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os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

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Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

______________________________________________________________________<br />

Bahia do século XIX, enten<strong>de</strong>r a partir <strong>de</strong> quais olhares Rodrigues produz esse<br />

conhecimento e quais foram as categorias explicativas utilizadas para referenciar tais<br />

práticas religi<strong>os</strong>as.<br />

O referencial teórico adotado para a investigação partiu da <strong>História</strong> das Idéias,<br />

articulando Egdar Morin (2005), Bru<strong>no</strong> Latour (1994) e Michel <strong>de</strong> Certeau (1982) e <strong>os</strong><br />

respectiv<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> <strong>de</strong> “pensamento complexo”, “seres híbrid<strong>os</strong>” e <strong>de</strong> “lugar social”.<br />

A análise das fontes - “O animismo fetichista d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> bahian<strong>os</strong>” (1935) e “Os<br />

African<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil” (1982) - por meio <strong>de</strong> uma abordagem temática, n<strong>os</strong> permitiu<br />

constatar a diversida<strong>de</strong> do pensamento em Nina Rodrigues, conciliada ao contexto<br />

histórico do qual é produto/produtor e sublinhar que sua obra sofre ação <strong>de</strong> diferentes<br />

correntes <strong>de</strong> pensamento, não apenas científicas, além <strong>de</strong> que o olhar lançado por Nina<br />

Rodrigues sobre as religiões africanas é, <strong>de</strong> certa forma, síntese do pensamento social<br />

do século XIX, mas aliado à sua forma pessoal <strong>de</strong> vivenciar e compreen<strong>de</strong>r o mundo,<br />

até mesmo, em suas referências religi<strong>os</strong>as e <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> suas relações humanas.<br />

Aqui buscarem<strong>os</strong> expor parte da discussão <strong>de</strong>senvolvida <strong>no</strong> mestrado, atentando<br />

principalmente à problemática levantada a partir da obra “Os African<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil”, cuja<br />

história é um misto <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> e ficção, pois como n<strong>os</strong> informa Homero Pires, <strong>no</strong><br />

prefácio, divulgou-se <strong>no</strong> meio acadêmico a crença <strong>de</strong> que este livro trazia a <strong>de</strong>sgraça a<br />

quem o retivesse. Isso se <strong>de</strong>ve ao acontecido com Oscar Freire. A impressão da obra já<br />

estava bem adiantada na Bahia, quando Nina Rodrigues faleceu em Paris em 1906, e<br />

Oscar Freire, chamou a si a tarefa <strong>de</strong> entregar ao público a obra interrompida, tendo<br />

acesso a<strong>os</strong> capítul<strong>os</strong> impress<strong>os</strong>, originais, <strong>no</strong>tas e vasta documentação fotográfica.<br />

Freire mudou-se para São Paulo carregando consigo todo o material, mas a morte lhe<br />

sobreveio inesperadamente, voltando o material às mã<strong>os</strong> da viúva <strong>de</strong> Nina Rodrigues.<br />

Esse livro, na versão <strong>de</strong> Nina Rodrigues, chamava-se “O problema da raça negra<br />

na América portuguesa” e era resultado <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> quinze an<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho. Os<br />

escrit<strong>os</strong> estiveram durante <strong>de</strong>zessete an<strong>os</strong> nas mã<strong>os</strong> <strong>de</strong> Oscar Freire e seria publicado<br />

apenas em 1932, após a organização <strong>de</strong> Homero Pires, sucessor <strong>de</strong> Nina Rodrigues na<br />

Faculda<strong>de</strong> da Bahia. Homero Pires explica que “Os african<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil” era o título do<br />

primeiro capítulo da obra, mas não explica porque se tor<strong>no</strong>u o título da obra. Havia<br />

vinte e seis an<strong>os</strong> que a obra começara a ser impressa, como ninguém queria tocá-la,<br />

permaneceu trancada e interrompida pela superstição e pela morte: ninguém queria<br />

tocá-la por medo d<strong>os</strong> nefast<strong>os</strong> sortilégi<strong>os</strong>!<br />

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