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João Cândido: A Luta pelos Direitos Humanos - DHnet

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Os marujos, até então<br />

anônimos, ocuparam as<br />

primeiras páginas do noticiário<br />

dos grandes jornais.<br />

O saldo fi nal da repressão resultaria em: 1.216 expulsões da Marinha (dados<br />

ofi ciais), ou seja, número equivalente a quase metade dos participantes da Revolta<br />

da Chibata; centenas de prisões, inclusive dos líderes do movimento (que sofreram<br />

maus-tratos); degredo e trabalho escravo para centenas. E número ainda não<br />

contabilizado de assassinatos, dos quais cerca de 30 são conhecidos os nomes e o<br />

modo como foram mortos.<br />

Embora tais agressões tenham sido praticadas pela sede de vingança de<br />

ofi ciais da Marinha (assim reconhecem os próprios historiadores navais, como o<br />

vice-almirante Hélio Leôncio Martins), estes não podem ser considerados os únicos<br />

responsáveis. O governo do marechal Hermes da Fonseca (sobretudo o ministro<br />

da Marinha, almirante Joaquim Marques Batista de Leão) referendou todos os<br />

atos e até promoveu os mais notórios carrascos. Ou seja, o Estado brasileiro teve<br />

responsabilidade direta pelas violências cometidas contra marinheiros e civis em<br />

1910 e 1912. Mas também a imprensa, de modo quase unânime, incitava à represália<br />

contra os marujos, através de artigos, editoriais, charges, depoimentos e outros<br />

recursos. Até o Correio da Manhã, o único dos grandes órgãos que simpatizara com o<br />

Correio da Manhã - Fundação Biblioteca Nacional<br />

As constantes críticas da imprensa<br />

à Revolta da Chibata favoreceram<br />

a repressão contra os marujos. A<br />

realidade inverteria o sentido desta<br />

charge, na qual o marinheiro negro<br />

é apresentado como violento.<br />

O preconceito de raça tornou-se<br />

mais visível diante da rebelião dos<br />

marinheiros, como nessa charge<br />

publicada em O Malho queixandose<br />

da “disciplina invertida”. O<br />

Almirante Negro com seu lenço<br />

vermelho no pescoço aparecia aqui<br />

com ares de “malandro”.<br />

664 JOÃO JO CÂNDIDO A <strong>Luta</strong> <strong>pelos</strong> <strong>Direitos</strong> <strong>Humanos</strong><br />

O Malho - Fundação Biblioteca Nacional<br />

O Malho - Fundação Biblioteca Nacional<br />

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