14.04.2013 Views

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

______________________________________________________________________<br />

tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> da formação do Brasil, é preciso i<strong>de</strong>ntificar quais as influências<br />

exercidas nesse processo.<br />

Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse raciocínio, Rodrigues estabelece a idéia <strong>de</strong> “o problema o<br />

negro” (RODRIGUES, 1982), explicando que <strong>no</strong> Brasil ele assume feições múltiplas:<br />

passado (african<strong>os</strong> que colonizaram o país); presente (negr<strong>os</strong>, crioul<strong>os</strong>, braç<strong>os</strong> e<br />

mestiç<strong>os</strong>) e futuro (mestiç<strong>os</strong> e branc<strong>os</strong> crioul<strong>os</strong>). Como <strong>no</strong> Brasil, <strong>os</strong> negr<strong>os</strong> african<strong>os</strong><br />

a<strong>de</strong>ntraram a n<strong>os</strong>sa cultura por meio da miscigenação, a preocupação <strong>de</strong> Rodrigues é<br />

i<strong>de</strong>ntificar as vantagens e principalmente <strong>os</strong> prejuíz<strong>os</strong>, que esta “mistura” po<strong>de</strong> trazer a<br />

população <strong>brasil</strong>eira. É com esta preocupação que Rodrigues se <strong>de</strong>bruçará sobre a<br />

questão das religiões africanas na Bahia.<br />

Um primeiro passo a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir o discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues e a<br />

aparente homogeneida<strong>de</strong> que a estruturação <strong>de</strong> sua fala po<strong>de</strong> causar, é evi<strong>de</strong>nciar <strong>os</strong><br />

diferentes sujeit<strong>os</strong> 2 encontrad<strong>os</strong> em sua obra. Nesse sentido partindo da idéia <strong>de</strong> sujeit<strong>os</strong><br />

híbrid<strong>os</strong> (LATOUR, 1994) contraria às classificações simplistas da atuação do<br />

pesquisador, pois reconhecem<strong>os</strong> que para além da área <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> Nina Rodrigues,<br />

há a p<strong>os</strong>sibilida<strong>de</strong> e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo com outras áreas do conhecimento para se<br />

<strong>de</strong>senvolver um estudo que seja cientificamente consi<strong>de</strong>rado como pioneiro <strong>no</strong> estudo<br />

das religiões africanas, uma vez que a pesquisa sobre tal fenôme<strong>no</strong> n<strong>os</strong> parece<br />

imp<strong>os</strong>sível por um só viés.<br />

Recorrem<strong>os</strong> também a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> unitas multiplex para sublinhar que há a<br />

coexistência <strong>de</strong> um “senso comum” 3 na organização das idéias <strong>de</strong> Nina Rodrigues, com<br />

o discurso científico. Para comprovar n<strong>os</strong>sa argumentação, apresentarem<strong>os</strong> alguns d<strong>os</strong><br />

sujeit<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>/produtores do conhecimento científico sobre as religiões africanas na<br />

Bahia do século XIX presentes em “Os african<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil”: o pesquisador nacionalista,<br />

social darwinista e evolucionista social, p<strong>os</strong>itivista, historiador, o sociólogo, o filólogo,<br />

o lingüista, o antropólogo, o folclorista, o psicólogo, o ogã, o indivíduo e o católico.<br />

2 Sob a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> “sujeito” ver Edgar Morin, O método 6: a ética, 2007. “Aqui, eu me refiro à concepção<br />

<strong>de</strong> sujeito, elaborada por mim, que vale para todo ser vivo. Ser sujeito é auto-afirmar situando-se <strong>no</strong><br />

centro do seu mundo, o que é literalmente expresso pela <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> egocentrismo. Essa auto-afirmação<br />

comporta um princípio <strong>de</strong> exclusão e um princípio <strong>de</strong> inclusão. [...] O princípio <strong>de</strong> exclusão é fonte do<br />

egoísmo, capaz <strong>de</strong> exigir o sacrifício <strong>de</strong> tudo, da honra da pátria e da família. [...] O principio <strong>de</strong> inclusão<br />

manifesta-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento pala pulsão <strong>de</strong> apego à pessoa próxima. Ele po<strong>de</strong> conduzir ao sacrifício<br />

<strong>de</strong> si pel<strong>os</strong> seus, pela sua comunida<strong>de</strong>, pelo ser amado”. (MORIN, 2007, p.19-20).<br />

3 Ver Boaventura <strong>de</strong> Sousa Sant<strong>os</strong>, Para um <strong>no</strong>vo senso comum: a ciência, o direito e a política na<br />

transição paradigmática. V.1. A crítica da razão indolente: contra o <strong>de</strong>sperdício da experiência, 2000.<br />

76

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!