os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
os africanos no brasil - Departamento de História - UEM
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>História</strong> das Religiões. ANPUH, A<strong>no</strong> III, n. 7, Mai. 2010 - ISSN 1983-2850<br />
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artig<strong>os</strong><br />
______________________________________________________________________<br />
ainda sentido e praticado. A segunda, espessa e larga, da idolatria e<br />
mitologia católica d<strong>os</strong> sant<strong>os</strong> profissionais, para empregar a frase <strong>de</strong><br />
Taylor, abrange a massa da população, aí compreen<strong>de</strong>ndo branc<strong>os</strong>,<br />
mestiç<strong>os</strong> e negr<strong>os</strong> niais inteligentes e cult<strong>os</strong>. Na terceira está, como<br />
síntese do animismo superior do negro, a mitologia jeje-iorubana, que<br />
a equivalência d<strong>os</strong> orixás african<strong>os</strong> com <strong>os</strong> sant<strong>os</strong> católic<strong>os</strong>, por nós<br />
largamente <strong>de</strong>scrita e documentada, está <strong>de</strong>rramando na conversão<br />
cristã d<strong>os</strong> negr<strong>os</strong> crioul<strong>os</strong>. Vem finalmente o fetichismo estreito e<br />
inconvertido d<strong>os</strong> african<strong>os</strong> das trib<strong>os</strong> mais atrasadas, d<strong>os</strong> índi<strong>os</strong>, d<strong>os</strong><br />
negr<strong>os</strong> crioul<strong>os</strong> e d<strong>os</strong> mestiç<strong>os</strong> do mesmo nível intelectual.<br />
Naturalmente estas camadas espirituais não têm senão <strong>os</strong> limites que<br />
lhes impõem a abstração e a análise e por toda parte se fun<strong>de</strong>m e se<br />
penetram. (RODRIGUES, 1982, p.215-216).<br />
Conscientemente ou não o mo<strong>no</strong>teísmo católico é p<strong>os</strong>to como religião<br />
verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> abstrações mo<strong>no</strong>teístas (RODRIGUES, 1982) em contrap<strong>os</strong>ição às<br />
<strong>de</strong>mais.<br />
Nina Rodrigues e as categorias explicativas das religiões africanas.<br />
“Os african<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil” contempla diversida<strong>de</strong>s das práticas culturais africanas,<br />
se propondo a refletir sobre origem e nacionalida<strong>de</strong>s, diversida<strong>de</strong>s religi<strong>os</strong>a, revoltas e<br />
insurreições, a situação d<strong>os</strong> african<strong>os</strong> <strong>no</strong> contexto histórico pós-abolição, línguas e<br />
manifestações artísticas, festivida<strong>de</strong>s e folclore, religi<strong>os</strong>ida<strong>de</strong>, comportamento social e a<br />
criminalida<strong>de</strong>. Diante <strong>de</strong>sta varieda<strong>de</strong> temática, buscarem<strong>os</strong> centrar n<strong>os</strong>so olhar em<br />
alguns aspect<strong>os</strong> principais que dão sustentação ao discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues sobre as<br />
religiões africanas na Bahia do século XIX, atentando principalmente as idéias<br />
utilizadas pelo autor na produção <strong>de</strong>sta obra. Iniciarem<strong>os</strong> com o termo<br />
“sobrevivências”.<br />
Embora <strong>os</strong> term<strong>os</strong> “animismo” e “fetichismo” 5 estejam presentes em “Os<br />
african<strong>os</strong> <strong>no</strong> Brasil”, ao se remeter às religiões africanas, um <strong>no</strong>vo termo surge como<br />
<strong>no</strong>rteador do discurso <strong>de</strong> Nina Rodrigues, a categoria “sobrevivências”. Utilizado <strong>no</strong><br />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a obra e inclusive para referir-se às religiões africanas, é apenas ao<br />
falar das expressões <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> na mentalida<strong>de</strong> do negro que Rodrigues (1982)<br />
<strong>de</strong>ixa claro a que se refere ao falar em sobrevivência. Rodrigues ao explicar que a<br />
criminalida<strong>de</strong> do negro po<strong>de</strong> ser expressa por duas vias - atavismo ou sobrevivência -<br />
diferencia o significado <strong>de</strong> amb<strong>os</strong>.<br />
5 SERAFIM .ibid..p. 96-106.<br />
O atavismo é um fenôme<strong>no</strong> mais orgânico, do domínio da<br />
acumulação hereditária, que pressupõe uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> na<br />
84