrelas, como Ivete<br />

Sangalo, Durval Lélis, Bell Marques<br />

e Carlinhos Brown, simplesmente<br />

silenciaram. Parece que o<br />

gato comeu a língua dos artistas.<br />

Curso de massoterapia<br />

Encerram-se hoje, 15/1, as inscrições para o curso de<br />

Massoterapia Social, promovido pela Universi<strong>da</strong>de do<br />

Estado <strong>da</strong> Bahia (Uneb). As inscrições custam R$ 50 e<br />

podem ser feitas no campus <strong>da</strong> Uneb, no Cabula.<br />

entrevista edvaldo britto<br />

‘Sou aliado aos empresários<br />

que respeitam o povo’<br />

O vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Britto, em entrevista<br />

à Rádio <strong>Metrópole</strong>, defendeu melhorias para<br />

os cordeiros e mandou recado aos “péssimos empresários”:<br />

“Não venham porque eu vou reagir”.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> – A polêmica<br />

é por conta do interesse<br />

dos grandes empresários?<br />

Edvaldo Britto – Eu não falaria<br />

de grandes empresários<br />

porque são eles que fornecem<br />

o emprego, mas nós não precisamos<br />

dos péssimos empresários,<br />

aqueles que só servem<br />

para explorar a humani<strong>da</strong>de.<br />

É contra esses que estou. O<br />

Carnaval desta ci<strong>da</strong>de merece<br />

respeito. Estes moleques que<br />

estão aí pensando que podem<br />

atingir o poder público ou a<br />

minha pessoa, não venham,<br />

pois eu vou reagir na linha <strong>da</strong><br />

minha história, <strong>da</strong> minha morali<strong>da</strong>de,<br />

do meu respeito. Nunca<br />

fui à porta de nenhum desses<br />

péssimos empresários pedindo<br />

tostão para na<strong>da</strong>! Se eles pensam<br />

que vão me comprar com<br />

o dinheiro deles que fiquem<br />

sabendo que sou aliado aos empresários<br />

que respeitam o povo.<br />

JM – Quais são as principais<br />

mu<strong>da</strong>nças?<br />

EB – Os “donos” do Carnaval<br />

precisam entender que o dono<br />

do Carnaval é o povo que se<br />

organiza e pede que o poder<br />

público dê ordem a essa organização.<br />

Esse é, sem dúvi<strong>da</strong>, o<br />

primeiro aspecto de novi<strong>da</strong>de.<br />

O resto foi reunir num só documento<br />

tudo que qualquer<br />

pessoa, folião ou trabalhador<br />

do Carnaval, precisa conhecer.<br />

JM – E sobre os cordeiros?<br />

EB – Temos, aproxima<strong>da</strong>mente,<br />

nove providências que todos<br />

terão de tomar. Não adianta<br />

que essas pessoas, que pensam<br />

que o mundo começa e termina<br />

nelas, venham agredir ninguém,<br />

porque o dinheiro delas<br />

não compra ninguém que tem<br />

digni<strong>da</strong>de. Os cordeiros são órfãos<br />

<strong>da</strong> atenção de todos. Por<br />

exemplo, o estatuto prevê o uso<br />

de protetores auriculares internos.<br />

Qual o problema de pessoas<br />

que podem aplicar os recursos<br />

obtidos no Carnaval como<br />

lucro para seu próprio conforto?<br />

Por que eles não podem<br />

<strong>da</strong>r três litros de água aos cordeiros,<br />

mas podem encher seus<br />

reservatórios de bebi<strong>da</strong> alcoólica<br />

para atender aos interesses dos<br />

que estão no bloco? Só estou pedindo<br />

aos que são humanos, que<br />

protejam os cordeiros.<br />

HUMBERTO FARIAS<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


Procon autua facul<strong>da</strong>des<br />

A Superintendência de Proteção e Defesa do<br />

Consumidor (Procon) já vistoriou 12 <strong>da</strong>s 59 instituições<br />

de ensino de Salvador. Até o momento, o órgão autuou<br />

as facul<strong>da</strong>des Dom Pedro II e Dois de Julho.<br />

Novo número <strong>da</strong> Denfesoria<br />

A Defensoria Pública tem novo número: 129. As ligações<br />

são gratuitas e, a princípio, poderão ser origina<strong>da</strong>s<br />

apenas de telefone fixo, <strong>da</strong>s 9h às 18h. Para o atendimento,<br />

foi forma<strong>da</strong> uma equipe de 14 pessoas.<br />

‘Eles estão muito cheios de si’, diz antropólogo<br />

Os seguranças <strong>da</strong>s cor<strong>da</strong>s,<br />

mais conhecidos como cordeiros,<br />

compõem a classe mais desfavoreci<strong>da</strong><br />

do Carnaval. Tomam socos,<br />

pontapés, sofrem com o barulho<br />

dos trios e, por vezes, recebem<br />

como diária míseros R$ 8, sempre<br />

pagos com atraso. Porém, para os<br />

empresários dos grandes blocos,<br />

os “tubarões” do Carnaval, como<br />

classifica o antropólogo Roberto<br />

Albergaria, na<strong>da</strong> disso importa.<br />

E é, inclusive, por isso que Albergaria<br />

enxerga de forma positiva<br />

a publicação do documento. “É o<br />

primeiro exemplo de atitude do<br />

governo municipal tentando colo-<br />

Albergaria: “Coleira nos pitbulls”<br />

car uma coleira nos pitbulls ferozes<br />

que coman<strong>da</strong>m o Carnaval. A<br />

reação deles mais parece a atitude<br />

dos senhores do engenho contra o<br />

fim <strong>da</strong> escravatura”, analisa.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo o antropólogo,<br />

o principal problema <strong>da</strong><br />

festa é a existência do Conselho<br />

do Carnaval, composto, na reali<strong>da</strong>de,<br />

por “representantes dos<br />

tubarões”. “Por isso, é preciso<br />

rever a Lei Orgânica. De conselho,<br />

eles passaram a ser legisladores<br />

e estão muito cheios de<br />

si mesmos porque têm muitos<br />

valimentos políticos, judiciais e<br />

econômicos”, critica.<br />

A revolta dos ‘tubarões<br />

Fernando Boulhosa, presidente<br />

<strong>da</strong> ABT e também do Conselho<br />

do Carnaval, reclama que a Prefeitura<br />

não consultou o órgão<br />

nem os ambulantes para elaborar<br />

o decreto e que passou por cima<br />

de um termo de ajustamento de<br />

conduta (TAC) firmado com a<br />

Delegacia Regional do Trabalho<br />

(DRT). Além disso, Boulhosa atribui<br />

o impasse ao “despreparo” do<br />

vice-prefeito Edvaldo Britto. “São<br />

exigências fora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, sem<br />

conversar com barraqueiros, com<br />

feirantes, pessoas que se organizam<br />

quatro meses antes <strong>da</strong> festa.<br />

É muito triste ver o Carnaval <strong>da</strong><br />

Bahia ser tratado por uma pessoa<br />

que pode ser até competente, até<br />

muito boa, mas que não tem o<br />

menor conhecimento do assunto”,<br />

ataca.<br />

O diretor do Bloco Eva, André<br />

Silveira, e o sócio <strong>da</strong> Central<br />

do Carnaval Joaquim Nery fazem<br />

coro. Para Silveira, algumas<br />

os pontos <strong>da</strong> discórdia<br />

Artigo 3º - Vendedores de alimentos no circuito do Carnaval deverão usar avental ou guar<strong>da</strong>-pó e<br />

sapatos fechados, além de manter unhas e barbas apara<strong>da</strong>s, cabelos presos e protegidos por gorro,<br />

touca, rede ou boné. O gelo comercializado deve ter o selo de procedência <strong>da</strong> vigilância sanitária.<br />

Artigo 5º - Está ve<strong>da</strong><strong>da</strong> a preparação de alimentos em estruturas provisórias, a exemplo de<br />

barracas, balcões e áreas de recuo; exposição dos mesmos sobre o solo, jornais, papelão e sacos;<br />

produção e comercialização de churrasco e queijo coalho no espeto de qualquer material, sendo<br />

passível de apreensão imediata pela fiscalização.<br />

Artigo 26º - Deverão ser instalados nos trios rádio tetra, com Sistema de Posicionamento Global (GPS).<br />

Artigo 42º - As enti<strong>da</strong>des responsáveis pelos blocos de trio deverão fornecer, gratuitamente, para<br />

os seguranças de cor<strong>da</strong>s, vulgo cordeiros, os seguintes itens: luvas, camisas de algodão, mínimo de<br />

dois litros de água para quem trabalha a partir <strong>da</strong>s 12h, e de 1,5 litro para os que atuam a partir <strong>da</strong>s<br />

17h, protetor auricular interno, filtro solar com fator de proteção mínimo n.º15, alimentação<br />

adequa<strong>da</strong> e duas caixas de suco ou refrigerante por dia.<br />

HUMBERTO FARIAS<br />

determinações são impossíveis<br />

de ser aplica<strong>da</strong>s, independentemente<br />

do tempo hábil. “Boa parte<br />

dos cordeiros é angaria<strong>da</strong> no dia,<br />

portanto, acho difícil ser viável<br />

operacionalizar esta distribuição<br />

dos tênis, por exemplo”, justifica.<br />

Joaquim Nery completa: “Acredito<br />

que a condição de trabalho dos<br />

cordeiros é a ideal e muito melhor<br />

que a condição geral. A Prefeitura<br />

se antecipou ao que já vinha avançando<br />

junto à DRT”.<br />

Os esclarecimentos de Gil Vicente<br />

Após a publicação <strong>da</strong> reportagem<br />

‘A lista negra de Márcio Meirelles’,<br />

na edição do dia 8/1 do <strong>Jornal</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong>, o diretor teatral<br />

Gil Vicente (foto) enviou e-mail ao<br />

Grupo <strong>Metrópole</strong>, com cópia para<br />

o endereço eletrônico do gabinete<br />

do titular <strong>da</strong> Secult, apontando<br />

“equívocos” na transcrição de sua<br />

entrevista. Na nota, Vicente declara:<br />

“Não faço parte de lista negra<br />

nenhuma. Quando alguma jornalista<br />

<strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> me ligou, fiz<br />

questão de frisar, veementemente,<br />

que desconheço e nem faço parte<br />

de nenhuma lista negra. Seria, primeiramente,<br />

pretensioso de minha<br />

parte me julgar importante a ponto<br />

de pertencer a alguma lista, seja lá<br />

do que for. Acresce a essa questão<br />

o fato de eu ter tido quatro projetos<br />

aprovados na presente gestão; um<br />

edital de montagem, um edital de<br />

circulação – ambos com a peça ‘Os<br />

Javalis’ –, além do projeto Teatro-<br />

NUCinema e o projeto Diálogos sobre<br />

dramaturgia contemporânea,<br />

ambos pelo Fundo de Cultura do<br />

Estado <strong>da</strong> Bahia. Ressalto o fato de<br />

que este mesmo Fundo de Cultura<br />

deu um parecer esquizofrênico –<br />

como saiu na sua matéria e eu realmente<br />

declarei – sobre a segun<strong>da</strong><br />

edição do TeatroNUCinema. O que<br />

me incomodou não foi a reprova-<br />

O diretor teatral Fernando<br />

Guerreiro, um dos apresentadores<br />

do ‘Ro<strong>da</strong> Baiana’, veiculado<br />

na <strong>Metrópole</strong> FM, questionou, no<br />

programa de 8/1, informações <strong>da</strong><br />

matéria ‘A lista negra de Márcio<br />

Meirelles’. Ele disse que “nunca<br />

soube” <strong>da</strong> pretensão de Meirelles<br />

de vender o Teatro Castro Alves<br />

para construir um shopping<br />

center, nem <strong>da</strong> eliminação de 12<br />

salas do TCA. Para estimular um<br />

pouco a memória de Guerreiro e<br />

de tantos outros, o <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong><br />

esclarece que os feitos do<br />

atual secretário <strong>da</strong> Cultura são <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de<br />

ci<strong>da</strong>de@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

ção, mas a estupidez do parecer”.<br />

Diante do provável “equívoco”<br />

entre o que Gil Vicente leu e o que<br />

estava escrito, o <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong><br />

esclarece aos leitores que em<br />

momento algum aparece na matéria<br />

qualquer afirmação do diretor<br />

teatral sobre pertencer à lista negra.<br />

O propósito <strong>da</strong> reportagem foi<br />

evidenciar o descontentamento de<br />

representantes <strong>da</strong> classe artística<br />

com a <strong>política</strong> de Márcio Meirelles<br />

e/ou com o veto, sem maiores explicações,<br />

de projetos pela Secult.<br />

Dentre os casos, surge o de Vicente<br />

na matéria coordena<strong>da</strong> ‘Barrados<br />

no baile’, relatando que teve projetos<br />

aprovados pela Secult, inclusive<br />

o ‘TeatroNUCinema’. Mas, na<br />

segun<strong>da</strong> versão do projeto, quando<br />

associou-se ao ator Marcelo Prado,<br />

um dos idealizadores do blog Cultura<br />

na UTI, ele acabou rejeitado.<br />

A ‘amnésia’ de Guerreiro<br />

época em que dirigiu o TCA, no<br />

governo Waldir Pires (1987-1989).<br />

A ideia <strong>da</strong> extinção <strong>da</strong>s 12 salas<br />

de ensaio, por exemplo, surgiu na<br />

déca<strong>da</strong> de 1990, quando Meirelles<br />

deixou a direção do TCA com um<br />

presente: o projeto de reforma do<br />

teatro. “O projeto, de que ele tanto se<br />

orgulha e sempre diz que é de sua<br />

autoria, visava eliminar essas salas,<br />

o que, de fato, ocorreu. Todos <strong>da</strong><br />

época sabem disso. Guerreiro e tantos<br />

outros ensaiavam muito ali, não<br />

sei por que não lembram. O fato é<br />

que isso ocorreu e a ideia foi de Meirelles”,<br />

afirma o ator Gideon Rosa.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 15<br />

ULISSES DUMAS


16<br />

ci<strong>da</strong>de<br />

ci<strong>da</strong>de@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

A resposta <strong>da</strong> Sesab<br />

Em nota, a assessoria <strong>da</strong> Sesab alertou que “qualquer<br />

afirmação no momento é precipita<strong>da</strong>” e que a<br />

administração financeira <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de passou a ser feita<br />

diretamente pelo órgão, e não na própria uni<strong>da</strong>de.<br />

Novo Mercado do Peixe<br />

A obra de revitalização do Mercado do Peixe começou,<br />

e parte <strong>da</strong>s barracas do local será transferi<strong>da</strong> para outros<br />

pontos do Rio Vermelho. A obra deve ficar pronta em<br />

seis meses e terá financiamento do Grupo Schincariol.<br />

Fora <strong>da</strong> ordem<br />

Na Uni<strong>da</strong>de de Emergência de Pirajá, só o desvio de verba e a dispensa de licitação são tratados como ‘urgência’<br />

Carolina Garcia<br />

carolina.garcia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

PELA REGRA GERAL, a verba<br />

destina<strong>da</strong> a qualquer uni<strong>da</strong>de<br />

de saúde do Estado deveria<br />

ser direciona<strong>da</strong> à compra de<br />

remédios, equipamentos e materiais<br />

que proporcionassem<br />

atendimento digno e de quali<strong>da</strong>de<br />

à população. Mas, na Uni<strong>da</strong>de<br />

de Saúde de Pirajá, a história<br />

foi um pouco diferente. Parte<br />

<strong>da</strong> verba recebi<strong>da</strong> em 2008 acabou<br />

desvia<strong>da</strong> para a compra de<br />

produtos de beleza e higiene<br />

pessoal, sandálias havaianas e<br />

até material de decoração, tudo<br />

“legalizado” por notas superfatura<strong>da</strong>s,<br />

aquisições sem nota<br />

fiscal e emissão de cheques<br />

sem numeração, que não identificam<br />

qual despesa foi paga.<br />

Para completar, to<strong>da</strong> a farra<br />

era condecora<strong>da</strong> com a sistemática<br />

dispensa de licita-<br />

CGU conclui<br />

que gestão <strong>da</strong><br />

uni<strong>da</strong>de não é<br />

responsável<br />

ção. Urgente ali parecia ser<br />

<strong>da</strong>r um destino não muito razoável<br />

à verba pública. To<strong>da</strong>s<br />

estas irregulari<strong>da</strong>des estão<br />

aponta<strong>da</strong>s no último relatório<br />

anual de fiscalização fei-<br />

to pela Controladoria Geral<br />

<strong>da</strong> União. Em sua conclusão,<br />

a CGU é taxativa: a gestão financeira<br />

<strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de Saúde<br />

de Pirajá não é responsável.<br />

No entanto, ao tomar<br />

conhecimento <strong>da</strong> situação,<br />

a Secretaria <strong>da</strong> Saúde do Estado<br />

(Sesab) decidiu manter<br />

a funcionária encarrega<strong>da</strong><br />

deste setor. Será que o relatório<br />

de 2009 tende a seguir<br />

o mesmo caminho?<br />

‘Mexeu em quem não devia’ Dispensa de licitação é recorrente<br />

O ex-funcionário P. testemunhou<br />

como a verba era desvia<strong>da</strong><br />

dentro <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de Saúde de Pirajá.<br />

Durante mais de um ano, ele<br />

presenciou o caos na gestão financeira,<br />

denunciou as irregulari<strong>da</strong>des<br />

e acabou exonerado. Com ele, mais<br />

quatro médicos descontentes com<br />

a situação deixaram a uni<strong>da</strong>de. “Já<br />

com 15 dias de trabalho, percebi que<br />

havia algo errado. Questionei e fui<br />

dispensado sem nenhuma justificativa<br />

concreta. Era um absurdo o que se<br />

passava ali. Enquanto o dinheiro era<br />

usado para inutili<strong>da</strong>des, eu tirava do<br />

meu próprio bolso para colocar com-<br />

bustível nas ambulâncias”, desabafa.<br />

Como se não bastasse, P. acabou<br />

ain<strong>da</strong> sendo ameaçado com<br />

um telefonema anônimo. “Ligaram<br />

para minha casa e disseram<br />

que eu não sabia com quem estava<br />

mexendo”. Ele prestou queixa na<br />

Delegacia de Crimes Econômicos<br />

e contra a Administração Pública e<br />

entrou com uma representação no<br />

Ministério Público contra o Estado,<br />

pedindo reparação aos cofres públicos.<br />

“Não tenho medo. Posso sofrer<br />

represália do governo, mas minha<br />

família não vai perder tempo<br />

prestando queixa em delegacia”.<br />

ULISSES DUMAS<br />

GERALDO MELO<br />

A dispensa de licitação já não<br />

é novi<strong>da</strong>de na Sesab. Desde o início<br />

<strong>da</strong> gestão do atual secretário<br />

Jorge Solla, a prática tem sido<br />

recorrente. Para o deputado estadual<br />

João Carlos Bacelar (foto), do<br />

PTN, o caso em Pirajá<br />

reflete mais um episódio<br />

de uma gestão<br />

desequilibra<strong>da</strong> e, no<br />

mínimo, contraditória.<br />

O deputado denunciou, no final<br />

do ano passado, alguns exemplos<br />

<strong>da</strong>s “mamatas”: o aluguel de<br />

cabines e módulos móveis para<br />

atendimento provisório no Cen-<br />

Para Bacelar,<br />

episódio expõe<br />

desequilíbrio<br />

<strong>da</strong> atual gestão<br />

tro de Atenção à Saúde Prof. José<br />

Maria Magalhães e a contratação<br />

de motoristas, totalizando um custo<br />

de mais de R$ 1 milhão.<br />

“O secretário dizia que era<br />

contra a terceirização do serviço<br />

de saúde e, no entanto,<br />

é o campeão<br />

<strong>da</strong>s dispensas de<br />

licitação, o que não<br />

se justifica após três<br />

anos de gestão. Solla desestruturou<br />

todo o sistema de saúde do<br />

Estado, gerando uma série de<br />

prejuízos desde o início do governo<br />

Wagner”, acusa Bacelar.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


R@inha do Carnaval<br />

O concurso Rainha do Carnaval de Salvador chega a<br />

2010 com uma grande novi<strong>da</strong>de. Este ano, a escolha <strong>da</strong><br />

musa <strong>da</strong> folia terá uma etapa realiza<strong>da</strong> pela internet,<br />

no site www.verao.bahia.com.br.<br />

Serviço gratuito<br />

Uma parceria entre Casas Bahia e Brasilgás gerou<br />

o projeto Criando Novos Caminhos. Uma carreta<br />

itinerante está percorrendo bairros populares <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de levando educação e entretenimento de graça.<br />

População descontente<br />

É geral o descontentamento <strong>da</strong><br />

população com a Uni<strong>da</strong>de de Saúde<br />

de Pirajá. No dia 19/11, centenas de<br />

pessoas deixaram de ser atendi<strong>da</strong>s<br />

porque não havia água nem energia<br />

elétrica no local. “Trouxe meu sobrinho<br />

com um corte grande na testa<br />

e tive de levar para outro posto. Um<br />

ver<strong>da</strong>deiro absurdo, como é que a<br />

pessoa chega numa emergência e<br />

não pode ser atendi<strong>da</strong>?”, conta a comerciante<br />

Isabela Moraes.<br />

Para o mecânico Márcio<br />

Carvalho, o pior <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de é o<br />

atendimento dos médicos: “Para<br />

eles, só existe uma doença: eles<br />

receitam paracetamol para todo<br />

mundo que chega lá”. A situação<br />

é confirma<strong>da</strong> por Andréia Santos,<br />

que tem um pequeno comércio<br />

nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de.<br />

“Todo mundo chega falando<br />

mal de lá. Outro dia, eu mesma<br />

precisei de atendimento e eles<br />

disseram que não tinha água. Já<br />

IMPORTANTE<br />

PARA A CIDADE.<br />

VANTAGEM<br />

PARA VOCÊ.<br />

ULISSES DUMAS ULISSES DUMAS<br />

Márcio: “Só receitam paracetamol” Isabela: “Um ver<strong>da</strong>deiro absurdo”<br />

cheguei com minha filha com<br />

febre alta e eles disseram que só<br />

atendiam se estivesse vomitando.<br />

Fora isso, faltam pediatras o<br />

tempo todo. Para mim, isso não é<br />

uma emergência”, constata.<br />

PAGUE COM<br />

10<br />

%<br />

DESCONTO<br />

ATÉ 05/02<br />

Enquanto para algumas empresas<br />

dispensa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> concorrência, o<br />

valor parece mais prêmio de loteria,<br />

para os que prestam pequenos serviços<br />

ao Estado, o trabalho acaba<br />

virando um ver<strong>da</strong>deiro pesadelo.<br />

Foi o que aconteceu com o empresário<br />

Eduardo Lopez, que sentiu na<br />

pele as consequências <strong>da</strong> desorganização<br />

nas contas <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de<br />

Pirajá. Em abril de 2008, sua empresa<br />

de informática foi contrata<strong>da</strong> e,<br />

tão logo começaram os trabalhos, o<br />

pagamento atrasou. “Eu achava que<br />

era burocracia, porque dependia do<br />

Estado, até a hora em que a dívi<strong>da</strong><br />

chegou a R$ 10 mil, com o serviço<br />

em an<strong>da</strong>mento”, conta. Eduardo<br />

esperou até o final do ano para rece-<br />

ci<strong>da</strong>de<br />

ci<strong>da</strong>de@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Presentinho de Natal<br />

ber o pagamento, quando a gestora<br />

financeira <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de avisou que<br />

não havia mais dinheiro.<br />

Além de não receber, o empresário<br />

foi “convi<strong>da</strong>do” pela gestora financeira<br />

a gentilmente assinar uma<br />

nota fria no valor de R$ 4 mil para o<br />

“Natal dos funcionários”. “Eu ain<strong>da</strong><br />

pensei que fosse uma brincadeira,<br />

mas ela me disse que era algo de<br />

praxe. Eu obviamente recusei, parecia<br />

mais brincadeira de mau gosto”.<br />

Eduardo ain<strong>da</strong> relatou o fato à<br />

Ouvidoria do Ministério <strong>da</strong> Saúde,<br />

mas não obteve nenhuma resposta<br />

do órgão. “Na época, eu estava<br />

precisando muito de trabalho, mas<br />

hoje, não faço a mínima questão de<br />

trabalhar para o governo”.<br />

IPTU COTA ÚNICA.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 17


Atendimento negligenciado<br />

Rede de saúde pública <strong>da</strong> Bahia não dispõe de vagas suficientes para receber pacientes renais crônicos<br />

Florence Perez<br />

florence.perez@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br o que é insuficiência renal Falta de vagas<br />

O SOFRIMENTO DE quem<br />

depende do sistema público de<br />

saúde está longe, bem longe, de<br />

acabar. Para ficar apenas nos<br />

pacientes renais crônicos, para<br />

os quais sessões constantes de<br />

hemodiálise são uma questão<br />

de sobrevivência, na<strong>da</strong> menos<br />

do que cinco mil pessoas na<br />

Bahia – metade em Salvador –<br />

penam com a precarie<strong>da</strong>de do<br />

sistema. O mais desastroso é a<br />

<strong>política</strong> do Estado, que estabelece<br />

limite de atendimento para<br />

clínicas e hospitais. Ou seja, se<br />

uma clínica tem 150 vagas, mas<br />

seu “teto” é de 100, 50 pessoas<br />

ficarão desassisti<strong>da</strong>s.<br />

A medi<strong>da</strong> sobrecarrega o<br />

Hospital Roberto Santos, que recebe<br />

70% dos pacientes <strong>da</strong> capital<br />

e interior. “O limite para atendimento<br />

de crônicos renais é 200.<br />

18<br />

ci<strong>da</strong>de<br />

ci<strong>da</strong>de@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Portanto, é preciso que haja um<br />

aumento do número de clínicas,<br />

que hoje são 27, para que a Bahia<br />

possa atender à deman<strong>da</strong> excessiva”,<br />

defende o diretor de nefrologia<br />

<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de, Sérgio Presídio.<br />

O Roberto Santos conta com<br />

apenas 18 pontos de hemodiálise<br />

para adultos e cinco para crianças,<br />

para atendimento em três<br />

turnos, o que permite tratar 69<br />

pessoas por dia. Mas Presídio admite<br />

que, algumas vezes, precisa<br />

reduzir o tempo de sessão, dividindo<br />

os horários para incluir pacientes<br />

e salvar mais vi<strong>da</strong>s. Para<br />

o presidente <strong>da</strong> Associação dos<br />

Crônicos Renais <strong>da</strong> Bahia, Gerson<br />

Barreto, a medi<strong>da</strong> não resolve<br />

o problema. “Cerca de 96 pessoas<br />

morrem por ano sem conseguir<br />

vaga para o tratamento, ou não<br />

tendo direito ao tempo necessário<br />

de hemodiálise. É preciso reverter<br />

o quadro rapi<strong>da</strong>mente”.<br />

Av. Lafayette Coutinho<br />

(Contorno) – Centro<br />

Lafayette Albuquerque Coutinho<br />

nasceu na Paraíba, em<br />

1906, mas veio para Salvador<br />

estu<strong>da</strong>r medicina e radicouse<br />

baiano. Chegou a professor<br />

catedrático <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de<br />

Medicina <strong>da</strong> Bahia e ocupou<br />

também os cargos de secretário<br />

<strong>da</strong> Agricultura e <strong>da</strong> Segurança<br />

Pública do Estado.<br />

Morreu aos 52 anos, em sua<br />

casa, na Barra, após sofrer um<br />

infarto fulminante.<br />

Licença para camarotes<br />

A Secretaria Municipal <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> montou a<br />

Central de Licenciamento de Eventos no piso G-1<br />

do Salvador Shopping. O órgão ficará em esquema<br />

de plantão fiscal para cálculo e cobrança do ISS.<br />

SXC<br />

Contra a meningite<br />

Os postos de vacinação de Salvador e região metropolitana<br />

receberão 300 mil doses <strong>da</strong> vacina contra<br />

a meningite tipo C a partir do dia 3o/1. Serão vacina<strong>da</strong>s<br />

crianças entre 0 e 5 anos.<br />

O paciente renal crônico precisa<br />

realizar sessões de hemodiálise<br />

dia sim, dia não, três vezes por<br />

semana, durante quatro horas. O<br />

Hospital Roberto Santos atende<br />

diariamente 150 pessoas, mas a<br />

maioria é de pacientes ca<strong>da</strong>strados<br />

– que mantêm continui<strong>da</strong>de do<br />

tratamento – e uma pequena parte<br />

são pessoas que chegam em estado<br />

grave ou procuram o serviço<br />

pela primeira vez.<br />

Enquanto estados como o Rio<br />

Grande do Sul dispõem de 80<br />

clínicas de hemodiálise, a Bahia<br />

conta apenas com 27. O poder público<br />

negligencia, principalmente,<br />

a população de bairros periféricos<br />

e do interior, onde o serviço é ain<strong>da</strong><br />

mais deficiente. Quando estas<br />

comuni<strong>da</strong>des buscam tratamento,<br />

a doença está em fase agu<strong>da</strong>,<br />

e, como não há vagas suficientes,<br />

muitos pacientes em estado grave<br />

acabam morrendo.<br />

Via-crúcis<br />

O estu<strong>da</strong>nte Edivam Borges, 25<br />

anos, mora em Barra do Rio Grande,<br />

a 700 km de Salvador, mas precisa<br />

vir à capital realizar as sessões de<br />

hemodiálise. “Lá não tem clínica ou<br />

hospital que faça o tratamento. Então,<br />

quando tive uma crise, em 2007,<br />

a Prefeitura disponibilizou um carro<br />

para me trazer para Salvador. Mas a<br />

viagem é muito desconfortável nas<br />

crises, porque tenho vômitos, dor<br />

de cabeça e pressão alta”, relata.<br />

Após conseguir tratar-se no<br />

Hospital São Rafael, Edivam ficou<br />

um ano sem precisar voltar, mas, há<br />

dois meses, começou a se sentir mal<br />

e teve de refazer o trajeto penoso. “Só<br />

estou aqui graças à associação que<br />

me acolhe e ain<strong>da</strong> me ca<strong>da</strong>stra no<br />

programa de hemodiálise”, afirma.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


mídia<br />

midia@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Nelson Cadena<br />

Atitude contra a dengue<br />

Estreia neste fim de semana a nova<br />

campanha contra a dengue cria<strong>da</strong> pela<br />

Tempo Propagan<strong>da</strong>, convocando a<br />

população para tomar atitudes, pondo<br />

em prática as medi<strong>da</strong>s de prevenção já<br />

massifica<strong>da</strong>s na campanha do governo federal. Ou seja, tampar recipientes<br />

vazios, ca<strong>da</strong> um fazendo a sua parte na própria residência. A campanha<br />

consta de um comercial de televisão, jingles e spot para o rádio, anúncios<br />

de jornal e revistas, busdoor, outdoor, mobiliário urbano e ain<strong>da</strong> um hot site<br />

desenvolvido pela Secretaria <strong>da</strong> Saúde do Estado <strong>da</strong> Bahia (Sesab), além de<br />

peças de mobilização interna do governo, tais como selo adesivo para correspondência,<br />

selo eletrônico para e-mails, sites e blogs, frases e mensagens<br />

em contracheques e spots de espera telefônica.<br />

Vai crescer<br />

Em 2010, os investimentos em<br />

publici<strong>da</strong>de voltam a crescer, nos<br />

patamares anteriores à crise, segundo<br />

previsão de Luiz Lara, presidente<br />

<strong>da</strong> Associação Brasileira de<br />

Agências de publici<strong>da</strong>de (Abap).<br />

Lara estima 12% alavancados pelas<br />

eleições e Copa do Mundo e aposta:<br />

“Será um ano midiático”.<br />

Camões em alta<br />

O idioma de Camões está em<br />

alta, pelo menos no que diz respeito<br />

às redes de relacionamento. Estudo<br />

realizado pelo TexWise constatou<br />

que o português é o segundo<br />

idioma mais empregado pelo Twitter.<br />

O inglês detém 61% dos tweets;<br />

o português, 11%; japonês, 6%; e espanhol,<br />

4%. A amostra contempla<br />

nove milhões de tweets.<br />

HD em teste<br />

A Rede Globo estreia no dia 24/1<br />

um programa gravado totalmente<br />

em HD, alta definição, um preview<br />

de produção para a TV digital, de<br />

olho na Copa do Mundo. O programa<br />

é ‘Nas On<strong>da</strong>s de Noronha’, reality<br />

show que envolve 42 pessoas,<br />

incluindo surfistas e artistas, e consumiu<br />

150 horas de gravação.<br />

No celular<br />

O móbile, marketing que nas<br />

pesquisas representava traço, já<br />

evidencia números mais robustos,<br />

segundo estimativas recémdivulga<strong>da</strong>s,<br />

que imaginam um<br />

investimento publicitário de<br />

R$ 85,9 milhões na mídia celular<br />

em 2010. O Brasil ain<strong>da</strong> é<br />

considerado mercado emergente<br />

para esse tipo de mídia.<br />

Zeca & Joca Bras<br />

‘Hoje eu tô solteira...’<br />

Versões brasileiras de músicas internacionais conseguem,<br />

na sua maioria, detonar os artistas originais. Porém,<br />

desbancando os reis <strong>da</strong>s piores versões, a ban<strong>da</strong> de forró<br />

Calcinha Preta e a extinta dupla Sandy e Júnior, Preta<br />

Gil se achou a própria Beyoncé e trocou o “All the single<br />

ladies” pelo “Hoje eu tô solteira”. Difícil saber se pior é<br />

a versão de Preta Gil, que canta coisas como “o suor do<br />

seu corpo me deixa louca por você”, ou as <strong>da</strong>nçarinas <strong>da</strong><br />

cantora que tentaram, sem sucesso — nem ritmo —, imitar a<br />

coreografia original. Desastre total.<br />

social<br />

social@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 19<br />

FOTOS JOCA BRAS<br />

Serviço aprovado<br />

Para manter o padrão de um dos restaurantes japoneses mais<br />

benquistos de Salvador, o sócio Bartô resolveu conferir de perto<br />

como an<strong>da</strong> a quali<strong>da</strong>de dos serviços do Soho Paseo Itaigara. Na<br />

ocasião, Bartô aproveitou para fazer um lanche. Pelo sorriso, o serviço<br />

deve ter sido aprovado. E com louvor.<br />

DIVULGAÇÃO<br />

‘Alô, Goiânia!’<br />

A Via Circular foi uma <strong>da</strong>s<br />

atrações do Réveillon de Guarajuba.<br />

Que a ban<strong>da</strong> é ruim,<br />

tem apenas três músicas e<br />

99,9% do show é composto<br />

por canções de outros artistas,<br />

todo mundo sabe. O que<br />

ninguém sabe é o que o vocalista<br />

Levi Lima tomou antes<br />

de subir ao palco. No meio do<br />

show, em um dos momentos<br />

“já é Carnaval”, ele se dirigiu<br />

ao público: “Alô, Goiânia!”.<br />

É, você leu certo: Goiânia!<br />

Ninguém pode garantir sem<br />

provas, mas confundir Guarajuba<br />

com Goiânia, além de<br />

parabenizar os torcedores do<br />

Flamengo pelo hexacampeonato<br />

quase um mês depois,<br />

não é coisa de gente sóbria...


20<br />

esportes<br />

esporte@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Nelsinho Piquet na Nascar<br />

Nelsinho Piquet desistiu de tentar uma vaga na<br />

F-1 e anunciou seu destino na tempora<strong>da</strong> 2010 do<br />

automobilismo. O brasileiro optou pela Nascar, a Stock<br />

Car dos EUA, mas a equipe ain<strong>da</strong> não está defini<strong>da</strong>.<br />

E vai rolar a guerra<br />

Bahia e Vitória retornam aos gramados com estratégias e objetivos bem diferentes para o Baianão<br />

DE UM LADO, O VITÓRIA<br />

quer manter a hegemonia de<br />

quase uma déca<strong>da</strong>; de outro, o<br />

Bahia está determinado a recuperar<br />

terreno – e prestígio. É<br />

cedo para especular o vencedor<br />

desse cabo-de-guerra, mas uma<br />

coisa é certa: o Baianão 2010,<br />

que começa neste domingo,<br />

17/1, promete ser um dos mais<br />

disputados campeonatos regionais<br />

dos últimos tempos.<br />

A dupla BA-VI retorna<br />

aos gramados<br />

com estratégias diferentes.<br />

Enquanto<br />

o Vitória, em meio a<br />

uma crise interna que culminou<br />

na saí<strong>da</strong> de Jorginho Sampaio<br />

do comando do futebol, não fez<br />

grandes contratações e preferiu<br />

apostar na base de 2009, o Bahia<br />

jogou para a torci<strong>da</strong> e optou pelos<br />

holofotes. Com Renato Gaúcho<br />

treinando o time, tirou Edilson,<br />

38 anos, <strong>da</strong> aposentadoria<br />

e compensou a saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> dupla<br />

Vitória aposta<br />

na base; e Bahia,<br />

em contratar<br />

reforços baratos<br />

de ataque Nadson-Jael contratando<br />

os promissores Rodrigo<br />

Gral, Rogerinho e Abedi.<br />

O presidente do Rubro-negro,<br />

Alexi Portela Jr., fechou os<br />

cofres, dispensou oito atletas e<br />

jogadores importantes, como<br />

o artilheiro Roger (de volta ao<br />

São Paulo), prestigiou a prata <strong>da</strong><br />

casa, mantendo como treinador<br />

Ricardo Silva e promovendo<br />

vários juniores, além de apos-<br />

tar na experiência<br />

de Viáfara, Vanderson,<br />

Ramon,<br />

Schwenck e Índio,<br />

que estava no futebol<br />

coreano e foi repatriado. Já<br />

o presidente do Tricolor, Marcelinho<br />

Guimarães, manteve<br />

parte do elenco de 2009 e promoveu<br />

uma <strong>política</strong> de contratações<br />

baratas, apostando to<strong>da</strong>s<br />

as fichas no bom olho de Renato<br />

Gaúcho. A sorte, ou a competência<br />

<strong>da</strong>s ações, está lança<strong>da</strong><br />

– e que vença o melhor.<br />

IMRE FOELDI/AE<br />

as regras do jogo<br />

*<br />

O Campeonato Baiano de 2010 será disputado em turno único, com quatro fases:<br />

Fase I (Classificação): 12 equipes, dividi<strong>da</strong>s em dois grupos, que se enfrentarão<br />

no sistema de i<strong>da</strong> e volta.<br />

Fase II (Quartas-de-Final): disputam entre si as quatro primeiras coloca<strong>da</strong>s<br />

de ca<strong>da</strong> grupo, no sistema de i<strong>da</strong> e volta.<br />

Fase III (Semifinal): as duas equipes melhores coloca<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> grupo<br />

disputam entre si.<br />

Fase IV (Final): os vencedores decidem o título.<br />

Times do interior motivados<br />

Com a <strong>política</strong> de baixos investimentos<br />

<strong>da</strong> dupla BA-VI, as equipes<br />

do interior sonham com o título do<br />

Baianão 2010. Atlético, Vitória <strong>da</strong><br />

Conquista, Madre de Deus e Itabuna<br />

são bons exemplos. O time de Alagoinhas<br />

investiu em 11 reforços, e o<br />

atacante Ciel, destaque na tempora<strong>da</strong><br />

2009, é esperança de gols. O diretor<br />

Raimundo Queiroz espera o apoio<br />

<strong>da</strong> torci<strong>da</strong> para que o Atlético reviva os<br />

velhos tempos, quando chegou a disputar<br />

as duas decisões: “Vamos entrar<br />

determinados a brigar pelo título”.<br />

Este também é o grande objetivo<br />

do Vitória <strong>da</strong> Conquista. Segundo<br />

pesquisa de uma rádio local, 44,6%<br />

dos torcedores acreditam no título<br />

inédito. No caso do Itabuna, a grande<br />

contratação foi Jorginho Sampaio,<br />

ex-gestor do Vitória, que chega para<br />

profissionalizar o clube, atrair inves-<br />

tidores e revelar jogadores. A equipe<br />

foi renova<strong>da</strong>, mas mantém a base de<br />

2009, que revelou Neto Berola. A parceria<br />

firma<strong>da</strong> com o Bahia é o grande<br />

trunfo do Madre Deus para fazer bonito.<br />

O clube conta com apoio do advogado<br />

Ademir Ismerim, investidor<br />

<strong>da</strong> equipe coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Aroldo<br />

Moreira. Dos nove reforços, destaque<br />

para Pablo, grande revelação <strong>da</strong> Seleção<br />

de São Francisco do Conde.<br />

os times-base os grupos<br />

Correndo por fora<br />

A diretoria do Camaçari reclama<br />

<strong>da</strong> falta de apoio <strong>da</strong>s empresas do<br />

Polo. Com poucos recursos, o time coman<strong>da</strong>do<br />

por Sapatão, que defendeu<br />

o Bahia nos áureos tempos <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

de 1970, entra mais uma vez como<br />

mero participante. Sem ter como investir,<br />

o presidente Fernando Lopes<br />

admite ter procurado a Ford, que se<br />

recusou a aju<strong>da</strong>r. O Colo Colo viveu<br />

séria crise em 2009, quando esteve<br />

até ameaçado de cair para a segun<strong>da</strong><br />

divisão do regional. O presidente<br />

José Maria disse que, apesar <strong>da</strong> falta<br />

de recursos para investimentos, o clu-<br />

be conseguiu apoio de seis patrocinadores<br />

para fazer 19 contratações.<br />

O Bahia de Feira trouxe três<br />

atletas, vem treinando desde novembro<br />

e realizou amistosos, mas,<br />

devido à chega<strong>da</strong> dos reforços, o<br />

técnico Arnaldo Lira avisou que<br />

ain<strong>da</strong> não tem uma base para a estreia.<br />

Já o Ipitanga, que disputará<br />

o campeonato, mais uma vez, no<br />

Estádio Pedro Amorim, em Senhor<br />

do Bonfim, trouxe jogadores do<br />

Rio, Paraná, Santa Catarina e Rio<br />

Grande do Sul, mas a grande esperança<br />

é o colombiano Rigoberto.<br />

Grupo 1<br />

Atlético<br />

Bahia de Feira<br />

Colo-Colo<br />

Madre de Deus<br />

Vitória<br />

Vitória <strong>da</strong> Conquista<br />

Grupo 2<br />

Bahia<br />

Camaçari<br />

Feirense<br />

Fluminense de Feira<br />

Ipitanga<br />

Itabuna<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


Dupla BA-VI elimina<strong>da</strong><br />

Bahia e Vitória foram eliminados <strong>da</strong> Copa São Paulo<br />

de Futebol Júnior na segun<strong>da</strong> ro<strong>da</strong><strong>da</strong>. O Rubro-negro<br />

foi goleado por 4 a 0 pelo São Paulo, no dia 12/1, e o<br />

Bahia perdeu por 1 a 0 para o Barueri, no dia seguinte.<br />

ACABOU A CURTA TRÉGUA<br />

entre o combativo conselheiro do<br />

Esporte Clube Bahia, Fernando<br />

Jorge Carneiro, e a presidência do<br />

clube. O projeto de construção de<br />

uma gestão tranquila e consensual<br />

entre sócios, conselheiros e direção<br />

– que levou à vitória de Marcelo<br />

Guimarães Filho na campanha<br />

de 2008 – virou pó graças a um impasse<br />

sobre o novo estatuto do Tricolor.<br />

Fernando Jorge fez oposição<br />

a todos os presidentes do Bahia<br />

desde a déca<strong>da</strong> de 1980, período<br />

dominado pelo grupo coman<strong>da</strong>do<br />

por Paulo Maracajá. À época, os<br />

mesmos nomes se revezavam no<br />

poder e indicavam outros a serem<br />

eleitos, baseando-se nas regalias e<br />

“pontos cegos” do es-<br />

tatuto eleitoral criado<br />

em 1957.<br />

Quando Guimarães<br />

Filho estava em<br />

campanha, tratou de<br />

calar a boca <strong>da</strong> oposição com promessas<br />

de mu<strong>da</strong>nças no estatuto.<br />

Mas, segundo Fernando Jorge, o<br />

Zebra na Copa de Nações<br />

Um dos animais que mais caracterizam a África, a zebra,<br />

deu as caras na Copa Africana de Nações. Favorita ao<br />

título, a seleção de Camarões, <strong>da</strong> estrela Samuel Eto’,<br />

jogou melhor, mas perdeu por 1 a 0 para o Gabão.<br />

Entrave político<br />

Oposição e direção do Bahia não se entendem sobre estatuto<br />

Marcelo Guimarães Filho e Fernando Jorge Carneiro: ‘aliados’ em rota de colisão quando o assunto é o Bahia<br />

Florence Perez<br />

florence.perez@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Fernando Jorge<br />

questiona ideia<br />

de Marcelo<br />

Guimarães<br />

presidente não só ignorou o acordo,<br />

como propôs, de supetão, novas<br />

regras para o jogo: “Na reunião do<br />

conselho deliberativo, em junho de<br />

2009, ele apresentou uma proposta<br />

que nunca havíamos deliberado,<br />

estabelecendo que<br />

apenas duas chapas<br />

poderiam ser indica<strong>da</strong>s<br />

pelo conselho.<br />

Ou seja, apenas seu<br />

grupo teria chance<br />

de vencer, já que domina, de forma<br />

ilegal, 80% dos assentos desse précolégio<br />

eleitoral”, acusa.<br />

‘Nós vamos <strong>da</strong>r trabalho’<br />

Para Fernando Jorge Carneiro,<br />

ao contrário do estatuto em vigor,<br />

que só permite aos conselheiros votarem<br />

no presidente, os sócios deveriam<br />

ter o mesmo direito. Ele e seu<br />

grupo de apoio, com cerca de 150<br />

membros, propuseram a Marcelo<br />

Guimarães Filho uma versão mais<br />

“democrática”, que dá direito a candi<strong>da</strong>tar-se<br />

à presidência qualquer<br />

um que tenha, no mínimo, 10% <strong>da</strong>s<br />

indicações dos conselheiros. “Essa<br />

proposta foi encampa<strong>da</strong> por Marcelo<br />

em reunião, e ele também tinha<br />

aceitado a ideia de um limite de cin-<br />

co chapas na eleição, mas o assunto<br />

foi esquecido”, comenta.<br />

O conselheiro afirma estar decepcionado<br />

com a postura do presidente,<br />

que tentou justificar o adiamento<br />

de um acordo, ain<strong>da</strong> em 2009,<br />

sob alegação de que a desapropriação<br />

<strong>da</strong> sede de praia do Bahia, na<br />

Boca do Rio, e os riscos de o time<br />

voltar a cair para a série C eram mais<br />

urgentes. Fernando Jorge acusa Guimarães<br />

Filho de impor seu desejo a<br />

qualquer custo. “Ele disse que, se a<br />

assembleia não ratificar seu estatuto,<br />

ficaremos paralisados, regidos pelo<br />

FOTOS HUMBERTO FARIAS<br />

documento antigo”, afirma.<br />

Fernando Jorge Carneiro ressalta<br />

que a proposta de Marcelinho não<br />

mu<strong>da</strong>rá o regime antidemocrático<br />

imposto pelo estatuto atual e promete<br />

tentar reverter a situação. “Nós<br />

vamos <strong>da</strong>r trabalho. Após as festas,<br />

iremos nos reunir e saber quais as<br />

medi<strong>da</strong>s cabíveis a tomar. Recorreremos<br />

ao Ministério Público, porque<br />

o Bahia não pode ficar à mercê <strong>da</strong><br />

vontade de Marcelo”, garante. Procurado<br />

pelo <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong>, Guimarães<br />

não se pronunciou sobre o<br />

assunto até o fechamento <strong>da</strong> edição.<br />

esportes<br />

esporte@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

próximo jogo/Bahia<br />

Dia 17/1 às 16h<br />

Colo Colo x Bahia<br />

Mário Pessoa/Ilhéus<br />

bagunçando o baba<br />

Sau<strong>da</strong>de, desinformação e confusão<br />

O jogo-treino entre Bahia e seleção de São Francisco do Conde tinha<br />

um único objetivo: permitir que o técnico Renato Gaúcho observasse<br />

os novos reforços para começar a montar o time para a estreia no Campeonato<br />

Baiano. Só que esqueceram de avisar que o amistoso não seria<br />

aberto ao público. Saudosa e apaixona<strong>da</strong>, como de hábito, a torci<strong>da</strong> tricolor<br />

compareceu em massa ao Fazendão, e a confusão foi forma<strong>da</strong>. A<br />

Polícia Militar, convoca<strong>da</strong> com urgência, chegou a agredir até jornalistas<br />

que estavam trabalhando. A paz só voltou a reinar no Fazendão quando<br />

o presidente Marcelo Guimarães Filho autorizou a abertura dos portões.<br />

Gramado de Pituaçu<br />

Até o pessoal <strong>da</strong> Seleção<br />

Brasileira reclamou <strong>da</strong>s condições<br />

do gramado de Pituaçu,<br />

mas só depois do jogo dos<br />

Amigos de Ronaldinho, o governo<br />

do Estado fez uma reforma<br />

para melhorar o gramado<br />

para o Campeonato Baiano. No<br />

ano passado, o técnico Gallo,<br />

que dirigia o Bahia, já havia<br />

cobrado providências. Ele argumentava<br />

que a grama alta<br />

exigia muitos dos jogadores e<br />

dificultava o toque de bola.<br />

Estádio liberado<br />

O Estádio Mário Pessoa,<br />

em Ilhéus, passou por uma reforma,<br />

e, por pouco, o jogo entre<br />

Colo Colo e Ilhéus não teve<br />

o mando de campo alterado.<br />

Tudo porque a praça esportiva<br />

serviu de alojamento para<br />

os desabrigados <strong>da</strong>s últimas<br />

chuvas, o que atrasou o início<br />

<strong>da</strong>s reformas. Somente na sexta-feira,<br />

dia 8/1, a Federação<br />

Bahiana de Futebol recebeu<br />

laudo final aprovando o Mário<br />

Pessoa para o Baianão 2010.<br />

próximo jogo/Vitória<br />

Dia 17/1 às 16h<br />

Vitória x Camaçari<br />

Barradão/Salvador<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 21<br />

SXC<br />

ANTONIO QUEIROS/CORREIO


22<br />

cultura & lazer<br />

cultura@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

entrevista Bob fernandes<br />

O Negro no Futebol Brasileiro –<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Mario Filho<br />

Nesta época de pré-tempora<strong>da</strong> do<br />

ano futebolístico, uma boa dica é<br />

este livro de Mario Filho – sim, é<br />

ele que dá nome ao Maracanã. A<br />

obra traça a trajetória dos negros<br />

pelo esporte mais popular do<br />

País, com uma vasta visão socioantropológica<br />

e uma quali<strong>da</strong>de literária<br />

típica dos Rodrigues. Mario<br />

Rodrigues Filho era irmão de<br />

Nelson. Leitura obrigatória para<br />

melhor compreensão do futebol brasileiro e do próprio<br />

Brasil, traz ain<strong>da</strong> prefácio de Gilberto Freyre. Profética, a<br />

1ª edição do livro antecede o surgimento de Pelé.<br />

teatro<br />

O Homem <strong>da</strong> Tarja Preta<br />

Com texto do psicanalista Contardo<br />

Calligaris e direção de Bete<br />

Coelho, a peça traz o ator Ricardo<br />

Bittencourt num monólogo sobre<br />

a masculini<strong>da</strong>de e o seu mundo,<br />

revelando o que o autor denomina<br />

como a “crise do macho”. Estreia<br />

hoje, no Teatro Casa do Comércio,<br />

às 21h. Ingressos: R$ 40.<br />

Cabaré <strong>da</strong> RRRRRaça<br />

Já é um clássico do Bando de Te-<br />

Remake à vista?<br />

Com a morte do diretor John Hughes, já se cogita um<br />

remake <strong>da</strong> comédia cult ‘Curtindo a Vi<strong>da</strong> Adoi<strong>da</strong>do’,<br />

de 1986. Para o desespero dos fãs, o ator Matthew<br />

Broderick, eterno Ferris Bueller, aprova a ideia.<br />

‘Os personagens não são só eles, mas eles e as circunstâncias’<br />

Do início dos anos 2000 para cá, o jornalista Bob Fernandes, editor do Terra Magazine, já esteve cerca de 15 vezes na Venezuela. A mais recente<br />

visita ao país vizinho foi em 2007, na Copa América, e ele já planeja um novo retorno. Fernandes cumpre uma missão: escrever um livro com o<br />

“retrato” – não a biografia, como ele gosta de frisar – do polêmico presidente Hugo Chávez. Para o jornalista paulista, nascido em Barretos, que se<br />

diz “baiano naturalizado”, o líder venezuelano mostrou, quando ain<strong>da</strong> era desconhecido, que se tornaria muito importante. Por Larissa Oliveira<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Metrópole</strong> – Uma<br />

biografia na internet diz<br />

que você era “a pessoa certa<br />

no lugar e hora precisos na<br />

noite em que Hugo Chávez<br />

venceu o referendo que o reconduziria<br />

à presidência <strong>da</strong><br />

Venezuela”. Como você conseguiu<br />

ficar a sós com ele?<br />

Bob Fernandes – Dois anos<br />

antes, um mês antes do<br />

golpe, em março de 2002,<br />

tinha feito uma entrevista<br />

com ele. Quando teve o<br />

golpe, eu fui para a Venezuela,<br />

acompanhei também<br />

o contragolpe e a volta dele<br />

ao poder. Fiquei cinco dias<br />

no palácio fazendo a reportagem,<br />

ouvindo todo mundo.<br />

Quando chegou o referendo,<br />

fui para lá também,<br />

e, na noite do referendo, ele<br />

me convidou para assistir,<br />

na sala dele, que era o coração<br />

<strong>da</strong> campanha. Naquela<br />

madruga<strong>da</strong>, eu acompanhei<br />

o processo de dentro do Palácio<br />

Vila Flores.<br />

JM – Quanto tempo de es-<br />

ta<strong>da</strong> na Venezuela?<br />

BF – Já estive lá umas 14,<br />

15 vezes. A última vez foi<br />

em 2007, na Copa América.<br />

Quando comecei a escrever<br />

o retrato – porque não é uma<br />

biografia – do Chávez, fiquei<br />

quase um mês. Vou voltar assim<br />

que tiver um tempinho,<br />

porque alguns personagens<br />

eu preciso entrevistar de<br />

novo. As coisas mu<strong>da</strong>ram.<br />

JM – Você mudou muito<br />

sua visão do processo?<br />

BF – A visão de alguém que<br />

acompanhou os eventos na<br />

época é completamente diferente<br />

<strong>da</strong> de quem não estava<br />

lá. Quem estava lá sabe<br />

que havia uma grande articulação<br />

midiática, empresarial,<br />

etc. para derrubá-lo. De<br />

lá para cá, muita coisa mudou.<br />

Para se ter uma ideia, o<br />

cara que o salvou do golpe,<br />

o general Pablo Leal, é hoje<br />

um adversário dele, talvez o<br />

maior de todos. É por isso,<br />

inclusive, que preciso voltar<br />

antes de terminar de escre-<br />

ver. O impressionante foi a<br />

reação popular, por exemplo,<br />

não tanto os depoimentos<br />

em si.<br />

JM – Há alguma previsão<br />

de lançamento do livro?<br />

BF – Olha, isso exige pelo<br />

menos um mês escrevendo,<br />

um período em que eu não<br />

possa pensar em na<strong>da</strong>, fazer<br />

mais na<strong>da</strong>. Tanto que grande<br />

parte do que eu escrevi<br />

foi naquele período em que<br />

fiquei um mês na Venezuela,<br />

só fazendo isso de manhã,<br />

de tarde e de noite. Mas agora,<br />

eu edito o Terra Magazine,<br />

que é uma revista diária<br />

eletrônica, então é muito<br />

trabalho. Este ano, tem Copa<br />

do Mundo, então, imagino<br />

que antes de novembro eu<br />

não consiga parar um mês.<br />

JM – Já planejava escrever<br />

o livro quando foi para lá?<br />

BF – Não. Eu fui porque, no<br />

início dos anos 2000, ele<br />

(Hugo Chávez) era um personagem<br />

praticamente des-<br />

conhecido, mas, para mim, já<br />

estava muito claro que se tornaria<br />

muito importante, independentemente<br />

de quem<br />

gosta, de quem não gosta,<br />

ache-o bom ou ruim. Nos primeiros<br />

dois anos, fiz algumas<br />

atro Olodum este espetáculo dirigido<br />

por Chica Carelli, que foca<br />

temas ligados à população negro-<br />

DIVULGAÇÃO<br />

pautas, mas não planejava<br />

um livro. Depois é que isso<br />

foi se tornando meio natural.<br />

JM – Tem alguma opinião<br />

forma<strong>da</strong> sobre Chávez?<br />

BF – Isso é muito simplista.<br />

mestiça soteropolitana em seus<br />

dias atuais. Sempre um artista é<br />

convi<strong>da</strong>do a cantar. Teatro Vila<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Quem conhece um pouco<br />

de <strong>política</strong>, de poder, sabe<br />

que estes personagens não<br />

são só eles, mas eles e as<br />

circunstâncias. O que eu<br />

sei é que quase ninguém<br />

conhece o cara, que é o que<br />

me interessa na história. As<br />

pessoas não sabem nem se<br />

ele tem pai, mãe, mulher, filhos,<br />

o que ele pensa, deixa<br />

de pensar, o que ele pensou<br />

nos dias e horas do golpe...<br />

Não tem sentido um jornalista<br />

partir para uma história<br />

dessas fazendo um julgamento<br />

político ou moral.<br />

Se fizer isso, já cai numa armadilha.<br />

Eu prefiro ficar de<br />

cabeça aberta e livre em relação<br />

a estes personagens.<br />

JM – É cedo para indicar resultados,<br />

mas as próximas<br />

eleições serão acirra<strong>da</strong>s?<br />

BF – Não vai ser uma eleição<br />

morna, será acirra<strong>da</strong> e dura.<br />

Não tem eleição presidencial<br />

que seja morna, a única foi<br />

em 1998, porque estava em<br />

meio ao Plano Real.<br />

Velha, hoje, às 20h. Ingressos:<br />

R$ 20 (inteira).<br />

O Indignado<br />

Sucesso <strong>da</strong> dupla Fernando Guerreiro-Frank<br />

Menezes, este monólogo<br />

trata <strong>da</strong>s indignações atuais<br />

e ancestrais em todos os níveis.<br />

Para quem não sabe viver sem reclamar<br />

de tudo e para quem aceita<br />

tudo passivamente. Teatro<br />

Jorge Amado, hoje, amanhã e<br />

domingo, às 20h. Ingressos:<br />

R$ 40 (inteira).<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010


dica do chef<br />

Balé Folclórico<br />

Sob a direção de Walson Botellho, o Balé Folclórico<br />

<strong>da</strong> Bahia apresenta, no Teatro Miguel Santana, a<br />

coreografia ‘Zebrinha’, que ressalta a <strong>da</strong>nça dos<br />

orixás. De segun<strong>da</strong> a sábado, às 20h. Ingressos: R$ 30.<br />

Happy hour<br />

com requinte<br />

Lin<strong>da</strong> vista e petiscos saborosos garatem a fama do Acqua Café<br />

PÔR-DO-SOL, vista<br />

para a Baía de Todos-os-<br />

Santos e petiscos deliciosos.<br />

Esta foi a fórmula que consagrou<br />

o Acqua Café como<br />

um dos happy hours mais<br />

disputados de Salvador.<br />

Seja no deck ou na parte<br />

interna, com ambiente rústico<br />

mais requintado, é o local<br />

perfeito para experimentar<br />

os crepes, a especiali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> casa, que carregam os<br />

nomes <strong>da</strong>s lanchas de alguns<br />

amigos. O Malu, crepe<br />

de camarão com catupiry<br />

(R$ 25), é o carro-chefe. As<br />

bruschettas de mussarela<br />

de búfala e tomates frescos<br />

também fazem sucesso.<br />

cinema<br />

O Fa<strong>da</strong> do Dente<br />

Pré-estreia. Direção: Michael Lembeck.<br />

Com: Dwayne Johnson e<br />

Ashley Judd. Multiplex 12 (dub):<br />

11h (sábado e domingo), 13h10,<br />

15h20. UCI Paralela 1 (dub): 11h<br />

(sábado e domingo), 13h10, 15h20.<br />

Cinemark 11 (dub): 11h40.<br />

Vício Frenético<br />

Direção:Werner Herzog. Com: Nicolas<br />

Cage e Eva Mendes. Multiplex<br />

10: 11h20, 13h50, 16h20,<br />

18h50, 21h20, 23h45. UCI Paralela<br />

2: 11h, 13h30, 16h, 18h30,<br />

21h, 23h30. Cinemark 6: 16h20,<br />

19h05 , 21h45.<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

Ah... o amor!<br />

Direção: Fausto Brizzi. Com: Vincenzo<br />

Alfieri e Claudio Bisio. UCI<br />

Paralela 1: 17h30, 20h, 22h30.<br />

Uma Mãe em Apuros<br />

Direção: Katherine Dieckman.<br />

Com: Uma Thurman e Anthony<br />

Edwards. Multiplex 2: 17h40,<br />

19h40, 21h40, 23h40.<br />

cultura & lazer<br />

cultura@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

ULISSES DUMAS<br />

Bruschettas de tomates frescos custam R$ 9 no Acqua Café<br />

Uma Vi<strong>da</strong> sem Regras<br />

Direção: Oliver Irving. Com: Robert<br />

Pattinson e Rebecca Pidgeon.<br />

Multiplex 9: 22h, 23h50.<br />

Sempre ao Seu Lado<br />

Direção: Wayne Krames. Com<br />

Harrison Ford, Ray Liotta e Ashley<br />

Judd. EUA/2009. Cinemark<br />

2: 14h30, 19h20.<br />

A Vi<strong>da</strong> Íntima de Pippa<br />

Lee<br />

Direção: Rebecca Miller. Com:<br />

Keanu Reeves e Julianne Moore.<br />

Multiplex 12: 17h30, 19h30,<br />

21h30, 23h30.<br />

brusqueta<br />

de tomate<br />

tempo<br />

ingredientes<br />

6 fatias de pão italiano (tipo<br />

bengala)<br />

3 colheres (sopa) azeite extravirgem<br />

1 xícara (chá) mussarela de<br />

búfala pica<strong>da</strong><br />

3 tomates sem sementes em<br />

cubos<br />

1 maço de manjericão<br />

modo de preparo<br />

Corte fatias (de 2 cm) de pão<br />

italiano e leve-as ao forno préaquecido<br />

por 2 minutos. Retire<br />

e, em segui<strong>da</strong>, regue com<br />

azeite extravirgem as fatias<br />

de pão. Salpique a mussarela<br />

de búfala e devolva as fatias<br />

ao forno até derreter o queijo.<br />

Corte os tomates, tempere<br />

com manjericão e azeite extravirgem.<br />

Retire as fatias do<br />

forno, coloque um pouco de<br />

tomate em cima e sirva<br />

Severino Silva é chef do Acqua<br />

Café (Av. Contorno, 1.010 – Bahia<br />

Marina, Comércio – Tel. : 3321-8553)<br />

Sherlock Holmes<br />

Direção: Guy Richie. Com: Robert<br />

Downey Jr. e Judy Law.<br />

Multiplex 8 (dub): 11h25, 14h,<br />

16h35, 19h10, 21h45. UCI Paralela<br />

(dub) 5: 10h30, 13h10, 15h50,<br />

18h30, 21h10, 23h45. Cinemark<br />

8 (leg): 13h20, 16h10, 19h,<br />

21h50.<br />

A Teta Assusta<strong>da</strong><br />

Direção: Wayne Krames. Com<br />

Harrison Ford, Ray Liotta e Ashley<br />

Judd. EUA/2009. Cinemark<br />

6: 14h.<br />

o que rola<br />

O cantor e compositor<br />

Márcio Mello fará uma<br />

dobradinha nesta sextafeira.<br />

Primeiro, Mello<br />

apresenta o show ‘Solitário<br />

Punk’ no projeto ‘Música<br />

no Porto’, às 18h. Em<br />

segui<strong>da</strong>, ele coman<strong>da</strong> a<br />

festa no bar Maria João,<br />

a partir <strong>da</strong>s 22h. Ingressos:<br />

R$ 20 e R$ 30.<br />

Ca<strong>da</strong> vez melhor, Gil lança mais um trabalho: o DVD<br />

‘Ban<strong>da</strong>dois’. Para apresentar esta nova concepção<br />

sonora ao público baiano, ele sobe ao palco acompanhado<br />

do seu filho Bem Gil (violão) e do violoncelo<br />

de Jaques Morelembaum. Hoje, no Teatro Castro Alves,<br />

às 21h. Ingressos: R$ 120 (inteira/fila A).<br />

Dudu Nobre<br />

O sambista carioca<br />

chega a Salvador para<br />

uma única apresentação<br />

de ‘Dudu Nobre:<br />

ro<strong>da</strong> de samba ao vivo’,<br />

show equivalente ao<br />

seu último CD/DVD. O<br />

trabalho reúne sambas<br />

de alguns dos maiores<br />

compositores do gênero.<br />

Domingo, no Cais<br />

Dourado, às 14h. Ingressos:<br />

R$ 50 (inteira).<br />

A Árvore Já É a<br />

Imagem do Mundo<br />

Exposição do polêmico<br />

artista plástico baiano<br />

Willyams Martins, conhecido<br />

como “ladrão de<br />

grafites”, mostra 16 composições<br />

feitas com caules,<br />

folhas, livros, adubo e<br />

sementes. No Centro Cultural<br />

dos Correios (Pelourinho),<br />

de segun<strong>da</strong> a sexta,<br />

<strong>da</strong>s 8h às 18h. Sábados, <strong>da</strong>s<br />

8h às 12h. Entra<strong>da</strong> gratuita.<br />

Para chegar de ferryboat,<br />

é um deus-nos-acu<strong>da</strong>. De<br />

lancha, não presta nem o lanche. E quando<br />

finalmente se chega à – infelizmente<br />

abandona<strong>da</strong> – Ilha de Itaparica, a conclusão<br />

que chega junto é a de que era melhor<br />

ter ficado em casa. Da sujeira crônica ao<br />

barulho infernal, é garantia de estresse.<br />

Corra léguas, não vá!<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010 23<br />

7 min<br />

Márcio Mello em dose dupla<br />

ULISSES DUMAS<br />

Gilberto Gil no TCA<br />

Itaparica


24<br />

obituário<br />

obituario@jornal<strong>da</strong>metropole.com.br<br />

Zil<strong>da</strong> Arns morre em tragédia no Haiti<br />

A FUNDADORA DA Pastoral<br />

<strong>da</strong> Criança e representante<br />

<strong>da</strong> Conferência Nacional<br />

dos Bispos do Brasil<br />

(CNBB), Zil<strong>da</strong> Arns, morreu<br />

na última terça-feira, dia<br />

12/1, vítima do<br />

terremoto de que<br />

atingiu Porto<br />

Príncipe, capital<br />

do Haiti. Zil<strong>da</strong>,<br />

que tinha 75 anos, estava no<br />

país em missão humanitária<br />

pela Pastoral, onde iria encontrar<br />

religiosos e fazer um<br />

palestra. Caminhava na rua<br />

quando foi atingi<strong>da</strong> pelos es-<br />

combros do terremoto.<br />

Médica pediatra e sanitarista,<br />

Zil<strong>da</strong> trabalhava<br />

no combate à mortali<strong>da</strong>de<br />

infantil e à desnutrição<br />

em comuni<strong>da</strong>des pobres<br />

de todo o Haiti.<br />

A Pastoral<br />

<strong>da</strong> Criança,<br />

enti<strong>da</strong>de liga<strong>da</strong><br />

à CNBB,<br />

que atuava em 16 países,<br />

foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1983 em<br />

parceria com o arcebispo<br />

de Salvador e primaz do<br />

Brasil, dom Geraldo Majella<br />

Agnelo. Suas ações<br />

Sau<strong>da</strong>des de Eudes Figueiredo<br />

quando não existiam os cemitérios, os católicos eram sepultados den-<br />

tro <strong>da</strong>s igrejas. Acreditava-se que, dessa forma, a alma ficaria protegi<strong>da</strong><br />

pelos santos. Em fins do século XVII, com o crescimento populacional e<br />

urbano, este costume se tornou inviável. Assim, os enterros começaram a<br />

ser de fato realizados em áreas abertas, criando-se os chamados campos-<br />

santos ou cemitérios secularizados. Hoje, os cemitérios podem ser encon-<br />

trados em diversas formas, desde jardins simples a enormes espaços com<br />

suntuosos túmulos. O Cemitério Père Lachaise, em Paris, onde muitos ar-<br />

tistas estão sepultados, é considerado um dos mais famosos do mundo.<br />

“Os animais são todos<br />

iguais, mas uns são mais<br />

iguais que outros”<br />

George Orwell, escritor • 1903 † 1950<br />

Fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> Pastoral <strong>da</strong> Criança cumpria missão humanitária no país atingido por terremoto<br />

“Excelente amigo”. É assim<br />

que Maria Amélia, que o conhecia<br />

há 40 anos, define João Eudes de<br />

Figueiredo. A morte inespera<strong>da</strong> do<br />

empresário, aos 60 anos, vítima de<br />

uma para<strong>da</strong> cardíaca, surpreendeu<br />

a família no dia 10/1.<br />

Há dois anos, Eudes, como<br />

era conhecido, descobriu um<br />

câncer no esôfago, mas se curou<br />

e estava bem. “No sábado, ele estava<br />

com a gente, feliz e se divertindo.<br />

No domingo, foi embora”,<br />

lamenta a amiga.<br />

Pediatra atuava<br />

no combate à<br />

mortali<strong>da</strong>de<br />

infantil<br />

ARQUIVO DA FAMÍLIA<br />

ANIELE NASCIMENTO/AE<br />

Culto, Eudes é lembrado por<br />

todos pelo seu fascínio pela leitura<br />

e pelas músicas. Era fã dos<br />

playlists <strong>da</strong> Rádio <strong>Metrópole</strong> FM.<br />

“Ele adorava conversar e sabia falar<br />

muito bem sobre todos os assuntos”,<br />

orgulha-se Maria.<br />

Amigo de to<strong>da</strong>s as horas, era<br />

rodeado de pessoas queri<strong>da</strong>s. Com<br />

a família, não deixava a desejar.<br />

“Ele era maravilhoso”, resume.<br />

Eudes, cujo corpo foi sepultado no<br />

Jardim <strong>da</strong> Sau<strong>da</strong>de, deixa a mãe,<br />

duas filhas e duas netas.<br />

renderam indicações a vários<br />

prêmios, e, em 2006,<br />

ela chegou a ser indica<strong>da</strong><br />

para o Nobel <strong>da</strong> Paz.<br />

Zil<strong>da</strong> era também<br />

fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> Pastoral<br />

<strong>da</strong> Pessoa Idosa e<br />

membro do Conselho<br />

Nacional de Saúde e do<br />

Conselho Nacional de<br />

Desenvolvimento Econômico<br />

e Social. Era<br />

irmã do arcebispo emérito<br />

de São Paulo, dom<br />

Paulo Evaristo Arns e tia<br />

do senador Flávio Arns<br />

(PSDB-PR).<br />

O adeus de uma<br />

mãe guerreira<br />

Uma referência familiar<br />

Com muitas histórias para contar<br />

e com a experiência de quem<br />

viveu bastante, A<strong>da</strong>ucto Gonçalves<br />

Salles Brasil se tornou referência<br />

para a família, seja pela personali<strong>da</strong>de<br />

amorosa ou pela luta que empenhou<br />

profissionalmente em prol <strong>da</strong><br />

justiça. “Ele era alegria, generosi<strong>da</strong>de,<br />

amizade”, conta a filha Maria Luiza.<br />

Mesmo aos 91 anos, A<strong>da</strong>ucto<br />

estava sempre atento às notícias,<br />

principalmente sobre <strong>política</strong>. Procurador<br />

de justiça aposentado, gostava<br />

de contar aos filhos e netos, aos<br />

era (ou é) assim... deixaram sau<strong>da</strong>de (ou não)...<br />

15/1 Rosa Luxemburgo, filósofa (1919); Joey Ramone, músico (2001)<br />

16/1 Rodrigues Alves, ex-presidente do Brasil (1919); Aldo Bonadei,<br />

pintor (1974) ; Rudolf-August Oetker, industrial (2007)<br />

17/1 Tarsyla do Amaral, pintora (1973); Bezerra <strong>da</strong> Silva, cantor (2005)<br />

18/1 Rudyard Kipling, escritor (1936); Ary dos Santos, poeta (1984)<br />

19/1 Marechal Rondon, sertanista (1958); Elis Regina, cantora (1982)<br />

20/1 Mestre Vitalino, artesão (1963); Garrincha, jogador de futebol (1983);<br />

Audrey Hepburn, atriz (1993)<br />

21/1 Aluísio de Azevedo, romancista (1913); George Orwell, escritor (1950);<br />

Luiz Carlos Tourinho, ator (2008)<br />

REPRODUÇÃO<br />

Para a família, ela era o alicerce.<br />

Na vizinhança, em Mata<br />

Escura, era a mulher guerreira e<br />

acolhedora, chama<strong>da</strong> de “mamãe”<br />

por todos. Com uma trajetória<br />

marca<strong>da</strong> pela bon<strong>da</strong>de, Margari<strong>da</strong><br />

Fernandes Lima deixa sau<strong>da</strong>des<br />

entre os amigos e familiares. Ela<br />

morreu no dia 10/1, aos 48 anos, vítima<br />

de um infarto, deixando oito<br />

filhos e 12 netos.<br />

“Acho que ela não aguentou a<br />

morte de meu pai e se foi um ano<br />

depois dele”, conta a filha Margarete.<br />

Dedica<strong>da</strong>, ela trabalhava como<br />

doméstica há 15 anos na mesma<br />

casa e com a família numerosa, tinha<br />

especial atenção. “Era o nosso<br />

maior tesouro”, diz a filha.<br />

ARQUIVO DA FAMÍLIA<br />

quais dedicava carinho especial,<br />

histórias do passado e fatos pitorescos.<br />

“Ele se tornou ain<strong>da</strong> mais amoroso<br />

depois que virou avô. Mas era<br />

assim com todos”, diz a filha. A<strong>da</strong>ucto<br />

morreu no dia 8/1 e seu corpo foi<br />

sepultado no Jardim <strong>da</strong> Sau<strong>da</strong>de.<br />

Salvador, 15 de janeiro de 2010

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