14.04.2013 Views

O sul do Brasil sobre as rodas da Catarinense

O sul do Brasil sobre as rodas da Catarinense

O sul do Brasil sobre as rodas da Catarinense

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>sul</strong> <strong>do</strong> <strong>Br<strong>as</strong>il</strong><br />

<strong>sobre</strong> <strong>as</strong> rod<strong>as</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>Catarinense</strong><br />

Desbravan<strong>do</strong> <strong>as</strong> estrad<strong>as</strong><br />

80


Q<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

81


82<br />

<br />

O<br />

alemão Theo<strong>do</strong>r Darius e o húngaro João<br />

Hahn, ten<strong>do</strong> imigra<strong>do</strong> para o <strong>Br<strong>as</strong>il</strong> por essa<br />

época, encontravam séri<strong>as</strong> dificul<strong>da</strong>de de<br />

a<strong>da</strong>ptação à cultura e ao idioma <strong>do</strong> país. Não<br />

conseguiam emprego, m<strong>as</strong> precisavam trabalhar.<br />

Tiveram, então, a idéia de comprar um veículo para frete, com o qual começaram<br />

a fazer pequen<strong>as</strong> mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong>. Ocorre que não havia ain<strong>da</strong> transporte<br />

regular de p<strong>as</strong>sageiros no <strong>Br<strong>as</strong>il</strong>, com horários e destinos predetermina<strong>do</strong>s. Em<br />

quatro anos de frete, ca<strong>da</strong> um com seu carro, muit<strong>as</strong> vezes eram contrata<strong>do</strong>s para<br />

levar pesso<strong>as</strong> a algum lugar e perceberam aí um promissor espaço no merca<strong>do</strong>.<br />

Venderam os <strong>do</strong>is carros, compraram uma jardineira, um auto-ônibus Rugby 6<br />

cilindros, e iniciaram uma socie<strong>da</strong>de com o br<strong>as</strong>ileiro A<strong>do</strong>lfo H<strong>as</strong>s, em 13 de abril<br />

de 1928, dia que n<strong>as</strong>ceu a primeira firma br<strong>as</strong>ileira de transporte ro<strong>do</strong>viário: a<br />

Empreza Auto Viação Hahn, H<strong>as</strong>s & Darius, o embrião <strong>da</strong> Empreza Auto Viação<br />

Catharinense, <strong>as</strong>sim grafa<strong>do</strong> naquele tempo.


83


84<br />

Aprimeira linha <strong>da</strong> empresa sedia<strong>da</strong> em Blumenau<br />

acontecia entre essa ci<strong>da</strong>de e Florianópolis, p<strong>as</strong>san<strong>do</strong><br />

por Itajaí e Tijuc<strong>as</strong>. Em função d<strong>as</strong> terríveis condições<br />

de viagem, ela era ofereci<strong>da</strong> apen<strong>as</strong> du<strong>as</strong> vezes<br />

por semana, sempre partin<strong>do</strong> para Florianópolis <strong>as</strong><br />

terç<strong>as</strong> e sext<strong>as</strong>-feir<strong>as</strong>, às 8 hor<strong>as</strong>, e retornan<strong>do</strong> a Blumenau<br />

às 9 hor<strong>as</strong>, às quart<strong>as</strong>-feir<strong>as</strong> e aos sába<strong>do</strong>s. A<br />

viagem, que hoje é feita em du<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> e quinze minutos,<br />

levava, então, <strong>do</strong>ze hor<strong>as</strong>. Eram <strong>do</strong>ze hor<strong>as</strong> de<br />

aventura, que poderiam ser treze, quatorze, quinze. O<br />

sucesso foi imediato. Apesar d<strong>as</strong> dificul<strong>da</strong>des na rota, a<br />

empresa mostrou-se eficiente, pontual e extremamente<br />

preocupa<strong>da</strong> em oferecer o maior conforto possível<br />

a seus p<strong>as</strong>sageiros. Era comum que os proprietários<br />

aguard<strong>as</strong>sem até tarde <strong>da</strong> noite a chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s ônibus,<br />

para saber <strong>do</strong>s próprios p<strong>as</strong>sageiros como havia transcorri<strong>da</strong><br />

a viagem. As pesso<strong>as</strong> em primeiro lugar! Esse<br />

era o lema. E os clientes não viajavam com freqüência,<br />

m<strong>as</strong>, em tempos de esc<strong>as</strong>sez de meios de comunicação,<br />

o deslocamento era a melhor forma de ter contato com<br />

quem estava distante. Para garantir um serviço de quali<strong>da</strong>de,<br />

diante de tant<strong>as</strong> adversi<strong>da</strong>des, foi preciso muito<br />

empenho <strong>do</strong>s fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res. Cinco anos depois, eles tinham<br />

uma frota de onze ônibus, empregavam dezessete<br />

funcionários e operavam regularmente em rot<strong>as</strong> que<br />

incluíam <strong>as</strong> ci<strong>da</strong>des de Itajaí, Florianópolis, Jaraguá <strong>do</strong><br />

Sul, Joinvile e Curitiba. A p<strong>as</strong>sagem <strong>do</strong> coletivo custava<br />

30 mil réis, enquanto que a tarifa <strong>do</strong> automóvel de<br />

aluguel era de 200 mil réis, pela mesma viagem. Só os<br />

ab<strong>as</strong>ta<strong>do</strong>s podiam dispor <strong>da</strong> quantia, e boa parte <strong>do</strong>s<br />

p<strong>as</strong>sageiros migrou para o novo serviço. Eram raros os<br />

carros de p<strong>as</strong>seio, e o avião ain<strong>da</strong> era um sonho.


A <strong>Catarinense</strong> chega ao Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Aaquisição <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> carro aconteceu<br />

logo, com um empréstimo bancário, e<br />

a <strong>Catarinense</strong> p<strong>as</strong>sou a fazer a linha de Blumenau<br />

a Porto Alegre, boa parte p<strong>as</strong>san<strong>do</strong><br />

pela praia. Além <strong>da</strong> chance de atolamento,<br />

havia ain<strong>da</strong> a questão d<strong>as</strong> marés: só se chegava<br />

ao destino na maré baixa. Conta-se<br />

que <strong>do</strong>is carros teriam submergi<strong>do</strong> na areia<br />

desse caminho, um na foz <strong>do</strong> Rio Perequê e<br />

outro próximo a Torres. Era, de fato, uma<br />

ação pioneira.<br />

Decorri<strong>do</strong>s cerca de dez anos <strong>do</strong> início<br />

d<strong>as</strong> ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> empresa, <strong>as</strong> bagagens que<br />

até então eram acomo<strong>da</strong>d<strong>as</strong> aos pés <strong>do</strong>s p<strong>as</strong>sageiros,<br />

pelo corre<strong>do</strong>r, p<strong>as</strong>saram a viajar na<br />

parte de cima <strong>do</strong> ônibus, protegid<strong>as</strong> por uma<br />

lona que precisava ser muito bem amarra<strong>da</strong>.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

85


86


O transporte de encomend<strong>as</strong> também<br />

era feito pela <strong>Catarinense</strong> desde os<br />

primeiros tempos. Como não houvesse<br />

serviço oficial de correio, nem qualquer<br />

forma de prestação regular desse tipo<br />

de serviço, a empresa logo se destacou<br />

por entregar <strong>as</strong> encomend<strong>as</strong> sem <strong>da</strong>nos,<br />

já que, até então, era muito comum que<br />

fossem extraviad<strong>as</strong> ou <strong>da</strong>nificad<strong>as</strong> pelo<br />

caminho. El<strong>as</strong> eram transportad<strong>as</strong> em<br />

carros exclusivos e, quan<strong>do</strong> n<strong>as</strong>ceu a empresa<br />

de Correios, a <strong>Catarinense</strong> foi sua<br />

parceira, em carros que transportavam<br />

encomend<strong>as</strong> na parte tr<strong>as</strong>eira e p<strong>as</strong>sageiros,<br />

na frente. Linh<strong>as</strong> como a Florianópolis<br />

- Mafra surgiram com os Correios.<br />

<br />

87


88


Mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> em tempos de guerra<br />

Em setembro de 1937, a Auto Viação<br />

<strong>Catarinense</strong> p<strong>as</strong>sou à socie<strong>da</strong>de<br />

anônima. No final desse ano, um golpe<br />

de esta<strong>do</strong> levou Getúlio Varg<strong>as</strong> ao poder.<br />

Em 1939, teria início a Segun<strong>da</strong> Guerra<br />

Mundial que opôs os chama<strong>do</strong>s Alia<strong>do</strong>s<br />

às Potênci<strong>as</strong> <strong>do</strong> Eixo. <strong>Br<strong>as</strong>il</strong>, Alemanha e<br />

Hungria estavam em campos opostos. Em<br />

1943, o <strong>Br<strong>as</strong>il</strong> aderiu ao bloco <strong>do</strong>s Alia<strong>do</strong>s<br />

forma<strong>do</strong> pela China, Grã-Bretanha,<br />

França, União Soviética e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

A Alemanha de Hitler encabeçava <strong>as</strong> forç<strong>as</strong><br />

<strong>do</strong> Eixo, com a Itália de Mussolini e o<br />

Japão de Hiroito. A Hungria aderiu a ess<strong>as</strong><br />

forç<strong>as</strong>. Pressiona<strong>do</strong>s pelo governo br<strong>as</strong>ileiro,<br />

muitos imigrantes vin<strong>do</strong>s de países<br />

<strong>do</strong> Eixo tiveram de se desfazer de seus negócios.<br />

O controle acionário <strong>da</strong> <strong>Catarinense</strong><br />

p<strong>as</strong>sou a um grupo de empresários de<br />

Brusque, SC, que ficou à frente <strong>da</strong> empresa<br />

até 1963, quan<strong>do</strong> a família Bianchini,<br />

também <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Brusque, a <strong>as</strong>sumiu.<br />

Entre 1963 e 1968, a <strong>Catarinense</strong><br />

ficou sob o controle <strong>da</strong> Viação Penha, perden<strong>do</strong><br />

para ela um número significativo<br />

de linh<strong>as</strong> e frota. Quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> divisão <strong>da</strong><br />

empresa Penha, <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s sócios, membros<br />

<strong>da</strong> família Picolli, ficaram com a <strong>Catarinense</strong><br />

como pagamento à sua parte<br />

na socie<strong>da</strong>de.<br />

<br />

89


90


No início <strong>do</strong>s anos 1970, a maior parte<br />

<strong>do</strong> capital <strong>da</strong> empresa p<strong>as</strong>sou às mãos<br />

de outro grupo de Blumenau, forma<strong>do</strong> por<br />

Oswal<strong>do</strong> e Lourival Friedler, Werner Greuel,<br />

Humberto Hannemann e Wiegand Wanser,<br />

que gra<strong>da</strong>tivamente foram <strong>as</strong>sumin<strong>do</strong> o controle<br />

acionário. Apesar d<strong>as</strong> sucessiv<strong>as</strong> mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong><br />

no controle <strong>do</strong> negócio, a <strong>Catarinense</strong><br />

conservava su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> – quali<strong>da</strong>de,<br />

segurança e pioneirismo – e cresceu ao longo<br />

de to<strong>da</strong> a déca<strong>da</strong>. Em junho de 1971, a empresa<br />

incorporou 60% <strong>da</strong> Ro<strong>do</strong>viário Brusquense.<br />

Em 1972, comprou a Expresso M<strong>as</strong>sarandubense<br />

/ Ulrich e, em 1975, adquiriu<br />

a Expresso Joinville / Guaratuba Lt<strong>da</strong>. Os<br />

primeiros monoblocos integraram a frota em<br />

1970, e outr<strong>as</strong> compr<strong>as</strong> foram feit<strong>as</strong> durante<br />

aquele perío<strong>do</strong> tão produtivo.<br />

Em 1975, iniciam-se <strong>as</strong> ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

<strong>Catarinense</strong> Carg<strong>as</strong>, com uma perua Kombi<br />

e um caminhão Mercedes-Benz, fazen<strong>do</strong> o<br />

percurso Curitiba - Blumenau - Brusque. Outra<br />

grande operação na época foi o fretamento<br />

de carros para <strong>as</strong> principais indústri<strong>as</strong> de<br />

Blumenau, além de divers<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> para ci<strong>da</strong>des<br />

vizinh<strong>as</strong>, com carros deixan<strong>do</strong> a garagem<br />

em intervalos de cinco minutos. E, em<br />

1976, além de investimento na diversificação<br />

<strong>da</strong> frota, a empresa começou a operar a linha<br />

Criciúma - São Paulo.<br />

<br />

<br />

91


93


94


A <strong>Catarinense</strong> continuava como patrimônio<br />

afetivo <strong>do</strong> povo de Santa Catarina, embora cheg<strong>as</strong>se<br />

ao fi nal <strong>do</strong>s anos 1970 carente de serviços.<br />

Alguns equipamentos estavam ultrap<strong>as</strong>sa<strong>do</strong>s,<br />

faltava meto<strong>do</strong>logia de controle. Eram poucos os<br />

funcionários, não havia ônibus executivos nem<br />

leitos: só os convencionais com 36 poltron<strong>as</strong>, pequenos<br />

para o intenso movimento, principalmente<br />

nos feria<strong>do</strong>s. Pesava ain<strong>da</strong> o fato de a sede estar<br />

distante <strong>da</strong> capital, Florianópolis. A maioria <strong>do</strong>s<br />

sócios resistia em deixar Blumenau, e essa mu<strong>da</strong>nça<br />

necessária só se <strong>da</strong>ria muito tempo depois.<br />

Em 1978, Heinz W. Kumm, com experiência em<br />

transporte coletivo urbano e turismo, <strong>as</strong>sociou-se<br />

à empresa. Nesse mesmo ano, a <strong>Catarinense</strong> implantou<br />

o serviço executivo com serviço de bor<strong>do</strong><br />

e ro<strong>do</strong>moç<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> Blumenau - Florianópolis,<br />

Joinville - Florianópolis e Florianópolis - Curitiba.<br />

Pouco depois, Antenor e Elmo Bogo entraram<br />

na socie<strong>da</strong>de.<br />

A p<strong>as</strong>sagem para os anos 1980 foi marca<strong>da</strong><br />

por inovações que começaram pela aquisição de<br />

veículos com três eixos, mais adequa<strong>do</strong>s às característic<strong>as</strong><br />

<strong>do</strong>s trajetos percorri<strong>do</strong>s: somente 25%<br />

deles eram planos. Ou melhor, não eram morros.<br />

Além <strong>do</strong> melhor desempenho n<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong>, os<br />

carros com 50 lugares alteraram positivamente o<br />

custo p<strong>as</strong>sageiro por quilômetro.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

95


96<br />

An<strong>da</strong>n<strong>do</strong> na frente, a empresa adquiriu<br />

alguns carros automáticos e reestruturou<br />

o setor de carg<strong>as</strong>. Os ônibus<br />

ganharam pintura nova, b<strong>as</strong>ea<strong>da</strong> na <strong>do</strong>s<br />

carros <strong>da</strong> americana Greyhound. Mais<br />

simples, sem <strong>as</strong> três faix<strong>as</strong> exibid<strong>as</strong> antes,<br />

chamava a atenção na estra<strong>da</strong> e facilitava<br />

o reparo.<br />

As operações no oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

de Santa Catarina tiveram início em<br />

1980 e, no ano seguinte, a empresa p<strong>as</strong>sou<br />

a fazer a linha internacional Florianópolis<br />

- Assunção.<br />

No mesmo ano, a <strong>Catarinense</strong><br />

inaugurou sua primeira Sala Vip, em<br />

Blumenau, e lançou uma frota de ônibus<br />

articula<strong>do</strong>s que ro<strong>da</strong>va entre Blumenau,<br />

Balneário Camboriú e Itajaí,<br />

que, pel<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>da</strong> rota, levava<br />

e trazia p<strong>as</strong>sageiros para o trabalho.<br />

Os articula<strong>do</strong>s, com capaci<strong>da</strong>de para<br />

150 pesso<strong>as</strong>, 62 sentad<strong>as</strong>, ro<strong>da</strong>ram por<br />

mais de vinte anos.<br />

Em janeiro de 1983, a empresa<br />

adquiriu a Companhia Rex de Transportes,<br />

com quem disputava algum<strong>as</strong> linh<strong>as</strong>.<br />

Foi também o ano em que p<strong>as</strong>sou<br />

a circular a série Globetrotter de carros e<br />

quan<strong>do</strong> a <strong>Catarinense</strong> foi surpreendi<strong>da</strong><br />

por uma grande enchente, que implicou<br />

em grandes perd<strong>as</strong> e no atr<strong>as</strong>o de seu<br />

plano de desenvolvimento.


97


Pioneira<br />

Aempresa ro<strong>do</strong>viária mais antiga <strong>do</strong> país<br />

seguiu escreven<strong>do</strong> sua história de pioneirismo,<br />

apostan<strong>do</strong> em tecnologia, experimentan<strong>do</strong><br />

equipamentos que, só depois de<br />

aprova<strong>do</strong>s pelo corpo técnico e operacional<br />

<strong>da</strong> empresa, chegavam ao merca<strong>do</strong> br<strong>as</strong>ileiro.<br />

Em diferentes oc<strong>as</strong>iões nesse perío<strong>do</strong>, a <strong>Catarinense</strong><br />

resolveu problem<strong>as</strong> de a<strong>da</strong>ptação<br />

de carros vin<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Europa às condições <strong>do</strong><br />

<strong>Br<strong>as</strong>il</strong>, além de introduzir, no p<strong>as</strong>sa<strong>do</strong>, uma<br />

série de inovações, d<strong>as</strong> quais muit<strong>as</strong> são hoje<br />

a<strong>do</strong>tad<strong>as</strong> por outr<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> <strong>do</strong> setor. Foi<br />

pioneira no uso de rod<strong>as</strong> forjad<strong>as</strong> em alumínio,<br />

na aquisição de carros com suspensão a<br />

ar, na utilização <strong>do</strong> bafômetro, na introdução<br />

<strong>do</strong> primeiro carro com “piso alto” no <strong>Br<strong>as</strong>il</strong>,<br />

em 1978, e na a<strong>do</strong>ção <strong>da</strong> distância de 90 a 95<br />

centímetros entre <strong>as</strong> poltron<strong>as</strong>, permitin<strong>do</strong><br />

que o p<strong>as</strong>sageiro <strong>do</strong> <strong>as</strong>sento <strong>da</strong> janela saísse<br />

de seu lugar sem que o <strong>da</strong> poltrona <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r<br />

precis<strong>as</strong>se se levantar, dentre outr<strong>as</strong> comodi<strong>da</strong>des.<br />

98<br />

Um susto!<br />

Em 1983, a <strong>Catarinense</strong> se viu em situação complica<strong>da</strong>.<br />

Uma enchente inun<strong>do</strong>u a sede <strong>da</strong> empresa, e 27<br />

veículos ficaram debaixo d`água. Havia, no almoxarifa<strong>do</strong><br />

alaga<strong>do</strong>, cerca de 17.000 itens. Um enorme prejuízo.<br />

Embora a maioria dissesse que outra <strong>da</strong>quel<strong>as</strong> não<br />

voltaria a acontecer em pelo menos um século, os proprietários<br />

decidiram mu<strong>da</strong>r a disposição <strong>do</strong> depósito, p<strong>as</strong>san<strong>do</strong><br />

tu<strong>do</strong> para o alto. Sorte a deles! Em 1984, contrarian<strong>do</strong> <strong>as</strong><br />

previsões <strong>do</strong>s otimist<strong>as</strong>, veio ain<strong>da</strong> mais água, 10 centímetros<br />

acima <strong>do</strong> nível registra<strong>do</strong> <strong>do</strong>ze meses antes. Na noite<br />

anterior, chegara à garagem um carro novinho, o 1301. A<br />

televisão mostrava tu<strong>do</strong> e, em c<strong>as</strong>a, funcionários e acionist<strong>as</strong><br />

se desesperavam. M<strong>as</strong>, pela telinha mesmo, puderam<br />

ver que o ônibus recém-adquiri<strong>do</strong> estava a salvo, na rampa<br />

de manutenção. M<strong>as</strong> que foi um susto, foi!


99


100<br />

O Grupo JCA chega à <strong>Catarinense</strong>,<br />

respeitan<strong>do</strong> seus valores<br />

“A<br />

s pesso<strong>as</strong> em primeiro lugar”. O lema<br />

registra<strong>do</strong> na carta de fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

Auto Viação Catarinese marcou a aquisição<br />

<strong>da</strong> empresa pelo Grupo JCA, em 1995. Seu<br />

Jelson queria crescer em direção ao Sul, e a<br />

compra de uma empresa com o histórico <strong>da</strong><br />

<strong>Catarinense</strong> pareceu um ótimo negócio. Cientes<br />

<strong>da</strong> tradição e quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s,<br />

os responsáveis por <strong>as</strong>sumir o controle<br />

<strong>da</strong> empresa, embora certos de que ela precisava<br />

ser moderniza<strong>da</strong>, absorveram os antigos<br />

funcionários que quiseram ficar com o grupo<br />

no enfrentamento desse desafio. Muit<strong>as</strong> dess<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> cresceriam com a empresa que,<br />

no tempo <strong>da</strong> negociação, contava com cerca<br />

de 500 colabora<strong>do</strong>res e 132 veículos.<br />

No primeiro diagnóstico <strong>da</strong> empresa,<br />

foi decidi<strong>do</strong> que a sede teria de mu<strong>da</strong>r de Blumenau<br />

para Florianópolis tão logo fosse possível.<br />

O Grupo JCA se empenharia em fazê-la<br />

crescer com o padrão de quali<strong>da</strong>de com que<br />

fora escrita sua história, ciente de que se tratava<br />

de patrimônio <strong>do</strong> povo catarinense. B<strong>as</strong>ta<br />

dizer que logo depois que o grupo <strong>as</strong>sumiu<br />

a empresa, o então governa<strong>do</strong>r de Santa Catarina,<br />

Paulo Afonso Evangelista Vieira, em<br />

audiência com os novos controla<strong>do</strong>res perguntou,<br />

preocupa<strong>do</strong>, se o nome seria troca<strong>do</strong>.<br />

Os novos proprietários tranqüilizaram o<br />

administra<strong>do</strong>r. A <strong>Catarinense</strong> seguiria pela<br />

estra<strong>da</strong> levan<strong>do</strong> o nome <strong>Catarinense</strong>.


101


102<br />

Aula de bons negócios com seu Jelson<br />

Como tu<strong>do</strong> que se relacionava às empres<strong>as</strong> <strong>do</strong> Grupo JCA enquanto esteve<br />

à frente, seu Jelson participou de ca<strong>da</strong> momento <strong>da</strong> idealização<br />

e construção <strong>da</strong> nova sede <strong>da</strong> Auto Viação <strong>Catarinense</strong>, em Florianópolis.<br />

Da planta à aquisição <strong>do</strong> terreno. A mu<strong>da</strong>nça para a capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> era<br />

um sonho <strong>do</strong>s antigos sócios, que, por apego às origens e falta de uma boa<br />

oportuni<strong>da</strong>de, não conseguiram realizar. Arroja<strong>do</strong>, seu Jelson dissera desde<br />

o momento <strong>da</strong> compra, em 1999: “Essa matriz está em lugar erra<strong>do</strong>”. E,<br />

no mesmo ano, saiu à procura de um local adequa<strong>do</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> uma aula de<br />

como fazer bons negócios aos colabora<strong>do</strong>res que o acompanharam nessa<br />

etapa. Começavam a negociar um terreno, alinhavavam o negócio e, quan<strong>do</strong><br />

estavam qu<strong>as</strong>e fechan<strong>do</strong>, nos termos pretendi<strong>do</strong>s, seu Jelson não fechava.<br />

Ninguém entendia. Às vezes, batia o pé: “Não querem vender? Pois<br />

vou embora!”. Dessa forma, com to<strong>da</strong> essa visão e técnica, seu Jelson fazia<br />

sempre um ótimo negócio. Assim foi com o terreno em Florianópolis e o<br />

mesmo se repetiria na aquisição de outr<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> para a construção de b<strong>as</strong>es,<br />

como a de Curitiba. M<strong>as</strong>, então, seus companheiros de viagem já haviam<br />

aprendi<strong>do</strong> e até ensinavam que melhor era fi car quieto porque o seu Jelson<br />

tinha sempre um bom desfecho para o negócio, na manga.


Acompra d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> <strong>da</strong> Viação Itapemirim e <strong>da</strong> Empresa<br />

Nossa Senhora <strong>da</strong> Penha, em 1999, praticamente<br />

duplicou a <strong>Catarinense</strong> em receita, frota e número<br />

de funcionários. E diferentemente de uma linha de<br />

produção de bens materiais de consumo, que pode ser<br />

para<strong>da</strong> numa oc<strong>as</strong>ião dess<strong>as</strong>, linh<strong>as</strong> de ônibus não devem<br />

falhar. E a negociação foi feita <strong>do</strong>is di<strong>as</strong> antes <strong>do</strong>s<br />

feria<strong>do</strong>s de Páscoa, quan<strong>do</strong> o movimento na região era e<br />

<br />

<br />

continua gigantesco. Isto é, a equipe <strong>da</strong> <strong>Catarinense</strong> tinha<br />

<strong>do</strong>is di<strong>as</strong> para organizar a p<strong>as</strong>sagem <strong>do</strong>s funcionários<br />

que operavam ness<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> de uma empresa para a<br />

outra. E <strong>as</strong>sim o fez. Os motorist<strong>as</strong> foram comunica<strong>do</strong>s<br />

<strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa e de sua permanência na função.<br />

Na garagem <strong>da</strong> Penha, em Curitiba, foi cedi<strong>do</strong> um espaço<br />

à administração <strong>da</strong> nova proprietária d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong>. Numa<br />

sala, a Penha fazia o desligamento <strong>do</strong>s funcionários, e<br />

na sala ao la<strong>do</strong>, a <strong>Catarinense</strong> efetivava su<strong>as</strong> contratações,<br />

sem que nenhum p<strong>as</strong>sageiro perdesse viagem.<br />

103


104


A Companhia Rex de Transportes,<br />

já controla<strong>da</strong> pela <strong>Catarinense</strong> desde o<br />

início <strong>do</strong>s anos 1980, foi incorpora<strong>da</strong> e<br />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> <strong>as</strong>sumid<strong>as</strong> por ela,<br />

com ganhos no custo de manutenção,<br />

operacionalização e administração.<br />

Em 1999, a <strong>Catarinense</strong> deu um salto<br />

praticamente <strong>do</strong>bran<strong>do</strong> de tamanho.<br />

A compra de cinco linh<strong>as</strong> <strong>da</strong> Viação Itapemirim<br />

e 23 <strong>da</strong> Empresa Nossa Senhora<br />

<strong>da</strong> Penha ampliava para 113 o número de<br />

rot<strong>as</strong> e crescia em São Paulo e no Paraná.<br />

De 550 funcionários p<strong>as</strong>sou a mais<br />

de mil, e a frota de cerca de 200 carros<br />

ganhou mais 118.<br />

E ain<strong>da</strong> em 1999 começou o trabalho<br />

<strong>do</strong> Grupo JCA e <strong>da</strong> <strong>Catarinense</strong> em<br />

torno <strong>do</strong> projeto de construção <strong>da</strong> nova<br />

sede em Florianópolis, numa área de 34<br />

mil metros quadra<strong>do</strong>s. Um espaço de 7,9<br />

mil metros quadra<strong>do</strong>s cobertos, destina<strong>do</strong><br />

a receber a frota e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des<br />

operacionais e administrativ<strong>as</strong> <strong>da</strong><br />

empresa. A mu<strong>da</strong>nça aconteceu em 2001,<br />

comemora<strong>da</strong> com grande festa.<br />

105


106<br />

Miran<strong>do</strong> o futuro<br />

Anova administração trouxe consigo<br />

sua filosofia de investimento na diversi<strong>da</strong>de<br />

e na extensão de serviços para<br />

além <strong>da</strong> viagem. Foram introduzi<strong>do</strong>s os<br />

carros Double Decker com du<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses<br />

de serviços, em linh<strong>as</strong> regulares, e <strong>as</strong> Sal<strong>as</strong><br />

Vips com conexão sem fio à internet,<br />

hoje instalad<strong>as</strong> em Blumenau, Joinville,<br />

Curitiba, Florianópolis e Joaçaba.<br />

Sete linh<strong>as</strong> ligan<strong>do</strong> Porto Alegre a<br />

ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> Sul de Santa Catarina e a Florianópolis,<br />

fazen<strong>do</strong> Tubarão - Curitiba -<br />

São Paulo, foram adquirid<strong>as</strong> em 2004.<br />

No ano seguinte, a <strong>Catarinense</strong><br />

adquiriu a empresa Sul Americana, com<br />

cerca de 35 carros e quatro linh<strong>as</strong>. E, em<br />

2006 e 2007, o processo de modernização <strong>da</strong> empresa incluiu a compra de p<strong>as</strong>sagens<br />

pela central telefônica e internet.<br />

Hoje, na <strong>Catarinense</strong> que n<strong>as</strong>ceu <strong>da</strong> coragem de Theo<strong>do</strong>r Darius, João<br />

Hahn e A<strong>do</strong>lfo H<strong>as</strong>s, trabalham cerca de 1.300 pesso<strong>as</strong>. São 400 ônibus ro<strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />

pelos Esta<strong>do</strong>s de Santa Catarina, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Paraná e São Paulo, com a<br />

segurança e a quali<strong>da</strong>de de serviço pautad<strong>as</strong> por seus fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res. Os p<strong>as</strong>sageiros,<br />

que já elogiavam a empresa nos tempos em que a bagagem viajava a seus pés<br />

e o lanche era leva<strong>do</strong> de c<strong>as</strong>a, hoje podem comprar su<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sagens nos terminais<br />

ro<strong>do</strong>viários, agênci<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> ou terceirizad<strong>as</strong>, pelo telefone ou pela internet.<br />

Têm à sua disposição uma varia<strong>da</strong> família de serviços e tarif<strong>as</strong>, que seu Jelson<br />

fez questão de implantar em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>. Afinal, como dizia seu Jelson,<br />

que soube abrir novos caminhos para a <strong>Catarinense</strong>, “hoje, temos de atender<br />

ao cliente quan<strong>do</strong> ele precisa, no horário que ele quer e <strong>da</strong> forma como ele se<br />

sente bem. Quanto maior a satisfação <strong>do</strong> cliente, melhor”.


107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!