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os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

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Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

______________________________________________________________________<br />

G<strong>os</strong>taríam<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar nesta obra o olhar nacionalista <strong>de</strong> Nina Rodrigues, a<br />

própria justificativa da pesquisa parece partir <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al ufanista. Rodrigues já inicia<br />

seu discurso justificando sua pesquisa pelo fato da maioria da população <strong>brasil</strong>eira ser<br />

mestiça. Em seguida discorre sobre o que enten<strong>de</strong> enquanto as três principais e mais<br />

gerais “raças” que constituem a população <strong>brasil</strong>eira: portugueses, negr<strong>os</strong> e índi<strong>os</strong>.<br />

Rodrigues observa que ten<strong>de</strong>m<strong>os</strong> a <strong>de</strong>preciar <strong>os</strong> portugueses, culpá-l<strong>os</strong> por n<strong>os</strong>sa<br />

<strong>de</strong>cadência, a qual provém da n<strong>os</strong>sa incapacida<strong>de</strong> cultural lusitana da baixa estirpe, das<br />

pr<strong>os</strong>titutas e d<strong>os</strong> <strong>de</strong>gredad<strong>os</strong> que mandaram para colonizar o Brasil; esquecendo que o<br />

sangue português corre em n<strong>os</strong>sas veias, e que tal ofensa é pessoal. (RODRIGUES,<br />

1982). No entanto, a situação do negro e do indígena é diversa, a eles ten<strong>de</strong>ncialmente<br />

exagera-se a benevolência d<strong>os</strong> juíz<strong>os</strong>, “nem basta calar a verda<strong>de</strong>, urge fantasiar dotes,<br />

exaltar qualida<strong>de</strong>s mesmo comuns ou medíocres”. (RODRIGUES, 1982, p.2).<br />

Para Nina Rodrigues (1982) isto é estranho e injusto, mas não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter uma<br />

explicação natural: a anim<strong>os</strong>ida<strong>de</strong> contra <strong>os</strong> portugueses <strong>de</strong>ve-se a<strong>os</strong> sentiment<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

op<strong>os</strong>ição e antagonismo que elaboraram e fizeram a emancipação política da antiga<br />

colônia. Já <strong>os</strong> índi<strong>os</strong> eram <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> habitantes ao contrário d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong>, vist<strong>os</strong> como<br />

simples máquinas <strong>de</strong> trabalho. Eram tanto para a colônia quanto para a metrópole, um<br />

elemento a se combater e se dominar. Nem era formada a consciência da futura<br />

intervenção do mestiço. A abolição não foi uma mera solução para uma simples questão<br />

econômica. Porém com o fim da escravidão, uma questão <strong>de</strong> honra e pudor nacional foi<br />

revestida <strong>de</strong> <strong>no</strong>bres sentiment<strong>os</strong> humanitári<strong>os</strong>: emprestou-se a organização psíquica d<strong>os</strong><br />

branc<strong>os</strong> a<strong>os</strong> negr<strong>os</strong>, tornando-o agora vitima <strong>de</strong> injustiça social. (RODRIGUES, 1982).<br />

A partir da discussão sobre “raças” e sua importância para o Brasil, surge <strong>no</strong><br />

discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues um olhar ao mesmo tempo darwinista social (o qual adota a<br />

sup<strong>os</strong>ta diferença entre raças e a sua natureza hierárquica, mas sem problematizar a<br />

miscigenação) e o evolucionista social (o qual sublinha a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> que as raças<br />

humanas não permaneciam estagnadas, mas em constante evolução e aperfeiçoamento,<br />

obliterando-se a idéia <strong>de</strong> que a humanida<strong>de</strong> era uma).<br />

Embora consi<strong>de</strong>re diferenças entre as “raças” e sua natureza hierárquica, Nina<br />

Rodrigues (1982) enten<strong>de</strong> a escravidão como um estágio fatal da evolução humana.<br />

Para Rodrigues a <strong>História</strong> m<strong>os</strong>tra a escravidão como um estágio fatal da civilização d<strong>os</strong><br />

pov<strong>os</strong>. Exemplo disto é a África, on<strong>de</strong> a intervenção d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> europeus não conseguiu<br />

sequer diminuir a escravidão, pois, <strong>os</strong> negr<strong>os</strong> e mestiç<strong>os</strong> livres ou escravizad<strong>os</strong><br />

continuaram a adquirir e a p<strong>os</strong>suir escrav<strong>os</strong>. O sentimento <strong>de</strong> simpatia e pieda<strong>de</strong> atribuiu<br />

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