João Cândido: A Luta pelos Direitos Humanos - DHnet
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Edmar Morel e <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong><br />
autografam a 1ª edição de A Revolta da<br />
Chibata, 1958, nas ofi cinas da editora,<br />
para os gráfi cos e trabalhadores que<br />
elaboraram o livro.<br />
Capa da 1ª edição de A Revolta da<br />
Chibata, datada de 1959 mas lançada<br />
em novembro de 1958.<br />
Entre 1958 e 1964, o Brasil viveu clima de liberdade democrática que possibilitou<br />
a ampliação de manifestações em muitos setores da sociedade. <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong>,<br />
continuava a vender peixes na praça XV e recebera várias vezes Edmar Morel a<br />
quem prestara depoimentos e esclarecimentos. Agora, o Almirante Negro considerava<br />
o livro como “minha história” e literalmente assinou embaixo, participando de<br />
sessões de autógrafos junto com o autor.<br />
A expressão “revolta da chibata” nunca aparecera antes. Criada por Edmar<br />
como título da obra, acabou batizando o movimento e – mais do que isso – consagrando<br />
uma visão do episódio que valoriza o papel dos marinheiros e do líder principal<br />
da rebelião como agentes históricos em defesa da dignidade e da justiça.<br />
Arquivo - Fundação Biblioteca Nacional<br />
Entre as homenagens que recebeu, <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> foi ao Rio Grande do Sul,<br />
em sua única viagem aérea, para uma sessão promovida pela Sociedade Floresta<br />
Aurora. Na ocasião, retornou a Rio Pardo onde foi recebido pelo prefeito, vereadores<br />
e autoridades locais, o mesmo ocorrendo em Cachoeira do Sul. A Assembléia<br />
Legislativa gaúcha concedeu-lhe pensão de um salário mínimo, com apoio do então<br />
governador Leonel Brizola (PTB) que, entretanto, cancelou o encontro que teria com<br />
o marujo, devido aos protestos de ofi ciais da Marinha. Logo a seguir, o governador do<br />
Rio de Janeiro, Roberto Silveira (PTB), recebeu <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> e entregou-lhe um auxílio<br />
fi nanceiro para que pudesse terminar a construção de sua nova casa, em Coelho<br />
da Rocha, também em São <strong>João</strong> de Meriti.<br />
Em 1959, ao completar 79 anos de idade (dos quais 40 como pescador artesanal),<br />
com os fi lhos criados, <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> enfi m parou de trabalhar e sonhou<br />
passar os últimos anos usufruindo de sua modesta casa que fi cara pronta, ainda que<br />
no alto de um barranco, sem calçamento e luz elétrica. Foi procurado por emissoras<br />
de televisão: concedeu entrevistas e compareceu aos estúdios de gravação.<br />
Em sua única viagem de<br />
avião, <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong>, com traje<br />
impecável, foi ao Rio Grande do<br />
Sul num Convair da Varig receber<br />
homenagem em 1959, ao lado do<br />
fi lho Adalberto.<br />
994 JOÃO JO CÂNDIDO A <strong>Luta</strong> <strong>pelos</strong> <strong>Direitos</strong> <strong>Humanos</strong><br />
Adalberto <strong>Cândido</strong> (Candinho)<br />
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