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APOSTILA DE REDAÇÃO 2012 PROFESSORA ZEZÉ

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<strong>APOSTILA</strong> <strong>DE</strong> <strong>REDAÇÃO</strong> <strong>2012</strong> <strong>PROFESSORA</strong> <strong>ZEZÉ</strong><br />

LISTA 3 - PREPARANDO- SE PARA OS VESTIBULARES<br />

1) SIMULADO <strong>REDAÇÃO</strong> UNICAMP 2010<br />

A partir do vestibular de 2010, a Unicamp mudou seu processo de avaliação na<br />

primeira fase. Há, agora, três textos a serem feitos, de diferentes gêneros textuais.<br />

Em maio de 2010, a Unicamp resolveu propor um simulado àqueles que prestariam seu<br />

vestibular em novembro. Eis o simulado:<br />

Redação - Texto 1<br />

Leia a mat ér ia abaixo, publicada na r evist a acadêmica Pesquisa Rio. I magine que um<br />

diret or de uma escola se ent usiasmou com o pr oj et o e decidiu divulgá-lo no site de<br />

sua instituição. Para isso fez uma pequena entrevista com a coordenadora da Oficina<br />

de Experimentação Corporal mencionada na matéria. Crie essa entrevista,<br />

marcada pelo discurso oral formal, na qual deverão constar, necessariamente:<br />

três perguntas que explorem dados importantes da matéria;<br />

e<br />

as respectivas respostas, também com base na matéria.<br />

Lembre- se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.<br />

Perceber sem ver<br />

I magine não conseguir ver o mundo que nos cer ca e, mesmo assim, t er que apr ender a<br />

viver nele. Esse desafio é uma realidade para mais de 1 milhão de cegos e 4 milhões de<br />

pessoas com def iciência visual que vivem no Br asil. No I nst it ut o Benj amim Const ant<br />

(I BC), a Of icina de Exper iment ação Cor por al, coor denada pela pr of essor a Már cia<br />

Mor aes, pr ocur a pr omover e ampliar os modos pelos quais as pessoas com def iciência<br />

visual exper iment am e conhecem o pr ópr io cor po e o mundo à sua volt a. O t r abalho,<br />

que cont ou com o apoio da FAPERJ (Fundação de Ampar o à Pesquisa do Est ado do Rio<br />

de J aneir o), é r ealizado por meio de uma par cer ia ent r e a UFF (Univer sidade Feder al<br />

Fluminense) e o IBC, e conta com nove jovens graduandos e mestrandos de psicologia<br />

da UFF e est udant es de dança da pós-gr aduação da Faculdade Escola Angel Vianna<br />

que or ganizam as of icinas. Nelas, pr ocur a-se t r abalhar a per cepção do cor po, os<br />

moviment os, a noção de espaço e as dif er ent es t ext ur as dos obj et os. A f inalidade é<br />

que, por meio dessas exper iment ações e sensibilizações cor por ais, os int egr ant es do<br />

gr upo possam conhecer melhor o espaço a sua volt a, o out r o e a si mesmos, o que<br />

cont r ibui par a uma maior aut onomia e independência do gr upo. Os encont r os, que<br />

ocorrem duas vezes por semana, têm duas horas de duração.<br />

Em 2008, o gr upo deixou de t r abalhar com cr ianças e passou a f azer of icinas com<br />

j ovens e adult os com cegueir a adquir ida ou com baixa visão. Os exemplos bemsucedidos<br />

t êm sido muit os. Quando você per de a visão, você mor r e e nasce de novo ,<br />

f ala Camila Ar aúj o Alves, de 18 anos, cega desde os 14, por cont a de uma doença<br />

congênit a. Da r evolt a à aceit ação, Camila passou por vár ias f ases dif íceis enquant o<br />

per dia gr adat ivament e a visão. A det er minação par a ingr essar na univer sidade a levou<br />

a est udar com enor me af inco. O r esult ado compensou: dos seis vest ibular es que<br />

pr est ou, passou em quat r o e acabou opt ando pelo cur so de psicologia da UFF, onde<br />

conheceu a coordenadora da oficina.<br />

1


Camila não só começou a par t icipar das of icinas de exper iment ação cor por al como<br />

t ambém é membr o da equipe de pesquisa. Além disso, passou pelos cur sos de<br />

r eabilit ação no inst it ut o. Nas aulas de At ividades da Vida Diár ia e de Or ient ação e<br />

Mobilidade r eapr endi a f azer uma sér ie de at ividades cot idianas e pude r econquistar<br />

cer t a aut onomia. Hoj e mor o com minha pr ima e me vir o sozinha.<br />

(Adapt ado de Per ceber sem ver , Pesquisa Rio, março de 2010, ano III, número 10.)<br />

Simulado Redação - Texto 2<br />

Leia a cr ônica abaixo e coloque-se na posição de um adult o que t eve uma experiência<br />

escolar de menino t rist e e r esolveu r elat á-la em uma carta ender eçada ao autor<br />

da crônica. Nessa carta, marcada por uma interlocução bem definida, você deverá:<br />

relatar sua experiência escolar de menino triste;<br />

e<br />

r elacionar essa exper iência com a posição de M-1 ou de M-2, most r ando como sua<br />

escola lidou com a questão.<br />

Lembre- se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.<br />

Olho de menino triste<br />

Duas pessoas que não conheço dialogam no ônibus e par t icipo, em silêncio, ouvindo e<br />

pensando. Adorável conversa a três na qual apenas dois falam.<br />

M-1 é a moça um. M-2 é a moça dois, a int er locut or a. A-T sou eu. Elas conver savam, eu<br />

ouvia e pensava.<br />

M-1 Nada me comove mais que olho de menino triste. Você não tem vontade de chorar?<br />

M-2 Ah, minha f ilha, eu nem olho muit o. De t r ist e j á chega a vida. Finj o que não vej o e<br />

só r epar o os meninos alegr es, aqueles comunicat ivos. Cr iança, par a mim, t em que ser f eit o<br />

aquelas dos anúncios: sempre perfeitas, fortes, gordas, engraçadinhas e modelares.<br />

M-1 Também acho, mas quando vej o uma cr iança de olho t r ist e, não consigo me desligar<br />

do que ela est ar á pedindo sem f alar . Fico numa agonia danada quer endo adivinhar qual é o<br />

seu problema. Tenho certeza de que ninguém alcança.<br />

A-T Não adianta, moça. O inconsciente humano, assim como carrega o passado do homem<br />

e da espécie, t ambém t em ger mens de ant ecipação do f ut ur o. As dor es da humanidade,<br />

pr esent es, passadas e por vir , j á acompanham algumas pessoas. E modelam seus r ost os,<br />

olhos e mensagens corporais silenciosas...<br />

M-2 Deixa isso pr a lá. A gent e não vai salvar o mundo, mesmo. Se você f icar sempr e<br />

olhando o lado t r ist e quem acaba na f ossa é você e sem nenhum pr oveit o. Fossa pega,<br />

menina. E quem f ica na f ossa não t ir a ninguém dela. Sei lá. Se você f icar t r ist e, por causa<br />

dele, o menino de olho triste vai ficar mais triste ainda.<br />

M-1 Pode ser que você t enha r azão. Mas se f ico negando a par t e t r ist e e t r ansf or mo<br />

t udo em alegr ia, t enho a sensação de est ar enganando minhas cr ianças (nessa hor a,<br />

per cebi que ambas er am pr of essor as). O que é que vou f azer , se lá no colégio sint o mais<br />

simpat ia pelos que f icam quiet inhos, mor r endo de medo dos out r os, loucos de vont ade de<br />

brincar mas sem coragem de se enturmar.<br />

A-T Esses vão ser assim sempre. Claro que terão, na mocidade, um período de reação, no<br />

qual t ent ar ão se ext r over t er e nesse af ã segur ament e hão de exager ar . Lent ament e,<br />

por ém, como um r io após a enchent e, volt ar ão par a o leit o de sua disposição inat a e<br />

seguirão pela vida sempre olhando os brinquedos do lado de fora da vitrina.<br />

2


M-2 Bobagem sua. Com j eit o, você pode ir at r aindo os mais encabulados par a a<br />

brincadeira dos outros. Se eles sentem que você está com peninha, nunca vão reagir. Vão é<br />

se basear na sua pena para ficar ainda mais tristes.<br />

M-1 E você pensa que não t enho t ent ado? É que obser vei que os meninos t r ist es, mesmo<br />

quando incent ivados a br incar com os demais, acabam volt ando ao que são, dent r o da<br />

brincadeira. Os mais alegres e soltos sempre levam a melhor. Fico pensando se não seria o<br />

caso de se inventar uma pedagogia especial para a sensibilidade. Não há currículo? Não há<br />

not a? Não há t est e de int eligência e de habilidades psicomot or as? Se t udo isso é<br />

importante, por que a escola não inventa, também, um tipo de currículo ou de pedagogia ou<br />

at é mesmo escolas especiais par a as cr ianças mais sensíveis? Acho que, se a gent e<br />

consegue int egr á-las na média, mais do que educando est ar á é violent ando uma par t e boa<br />

delas. Você não acha?<br />

M-2 Não acho, não. Se a escola conseguir f or mar e apr imor ar sensibilidades, você acha<br />

que depois, na vida aqui de fora, haverá a mesma compreensão para os sensíveis? Essa não.<br />

Não é o mundo que t em que se adapt ar às pessoas. Elas é que t êm que se adapt ar ao<br />

mundo.<br />

A-T Est ava na hor a de salt ar . Desci f eliz. Uma conver sa como est a, de duas<br />

pr of essor as, most r a que o mundo pode ser salvo. Mas f iquei pensando: t alvez sej am os<br />

meninos t r ist es que o salvar ão, sempr e que a escola, um dia, os ent enda e apr enda a<br />

cuidar-lhes sensibilidade e emoção da mesma maneira que se lhes aprimora a inteligência.<br />

Mas pedagogias à par t e: haver á algo mais apat et ant e, culposo e dolor ido que menino de<br />

olho triste?<br />

(Artur da Távola. Mevitevendo (Crônicas). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996: 25-27.)<br />

SIMULADO Redação - Texto 3<br />

Coloque-se na posição de um jornalista que, com base na leit ur a do t ext o abaixo,<br />

dever á escr ever um editorial, ist o é, um ar t igo j or nalíst ico opinat ivo, par a um<br />

impor t ant e j or nal do país, discut indo o cresciment o do e- lixo no Br asil. Seu t ext o<br />

deverá, necessariamente:<br />

abordar dois dos problemas r elacionados ao cr esciment o do e-lixo no Br asil<br />

levantados pelo texto abaixo;<br />

e<br />

apontar uma forma possível de enfrentar esse crescimento.<br />

At enção: Por se t rat ar de um edit orial, você deverá at ribuir um t ít ulo ao seu<br />

text o. Lembre- se de que não deverá recorrer à mera colagem de t rechos do<br />

texto lido.<br />

Aumento na geração de e- lixo e responsabilidade compartilhada<br />

Quando você descar t a um equipament o elet r ônico, você est á ger ando o que se<br />

conhece como e-lixo . São materiais t ais como pilhas, bat er ias, celular es,<br />

comput ador es, t elevisor es, DVD s, CD s, r ádios, lâmpadas f luor escent es e muit os<br />

out r os que, se não t iver em uma dest inação adequada, vão par ar em at er r os comuns e<br />

cont aminar o solo e as águas, t r azendo danos par a o meio ambient e e par a a saúde<br />

humana. Com a r ápida moder nização das t ecnologias, os apar elhos t or nam-se<br />

ult r apassados em uma velocidade assust ador a. Na composição dos equipament os<br />

elet r ônicos exist em subst âncias t óxicas como mer cúr io, chumbo, cádmio, belír io e<br />

arsênio altamente perigosos à saúde humana.<br />

3


A Or ganização das Nações Unidas (ONU) pediu em 22 de f ever eir o de 2010 medidas<br />

ur gent es cont r a o cr esciment o exponencial do lixo de or igem elet r ônica em países<br />

emer gent es como o Br asil. O Pr ogr ama das Nações Unidas par a o Meio Ambient e<br />

(Pnuma) apr esent ou um r elat ór io que r essalt a a ur gência de est abelecer um processo<br />

ambicioso e r egulado de colet a e gest ão adequada do lixo elet r ônico uma vez que a<br />

ger ação desse lixo cr esce mundialment e a uma t axa de cer ca de 40 milhões de<br />

toneladas por ano.<br />

Casemir o Tér cio Car valho, coor denador de planej ament o ambient al da Secr et ar ia do<br />

Meio Ambient e de São Paulo, cr edit a a posição do Br asil à ampliação da inclusão<br />

digit al no país e ao aument o do poder aquisit ivo das classes C, D e E. Par a o pr of essor<br />

Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico<br />

no Br asil não é necessar iament e um pr oblema de gover no. "É um f at or cult ur al. O<br />

mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."<br />

Embor a ainda t r amit e no Senado o pr oj et o de lei da Polít ica Nacional de Resíduos<br />

Sólidos PNRS (apr ovado pela Câmar a dos Deput ados em mar ço de 2010 após 19 anos<br />

de t r amit ação), é possível f azer alguns coment ár ios sobr e o conj unt o de obr igações<br />

legais que est r ut ur ar ão j ur idicament e, no Br asil, a Logíst ica Rever sa (o r et or no do<br />

equipament o usado par a o f abr icant e ou comer ciant e), que t em como implicação a<br />

Responsabilidade Compar t ilhada ent r e os Pr odut or es/ Fabr icant es, os Comer ciant es e<br />

Distribuidor es, e os Consumidor es. Est á vist o que não adiant a a boa vont ade dos<br />

consumidor es se não exist ir uma inf r aest r ut ur a de r ecolha do lixo elet r ônico. É essa<br />

f alt a de est r ut ur a que r epr esent a o gr ande ent r ave na polít ica de gest ão pr evist a na<br />

PNRS. Não podemos ignor ar que a nossa cult ur a de gest ão de r esíduos é "zer o". Daí<br />

por que o planej ament o de polít ica pública é o pont o inicial par a qualquer medida que<br />

pretenda ser eficaz nessa área.<br />

(Adapt ado das seguint es f ont es: ht t p:/ / www.e-lixo.or g/ elixo.ht ml (acessado em abr il<br />

de 2010), www.uol.com.br por J uan Palop (publicada em 22.02.2010) e<br />

http://lixoeletronico.org por Diogo Guanabara (publicado em 20.04.2010))<br />

2) UNICAMP 2011<br />

TEXTO 1<br />

Imagine-se como um jovem que, navegando pelo site da MTV, se depar a com o gráfico<br />

Os valores de uma geração da pesquisa Dossiê MTV Univer so J ovem, e r esolve<br />

coment ar os dados apr esent ados, por meio do f ale conosco da emissora. Nesse<br />

comentário, você, necessariamente, deverá:<br />

a) compar ar os t r ês anos pesquisados, indicando dois (2) valores relat ivament e est áveis<br />

e duas (2) mudanças significativas de valores;<br />

b) manifestar-se no sentido de reconhecer- se ou não no perfil revelado pela pesquisa.<br />

(COLOCAR NATELA O QUADRO DAS PROPOSTAS)<br />

4


TEXTO 2<br />

Coloque-se no lugar de um líder de grêmio est udant il que t em r ecebido r eclamações dos<br />

colegas sobr e o ensino de ciências em sua escola e que, depois de ler a ent r evist a com<br />

Tatiana Nahas na revista de divulgação científica Ciência Hoje, decide convidá-la a dar uma<br />

palest r a par a os alunos e prof essores da escola. Escr eva um discurso de apresent ação<br />

do evento, adequado à modalidade oral formal. Você, necessariamente, deverá:<br />

a) apresentar um diagnóstico com três (3) problemas do ensino de ciências em sua escola; e<br />

b) justificar a presença da convidada, mostrando em que medida as ideias por ela expressas<br />

na entrevista podem oferecer subsídios para a superação dos problemas diagnosticados.<br />

Escola na mídia Tat iana Nahas. Bióloga e pr of essor a de ensino médio, t uit eir a e blogueir a.<br />

Aos 34 anos, ela cuida da página Ciência na mídia, que, nas suas palavr as, pr opõe um olhar<br />

analítico sobre como a ciência e o cientista são r epr esent ados na mídia .<br />

Ciência Hoje: É percept ível que seu blogue dá dest aque, cada vez mais, à educação e<br />

ao ensino de ciências.<br />

Tat iana Nahas: Na ver dade, é uma r et omada dessa dir eção. Eu j á t inha um hist ór ico de<br />

t r abalho em pr oj et os educacionais diver sos. Mas, mais que isso t udo, acho que ant es ainda<br />

vem o f at o de que não dissocio sobr emaneir a pesquisa de ensino. E nem de divulgação<br />

científica.<br />

CH: Como você leva a sua experiência na rede e com novas t ecnologias para os seus<br />

alunos?<br />

TH: Eu não f aço nenhuma separ ação que f ique nít ida ent r e o que est á r elacionado a novas<br />

t ecnologias e o que não est á. Simplesment e or a est amos usando um livr o, or a os alunos<br />

est ão cr iando obj et os de apr endizagem r elacionados a det er minado cont eúdo, como j ogos.<br />

Um exemplo do que quer o dizer : out r o dia est ávamos em uma aula de micr oscopia no<br />

labor at ór io de biologia. Os alunos vir am o micr oscópio, apr ender am a manipulá--lo,<br />

conhecer am um pouco sobr e a hist ór ia dos est udos cit ológicos caminhando em par alelo com<br />

a história do desenvolvimento dos equipamentos ópticos, etc. Em dado ponto da aula, tinham<br />

que r esolver o pr oblema de como est imar o t amanho das células que obser vavam. Cont as<br />

f eit as, discussão encaminhada, , passamos par a a pr oj eção de uma f er r ament a desenvolvida<br />

para a internet por um grupo da Universidade de Utah. Foi um complemento perfeito para a<br />

aula. Os alunos não só ador ar am, como t iver am a possibilidade de visualizar dif er ent es<br />

células, obj et os, est r ut ur as e át omos de f or ma compar at iva, int er at iva, diver t ida e<br />

ext r emament e clar a. Por melhor que f osse a aula, não t er ia conseguido o alcance que essa<br />

f er r ament a pr opiciou. Vej a, não est ou compet indo com esses r ecur sos e nem usando-os<br />

como mulet a. Esses r ecur sos são exat ament e o que o nome diz: r ecur sos. Têm que f azer<br />

par t e da educação por que f azem par t e do mundo, simples assim. Ah, mas e o mont e de<br />

bobagens que encont r amos na int er net ? Bom, mas há um mont e de bobagens t ambém nos<br />

j or nais, nos livr os e em out r os meios mais consolidados . Há um mont e de bobagens mesmo<br />

nos livr os didát icos. A quest ão est á no que deve ser o f oco da educação: o cont eúdo pur o e<br />

simples ou as habilidades de relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc.?<br />

CH: Você acha que é necessário mudar muit a coisa no ensino de ciências, especif i-<br />

camente?<br />

TN: Eu dir ia que há duas pr incipais f alhas no nosso ensino de ciências. Uma r eside no quase<br />

complet o esqueciment o da hist ór ia da ciência na sala de aula, o que f az com que os alunos<br />

desenvolvam a noção de que ideias e t eor ias sur gem r epent inament e e pr ont as na ment e<br />

5


dos cient ist as. Out r a f alha que vej o est á no f at o de que pouco se exer cit a o mét odo<br />

científico ao ensinar ciências. Não dá para esperar que o aluno entenda o modus operandi<br />

da ciência sem mostrar o método científico e o processo de pesquisa, incluindo os percalços<br />

iner ent es a uma invest igação cient íf ica. Sem most r ar a const r ução colet iva da ciência. Sem<br />

most r ar que a cont r ovér sia f az par t e do pr ocesso de const r ução do conheciment o<br />

cient íf ico e que há muit o desenvolviment o na ciência a par t ir dessas cont r ovér sias. Caso<br />

cont r ár io, t er emos alunos que f ar ão cor o com a média da população que se queixa, ao ouvir<br />

not ícias de j or nal, que os cient ist as não se r esolvem e uma hor a dizem que mant eiga f az<br />

bem e outra<br />

hor a dizem que mant eiga f az mal. Ou sej a, j á t emos alguns meios de divulgação que não<br />

compr eendem o f uncionament o da ciência e a divulgam de maneir a equivocada. Vamos<br />

também formar leitores acríticos?<br />

(Adapt ado de Thiago Camelo, Ciência Hoj e On-line. Disponível em ht t p.cienciahoj e.com.br .<br />

Acesso em: 04/03/2010.)<br />

TEXTO 3<br />

Coloque-se na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes<br />

catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de<br />

2009, encontra a crônica de Drummond, publicada em 1966, e decide dialogar com ela em<br />

um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre cidades, publicada em<br />

revista de grande circulação. Nesse artigo você, necessariamente, deverá:<br />

a) relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em<br />

função das chuvas com aqueles trabalhados na crônica;<br />

b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.<br />

Os dias escuros<br />

Carlos Drummond de Andrade<br />

Amanheceu um dia sem luz mais um e há um gr ande silêncio na r ua. Chego à j anela e<br />

não vej o as f iguras habit uais dos pr imeir os t r abalhador es. A cidade, ensopada de chuva,<br />

parece que desist iu de viver . Só a chuva mant ém const ant e seu moviment o ent r e monót ono<br />

e ner voso. É hor a de escr ever , e não sint o a menor vont ade de f azê-lo. Não que f alt e<br />

assunt o. O assunt o aí est á, molhando, ensopando os mor r os, as casas, as pist as, as pessoas,<br />

a alma de t odos nós. Bar r acos que se desmancham como ar mações de bar alho e, por baixo<br />

de seus<br />

r est os, mor t os, mor t os, mor t os. Sobr evivent es mar iscando na lama, à pesquisa de mor t os e<br />

de pobr es obj et os amassados. Depósit o de gent e no chão das escolas, e t oda essa gent e<br />

pr ecisando de colchão, r oupa de cor po, comida, medicament o. O calhau solt o que f ez par ar<br />

a adut or a. Ruas que deixam de ser r uas, por que não dão mais passagem. Car r os submer sos,<br />

aviões e ônibus int er est aduais par alisados, cor r ida a mer cear ias e super mer cados como em<br />

dia de r evolução. O desabament o que acaba de acont ecer e os desabament os pr ogr amados<br />

para daqui a poucos inst ant es. Est e, o Rio que t enho diant e dos olhos, e, se não saio à r ua,<br />

nem por isso a imagem é menos ost ensiva, pois a televisão t r az par a dent r o de casa a<br />

var iada pungência de seus hor r or es. Sim, é admir ável o esf or ço de t odo mundo par a<br />

enf r ent ar a calamidade e socor r er as vít imas, esf or ço que chega a ser per t ur bador pelo<br />

excesso de devot ament o despr ovido de t écnica. Mas se não f osse essa mobilização<br />

espont ânea do povo, det er minada pelo sent iment o humano, à r evelia do gover no incit ando-o<br />

à ação, que ser ia dest a cidade, t ão r ica de galas e bens supér f l uos, e t ão miser ável em sua<br />

inf r aest r ut ur a de submor adia, de subaliment ação e de condições pr imit ivas de t r abalho?<br />

6


Mobilização que de cer t o modo supr e o et er no despr epar o, a clássica desar r umação das<br />

agências of i ciais, f azendo sur gir de impr oviso, ent r e a dor , o espant o e a sur pr esa, uma<br />

corrente de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os flagelados.<br />

Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um<br />

lado, e, por out r o, denunciando velhos er r os sociais e omissões ur baníst icas; e r emor so, por<br />

que escondê-lo? Pois deve exist ir um sent iment o ger al de culpa diant e de cidade t ão<br />

desprotegida de armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa da existência humana,<br />

que t emos o dever de implant ar e ent r et ant o não implant amos, enquant o a chuva cai e o<br />

bueir o ent ope e o r io enche e o bar r aco desaba e a mor t e se inst ala, abat endo-se de<br />

preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza;<br />

a mão de obr a de hoj e, esses t r abalhador es ent r egues a si mesmos, e suas cr ianças que<br />

nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo.<br />

No dia escur o, de más not ícias esvoaçando, com a esper ança de milhões de ser es post a num<br />

r aio de sol que t eima em não r omper , não há alegr ia par a a cr ônica, nem lhe r est a out r o<br />

sent ido senão o t r ist e r egist r o da fragilidade imensa da r ica, poder osa e mar t ir izada<br />

cidade do Rio de Janeiro.<br />

Correio da Manhã, 14/01/1966.<br />

3) UNICAMP <strong>2012</strong><br />

Texto 1<br />

I magine que, ao navegar em uma página da int er net especializada em or ient ação vocacional,<br />

você encont r a um fórum cr iado por concluint es do Ensino Médio par a discut ir o que leva<br />

uma pessoa a invest ir na pr of issão de cient ist a. Um dos par t icipant es do f ór um, que se<br />

autonomeia Est udant e Paulist a, post ou o gráfico reproduzido abaixo e escr eveu o seguint e<br />

comentário:<br />

Às 15h42, Estudante Paulista escreveu:<br />

Vej am est e gr áf ico! Ele most r a o r esult ado de uma pesquisa sobr e o int er esse de<br />

est udant es de vár ios lugar es do mundo pela car r eir a cient íf ica. Vocês não acham que essa<br />

pesquisa reflete muito bem a realidade?<br />

Eu, por exemplo, sempre morei em São Paulo e nunca pensei em ser cientista!<br />

Você decide, ent ão, par t icipar da discussão, post ando um comentário sobre a mesma<br />

pesquisa, em respost a à pessoa que assina como Est udant e Paulist a. No coment ár io, você<br />

deverá:<br />

f azer uma análise do gr áf ico, suger indo o que pode ser concluído a par t ir dos r esult ados<br />

da pesquisa;<br />

posicionar -se f r ent e à opinião do Est udant e Paulist a, levando em cont a a análise que você<br />

fez do gráfico.<br />

(COLOCAR NA TELA O GRÁFICO)<br />

Respostas de estudantes de vários países à pergunt a Gost ar ia de ser cient ist a? ,<br />

apresentadas em escala de 1 a 4. Quanto maior o número, maior a quantidade de respostas<br />

positivas. Em destaque, os índices dos municípios brasileiros de Tangará da Serra (MT) e<br />

São Caetano do Sul (SP). (Adaptado de Ciência Hoje, no 282, vol. 47, jun. 2011, p. 59.)<br />

Texto 2<br />

Coloque-se no lugar dos est udant es de uma escola que passou a monit or ar as páginas de<br />

seus alunos em r edes sociais da int er net (como o Or kut , o Facebook e o Twit t er ), após um<br />

event o similar aos r elat ados na mat ér ia r epr oduzida a seguir . Em f unção da polêmica<br />

7


pr ovocada pelo monitoramento, você r esolve escr ever um manifesto e r ecebe o apoio de<br />

vár ios colegas. J unt os, decidem lê-lo na pr óxima reunião de pais e prof essores com a<br />

direção da escola. Nesse manif est o, a ser r edigido na modalidade or al f or mal, você dever á<br />

necessariamente:<br />

explicit ar o event o que mot ivou a dir eção da escola a f azer o monit or ament o;<br />

declar ar e sust ent ar o que você e seus colegas def endem, convocando pais, pr of essor es e<br />

alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.<br />

Escolas monitoram o que aluno faz em rede social<br />

Dur ant e uma aula vaga em uma escola da Gr ande São Paulo, os alunos decidir am t ir ar f ot os<br />

deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou<br />

uma imagem no Facebook com uma legenda ir ônica, em que dizia: vej am as aulas que t emos<br />

na escola. Uma pr of essor a viu a f ot o e avisou a dir et or a. Result ado: o aluno t eve de apagála<br />

e t odos levar am uma br onca. O caso é um exemplo da lut a que as escolas t êm t r avado<br />

com os alunos por cont a do uso das r edes sociais. Assunt os r elat ivos à imagem do colégio,<br />

casos de bullying vir t ual e at é mensagens em que, par a a escola, os alunos se expõem<br />

demais, est ão t endo de ser apagados e podem acabar em punição. Em out r a instituição,<br />

contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se<br />

beij ando nas dependências da escola. As escolas não coment ar am os casos. Uma delas diz<br />

que só pediu par a apagar a f ot o por que houve um t om of ensivo . Como out r as escolas<br />

consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.<br />

Exercícios Como pr of essor es e alunos são amigos nas r edes sociais, a escola t em<br />

acesso imediat o às publicações. Foi o que acont eceu com um aluno do ABC paulist a. Um<br />

pr of essor soube da página que esse aluno cr iou com amigos no Or kut . Nela, r esolviam<br />

exer cícios de geogr af ia cuj as r espost as acabar am copiadas por colegas. O aluno t eve de<br />

tirá-la do ar.<br />

O caso é par ecido com o de uma aluna de 15 anos do Rio de J aneir o obr igada a apagar uma<br />

comunidade cr iada por ela no Facebook par a a t r oca de r espost as de exer cícios. Ela f oi<br />

suspensa. J á o aluno do ABC paulist a não sof r eu punição e o assunt o ét ica na int er net<br />

passou a ser debatido em aula. Transformar o problema em tema de discussão para as aulas<br />

é consider ado o ideal por educador es. A at it ude da escola não pode ser policialesca, t em<br />

que ser pr event iva e negociador a no sent ido de f or mar consciência cr ít ica , diz Sílvia<br />

Colello, pr of essor a de pedagogia da USP. (Adapt ado de Talit a Bedinelli & Fabiana Rewald,<br />

Folha de S.Paulo, 19/06/2011.)<br />

Texto 3<br />

Imagine-se na posição de um leigo em informática que, ao ler a matéria Cabeça nas nuvens,<br />

r epr oduzida abaixo, decide buscar inf or mações sobr e o que chamam de comput ação em<br />

nuvem. Após conver sar com usuár ios de comput ador e ler vár ios t ext os sobr e o assunt o<br />

(alguns dos quais r epr oduzidos abaixo em I , I I e I I I ), você conclui que o conceit o é pouco<br />

conhecido e r esolve elabor ar um verbete par a explicá-lo. Nesse ver bet e, que será<br />

publicado em uma enciclopédia on- line dest inada a pessoas que não são especializadas<br />

em informática, você deverá:<br />

def inir comput ação em nuvem, f or necendo dois exemplos par a most r ar que ela j á est á<br />

pr esent e em at ividades r ealizadas cot idianament e pela maior ia dos usuár ios de<br />

computador;<br />

apr esent ar uma vant agem e uma desvant agem que a aplicação da comput ação em nuvem<br />

poderá ter em um futuro próximo.<br />

8


Cabeça nas nuvens<br />

Quando foi convidado para participar da feira de educação da Microsoft, Diogo Machado já<br />

sabia que pr oj et o desenvolver . O est agiár io de inf or mát ica da Escola Est adual Pr of essor<br />

Fr ancisco Coelho Ávila J únior , em Cachoeir o de I t apemir im (ES), est ava cansado de ouvir<br />

r eclamações de alunos que per diam ar quivos no comput ador . Decidiu cr iar um sist ema par a<br />

salvar t r abalhos na pr ópr ia int er net , como ele j á f azia com seus códigos de pr ogr amação.<br />

Dessa forma, se o computador desse pau, o conteúdo fi caria seguro e poderia ser acessado<br />

de qualquer máquina. A ideia do r ecém-f or mado t écnico em inf or mát ica se baseava em<br />

clouding computing (ou comput ação em nuvem), t ecnologia que é a apost a de gigant es como<br />

Apple e Google para o armazenamento de dados no futuro.<br />

Em três meses, Diogo desenvolveu o Escola na nuvem (escolananuvem.com.br), um portal em<br />

que estudantes e professores se cadastram e podem armazenar e trocar conteúdos, como o<br />

trabalho de matemática ou os tópicos da aula anterior. As informações fi cam em um disco<br />

virtual, sempre disponíveis para consulta via web.<br />

(Extraído de Galileu, no 241, ago. 2011, São Paulo: Editora Globo, p. 79.)<br />

I<br />

Você quer t er uma máquina de lavar ou quer t er a roupa lavada?<br />

Essa pergunta resume de forma brilhante o conceito de computação em nuvem, que foi<br />

abordado em um documentário veiculado recentemente na TV.<br />

(Adaptado de http://toprenda.net/2010/04/computacao-em-nuvem-voce-ja-usa-e-nemsabia.)<br />

II<br />

Vamos dizer que você é o execut ivo de uma gr ande empr esa. Suas r esponsabilidades<br />

incluem assegur ar que t odos os seus empr egados t enham o software e o hardware de que<br />

pr ecisam par a f azer o seu t r abalho. Compr ar comput ador es par a t odos não é suf i cient e<br />

você t ambém t em de compr ar software ou licenças de software par a dar aos empr egados<br />

as f er r ament as que eles exigem. Em br eve, deve haver uma alt er nat iva par a execut ivos<br />

como você. Em vez de inst alar uma suít e de aplicat ivos em cada comput ador , você só t er ia<br />

de car r egar uma aplicação. Essa aplicação per mit ir ia aos t r abalhador es logar -se em um<br />

ser viço baseado na web que hospeda t odos os pr ogr amas de que o usuár io pr ecisa par a o<br />

seu trabalho. Máquinas remotas de outra empresa rodariam tudo de e-mail a processador<br />

de t ext os e a complexos pr ogr amas de análise de dados. I sso é chamado comput ação em<br />

nuvem e poderia mudar toda a indústria de computadores. Se você tem uma conta de e-mail<br />

com um ser viço baseado na web, como Hotmail, Yahoo! ou Gmail, ent ão você j á t eve<br />

exper iência com comput ação em nuvem. Em vez de r odar um pr ogr ama de e-mail no seu<br />

computador, você se loga numa conta de e-mail remotamente pela web.<br />

(Adaptado de Jonathan Strickland, Como funciona a computação em nuvem.<br />

Disponível em http://informatica.hsw.uol.com.br/computacao-em-nuvem.htm.)<br />

III<br />

A simples ideia de det er minadas inf or mações f icar em ar mazenadas em comput ador es de<br />

t er ceir os (no caso, os f or necedor es de ser viço), mesmo com document os gar ant indo a<br />

pr ivacidade e o sigilo, pr eocupa pessoas, órgãos do gover no e, pr incipalment e, empr esas.<br />

Além disso, há out r as quest ões, como o pr oblema da dependência de acesso à int er net : o<br />

que f azer quando a conexão cair ? Algumas companhias j á t r abalham em f or mas de<br />

sincronizar aplicações off-line com on-line, mas tecnologias para isso ainda precisam evoluir<br />

9


astante. (Adaptado de O que é Cloud Computing? Disponível em:<br />

http://www.infowester.com/cloudcomputing.php.)<br />

4) GV 2011 ECONOMIA<br />

INSTRUÇÃO: Leia os textos e reflita sobre as questões por eles suscitadas.<br />

Texto 1<br />

Nest e cenár io de ext r ema mobilidade das conf igur ações f amiliar es, novas f or mas de<br />

convívio vêm sendo impr ovisadas em t or no da necessidade que não se alt er ou de cr iar<br />

os f ilhos, f r ut os de uniões amor osas t empor ár ias, não impor t a que se t r at e de uma mãe<br />

solt eir a com seu único f ilho ou de uma f amília r esult ant e de t r ês uniões desf eit as e<br />

refeit as, com meia dúzia de f ilhos vindos de uniões ant er ior es de ambos os cônj uges, ou<br />

ainda de um par homossexual que conseguiu adot ar legalment e uma cr iança. Sej a como f or ,<br />

cabem aos adult os que assumir am o encar go das cr ianças o r isco e a r esponsabilidade de<br />

educá-las.<br />

Dest e lugar mal sust ent ado, é possível t ambém que os adult os não compr eendam no que<br />

consist e sua única e r adical dif er ença em r elação às cr ianças e adolescent es, que é a única<br />

ancor agem possível da aut or idade par ent al no cont ext o cont empor âneo. Est a é,<br />

exatamente, a diferença dos lugares geracionais. É porque os pais ocupam, desde o lugar da<br />

geração adulta, as funções de pai e mãe (seja qual for o grau de parentesco que mantenham<br />

com as cr ianças que lhes cabe educar ) que eles est ão socialment e aut or izados a mandar<br />

nessas crianças.<br />

Educar , no cont ext o cont empor âneo, é assumir r iscos ant e a ger ação seguint e. É clar o que,<br />

na adolescência dos f ilhos, os r iscos assumidos pelos pais ser ão cobr ados mais uma vez,<br />

nem sempr e de f or ma j ust a. Mas é possível r esponder à cobr ança adolescent e a par t ir do<br />

lugar da r esponsabilidade: eu assumi o encar go de cuidar de você e t e educar ; pr ef ir o<br />

cor r er o r isco de er r ar do que t e abandonar . Est e enunciado f undament a-se no desej o de<br />

pat er nidade ou de mat er nidade. No limit e, o adult o est á dizendo: eu assumo educar você<br />

por que eu quis ser seu pai (ou mãe, et c.) .<br />

For a isso, sabemos que t odos os papéis dos agent es f amiliar es são substituíveis por isso<br />

é que os chamamos de papéis. O que é insubst it uível é um olhar de adult o sobr e a cr iança, a<br />

um só t empo amor oso e r esponsável, desej ant e de que est a cr iança exist a e sej a f eliz na<br />

medida do possível mas não a qualquer pr eço. I nsubst it uível é o desej o do adult o que<br />

conf er e um lugar a est e pequeno ser , concomit ant e com a r esponsabilidade que impõe os<br />

limites deste lugar. Isto é que é necessário para que a família contemporânea, com todos os<br />

seus tentáculos esquisitos, possa transmitir parâmetros éticos para as novas gerações.<br />

(www.mariaritakehl.psc.br/agenda.php. Adaptado.)<br />

Texto 2<br />

De posse de cur r ículo enver nizado por car imbos de boas univer sidades e em meio a uma<br />

car r eir a que, não r ar o, segue t r aj et ór ia ascendent e, um gr upo de mulher es br asileir as t em<br />

chamado at enção por uma r ecent e e r adical mudança de compor t ament o. Na cont r amão de<br />

suas ant ecessor as, que lut ar am por décadas par a f incar espaço num univer so<br />

eminent ement e masculino, elas est ão hoj e abdicando do t r abalho par a cuidar única e<br />

exclusivamente dos filhos opção não livre de conflitos, mas que boa parte delas descreve<br />

como liber t ador a .<br />

(Veja, 14.07.2010.)<br />

10


A partir do conteúdo dos textos reproduzidos e obedecendo às regras da norma-padrão da<br />

língua portuguesa,<br />

escreva uma redação de gênero dissertativo sobre o tema:<br />

OS <strong>DE</strong>SAFIOS DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS DIANTE DO QUADRO SOCIAL<br />

CONTEMPORÂNEO<br />

5) UNESP 2011<br />

Manifestação surgiu em Nova York nos anos de 1970<br />

Muit os encar am o gr af it e como uma mer a int er venção no visual das cidades. Out r os, como<br />

uma mer a int er venção no visual das cidades. Out r os enxer gam uma manif est ação social. E<br />

há quem o associe com vandalismo, pichação... Mas um crescente público prefere contemplálo<br />

como uma instigante, provocadora e fenomenal linguagem artística.<br />

O grafite é uma forma de expressão social e artística que teve origem em Nova York, EUA,<br />

nos anos de 1970. O novaior quino J ean-Michel Basquiat f oi o pr imeir o gr af it eir o a ser<br />

r econhecido como ar t ist a plást ico, t endo sido amigo e colabor ador do consagr ado Andy<br />

Warhol a vida de Basquiat, aliás, mereceu até filme, lançado em 1996.<br />

A chegada ao Br asil t ambém f oi nos anos de 1970, na bagagem do ar t ist a et íope Alex<br />

Vallaur i e se popular izou por aqui. Desde a década de 1990 é pur a ef er vescência.<br />

Irreverent e, a ar t e das r uas colocou à pr ova a cr iat ividade j uvenil e deu uma chance<br />

bast ant e democr át ica de expr essão, que conquist ou, além dos espaços públicos, um lugar na<br />

cultura nacional. Uma arte alternativa, que saiu dos guetos para invadir regiões centrais<br />

e pr ivilegiadas em quase t odo o Ocident e. Hoj e, à vist a da sociedade e t ot alment e<br />

int egr ada ao cot idiano do cidadão br asileir o, a ar t e de r ua pr ovoca e, ao mesmo t empo,<br />

lembr a a exist ência de minor ias desf avor ecidas e suas demandas por meio de color idos<br />

desenhos que at r aem a at enção. Essa manif est ação avançou no campo ar t íst ico e vem<br />

conquist ando super f ícies em ambient es at é ent ão impr ováveis: do int er ior de f amosas<br />

galer ias às f achadas ext er nas de museus, como o Tat e Moder n, de Londr es, que em 2008<br />

(maio a set embr o) t eve a f amosa par ede de t ij olinhos t r ansf or mada em monument ais<br />

painéis grafitados (25 metros) pelas mãos, sprays e talento de grafiteiros de vários lugares<br />

do planet a, convidados par a esse desaf io, com dest aque par a os br asileir os Nunca e os<br />

artistas-irmãos Os gêmeos.<br />

(Fotografe Melhor. Um show de cores se revela na arte dos grafites. São Paulo:<br />

Editora Europa, ano 14, no 161, fevereiro 2010.)<br />

11


(www.tate.org.uk)<br />

Do vandalismo anárquico à arte politicamente comprometida<br />

Quant o à manif est ação da ar t e de r ua em si, pode-se af ir mar que ela abr ange desde o<br />

vandalismo anár quico at é a ar t e polit icament e compr omet ida. Vai da pichação, cuj o<br />

pr opósit o é suj ar , incomodar , agr edir , chamar a at enção sobr e det er minado espaço ur bano<br />

ou simplesment e desaf iar a sociedade est abelecida e a aut or idade, at é o lambe-lambe e o<br />

graffiti, nos quais se pretende criticar e transformar o status quo.<br />

(...)<br />

O t r anseunt e (...) ger alment e ignor a, r echaça ou dest r ói essa ar t e, consider ando-a suj eir a,<br />

usur pação do seu dir eit o a uma paisagem est er ilizada, uma invasão do seu espaço (às vezes<br />

pr ivado, às vezes público), uma af r ont a à ment e int eligent e. Escolhe não olhá-la, não<br />

observá-la, não ler nas suas ent r elinhas e nos espaços ent r e seus r abiscos ou ent r e seus<br />

traços elaborados. Confunde o graffiti com a pichação, isto é, a arte com o vandalismo (...).<br />

No ent ant o, em document ár ios e em ent r evist as com vár ios ar t ist as de r ua em Cur it iba em<br />

2005 e 2006, pôde-se constatar que essa concepção é, na maioria dos casos, improcedente.<br />

Grande par t e dos escr it or es de graffiti e dos ar t ist as envolvidos com o lambe-lambe não<br />

apenas est uda ou t r abalha, mas t em r endiment o bom ou ót imo na sua escola ou no seu<br />

emprego. De acor do com a pesquisa or a em andament o, o ar t ist a de r ua cur it ibano mor a<br />

tanto na per if er ia quant o no cent r o, é or iundo t ant o de f amílias de baixa r enda como de<br />

out r as economicament e mais f avor ecidas. Seu nível de inst r ução var ia do f undament al<br />

incomplet o ao médio e ao super ior , encont r ando-se ent r e eles inclusive f uncionár ios de<br />

órgãos culturais e educacionais da cidade, bem como profissionais liberais, arquitetos,<br />

publicit ár ios, designer s e ar t ist as plást icos, ent r e out r os. Pôde-se per ceber , t ambém, que<br />

suas pr eocupações polít icas, sua consciência quant o à ecologia e ao meio ambient e nat ur al<br />

ou ur bano, seu engaj ament o volunt ár io ou pr of issional em or ganizações educacionais e<br />

assistencialistas são uma constante.<br />

(Elisabeth Seraphim Prosser. Compromisso e sociedade no graffiti, na pichação e no lambelambe<br />

em Curitiba (2004-2006).<br />

Anais Fórum de Pesquisa Científica em Arte. Escola de Música e Belas Artes do Paraná.<br />

Curitiba, 2006-2007.)<br />

12


Trecho de uma ent revist a com Omen, um conhecido graf it eiro resident e da cidade de<br />

Montreal, no Canadá.<br />

Interviewer: Who are you and what are you doing later today?<br />

Omen: Er m I wr it e OMEN and I don t know what I am going t o do t oday. The weat her<br />

seems to be my only enemy these days.<br />

I nt er viewer : When s t he last t ime you paint ed?<br />

Omen: I paint ed t he ot her day at a school in Point St -Char les. Opt ions 2 it s called. I t s a<br />

school f or childr en t hat need special guidance. Their lives have been messed up by dr ugs<br />

and guns and all t hat st uf f . I was t her e t o show t hem f undament als of Gr af f like can<br />

control and what tips to use. It was pretty cool.<br />

Interviewer: What s your f avor it e medium?<br />

Omen: Well, to paint with? I love aerosol. Love it. There is nothing more demanding and yet<br />

f or giving as f ar as mediums. The dr y t ime, t he size, t he var iet y, t he r andomness, it s all<br />

gold. I mean you can bust a huge piece and t hen say, nahhh. and t ake it out in less t han a<br />

minute and start again cuz it will already be dry. A real medium of the future.<br />

I nt er viewer : What do you t hink is t he impor t ance of ar chit ect ur e in ever yday lif e and<br />

does graffiti influence architecture in any way?<br />

Omen: Ar chit ect ur e is an awesome f ield of st udy and it gr eat ly inf luenced my lif e f or<br />

many year s. The r ealit y of it is t hat it is an insulat ed discussion bet ween ar chit ect and<br />

cit y and/ or Pr ivat e developer . The public r ar ely has a say in mat t er s. This is unf or t unat e<br />

because it is the public that will be forced to look at the unchanging design of an architect<br />

for the duration of our lifetimes and if it is unappealing one; then that is a real tragedy.<br />

(www.yveslaroche.com/en/news. Adaptado.)<br />

PROPOSIÇÃO<br />

Ar t e de r ua, int er venção ur bana, gr af it e, graffiti, pichação, lambe-lambe, são inúmer os os<br />

t er mos pelos quais é conhecida a at ividade pict ór ica em mur os, par edes e super f ícies de<br />

pr édios nas cidades do mundo int eir o. Muit as pessoas consider am t ais t r abalhos<br />

ver dadeir os exemplos de ar t e plást ica popular ; out r as af ir mam que é pur o vandalismo. Os<br />

autores ou escritores, por vezes, têm de dar explicações à polícia, quando flagrados<br />

desenhando ou pint ando em super f ícies de pr édios públicos ou pr ivados. Mas há quem os<br />

convide, t ant o nas r epar t ições públicas como nas empr esas de t odos os gêner os, a pint ar<br />

painéis decorativos em edifícios.<br />

E não falta também quem já venha implantando cursos ou atividades complementares para<br />

alunos do ensino fundamental e médio aprenderem a fazer grafites.<br />

Escreva uma redação de gênero dissertativo, em prosa obediente à norma culta da Língua<br />

Portuguesa, sobre o tema:<br />

GRAFITES: ENTRE O VANDALISMO E A ARTE<br />

6) UNESP <strong>2012</strong><br />

As reações do cérebro à bajulação<br />

Pesquisa mostra que se você for bajular alguém é melhor fazer elogios descarados<br />

Não é o que os mer it ocr at as convict os gost ar iam de ouvir . Uma pesquisa da escola de<br />

negócios da Hong Kong University of Science and Technology indica que a bajulação tem um<br />

ef eit o mar cant e no cér ebr o da pessoa baj ulada. Mais sur pr eendent e do que isso é a<br />

conclusão do est udo de aut or ia de Elaine Chan e J aideep Sengupt a: quant o mais descar ada<br />

a baj ulação, mais ef i cient e ela é. A pesquisa deu or igem a um ar t igo no J our nal of<br />

Mar ket ing Resear ch, int it ulado Insincer e Flat t er y Act ually Wor ks ( Baj ulação insincer a de<br />

13


f at o f unciona , numa t r adução lit er al) e r apidament e chamou a at enção da impr ensa<br />

cient íf ica mundial. Os aut or es são caut elosos ao af i r mar que puxar o saco f unciona, mas é<br />

nessa dir eção que sua pesquisa apont a. Elaine e Sengupt a cr iar am sit uações nas quais os<br />

pesquisados f or am expost os à baj ulação insincer a e opor t unist a. Numa delas, dist r ibuír am<br />

um f older ent r e os pesquisados que det alhava o lançament o de uma nova r ede de loj as. O<br />

material publicitário elogiava o apur ado senso est ét ico do consumidor . Apesar do evidente<br />

puxa-saquismo, o sent iment o post er ior das pessoas f oi de simpat ia em r elação à r ede.<br />

Ent r e os par t icipant es, a medição da at ividade cer ebr al no cór t ex pr é-f r ont al (r esponsável<br />

pelo r egist r o de sat isf ação) indicou um aument o de est ímulos nessa r egião. O mesmo<br />

ocor r eu em t odas as sit uações envolvendo elogios. Segundo os pesquisador es, a baj ulação<br />

f unciona devido a um f enômeno cer ebr al conhecido como compor t ament o de at r aso . A<br />

primeira r eação ao elogio insincer o é de r ej eição e desconsider ação. Apesar disso, a<br />

baj ulação f ica r egist r ada, cr ia r aízes e se est abelece no cér ebr o humano. A par t ir daí,<br />

passa a pesar subj et ivament e no j ulgament o do elogiado, que t ende, com o t empo, a f or mar<br />

uma imagem mais posit iva do baj ulador . I sso vale desde a agência de pr opaganda at é o<br />

funcionário que leva um cafezinho para o chefe.<br />

A suscet ibilidade à baj ulação nasce do ar r aigado desej o do ser humano de se sent ir bem<br />

consigo mesmo , diz Elaine Chan. A obviedade e o descar ament o do elogio f also,<br />

paradoxalmente, conferem-lhe maior força.<br />

Segundo os pesquisador es, é a r apidez com que descar t amos os elogios manipulador es que<br />

f az com que eles passem sem f ilt r o pelo cér ebr o e assim se est abeleçam de f or ma mais<br />

duradoura. Segundo Elaine e Sengupt a, out r o f at or cont r ibui par a a baj ulação. É o ef eit o<br />

acima da média . Temos a tendência de nos achar um pouco melhor do que realmente somos,<br />

pelo menos em algum aspect o. Pesquisas com mot or ist as compr ovam: se f ôssemos nos f iar<br />

na aut oimagem ao volant e, não haver ia bar beir os. I sso vale at é par a a pessoa com baixa<br />

aut oest ima. Em alguma coisa, ela vai se achar boa, nem que sej a em bat er f igurinha. Mas se<br />

cor r emos o r isco de aut oengano com a aj uda do baj ulador , como se pr evenir?<br />

Desenvolvendo uma aut oest ima aut ênt ica , diz Elaine. A pessoa equilibr ada, que t em amor -<br />

próprio, é mais realista sobre si mesma, aceita-se melhor e se torna mais imune à bajulação.<br />

(As reações do cérebro à bajulação. Época Negócios, março de 2010, p. 71.)<br />

PROPOSIÇÃO<br />

Baj ular , lisonj ear , adular , puxar saco são at it udes consider adas, muit as vezes, def eit os de<br />

car át er ou deslizes de nat ur eza ét ica; são, t ambém, condenadas pelas pr ópr ias r eligiões,<br />

como vícios ou pecados . As f icções lit er ár ias, t eat r ais e cinematográficas est ão r eplet as<br />

de t ipos baj ulador es, lisonj eador es, adulador es, puxa-sacos, quase sempr e sob o viés do<br />

r idículo e do desvio de car át er . Moder nament e, por ém, pelo menos em par t e, essa<br />

condenação à baj ulação e à lisonj a t em sido at enuada, e at é mesmo j ust if icada por alguns<br />

como par t e do mar ket ing pessoal, ou como est r at égia par a at ingir met as, dado o f at o de<br />

que, como se inf or ma no pr ópr io ar t igo acima apr esent ado, at é o elogio mais insincer o pode<br />

encontrar eco na mente e no coração do elogiado.<br />

Na passagem do cont o de Machado de Assis, apr esent ada nest a pr ova, Clement e Soar es<br />

acabou at ingindo seus obj et ivos por meio da baj ulação, e a per sonagem Fagundes, de<br />

Laerte, parece viver sempre feliz em sua atividade preferencial de bajular.<br />

Reflita sobr e o cont eúdo dos t r ês t ext os mencionados e elabor e uma r edação de gêner o<br />

dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:<br />

A BAJULAÇÃO: VIRTU<strong>DE</strong> OU <strong>DE</strong>FEITO?<br />

UNESP/<strong>2012</strong><br />

14


7) UNIFESP 2011<br />

INSTRUÇÃO: Leia os três textos seguintes.<br />

Texto 1<br />

Num r est aur ant e de classe média, pessoas t or cem o nar iz e pagam a cont a<br />

ant ecipadament e, sem concluir a r ef eição, por que na mesa ao lado sent a-se um casal negr o,<br />

com uma filha e um filho adolescentes. Ninguém comenta ou reclama de que se trata de uma<br />

demonstração criminosa de racismo, não comprovável mas evidente.<br />

A adolescent e discr iminada põe-se a chor ar e pede aos pais par a ir em embor a t ambém. A<br />

família comemor ava ali o 14o aniver sár io dela. Uma mulher decide sair de um casament o<br />

inf eliz e pede a separ ação. O mar ido, que cer t ament e t ambém não est á f eliz, r ecusa<br />

qualquer combinação amigável e quer uma separação litigiosa. As duas filhas moças tomam o<br />

par t ido do pai, como se de r epent e a mãe que delas cuidar a por mais de vint e anos t ivesse<br />

se transformado em alguém desprezível, irreconhecível e inaceitável. Nenhuma das duas lhe<br />

per gunt a os seus mot ivos; ninguém desej a saber de suas dor es; nenhuma das duas j ovens<br />

mulher es lhe dá a menor chance de explicação, o menor apoio. Par ece-lhes nat ur al que,<br />

diant e de um passo t ão gr ave da par t e de quem as cr iar a, educar a, vest ir a, acar inhar a e<br />

acompanhar a devot adament e por t oda a vida, f osse negado qualquer apoio, car inho e<br />

respeito.<br />

Os casos se multiplicam, são muito mais cruéis do que estes, existem em meu bairro, em seu<br />

bair r o. Nossa post ur a diant e do inesper ado, do dif er ent e, r ar ament e é de at enção,<br />

aber t ur a, escut a. Pouco nos int er essam os mot ivos, o bem, as angúst ias e buscas, dir eit os e<br />

r azão de quem inf r inge as r egr as da nossa acomodação, f r ivolidade ou egoísmo. Quer emos<br />

t odos os pr ivilégios par a nós, a liber dade, a esper ança. Par a os out r os, mesmo se ant es<br />

eram muito próximos, queremos a imobilidade, a distância. Cassamos sem respeitar os seus<br />

dir eit os humanos mais básicos. A int oler ância, que t alvez não const e no índex das r eligiões<br />

mais cast r ador as, é com cer t eza um f eio pecado capit al. Do qual t alvez nenhum de nós<br />

escape, se examinarmos bem.<br />

(Lya Luft. Veja, 15.12.2004. Adaptado.)<br />

Texto 2<br />

Ent r evist a com Zilda Már cia Gr icoli, hist or iador a e dir et or a-execut iva do Labor at ór io de<br />

Est udos da I nt oler ância da Univer sidade de São Paulo (USP), que invest iga e discut e o<br />

tema em todas suas vertentes.<br />

Qual a proposta do Laboratório de Estudos da Intolerância?<br />

Trata-se de um cent r o mult idisciplinar da Univer sidade de São Paulo (USP) que invest iga<br />

t odos os dilemas da int oler ância, sej a ela polít ica, r eligiosa, cult ur al, sexual. I ncluímos<br />

t ambém o que chamamos de t oler ância ao int oler ável: pr ost it uição inf ant il e massacr es de<br />

populações indígenas e de r ua, por exemplo. Trabalhamos ainda com os direitos dos animais.<br />

Ref let indo sobr e a f or ma como os homens os t r at am, descobr imos como eles agem em<br />

r elação aos ser es humanos. Far emos um gr ande seminár io sobr e o assunt o, aber t o ao<br />

público.<br />

Dê exemplos da intolerância no Brasil.<br />

Não t oler amos o pobr e, por exemplo. Pobr e é lixo, não quer emos ver , quer emos j ogá-los<br />

f or a. Pode ser índio, negr o, br anco. Em São Paulo, há pr aças que cont am com o banco<br />

ant imendigo , com br açadeir as especiais, que não per mit em que ninguém dur ma ali.<br />

15


Gr adear am chaf ar izes par a que a população não t ome banho. Tudo par a limpar a cidade<br />

dos pobres. Como se eles fossem responsáveis pela sujeira.<br />

É possível desenvolver a tolerância?<br />

Sim. A int oler ância é t ot alment e cult ur al. A cult ur a f oi cr iada pelo homem par a a<br />

sobr evivência da espécie. Ela t em esse obj et ivo, que é a pr ot eção da vida, e não a<br />

dest r uição. A aut onomia cult ur al não pode ir além da vida humana. Quando a cult ur a se<br />

apropria da negação do outro, é preciso uma intervenção.<br />

Texto 3<br />

Fascismo, comunismo, nazismo e t odos os out r os ismos t ot alit ár ios pr oduzir am ao longo dos<br />

t empos algumas das mais pavor osas cenas de int oler ância per pet r adas pelo homem cont r a<br />

alguém que ele j ulga dif er ent e. Fogueir as, pat íbulos, decapit ações, guilhot inas,<br />

fuzilamentos, ext er mínios, campos de concent r ação, f or nos cr emat ór ios, suplícios dos<br />

garrotes, as valas dos cadáveres, as deportações, os gulags, as residências forçadas,<br />

a I nquisição e o índex dos livr os pr oibidos , descr eveu o j ur ist a it aliano I t alo Mer eu, são<br />

algumas das mais bár bar as manif est ações de ódio adot adas por quem j ulga possuir a<br />

ver dade absolut a e se acha no dever de impô-la a t odos, pela f or ça . A pr aga da<br />

int oler ância só at inge esse pat amar de per ver sidade quando um out r o valor j á não vigor a<br />

mais há muit o t empo: a democr acia. É mais ou menos assim que as coisas f uncionam.<br />

Aniquila-se a democr acia em nome de um ideal r evolucionár io que pr omet e semear a<br />

liber dade e o f im da opr essão dos mais f r acos. Essa é a pr omessa, mas o que se colhe<br />

j amais é a liber t ação, apenas abuso e int oler ância. Numa pr imeir a f ase, o abuso é int er no e<br />

concent r ado cont r a os inimigos polít icos do r egime. Depois, t odos se t or nam inimigos em<br />

pot encial e at é a delação de vizinhos vir a uma ar ma de cont r ole social. Na f ase seguint e,<br />

surgem as guerras contra os inimigos externos.<br />

(Amauri Segalla. Veja, 16.04.2003. Adaptado.)<br />

Com base nas inf or mações e r ef lexões dos t ext os apr esent ados ou, ainda, agr egando a<br />

eles outros elementos que você julgar pertinentes , redija uma dissertação em prosa e em<br />

norma-padrão sobre o seguinte tema:<br />

A INTOLERÂNCIA EM XEQUE<br />

8) UNIFESP <strong>2012</strong><br />

Observe a charge, publicada no Diário de Guarulhos em 18.05.2011.<br />

16


Char ges como essa inspir ar am-se na polêmica inst alada devido à or ient ação sobr e var iação<br />

lingüística em um livr o didát ico pr oduzido par a a Educação de J ovens e Adult os, Por uma<br />

vida melhor , dist r ibuído pelo Minist ér io da Educação (MEC). A passagem polêmica t r az as<br />

seguintes informações:<br />

Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado.<br />

livro (masculino, singular) os (masculino, plural)<br />

ilustrado (masculino, singular)<br />

interessante (masculino, singular)<br />

emprestado (masculino, singular)<br />

Você acha que o aut or dessa f r ase se r ef er e a um livr o ou a mais de um livr o? Vej amos: O<br />

f at o de haver a palavr a os (plural) indica que se t r at a de mais de um livr o. Na var iedade<br />

popular, bast a que esse pr imeir o t er mo est ej a no plur al par a indicar mais de um r ef er ent e.<br />

Reescrevendo a frase no padrão da norma culta, teremos:<br />

Os livros ilustrados mais interessantes estão emprestados.<br />

Você pode est ar se per gunt ando: Mas eu posso f alar os livr o ? Clar o que pode. Mas f i que<br />

at ent o por que, dependendo da sit uação, você cor r e o r isco de ser vít ima de preconceito<br />

linguístico. Muit a gent e diz o que se deve e o que não se deve f alar e escrever , t omando<br />

t odas as r egr as est abelecidas par a a nor ma cult a como padr ão de cor r eção de t odas as<br />

f or mas linguíst icas. O f alant e, por t ant o, t em de ser capaz de usar a var iant e adequada da<br />

língua para cada ocasião.<br />

Sírio Possent i, pr of essor da Unicamp, em ar t igo publicado no j or nal O Est ado de S.Paulo,<br />

em 22.05.2011, afir mou: O j or nalismo nat ivo t eve uma semana inf eliz. I lust r es colunist as e<br />

af amados coment ar ist as bat er am dur o em um livr o, com base na leit ur a de uma das páginas<br />

de um dos capít ulos. Houve casos em que nem ent r evist ado nem ent r evist ador conheciam o<br />

t eor da página, mas apenas uma not a que est ava cir culando (meninos, eu ouvi). Nem por isso<br />

se abst iver am de analisar . O pr of essor apont ou t r ês pont os f undament ais sobr e o<br />

assunto:<br />

I . Uma quest ão r ef er e-se ao conceit o de r egr a: quem acha que gr amát ica quer dizer<br />

gr amát ica nor mat iva t oma o conceit o de r egr a como lei e o de lei como or dem: deve-se<br />

f alar / escr ever assim ou assado; as out r as f or mas são er r adas. Mas o conceit o de r egr a /<br />

lei, nas ciências (em linguíst ica, no caso), t em out r o sent ido: refere-se à r egular idade (...).<br />

Os livr o segue uma r egr a. E uma gr amát ica é conj unt o de r egr as, t ambém descr it ivas.<br />

I I . Out r o pr oblema f oi r esponder pode à per gunt a se se pode dizer os livr o. Pode signif i<br />

ca possibilidade (pode chover ), mas t ambém aut or ização (pode comer buchada). No livr o,<br />

pode est á ent r e possibilidade e aut or ização. Foi est a a int er pr et ação que ger ou as<br />

r eações. Além disso, coment ar ist as ler am pode como deve . E disser am que o livr o ensina<br />

er r ado, que o er r ado agor a é cer t o.<br />

I I I . A t er ceir a passagem at acada f oi a adver t ência de que quem diz os livr o pode ser<br />

vít ima de pr econceit o. Achou-se que não há pr econceit o linguíst ico. Mas a celeuma most r a<br />

que há, e est á vivíssimo. Uma pr ova f oi a associação da var iedade popular ao r isco do f i m<br />

da comunicação. Li que o por t uguês cor r et o é ef eit o da evolução (pobr e Dar win!). Ouvi que<br />

a escr it a (!) separ a os homens dos animais!<br />

Em artigo na revista Veja, em 25.05.2011, a escritora Lya Luft disse: O livr o e a ideia que<br />

o f undament a começam a mer ecer cr ít icas de ent idades como a Academia Br asileir a de<br />

17


Let r as e de cent enas de est udiosos. Eu o vej o como o cor oament o do descaso, da omissão,<br />

da ignorância quanto à língua e de algum laivo ideológico<br />

t or t o, que não consigo ent ender bem. Acr escent a: Essa var iedade se chama adequação, é<br />

essencial, é natural e enriquece a língua. Mas querer que a escola ignore que existe uma<br />

língua-padrão, que todos temos o direito de conhecer, é nivelar por baixo, como se o menos<br />

informado fosse incapaz. É mais uma vez discriminar quem não pôde desenvolver<br />

plenament e suas capacidades.<br />

No dia 19.05.2011, em seu Editorial, a Folha de S.Paulo publicou: O episódio, que f az<br />

lembrar as ferozes controvérsias gramaticais da República Velha (1889-1930), é menos<br />

relevante em si do que pelo que reitera em termos de mentalidade pedagógica. De algumas<br />

décadas par a cá, a pr et ext ode pr omover uma educação popular ou democr át ica , muit os<br />

educadores dedicam-se a solapar toda forma de saber implicada no repertório de<br />

conteúdos que a humanidade vem acumulando ao longo das gerações. Em vez da revolução<br />

pedagógica que apregoam, o resultado tem sido a implantação despercebida da lei do menor<br />

esforço nas escolas. Estuda-se pouco e ensina-se mal. Isso e não suscetibilidades<br />

gramaticais é o que dever ia pr eocupar .<br />

Por f im, vej a-se a posição da Associação Br asileir a de Linguíst ica (ABRALI N): O livr o<br />

acat a or ient ações dos PCN (Par âmet r os Cur r icular es Nacionais) j á em andament o há mais<br />

de uma década. Out r os livr os didát icos t ambém englobam a discussão da var iação<br />

linguíst ica par a r essalt ar o papel e a impor t ância da nor ma cult a no mundo let r ado.<br />

Portanto, nunca houve a defesa de que a norma culta não deva ser ensinada. Ao contrário,<br />

entende-se que esse é o papel da escola, gar ant ir o domínio da nor ma par a o acesso ef et ivo<br />

aos bens cult ur ais e par a o pleno exer cício da cidadania. Est a é a única r azão que j ust if i ca<br />

a exist ência da disciplina de Língua Por t uguesa par a f alant es nat ivos de por t uguês.<br />

Conclui-se o t ext o: é impor t ant e esclar ecer que o uso de f or mas linguíst icas de menor<br />

pr est ígio não é indício de ignor ância ou de out r o at r ibut o que queir amos impingir aos que<br />

falam desse ou daquele modo. A ignorância não está ligada às formas de falar ou ao nível de<br />

let r ament o. Aliás, pudemos compr ovar isso por meio desse debat e que se inst aur ou em<br />

relação ao ensino de língua e à var iedade linguíst ica.<br />

Com base nas inf or mações apr esent adas e em out r os conheciment os sobr e o assunt o<br />

discutido elabor e um t ext o disser t at ivo, em nor ma-padr ão da língua, abor dando o<br />

seguinte tema:<br />

A questão da variação linguística no contexto da educação.<br />

9) FUVEST 2011<br />

Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.<br />

18


Texto 1<br />

Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se<br />

da f lor ação de palmeir as Corypha umbraculif era, ou palma talipot, no At er r o do<br />

Flamengo. Tr azidas do Sr i Lanka pelo paisagist a Rober t o Bur le Mar x, elas f lor escem uma<br />

única vez na vida, cer ca de cinquent a anos depois de plant adas. Em seguida, iniciam um<br />

longo processo de morte, período em que produzem cerca de uma tonelada de sementes.<br />

http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado.<br />

Texto 2<br />

Quando Rober t o Bur le Mar x plant ou a palma t alipot , um visit ant e t er ia coment ado:<br />

Como elas levam t ant o t empo par a f lor ir , o senhor não est ar á mais aqui par a ver . O<br />

paisagist a, ent ão com mais de 50 anos, t er ia dit o: Assim como alguém plant ou par a<br />

que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam cont emplar .<br />

http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. no 131, 10/11/2009. Adaptado.<br />

Texto 3<br />

Onde não há pensament o a longo pr azo, dif icilment e pode haver um senso de dest ino<br />

compar t ilhado, um sent iment o de ir mandade, um impulso de cer r ar f ileir as, f icar<br />

ombro a ombro ou marchar no mesmo passo.<br />

A solidar iedade t em pouca chance de br ot ar e f incar r aízes. Os r elacionament os<br />

destacam-se sobretudo pela fragilidade e pela superficialidade.<br />

Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.<br />

Texto 4<br />

A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver<br />

em nome de qualquer coisa que não nós mesmos.<br />

19


G. Lipovet sky, cit . por Z. Bauman, em A art e da vida. Rio de J aneir o: J or ge Zahar ,<br />

2009.<br />

Como most r am os t ext os 1 e 2, a imagem de abnegação f or necida pela palma t alipot ,<br />

que, de cer t o modo, sacr if ica a pr ópr ia vida par a cr iar novas vidas, é r ef or çada pelo<br />

alt r uísmo* de Rober t o Bur le Mar x, que a plant ou, não par a seu pr ópr io pr oveit o, mas<br />

para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido o caminho oposto.<br />

Com base nas ideias e sugest ões pr esent es na imagem e nos t ext os aqui r eunidos,<br />

redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:<br />

O alt ruísmo e o pensament o a longo prazo ainda t êm lugar no mundo<br />

contemporâneo?<br />

* Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser<br />

humano à preocupação com o outro. Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.<br />

Instruções:<br />

Lembr e-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma<br />

padrão da língua portuguesa.<br />

A r edação dever á t er ent r e 20 e 30 linhas.<br />

Dê um título a sua redação.<br />

FUVEST/2011 2a FASE ANGLO VESTIBULARES<br />

10) FUVEST <strong>2012</strong><br />

Texto 1<br />

A ciência mais imper at iva e pr edominant e sobr e t udo é a ciência polít ica, pois est a<br />

det er mina quais são as demais ciências que devem ser est udadas na pólis. Nessa medida, a<br />

ciência polít ica inclui a f inalidade das demais, e, ent ão, essa f inalidade deve ser o bem do<br />

homem. Aristóteles. Adaptado.<br />

Texto 2<br />

O t er mo idiot a apar ece em coment ár ios indignados, cada vez mais f r equent es no Br asil,<br />

como polít ica é coisa de idiot a . O que podemos const at ar é que acabou se inver t endo o<br />

conceit o or iginal de idiot a, pois a palavr a idiótes, em gr ego, signif ica aquele que só vive a<br />

vida privada, que recusa a política, que diz não à política.<br />

Talvez devêssemos r et omar esse conceit o de idiot a como aquele que vive f echado dent r o<br />

de si e só se int er essa pela vida no âmbit o pessoal. Sua expr essão gener alizada é: Não me<br />

met o em polít ica . M. S. Cortella e R. J. Ribeiro, Política para não ser idiota. Adaptado.<br />

Texto 3<br />

FILHOS DA ÉPOCA<br />

Somos filhos da época<br />

e a época é política.<br />

Todas as tuas, nossas, vossas coisas<br />

diurnas e noturnas,<br />

são coisas políticas.<br />

Querendo ou não querendo,<br />

teus genes têm um passado político,<br />

tua pele, um matiz político,<br />

teus olhos, um aspecto político.<br />

O que você diz tem ressonância,<br />

20


o que silencia tem um eco<br />

de um jeito ou de outro, político.<br />

(...)<br />

Wislawa Szymborska, Poemas.<br />

Texto 4<br />

As inst it uições polít icas vigent es (por exemplo, par t idos polít icos, par lament os, gover nos)<br />

vivem hoj e um pr ocesso de abandono ou diminuição do seu papel de cr iador as de agenda de<br />

quest ões e opções r elevant es e, t ambém, do seu papel de pr oposit or as de dout r inas. O que<br />

não signif ica que se amplia a liber dade de opção individual. Signif ica apenas que essas<br />

funções estão sendo decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e,<br />

em princípio, controladas) para forças essencialmente não políticas primordialmente as<br />

do mer cado f inanceir o e do consumo. A agenda de opções mais impor t ant es dif icilmente<br />

pode ser const r uída polit icament e nas at uais condições. Assim esvaziada, a polít ica per de<br />

interesse. Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado.<br />

Texto 5<br />

Folha de S.Paulo, 05/10/2011.<br />

Os t ext os aqui r epr oduzidos f alam de polít ica, sej a par a enf at izar sua necessidade, sej a<br />

par a indicar suas limitações e impasses no mundo at ual. Ref lit a sobr e esses t ext os e r edij a<br />

uma dissertação em prosa, na qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando<br />

de modo a deixar claro o seu ponto de vista sobre o tema<br />

Participação política: indispensável ou superada?<br />

Instruções:<br />

A r edação deve obedecer à nor ma-padrão da língua portuguesa.<br />

Escr eva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível.<br />

Dê um t ít ulo a sua r edação.<br />

21


PUC<strong>2012</strong><br />

Fot o disponível em http://www.hojems.com.br/hojems/0,0,000,5654-85-<br />

7+<strong>DE</strong>+SETEMBRO.htm Acesso em 8 set 2011.<br />

Em 2010, final da primeira década do terceiro milênio, o Brasil elege a primeira mulher para<br />

presidente, pelo vot o dir et o. Em seu pr onunciament o, a pr esident e eleit a, Dilma Roussef f ,<br />

após o anúncio do resultado do segundo turno da eleição, declara:<br />

Mas eu quer ia me dir igir a t odos os br asileir os e as br asileir as, meus amigos e minhas<br />

amigas de t odo o Br asil. É uma imensa alegr ia est ar aqui hoj e. Eu r ecebi de milhões de<br />

brasileiros e de brasileiras a missão, talvez a missão mais importante da minha vida.<br />

E esse f at o, par a além da minha pessoa, é uma demonst r ação do avanço democr át ico do<br />

nosso país, por que pela pr imeir a vez uma mulher pr esidir á o Br asil. J á r egist r o, por t ant o, o<br />

meu pr imeir o compr omisso após a eleição: honr ar as mulher es br asileir as par a que esse<br />

f at o at é hoj e inédit o se t r ansf or me num event o nat ur al e que ele possa se r epet ir e se<br />

ampliar nas empr esas, nas inst it uições civis e nas ent idades r epr esent at ivas de t oda a<br />

nossa sociedade. A igualdade de opor t unidades ent r e homens e mulher es é um pr incípio<br />

essencial da democr acia.<br />

Disponível em <br />

Acesso em 10 de ago. 2011.<br />

BRASIL CENSO 2010 (IBGE)<br />

População: 190.755.799 de brasileiros<br />

O Brasil possui 8.515.692,27km2, distribuídos em um território heterogêneo, muitas<br />

vezes de difícil acesso, composto por 27 Unidades da Federação e 5.565 municípios.<br />

O nível de analfabetismo do brasileiro passou de 12% em 2000 para 9,6% em 2010.<br />

Nascimentos: 600.000 é o número de crianças sem certidão de nascimento.<br />

Idade: Houve um aumento constante no número de idosos e uma diminuição signifi cativa<br />

da população com até 25 anos. O Censo 2010 apurou ainda que existem 23.760 brasileiros<br />

com mais de 100 anos. Brancos correspondem a menos da metade da população, pela<br />

primeira vez no Brasil.<br />

Domicílios brasileiros: O Brasil tem 42.851.326 de domicílios.<br />

74,2% dos brasileiros moram em casa própria e 81,4% estão localizados em área urbana.<br />

Empregos: A população economicamente ativa do Brasil é de 79.315.287 de pessoas.<br />

22


A população urbana também cresceu. Em 2000, representava 81,25% dos brasileiros. E<br />

agora, soma 84,35%.<br />

51%|Mulheres 97.342.162 pessoas<br />

49%|Homens 93.390.532 pessoas<br />

Fonte IBGE, disponível em . Acesso em agosto 2011.<br />

PROPOSTA:<br />

Usando um pseudônimo, redija uma carta à presidente Dilma Rousseff, sugerindo-lhe qual<br />

deve ser a prioridade de seu governo, para realmente marcar seu nome na história do<br />

Brasil. Use argumentos necessários para convencê-la de que sua sugestão é realmente<br />

relevante.<br />

IMPORTANTE:<br />

Use um pseudônimo para assinar sua carta.<br />

Passe a limpo sua car t a no espaço a ela r eser vado. O r ascunho não ser á consider ado.<br />

Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, clareza e<br />

coerência compatíveis com o gênero textual solicitado e com a situação comunicativa.<br />

___________________________________________________________________________<br />

FGV <strong>2012</strong><br />

Redação<br />

Leia com atenção os seguintes textos:<br />

Texto I<br />

O f ilósof o br asileir o Paulo Ar ant es apr esent a e discut e uma t endência sociológica<br />

cor r ent e nos Est ados Unidos e em países eur opeus desenvolvidos que acr edit a que est á<br />

ocor r endo uma br asilianização do mundo . Segundo essa opinião, o Br asil est ar ia se<br />

conver t endo em um modelo social par a o mundo, mas um modelo negat ivo: nas últ imas<br />

décadas, at é países r icos est ar iam apr esent ando um quadr o br asileir o , cuj os<br />

t r aços pr incipais ser iam: f avelização das cidades, insegur ança gener alizada, pr ecar ização<br />

( f l exibilização ) do t r abalho, dist anciament o maior ent r e cent r o e per if er ia, j eit inho<br />

(br asileir o) par a negociar com a nor ma etc. Assim, par a a r ef er ida t ese da<br />

br asilianização , o Br asil ser ia o país do f ut ur o , só que de um f ut ur o que pr omet e mais<br />

regressão e anomia social.<br />

Paulo Ar ant es. A f r at ur a br asileir a do mundo . Zero à esquerda. S. Paulo, Conrad, 2004.<br />

Texto II<br />

O ant r opólogo br asileir o Rober t o da Mat t a assim r eagiu a essas t eses da br asilianização<br />

do mundo : O uso da expr essão br asilianização par a expr imir um est ado de inj ust iça social<br />

me deixa f er ido e pr eocupado. De um lado, nada t enho a dizer , pois a car act er ização é<br />

cor r et a. De out r o, t enho a dizer que o modelo de Michael Lind exclui vár ias coisas. A<br />

hier ar quia e a t ipif i cação da est r ut ur a social do Br asil indicam um modo de int egr ação<br />

social que t em seus pont os posit ivos. Nest es sist emas, conj ugamos os opost os e aceit amos<br />

os par adoxos da vida com mais t r anquilidade. Ser ia est e modo de r elacionament o<br />

incompat ível com uma sociedade viável em t er mos de j ust iça social? Acho que não. Pelo<br />

cont r ár io, penso que t alvez haj a mais espaço par a que est es sist emas híbr idos e<br />

br asilianizados sej am aut ent icament e mais democr át icos que est as est r ut ur as r igidament e<br />

definidas, nas quais tudo se faz com base no sim ou no não. Afi nal, entre o pobre negro que<br />

mora na periferia e o branco rico que mora na cobertura há muito confl ito, mas há também<br />

o car naval, a comida, a música popular , o f ut ebol e a f amília. Quer o cr er que o f ut ur o ser á<br />

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mais dessas sociedades r elacionais do que dos sist emas f undados no conf l it o em linhas<br />

étnicas, cult ur ais e sociais r ígidas. De qualquer modo, é int er essant e enf at izar a pr esença<br />

de um est ilo br asileir o de vida como um modelo par a os Est ados Unidos. É sinal de que t em<br />

mesmo água passando embaixo da pont e.<br />

Idem. p. 60. Adaptado.<br />

Texto III<br />

Por sua vez, o compositor e escritor Jorge Mautner posicionou-se, quanto à mesma questão,<br />

da seguint e maneira: A minha t r aj et ór ia de vida me f az int er pr et ar o Br asil pela f or ma<br />

r adical da amálgama. Essa é a pedr a f undament al do século 21. A amálgama é miscigenação,<br />

mas vai além: é ela que possibilit a ao br asileir o r eint er pr et ar t udo de novo em apenas um<br />

segundo, e mais ainda, a absorver pensamentos contrários, atingindo o caminho do meio, que<br />

er a o sonho de Lao Tsé, do Buda e de Ar ist ót eles. É por causa dessa impor t ância t r emenda<br />

que t er emos a Olimpíada e a Copa aqui. Ou o mundo se br asilif ica ou vir a nazist a. At é o<br />

bispo Edir Macedo, da I gr ej a Univer sal, é amálgama t ambém: ele j á f oi pai de sant o, faz<br />

descarrego. É quase umbanda!<br />

Depoiment o a Mor r is Kachani. Ar t ur Volt olini. (Colabor ação par a a Folha de S. Paulo).<br />

Adaptado.<br />

Tendo em cont a as ideias acima apr esent adas, r edij a uma disser t ação em pr osa sobr e o<br />

tema Brasil: um modelo posit ivo ou negat ivo para o mundo?, ar gument ando de modo a<br />

deixar claro seu ponto de vista.<br />

MACK <strong>2012</strong><br />

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.<br />

Texto I<br />

Art. 2o -A. Considera- se torcida organizada, para os efeitos desta Lei, a pessoa jurídica<br />

de direito privado ou existente de fato, que se organize para o fi m de torcer e apoiar<br />

entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade.<br />

[ ]<br />

Art. 39- A. A torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto; praticar ou<br />

incitar a violência; ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fi scais, dirigentes,<br />

organizadores ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, de<br />

comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos.<br />

Art. 39- B. A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos<br />

danos causados por qualquer dos seus associados ou membros no local do evento esportivo,<br />

em suas imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento.<br />

Estatuto do Torcedor, lei no 10.671/2003, alterada pela lei no 12.299/2010<br />

Texto II<br />

A violência ent r e t or cidas or ganizadas passou a ser uma pr eocupação social, uma vez que<br />

assumiu característica de acontecimento banal, débil e vazio. Na mesma proporção, passou<br />

a ser, também, um incômodo aos interesses em torno do evento esportivo. [...] Três<br />

aspectos convergem para justificar e explicar a violência ent r e t or cidas : a j uvent ude,<br />

cada vez mais esvaziada de consciência social e coletiva; o modelo de sociedade de consumo<br />

instaurado no Brasil, que valoriza a individualidade, o banal e o vazio; e o prazer e a<br />

excitação gerados pela violência ou pelos confrontos agressivos.<br />

Carlos Alberto Máximo Pimenta, sociólogo<br />

Texto III<br />

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Quero dizer também que o futebol é o que motiva a união das pessoas em torno dessas<br />

torcidas e o futebol envolve disputas. Mas isso não é motivo para guerras. Futebol deve ser<br />

motivo para comemorações. Não importa quem perca ou ganhe uma partida, o futebol é<br />

sempre festa. Você, que participa ou lidera uma torcida organizada, sabe o poder que tem<br />

uma união tão forte em torno de um amor comum. Então, vamos usar essa força e esse amor<br />

pelo seu time para fazer uma diferença significativa e positiva no mundo.<br />

Roberto Shinyashiki, psiquiatra e consultor empresarial<br />

SUCESSO NOS VESTIBULARES!! . .<br />

<strong>ZEZÉ</strong>/<strong>2012</strong><br />

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