14.04.2013 Views

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

______________________________________________________________________<br />

participa, ao mesmo tempo, da tradição e <strong>de</strong> uma instituição ainda viva entre nós: é o<br />

caso d<strong>os</strong> clubes carnavalesc<strong>os</strong> african<strong>os</strong> da Bahia. As festas carnavalescas da Bahia se<br />

reduzem quase que a clubes african<strong>os</strong> organizad<strong>os</strong> por alguns african<strong>os</strong>, negr<strong>os</strong> crioul<strong>os</strong><br />

e mestiç<strong>os</strong>.<br />

Nuns, como a Embaixada Africana, a idéia dominante d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong><br />

mais inteligentes ou melhor adaptad<strong>os</strong>, é a celebração <strong>de</strong> uma<br />

sobrevivência, <strong>de</strong> uma tradição. Os personagens e o motivo são<br />

tomad<strong>os</strong> a<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> cult<strong>os</strong> da África, egípci<strong>os</strong>, abissíni<strong>os</strong>, etc. N<strong>os</strong><br />

outr<strong>os</strong>, se, da parte d<strong>os</strong> diretores, há por vezes a intenção <strong>de</strong> reviver<br />

tradições, o seu sucesso popular está em constituírem eles verda<strong>de</strong>iras<br />

festas populares africanas. O tema é a África inculta que veio<br />

escravizada para o Brasil. (RODRIGUES, 1982, p.180).<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

No <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>ste artigo buscam<strong>os</strong> discutir o olhar <strong>de</strong> Raimundo Nina<br />

Rodrigues acerca das religiões africanas na Bahia do século XIX. Para isto, rompem<strong>os</strong> a<br />

homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um “discurso médico”, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhares<br />

lançad<strong>os</strong> sobre a religi<strong>os</strong>ida<strong>de</strong> africana. Ao complexizar a figura do médico e ao<br />

visualizar <strong>os</strong> diferentes “lugares sociais” <strong>de</strong> seu discurso n<strong>os</strong> foi p<strong>os</strong>sível, inclusive,<br />

<strong>de</strong>senvolver hipóteses acerca <strong>de</strong> uma p<strong>os</strong>tura católica.<br />

Nesse sentido, percebem<strong>os</strong> a presença <strong>de</strong> diferentes sujeit<strong>os</strong> <strong>no</strong> discurso <strong>de</strong><br />

Nina Rodrigues - o pesquisador nacionalista, social darwinista e evolucionista social,<br />

p<strong>os</strong>itivista, historiador, o sociólogo, o filólogo, o lingüista, o antropólogo, o folclorista,<br />

o psicólogo, o ogã, o indivíduo e o católico. O caráter multifacetado <strong>de</strong> seu discurso<br />

torna difícil classificar o trabalho <strong>de</strong> Nina Rodrigues acerca das religiões africanas por<br />

uma única categoria – “o médico”.<br />

Essa percepção n<strong>os</strong> levou à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a forma como as<br />

religiões africanas apareciam <strong>no</strong> discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues, ou seja, quais <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong><br />

ou term<strong>os</strong>, utilizad<strong>os</strong> pelo autor para referenciá-las. Foi a partir <strong>de</strong>sta preocupação que<br />

analisam<strong>os</strong> o uso feito por Nina Rodrigues d<strong>os</strong> term<strong>os</strong> “sobrevivências”, “mestiçagem<br />

espiritual”, “negr<strong>os</strong> maometan<strong>os</strong>” e “totemismo”.<br />

Consi<strong>de</strong>rando as implicações históricas do contexto em que “Os African<strong>os</strong> <strong>no</strong><br />

Brasil” foi produzido, atentam<strong>os</strong> a<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> estruturais <strong>de</strong> organização do discurso e<br />

disp<strong>os</strong>ição das idéias <strong>de</strong> Nina Rodrigues e enfatizam<strong>os</strong> a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeit<strong>os</strong> nesta<br />

fonte. N<strong>os</strong>so intuito ao <strong>de</strong>stacar esta multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeit<strong>os</strong> foi <strong>de</strong>monstrar que o<br />

discurso <strong>de</strong> Raimundo Nina Rodrigues acerca das religiões africanas na Bahia do século<br />

109

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!