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João Cândido: A Luta pelos Direitos Humanos - DHnet

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Até a publicidade tentou se<br />

aproveitar, em tons racistas,<br />

da revolta dos marinheiros,<br />

como nesse “reclame” do<br />

cronômetro Royal, onde o<br />

marujo negro fala errado.<br />

Parte da sociedade apoiava a<br />

repressão aos marujos rebelados,<br />

como indica esta charge da<br />

revista Careta: a anistia era vista<br />

como “chibata de nossa alma”.<br />

Careta - Fundação Biblioteca Nacional<br />

O Malho - Fundação Biblioteca Nacional<br />

movimento, agora clamava por “ordem e disciplina”. E mesmo uma parte signifi cativa<br />

da população condenava abertamente o governo por ter concedido anistia. Após o<br />

susto de todos e a euforia de alguns com o resultado da revolta, prevaleceria o<br />

medo, o preconceito, a violência ilegal praticada no interior do aparelho de Estado e<br />

o desejo de recompor a ordem abalada.<br />

Doze dias após o fi m da Revolta da Chibata, 9 de dezembro de 1910, eclode<br />

outra rebelião de marujos, desta vez envolvendo as guarnições do Batalhão Naval (na<br />

Ilha das Cobras) e do cruzador-ligeiro Rio Grande do Sul. Os combates foram rápidos,<br />

porém mais violentos do que na insurreição de novembro, pois o governo partia<br />

agora para esmagar os rebeldes, dos quais 24 foram mortos, além do falecimento<br />

de soldados do Exército, fi éis ao governo, aquartelados no mosteiro de São Bento e<br />

de oito civis (entre os quais um monge beneditino) atingidos por disparos na cidade,<br />

que levaram 132 feridos aos hospitais. Os navios com os marujos da Revolta da<br />

Chibata não tiveram qualquer participação neste segundo episódio, ao contrário: <strong>João</strong><br />

<strong>Cândido</strong> e Manoel Gregório, por exemplo, e as respectivas guarnições, mantiveramse<br />

distantes dos novos rebeldes e até se ofereceram para combatê-los, mas o<br />

governo não confi ava nesse apoio e negou munições aos anistiados, ordenando que<br />

abandonassem as embarcações e voltassem a terra.<br />

Há fortes indícios de que o governo estimulara esses acontecimentos, a<br />

fi m de ter um pretexto para reprimir abertamente e fraudar de vez a recente anistia.<br />

<strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> sempre insistiu nesta afi rmativa, de que houve manipulação ofi cial na<br />

segunda revolta. Mas não há dúvidas num ponto: manipulados ou não, o governo usou<br />

os novos acontecimentos para uma repressão ampliada que atingiu os revoltosos de<br />

dezembro, os de novembro e até a população civil.<br />

A sede do Batalhão Naval, na<br />

Ilha das Cobras, bombardeada<br />

após a segunda rebelião, em<br />

dezembro de 1910.<br />

66 JOÃO JO CÂNDIDO A <strong>Luta</strong> <strong>pelos</strong> <strong>Direitos</strong> <strong>Humanos</strong><br />

Serviço de Documentação da Marinha<br />

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