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João Cândido: A Luta pelos Direitos Humanos - DHnet

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<strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> (ao centro),<br />

descontraído e com a velha<br />

roupa de marujo, ostenta o<br />

lenço vermelho de chefe da<br />

revolta ao lado de Julio de<br />

Medeiros (à sua esquerda,<br />

de paletó), do Jornal do<br />

Commercio, único jornalista<br />

autorizado a subir a bordo<br />

antes da anistia.<br />

na maior celebridade do Brasil daquele momento, atraindo sobre ele não só<br />

entusiasmo e admiração, mas também implacáveis ódios, vinganças e difamações<br />

que o acompanhariam por toda a vida. Atestam isso a quantidade de fotos, charges<br />

e artigos publicados em destaque nos principais jornais, os discursos na Câmara<br />

Federal e no Senado, diálogos registrados nas ruas, casas e cafés. “Depois da revolta<br />

da esquadra, <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> tornou-se a conversa de todas as rodas”, registrava o<br />

Correio da Manhã.<br />

O papel de <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong> como “dono do Brasil” durante aqueles dias foi<br />

proclamado, entre outros, pelo escritor Gilberto Amado com artigo em O País, na edição<br />

de 27 de novembro (os marujos ainda não tinham devolvido os navios), chamando-o<br />

de Almirante, árbitro da nação, marinheiro formidável, herói e homem que “violentou a<br />

História”, concebendo que os navios por ele comandados faziam “parnasianismos de<br />

manobras”. Surgia assim, no calor dos acontecimentos, o apelido mais recorrente do<br />

marujo, que na Gazeta de Notícias, em 1912, era tratado de Almirante Negro por <strong>João</strong><br />

do Rio. Da mesma forma, o jovem Oswald de Andrade presenciou o episódio por ele<br />

considerado como “a primeira revolução política que o Brasil teve nesse século – a<br />

do marinheiro <strong>João</strong> <strong>Cândido</strong>”, a quem o futuro modernista em seu livro de memórias,<br />

Um homem sem profi ssão, não deixa de intitular como Almirante Negro. Até então a<br />

Marinha brasileira não tivera em seus quadros um almirante negro.<br />

O primeiro repórter do Correio da Manhã (cujo nome não foi publicado) a<br />

entrevistar o marujo gaúcho, ainda a bordo do encouraçado rebelde, assim registrou<br />

Fon Fon - Fundação Biblioteca Nacional<br />

58 JOÃO JO CÂNDIDO A <strong>Luta</strong> <strong>pelos</strong> <strong>Direitos</strong> <strong>Humanos</strong><br />

Careta - Fundação Biblioteca Nacional<br />

O preconceito racial<br />

se infi ltra no traço<br />

de J. Carlos sobre<br />

<strong>João</strong> <strong>Cândido</strong>: vestido<br />

como ofi cial, ar<br />

zangado, o marujo<br />

comanda homens<br />

brancos e, falando<br />

errado, sente falta<br />

de usar a chibata,<br />

segundo a charge.<br />

59

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