os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
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Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />
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Outra categoria importante para Nina Rodrigues pensar as religiões africanas em<br />
“Os African<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil” é o termo “totemismo”. É somente <strong>no</strong> final do século XVIII<br />
que a palavra “totem” aparece na literatura et<strong>no</strong>gráfica, inicialmente, <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> um<br />
intérprete d<strong>os</strong> índi<strong>os</strong>, J. Long, publicado em Londres em 1791. Durante cerca <strong>de</strong> meio<br />
século, o totemismo foi conhecido como uma instituição exclusivamente americana.<br />
Somente em 1841 Grey, num texto que ficou célebre assinalou a existência <strong>de</strong> práticas<br />
inteiramente similares na Austrália. (DURKHEIM, 1996).<br />
Des<strong>de</strong> então, suspeitou-se tratar <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> uma certa generalida<strong>de</strong>. Mas<br />
não se via muito mais do que uma instituição essencialmente arcaica, uma curi<strong>os</strong>ida<strong>de</strong><br />
et<strong>no</strong>gráfica sem gran<strong>de</strong> interesse para o historiador. Mac Lennan foi o primeiro a tentar<br />
vincular o totemismo à história geral da humanida<strong>de</strong>, procurando m<strong>os</strong>trar não apenas<br />
que o totemismo era uma religião, mas que <strong>de</strong>ssa religião <strong>de</strong>rivou uma gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crenças e <strong>de</strong> práticas que se encontram em sistemas religi<strong>os</strong><strong>os</strong> bem mais<br />
avançad<strong>os</strong>. Chegou a fazer <strong>de</strong>le, inclusive, a origem <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> cult<strong>os</strong> zoolátric<strong>os</strong> e<br />
fitolátric<strong>os</strong> que po<strong>de</strong>m ser observad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> antig<strong>os</strong>. (DURKHEIM, 1996).<br />
Por outro lado, <strong>os</strong> americanistas tinham <strong>no</strong>tado há muito tempo que o totemismo<br />
era solidário <strong>de</strong> uma organização social <strong>de</strong>terminada: a que tem por base a divisão da<br />
socieda<strong>de</strong> em clãs. Em 1877, Lewis H. Morgan <strong>de</strong>cidiu estudar essa organização,<br />
<strong>de</strong>terminar suas características distintivas e, ao mesmo tempo, m<strong>os</strong>trar sua generalida<strong>de</strong><br />
nas trib<strong>os</strong> indígenas da América setentrional e central. Quase <strong>no</strong> mesmo momento e,<br />
aliás, por sugestão direta <strong>de</strong> Morgan, Fison e Howitt constatavam a existência do<br />
mesmo sistema social na Austrália, bem como suas relações com o totemismo.<br />
(DURKHEIM, 1996).<br />
Em 1887, <strong>os</strong> document<strong>os</strong> eram numer<strong>os</strong><strong>os</strong> e significativ<strong>os</strong> para que Frazer<br />
julgasse oportu<strong>no</strong> reuni-l<strong>os</strong> e apresentá-l<strong>os</strong> num quadro sistemático. Este é o objeto <strong>de</strong><br />
seu livro “Totemism”, on<strong>de</strong> este é estudado ao mesmo tempo como religião e como<br />
instituição jurídica. (DURKHEIM, 1996).<br />
Robertson Smith foi o primeiro a empreen<strong>de</strong>r um trabalho <strong>de</strong> elaboração. Para<br />
além da manifestação das crenças totêmicas, buscou atingir <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> profund<strong>os</strong> d<strong>os</strong><br />
quais elas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m. Em seu livro sobre “O parentesco e o casamento na Arábia<br />
primitiva” ele havia m<strong>os</strong>trado que o totemismo supõe uma consubstancialida<strong>de</strong>, natural<br />
ou adquirida, do homem e do animal (ou da planta). Nessas mesmas concepções que se<br />
inspira o Gol<strong>de</strong>n Bough [O Ramo <strong>de</strong> Ouro] <strong>de</strong> Frazer, em que o totemismo que Mac<br />
Lennan vinculara às religiões da Antiguida<strong>de</strong> clássica, e Smith às das socieda<strong>de</strong>s<br />
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