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os africanos no brasil - Departamento de História - UEM

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Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />

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do gênero huma<strong>no</strong>, em condições não men<strong>os</strong> precárias <strong>de</strong> atraso e barbaria; o fato <strong>de</strong><br />

que muit<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> já andam bem próxim<strong>os</strong> do que foram <strong>os</strong> branc<strong>os</strong> <strong>no</strong> limiar do<br />

período histórico; mais ainda, a crença <strong>de</strong> que <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> mais cult<strong>os</strong> repetem na<br />

África a fase da organização política medieval das mo<strong>de</strong>rnas nações européias, não<br />

justificam as esperanças <strong>de</strong> que <strong>os</strong> negr<strong>os</strong> p<strong>os</strong>sam herdar a civilização européia e, men<strong>os</strong><br />

ainda, p<strong>os</strong>sam atingir a maiorida<strong>de</strong> social <strong>no</strong> convívio d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> cult<strong>os</strong>. (RODRIGUES,<br />

1982).<br />

O que m<strong>os</strong>tra o estudo imparcial d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> é que entre eles<br />

existem graus, há uma escala hierárquica <strong>de</strong> cultura e<br />

aperfeiçoamento. Melhoram e progri<strong>de</strong>m; são, pois, apt<strong>os</strong> a uma<br />

civilização futura. Mas se é imp<strong>os</strong>sível dizer se essa civilização há <strong>de</strong><br />

ser forç<strong>os</strong>amente a da raça branca, <strong>de</strong>monstra ainda o exame<br />

insuspeito d<strong>os</strong> fat<strong>os</strong> que é extremamente mor<strong>os</strong>a, por parte d<strong>os</strong><br />

negr<strong>os</strong>, a aquisição da civilização européia. E diante da necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>, ou civilizar-se <strong>de</strong> pronto, ou capitular na luta e concorrência que<br />

lhes movem <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> branc<strong>os</strong>, a incapacida<strong>de</strong> ou a mor<strong>os</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

progredir, por parte d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong>, se tornam equivalentes na prática. Os<br />

extraordinári<strong>os</strong> progress<strong>os</strong> da civilização européia entregaram a<strong>os</strong><br />

branc<strong>os</strong> o domínio do mundo, as suas maravilh<strong>os</strong>as aplicações<br />

industriais suprimiram a distância e o tempo. Imp<strong>os</strong>sível conce<strong>de</strong>r,<br />

pois, a<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> como em geral a<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> frac<strong>os</strong> e retardatári<strong>os</strong>,<br />

lazeres e <strong>de</strong>longas para uma aquisição muito lenta e remota da sua<br />

emancipação social. Em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> não passou <strong>de</strong> utopias <strong>de</strong><br />

filantrop<strong>os</strong>, ou <strong>de</strong> plan<strong>os</strong> ambici<strong>os</strong><strong>os</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rio sectário, a idéia <strong>de</strong><br />

transformar-se uma parte <strong>de</strong> nações às quais a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

progredir mais do que as imitações mo<strong>no</strong>maníacas do liberalismo<br />

impõe a necessida<strong>de</strong> social da igualda<strong>de</strong> civil e política, em tutora da<br />

outra parte, <strong>de</strong>stinada à interminável aprendizagem em vast<strong>os</strong><br />

seminári<strong>os</strong> ou oficinas profissionais. A geral <strong>de</strong>saparição do índio em<br />

toda a América, a lenta e gradual sujeição d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> à<br />

administração inteligente e exploradora d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> branc<strong>os</strong>, tem sido<br />

a resp<strong>os</strong>ta prática a essas divagações sentimentais. (RODRIGUES,<br />

1982, p.263-264).<br />

Embora Rodrigues entenda que as “raças” estão num processo evolutivo, não<br />

consegue <strong>de</strong>finir com clareza as características <strong>de</strong> cada estágio, e nem mesmo as “raças”<br />

que fariam parte d<strong>os</strong> mais elevad<strong>os</strong>, embora sugira que pela análise histórica seria a<br />

“raça branca”. No entanto, quando o assunto são as religiões correspon<strong>de</strong>ntes à cada<br />

estágio evolutivo, Rodrigues não hesita em afirmar que o “mo<strong>no</strong>teísmo católico” está <strong>no</strong><br />

topo da hierarquia com suas “elevadas abstrações”. (RODRIGUES, 1982).<br />

Sendo assim, a preocupação conseqüente <strong>de</strong> Nina Rodrigues é <strong>de</strong>finir, <strong>de</strong>ntre as<br />

religiões africanas, a <strong>de</strong> qual povo africa<strong>no</strong> estaria mais próxima ao catolicismo na<br />

escala evolutiva. No entanto, Rodrigues enten<strong>de</strong> que tal como as “raças” as religiões<br />

africanas também sofreram “cruzamento” entre si (RODRIGUES, 1982), tornando<br />

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