14.04.2013 Views

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

______________________________________________________________________<br />

E, medidas por este padrão, revelam uma fase relativamente avançada<br />

da evolução do espírito huma<strong>no</strong>. É já a escultura em toda a sua<br />

evolução, mesmo na sua feição <strong>de</strong>corativa, do baixo-relevo à<br />

estatuária. As vestes são ainda gr<strong>os</strong>seiras porque as idéias não têm a<br />

precisa niti<strong>de</strong>z, <strong>os</strong> sentiment<strong>os</strong> e a concepção estão ainda pouco<br />

<strong>de</strong>finid<strong>os</strong>; mas <strong>no</strong> fundo já se encontra a gema que reclama polimento<br />

e lapidação (RODRIGUES, 1982, p.169-171).<br />

Embora o discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues seja sobre não impor <strong>os</strong> valores oci<strong>de</strong>ntais<br />

sobre a arte africana, a todo o momento ele impõe <strong>os</strong> valores religi<strong>os</strong><strong>os</strong> oci<strong>de</strong>ntais sobre<br />

a religi<strong>os</strong>ida<strong>de</strong> africana. Em um outro momento, Rodrigues ao falar da temática da<br />

criminalida<strong>de</strong>, explica que entre <strong>os</strong> african<strong>os</strong>, o julgamento <strong>de</strong> at<strong>os</strong> crimin<strong>os</strong><strong>os</strong> transita<br />

entre valores jurídic<strong>os</strong> e religi<strong>os</strong><strong>os</strong>, o autor faz isso, sem perceber que sua percepção<br />

ética 6 também parte <strong>de</strong> uma moral religi<strong>os</strong>a, a cristã.<br />

Ao pensar essa “mestiçagem” referindo-se diretamente às religiões africanas,<br />

Nina Rodrigues (1982) analisa o que teriam sido as “práticas fetichistas” e a religião d<strong>os</strong><br />

african<strong>os</strong> durante e após o tráfico. Rodrigues (1982) enten<strong>de</strong> que a influência recíproca<br />

entre <strong>os</strong> divers<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil, levou à absorção das divinda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cult<strong>os</strong><br />

mais generalizad<strong>os</strong>, gerando uma difusão religi<strong>os</strong>a. Com o fim do tráfico, o<br />

“fetichismo” africa<strong>no</strong> teria se reduzido à mitologia “jeje-jorubana”.<br />

Nina Rodrigues começa a n<strong>os</strong> oferecer um esboço do que sugere para ele a<br />

<strong>no</strong>ção <strong>de</strong> sincretismo, embora não se remeta ao tema nesse momento:<br />

Esta lei assim exemplificada e p<strong>os</strong>ta em evidência por A. Ellis para<br />

<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> da C<strong>os</strong>ta d<strong>os</strong> Escrav<strong>os</strong> dá a razão psicológica da<br />

prepon<strong>de</strong>rância adquirida <strong>no</strong> Brasil pela mitologia e culto d<strong>os</strong> jejes e<br />

ioruban<strong>os</strong>, a ponto <strong>de</strong>, absorvendo tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>, prevalecer este<br />

culto quase que como a única forma ritual organizada d<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong><br />

negr<strong>os</strong> fetichistas. Este fato me havia impressionado e, consignandoo,<br />

em 1896 eu o atribuí ao gran<strong>de</strong> predomínio numérico d<strong>os</strong> nagôs<br />

sobre tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> african<strong>os</strong>. Reconheço hoje que não era <strong>de</strong> todo<br />

justa a explicação, pois tão numer<strong>os</strong><strong>os</strong> como <strong>os</strong> nagôs foram <strong>os</strong><br />

colon<strong>os</strong> <strong>de</strong> outras procedências, sobretudo <strong>os</strong> angolas. A sugestão<br />

coletiva exemplificada na lei <strong>de</strong> Elis, servida pela melhor organização<br />

do sacerdócio e pela difusão da língua nagô entre <strong>os</strong> negr<strong>os</strong> african<strong>os</strong><br />

e crioul<strong>os</strong>, sem excluir a importância do fator numérico, explica <strong>de</strong><br />

modo completo o fenôme<strong>no</strong> observado, atestando em todo o caso a<br />

ascendéncia espiritual ou cultural <strong>de</strong>ste povo. (RODRIGUES, 1982,<br />

p.215).<br />

6 “A ética manifesta-se para nós, <strong>de</strong> maneira imperativa, como exigência moral. O seu imperativo originase<br />

numa fonte interior ao indivíduo, que o sente <strong>no</strong> espírito como a injunção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ver. Mas ele<br />

provém também <strong>de</strong> uma fonte externa: a cultura, as crenças, as <strong>no</strong>rmas <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>” (MORIN,<br />

2007, p.19).<br />

91

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!