continuou - Ministério Público - RS
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promotor no Rio Grande do Sul e o Cláudio Ferraz de Alvarenga, então procurador-<br />
geral em São Paulo.<br />
Mas o grupo a que eu pertenço tinha maioria e organizou uma lei, um anteprojeto<br />
de lei que procurava basicamente restringir os poderes do procurador-geral, dar mais<br />
poderes para o Colégio de Procuradores, que aqui é representado por um órgão<br />
especial, desde o tempo da Lei 40/81. Procurava-se, especialmente, diminuir o poder<br />
do procurador-geral de afastar os promotores dos processos, o que era uma questão<br />
que causava muita preocupação aqui em São Paulo, pois era fonte, freqüentemente, de<br />
desprestígio para o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, porque, a certa altura, se se estabelecia um<br />
descontentamento do Executivo com o trabalho do promotor, este, sistematicamente,<br />
era afastado. Isso ocorreu quando o Procurador Hélio Bicudo (ex-deputado federal e<br />
atual vice-prefeito de São Paulo) foi designado pelo Colégio de Procuradores para<br />
comandar a repressão ao Esquadrão da Morte. Lembram-se desse episódio?<br />
Memorial - GA: Em que houve, inclusive, uma intervenção do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />
na fase pré-processual, foi um dos poucos casos...<br />
Entrevistado: É. O Procurador Hélio Bicudo, na realidade, escrevia no Estadão<br />
(jornal O Estado de São Paulo) os editoriais da área jurídica, quase sempre sem<br />
assinatura; vez ou outra assinava HPB. Ele começou a criticar nesse jornal a omissão<br />
do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> em relação ao Esquadrão da Morte. Havia sido criado aqui o<br />
Esquadrão da Morte, do famoso Delegado Fleury, e ao que se propala, com bafejo<br />
oficial do próprio Governador, Dr. Abreu Sodré, e, ao que se diz, também do Secretário<br />
de Segurança, Dr. Ely Lopes Meireles que era um juiz aposentado, um administrativista<br />
de grande prestígio. O Estadão era o único órgão - o Estadão e o Jornal da Tarde, o<br />
jornalista era o Percival de Sousa - que atacava o Esquadrão da Morte. Aí houve um<br />
episódio: um malandrinho sem muita expressão, Adjuvan Nunes, vulgo “Guri”, matou<br />
um policial, e policiais civis fizeram uma manifestação, deram tiro na beira do túmulo,<br />
foram com as viaturas para frente do Tribunal de Justiça com as sirenes ligadas,<br />
jurando vingança, e, realmente, acharam esse marginal e o fuzilaram com mais de uma<br />
centena de disparos.<br />
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