os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />
______________________________________________________________________<br />
Não são poucas as críticas <strong>de</strong> Nina Rodrigues às medidas empregadas na Bahia<br />
contra <strong>os</strong> cult<strong>os</strong> african<strong>os</strong>, o autor enten<strong>de</strong> que não têm a forma <strong>de</strong> uma intervenção<br />
mo<strong>de</strong>rada, lícita e, sobretudo convincente. São tod<strong>os</strong> at<strong>os</strong> violent<strong>os</strong>, arbitrári<strong>os</strong> e ilegais.<br />
O autor chega a afirmar que com seu estudo, espera ter <strong>de</strong>monstrado que, corroborado<br />
pel<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> realizad<strong>os</strong> na África, o caso do culto “jeje-nagô” trata-se <strong>de</strong> uma<br />
verda<strong>de</strong>ira religião em que o período puramente fetichista está quase transp<strong>os</strong>to,<br />
tocando às raízes do franco politeísmo. (RODRIGUES, 1982). Além disto, Rodrigues<br />
afirma que “<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> candomblés”, as práticas religi<strong>os</strong>as d<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> po<strong>de</strong>m,<br />
pois, ser capitulad<strong>os</strong> <strong>de</strong> um erro, do ponto <strong>de</strong> vista teológico e como tais reclamar a<br />
conversão d<strong>os</strong> seus a<strong>de</strong>pt<strong>os</strong>. No entanto, elas não são um crime, e não justificam as<br />
agressões brutais da polícia, <strong>de</strong> que são vítimas. (RODRIGUES, 1982).<br />
Com a função <strong>de</strong> protetor <strong>de</strong> terreiro, Rodrigues está preocupado com a<br />
integrida<strong>de</strong> física d<strong>os</strong> a<strong>de</strong>pt<strong>os</strong> das religiões africanas, mesmo as vendo como uma<br />
teologia inferior, enten<strong>de</strong> que seu exercício é garantido pela Constituição, que garante a<br />
tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> habitantes <strong>de</strong>ste país, plena liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência e <strong>de</strong> culto. No círculo das<br />
suas relações pessoais, Rodrigues afirma ter buscado uma justificativa da legalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tais violências. O autor alega ter apurado senão o <strong>de</strong>sprezo para com a raça negra, que<br />
não se po<strong>de</strong> qualificar, em boa intenção, <strong>de</strong> inferior, sem provocar protest<strong>os</strong> inflamad<strong>os</strong>;<br />
e mais do que isso a falta <strong>de</strong> senso jurídico das classes dirigentes. (RODRIGUES,<br />
1982).<br />
Para as alegações <strong>de</strong> que são <strong>os</strong> feiticeir<strong>os</strong> d<strong>os</strong> candomblés verda<strong>de</strong>ir<strong>os</strong><br />
charlatães explorando a credulida<strong>de</strong> pública e exercendo ilegalmente a medicina,<br />
Rodrigues argumenta que <strong>de</strong>ste item só é verda<strong>de</strong> que o exercício ilegal da medicina é<br />
um crime nas n<strong>os</strong>sas leis. A clientela, que freqüenta <strong>os</strong> feiticeir<strong>os</strong>, não é constituída <strong>de</strong><br />
me<strong>no</strong>res e mentecapt<strong>os</strong>, nem <strong>os</strong> feiticeir<strong>os</strong> vão arrancá-la às suas casas: é uma inépcia<br />
da lei preten<strong>de</strong>r proteger quem cientemente se <strong>de</strong>ixa explorar; mais do que isso, a<br />
feitiçaria assim organizada pressupõe a mesma participação, na responsabilida<strong>de</strong> social,<br />
d<strong>os</strong> feiticeir<strong>os</strong> e da sua clientela.<br />
Paralelo a isto surge o olhar voltado a abordagem criminalista e do Direito.<br />
Nesta obra apenas algumas idéias são esboçadas, o estudo mais <strong>de</strong>tido refere-se ao livro<br />
“As raças humanas e a responsabilida<strong>de</strong> penal <strong>no</strong> Brasil” publicado em 1894. Aqui,<br />
Rodrigues aborda o tema da sobrevivência psíquica na criminalida<strong>de</strong> d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong><br />
<strong>brasil</strong>eir<strong>os</strong>, visando <strong>de</strong>monstrar que a criminalida<strong>de</strong> do negro po<strong>de</strong> ser expressa por duas<br />
81