João Cândido: A Luta pelos Direitos Humanos - DHnet
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Capas da 1ª. edição (à<br />
esquerda) e 3ª. edição do<br />
livro de Edmar Morel sobre<br />
outro “herói da plebe” e<br />
trabalhador do mar que<br />
lutou contra a escravidão.<br />
Dragão do Mar era o apelido<br />
do jangadeiro cearense<br />
Francisco José do Nascimento:<br />
caboclo, classifi cado como<br />
“pardo livre”,<br />
Fundação Casa de Rui Barbosa<br />
Essa alegoria assinala um ponto-chave em nossa História: o de que a Abolição<br />
não se realizou apenas “por cima”, isto é, pela iniciativa das elites parlamentares,<br />
de abolicionistas ilustres, dos proprietários “esclarecidos” e da Coroa Imperial<br />
(ou, mais simplesmente, da princesa Isabel), mas foi um longo e penoso processo<br />
de embates no qual participaram, também, setores variados da população, como as<br />
camadas médias, pobres livres, libertos e os próprios cativos. De forma direta ou<br />
indireta, as ações individuais ou coletivas dos escravos ajudaram a minar o sistema<br />
escravista.<br />
Dragão do Mar era o apelido do jangadeiro cearense Francisco José do Nascimento:<br />
caboclo, classifi cado como “pardo livre”, um dos principais líderes do árduo movimento<br />
que culminou com a extinção do cativeiro no Ceará em 1884, ou seja, quatro<br />
anos antes da Lei Áurea.<br />
Foram três anos de lutas duras. Quando fi nalmente decretou-se a Abolição<br />
cearense em 25 de março de 1884 (inclusive com apoio do presidente da Província),<br />
o modesto Francisco José do Nascimento, Dragão do Mar, junto com sua jangada,<br />
desfi lou em triunfo pelas ruas da cidade imperial do Rio de Janeiro, sendo apoiado<br />
e aplaudido por abolicionistas como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. O evento<br />
teve grande destaque na imprensa e repercussão internacional. E 26 anos transcorreram<br />
desde a Abolição nos verdes mares do Ceará até o “reaparecimento” do<br />
Dragão do Mar nas águas da baía da Guanabara, “na fi gura de um bravo marinheiro”.<br />
CASTIGOS CORPORAIS<br />
A história dos castigos corporais na Marinha de Guerra brasileira é longa e<br />
repleta de episódios violentos. Na realidade, não se trata de característica isolada<br />
dessa instituição, mas das forças armadas em geral e situa-se, em linha de conti-<br />
O uso do açoite nos escravos,<br />
habitual durante mais de três<br />
séculos, foi proibido por lei<br />
de 1886, 24 anos antes da<br />
Revolta da Chibata.<br />
16 JOÃO CÂNDIDO A <strong>Luta</strong> <strong>pelos</strong> <strong>Direitos</strong> <strong>Humanos</strong><br />
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