ENTRE O CAMPO E A CIDADE (EM FESTA ... - XII Simpurb
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Em 2011, a procissão do Triunfo Eucarístico foi revivida com grande pompa por conta<br />
das comemorações dos 300 anos de Ouro Preto. Reunindo milhares de pessoas pelas<br />
ruas históricas, a festa envolveu não só a participação das paróquias, ordens terceiras e<br />
irmandades religiosas, mas também de artistas plásticos, intelectuais da Universidade<br />
Federal de Ouro Preto (UFOP), além de estudantes das redes públicas estadual e<br />
municipal de ensino. Assim, a festa, descrita por Souza (1982) como uma das mais<br />
imponentes do Brasil colonial, “apanágio de poucos” e dona de opulência enganadora,<br />
ganhou no século XXI, elementos próprios deste tempo de festa midiatizada. O cortejo,<br />
divulgado de forma massiva pelos meios de comunicação, foi encenado com direito a<br />
roupas cedidas pelo acervo da Fundação Clóvis Salgado e, como praticamente toda festa<br />
que faz parte do calendário de eventos de qualquer cidade no mundo, transformou-se em<br />
importante atrativo turístico, atendendo às demandas do urbano contemporâneo. É desse<br />
modo que o Triunfo Eucarístico do século XXI aproxima-se mais de um estado<br />
mimético – no sentido aristotélico do termo, já que as reelaborações evidentes não<br />
permitem reduzir a festa à uma cópia –, do que mero simulacro, imagens vazias e<br />
desenraizadas de qualquer realidade concreta, como proporia Baudrillard (1991). É um<br />
espetáculo próprio do urbano de seu tempo, seja nos dias de hoje, seja nas Minas<br />
setecentistas.<br />
Cena 02: Festas do campo na cidade contemporânea, o urbano como síntese<br />
O som que vem do rádio anuncia que é tempo de festa na cidade. Dois dias embalados<br />
pela música sertaneja feita por uma nova geração de artistas, em geral, jovens urbanos<br />
que nem sempre trazem consigo alguma relação com o campo. A atração do fim de<br />
semana é o Sertanejo Pop Festival, evento que, em 2011, chega pela primeira vez à Belo<br />
Horizonte já alçado pelo êxito do ano anterior, quando foi realizado apenas na capital<br />
paulista e reuniu mais de 30 mil pessoas na Chácara do Jockey Club da cidade. Gente<br />
interessada em ver e ouvir de perto músicos que conseguiram emplacar suas canções<br />
nas listas das mais executadas em todo o país 1 . Ou ainda, apenas um grande número<br />
1 Para uma análise mais detalhada, ver pesquisa disponível em ECAD, 2011. Distribuídos por regiões, os<br />
dados referentes a abril de 2011 mostram que apenas nos estados do Norte o gênero sertanejo não<br />
ocupou a primeira posição na lista de canções mais executadas em rádios AM, FM, festas e shows<br />
diversos. O levantamento foi feito pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD),<br />
associação que faz o recolhimento dos direitos autorais decorrentes da execução pública de músicas no<br />
Brasil.<br />
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