os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
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Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />
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semíticas, é associado ao folclore europeu. A escola <strong>de</strong> Mac Lennan e a <strong>de</strong> Morgan<br />
vinham juntar-se, assim, à <strong>de</strong> Mannhardt. (DURKHEIM, 1996).<br />
P<strong>os</strong>teriormente a essas análises seguiriam as <strong>de</strong> Baldwin Spencer e F.-J. Gillen<br />
<strong>de</strong>scobriram, em parte, <strong>no</strong> interior do continente australia<strong>no</strong>, um número consi<strong>de</strong>rável<br />
<strong>de</strong> trib<strong>os</strong> nas quais viram ser praticado um sistema religi<strong>os</strong>o cuja base e unida<strong>de</strong> são<br />
formadas pelas crenças totêmicas. Os resultad<strong>os</strong> <strong>de</strong>ssa investigação foram consignad<strong>os</strong><br />
em duas obras que re<strong>no</strong>varam o estudo do totemismo “Native Tribes of Central<br />
Austrália” e “Northern Tribes of CentralAustralia”. (DURKHEIM, 1996).<br />
Contemporâneo a alguns <strong>de</strong>stes autores e leitor <strong>de</strong> outr<strong>os</strong>, a prop<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> Nina<br />
Rodrigues (1982) é encontrar sobrevivências totêmicas nas festas populares e <strong>no</strong><br />
folclore. Isto porque o autor enten<strong>de</strong> que a introdução do negro <strong>no</strong> Brasil suprimiu sua<br />
disp<strong>os</strong>ição mental ao totemismo, restando-n<strong>os</strong> saber, quais formas ou equivalentes<br />
psíquic<strong>os</strong> que manifestam a situação mental d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> da qual proce<strong>de</strong> ao totemismo.<br />
No entanto, Rodrigues (1982) alerta que não se po<strong>de</strong> encontrar nestas sobrevivências a<br />
verda<strong>de</strong>ira instituição totêmica, mas apenas manifestações equivalentes do mesmo<br />
estado mental.<br />
Nina Rodrigues (1982) discute o totemismo a partir <strong>de</strong> Andrew Lang. O autor<br />
explica que se pensad<strong>os</strong> a partir do padrão oferecido por Lang, não seria lícito<br />
consi<strong>de</strong>rar tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> como selvagens. No entanto a forma como Lang<br />
caracteriza o estado selvagem se revela, sobretudo nas manifestações religi<strong>os</strong>as <strong>de</strong> toda<br />
a “raça”, e n<strong>os</strong> us<strong>os</strong>, práticas e c<strong>os</strong>tumes das suas socieda<strong>de</strong>s (RODRIGUES, 1982), ou<br />
seja, embora Lang consi<strong>de</strong>re que nem tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> sejam selvagens, Rodrigues<br />
(1982) enten<strong>de</strong> que isto não vale para <strong>os</strong> negr<strong>os</strong>.<br />
Para Rodrigues (1982) <strong>no</strong> fundo das mitologias negras mais complexas e<br />
elevadas, na essência <strong>de</strong> sua conversão ao islamismo como ao cristianismo, tanto quanto<br />
na constituição da or<strong>de</strong>m social d<strong>os</strong> seus Estad<strong>os</strong> subsiste mais ou men<strong>os</strong> alterada a<br />
tendência instintiva da raça a satisfazer dois requisit<strong>os</strong> do estado selvagem, admitid<strong>os</strong><br />
por Lang:<br />
1. Em psicologia, o selvagem é um homem que, esten<strong>de</strong>ndo<br />
inconscientemente a todo o Universo a consciência obscura que tem da<br />
própria personalida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ra tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> objet<strong>os</strong> naturais como seres<br />
inteligentes e animad<strong>os</strong>; que sem tirar uma linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação bem<br />
nítida entre eles e todas as coisas que existem nesse mundo, facilmente se<br />
convence que <strong>os</strong> homens po<strong>de</strong>m ser transformad<strong>os</strong> em plantas, ou<br />
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