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ENTRE O CAMPO E A CIDADE (EM FESTA ... - XII Simpurb

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Parece de aceitação quase hegemônica entre os estudiosos do assunto que a legislação<br />

vigente é responsável por alguns conflitos conceituais e práticos devido à sua<br />

inadequação. Afinal, ao reconhecer como urbana toda sede de município, o Decreto-lei<br />

311 de 1938 desconsidera uma série de características funcionais e estruturais que<br />

extrapolam os limites físicos. No entanto, também é necessário não reduzir a<br />

urbanização à densidade demográfica, ignorando os espaços de fluxo em suas diferentes<br />

intensidades. Somente ao se desvencilhar de uma abordagem simplesmente quantitativa<br />

é possível entender o urbano para além dos perímetros demarcados pelas prefeituras,<br />

sem substituir um modelo formal por outro de mesma ordem. Como bem lembra Carlos<br />

(2007: 104), “[...] cidade e campo se diferenciam pelo conteúdo das relações sociais<br />

neles contidas, sendo que estas relações, atualmente, ganham conteúdo em sua<br />

articulação com a construção da sociedade urbana [...]”.<br />

Observando essas alterações presentes na realidade social, Graziano da Silva (1999) já<br />

questionava, nas décadas finais do século XX, a tradicional noção de rural. Para ele, o<br />

rural havia deixado de ser o lugar da produção agrícola, surgindo diversas formas de<br />

complementação de renda e atividades no campo. Esse “novo rural”, como classifica o<br />

autor, dá-se pelo avanço do capitalismo em todos os setores e tem como objetivo<br />

atender à crescente demanda de consumo. A extensão das condições industriais à<br />

agricultura, pecuária e outras atividades econômicas do campo certamente não se<br />

realizou de forma homogênea segundo Graziano (1982). Do mesmo modo, também não<br />

se distribuíram igualmente pelo espaço as imagens articuladoras desse “novo rural”,<br />

como casas de campo próximas a centros urbanos, equipamentos de turismo rural ou<br />

propriedades produtoras de artigos voltados para um público mais sofisticado, como os<br />

produtos orgânicos ou iguarias culinárias que abastecem os restaurantes dos grandes<br />

centros, a exemplo de “fazendas” de cogumelos ou rãs.<br />

Nesse aspecto, são fundamentais as contribuições de Monte-Mór (2007), em sua<br />

distinção acerca das funções substantivas e adjetivas dos termos cidade, campo, urbano<br />

e rural. Desenvolvendo-se em relações ao mesmo tempo antagônicas e complementares,<br />

os elementos substantivos cidade e campo deram origem às qualificações urbano e rural<br />

respectivamente. Com o processo de “urbanização extensiva” 2 , cidade e campo deixam<br />

de representar realidades concretas e “[...] a substantivação do qualificativo urbano [...]<br />

2 Para uma aproximação do conceito, ver MONTE-MÓR, 1994; 2006.<br />

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