uso de corticosteróides no recém-nascido com choque séptico ...
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Pediatria (São Paulo) 2011;33(2):102-6<br />
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Artigo <strong>de</strong> revisão<br />
<strong>uso</strong> <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s <strong>no</strong> <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong> <strong>com</strong><br />
<strong>choque</strong> <strong>séptico</strong>: estado da arte<br />
The use of corticosteroids in the newborn with sepsis shock: state of art<br />
Carla regina tragante 1 , Léa Campos <strong>de</strong> oliveira 1 , Maristella Froio toledo 1 , Mário Cícero Falcão²,<br />
Maria esther Jurfest Ceccon 3<br />
1 Mestre em Ciências da Saú<strong>de</strong> pelo Departamento <strong>de</strong> Pediatria da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo (USP).<br />
2 Doutor em Pediatria; Encarregado da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Neonatal do Instituto da Criança - Hospital das<br />
Clínicas - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da USP.<br />
3 Livre Docente em Pediatria; Chefe da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intensivos Neonatal do Instituto da Criança - Hospital das<br />
Clínicas - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da USP.<br />
resumo<br />
objetivo: Verificar se a utilização <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong><br />
<strong>no</strong> <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong> <strong>com</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> e<br />
insuficiência adrenal tem influência na sobrevida<br />
dos pacientes. Fontes Pesquisadas: MEDLINE e<br />
LILACS <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 1996 a 2006. Os artigos<br />
foram selecionados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que fornecessem informações<br />
sobre a utilização <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s<br />
em <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s <strong>com</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong>. Síntese<br />
dos dados: A revisão foi dividida em tópicos que<br />
abordaram o <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong> <strong>com</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong>,<br />
a utilização <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s neste tipo<br />
<strong>de</strong> <strong>choque</strong> e na insuficiência adrenal associada<br />
a este quadro e a relação do tratamento <strong>com</strong> a<br />
evolução dos pacientes. Conclusões: A insuficiência<br />
adrenal também ocorre <strong>no</strong> <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong><br />
<strong>com</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> e os corticosterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem<br />
ser consi<strong>de</strong>rados, mesmo <strong>no</strong>s pré-termos, não<br />
respon<strong>de</strong>ntes ao tratamento convencional <strong>com</strong>o<br />
expansão <strong>de</strong> volume e terapia i<strong>no</strong>trópica.<br />
<strong>de</strong>scritores: Choque <strong>séptico</strong>. Insuficiência adrenal.<br />
Corticosterói<strong>de</strong>s. Recém-<strong>nascido</strong>.<br />
Abstract<br />
Objective: To review the use of corticosteroids in<br />
the treatment of newborns with septic shock and adrenal<br />
failure and the role in survival of the patients.<br />
Data Sources: Scientific articles were searched in<br />
the data base MEDLINE and LILLACS between<br />
1996 and 2006. The articles were selected whether<br />
they provi<strong>de</strong>d information about the association of<br />
the use of corticosteroids in newborn infants with<br />
septic shock. Data Synthesis: This review is structured<br />
in topics, in which the septic shock is <strong>de</strong>fined,<br />
as well the use of corticosteroids in the adrenal failure<br />
and their role in the survival of this patients.<br />
Conclusions: There are a very few studies including<br />
the use of corticosteroids in critically ill term or<br />
premature newborn infants. However, the reposition<br />
of adrenal cortex hormones must be consi<strong>de</strong>red in<br />
the treatment of septic shock with adrenal failure<br />
when these patients did <strong>no</strong>t have a good response to<br />
the conventional treatment how volume expansion<br />
and i<strong>no</strong>tropic therapy.<br />
Keywords: Shock, septic. Adrenal insufficiency. Adrenal<br />
cortex hormones. Infant, newborn.<br />
introdução<br />
O <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> foi <strong>de</strong>finido pela Conferência<br />
Consenso <strong>de</strong> 2001 1 <strong>com</strong>o sepse a<strong>com</strong>panhada<br />
<strong>de</strong> disfunção cardiovascular. Como existem diferenças<br />
entre os quadros e evolução do <strong>choque</strong><br />
<strong>séptico</strong> entre crianças e adultos, a mesma Conferência<br />
utilizou as variações fisiológicas (temperatura<br />
corpórea e contagem <strong>de</strong> leucócitos) na sín-
drome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS)<br />
para adaptação do <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> em pediatria,<br />
<strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a ida<strong>de</strong>: <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s, lactentes,<br />
crianças e adolescentes 2 .<br />
O <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> é a maior causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />
em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Terapia Intensiva. Apesar<br />
da gran<strong>de</strong> redução da mortalida<strong>de</strong> nas últimas<br />
décadas 3 , o diagnóstico precoce tem efeitos diretos<br />
sobre a incidência e mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa doença.<br />
O <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong> costuma apresentar quadro<br />
clínico grave e, por vezes, fulminante 4 . Estudos<br />
têm <strong>de</strong>monstrado a existência <strong>de</strong> insuficiência<br />
adrenal funcional nestes peque<strong>no</strong>s pacientes<br />
criticamente doentes. Entretanto, existem poucos<br />
dados sobre sua incidência e importância <strong>no</strong><br />
<strong>choque</strong> <strong>séptico</strong> pediátrico. Além disso, o <strong>uso</strong> <strong>de</strong><br />
corticosterói<strong>de</strong> parece aumentar a sobrevida <strong>de</strong><br />
<strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s que apresentam quadros refratários<br />
ao tratamento convencional <strong>de</strong> reposição<br />
fluídica e terapia i<strong>no</strong>trópica 5 .<br />
O sistema endócri<strong>no</strong> está essencialmente envolvido<br />
na resposta adrenal ao estresse e é crucial<br />
para a <strong>de</strong>fesa contra infecções. Este envolvimento<br />
é suportado pelo fato <strong>de</strong> que a insuficiência adrenal<br />
está associada à sepse em um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> casos. Hormônios hipotalâmicos, incluindo o<br />
hormônio liberador da corticotrofina e vasopressina,<br />
assim <strong>com</strong>o as citocinas, têm sido apontados<br />
<strong>com</strong>o moduladores da função do eixo hiopotálamo-hipófise-adrenal,<br />
pois durante a inflamação<br />
as citocinas mediam a liberação <strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong>s,<br />
vitais para controlar a resposta inflamatória<br />
<strong>de</strong>ssas mesmas citocinas que <strong>de</strong>terminam efeitos<br />
<strong>de</strong>letérios sobre o sistema cardiovascular. Assim,<br />
durante uma inflamação grave, respostas <strong>com</strong>petentes<br />
do eixo adrenal e do sistema imu<strong>no</strong>lógico<br />
são importantes para a sobrevivência 6 .<br />
A secreção do cortisol pelo córtex da adrenal<br />
está sob controle do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal.<br />
Liberação <strong>de</strong> citocinas, da<strong>no</strong> tecidual,<br />
dor, hipotensão, hipoglicemia e hipoxemia são<br />
percebidos pelo sistema nervoso central e transmitidos<br />
ao hipotálamo. O hipotálamo integra estes<br />
sinais e aumenta ou diminui a liberação do<br />
hormônio liberador <strong>de</strong> corticotrofina. Este hormônio<br />
circula na glândula pituitária anterior, na<br />
qual estimula a liberação <strong>de</strong> hormônio adre<strong>no</strong>corticotrófico,<br />
que, <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo, circula <strong>no</strong> córtex<br />
adrenal, estimulando a liberação do cortisol, andróge<strong>no</strong>s<br />
e aldosterona. O cortisol liberado das<br />
glândulas adrenais ou <strong>de</strong> fontes exógenas tem<br />
feedback negativo <strong>com</strong> o eixo hipotálamo-hipó-<br />
fise-adrenal. Ele circula na forma ligada e livre.<br />
A forma ligada é primariamente levada pela globulina<br />
ligada ao cortisol (90%) e a forma livre é a<br />
forma fisiologicamente ativa e homeostaticamente<br />
regulada.<br />
Recentes evidências sugerem que em pacientes<br />
criticamente doentes há diminuição da forma<br />
ligada do cortisol e aumento na fração livre 6 . Estresses<br />
<strong>de</strong> várias fontes, incluindo febre, infecções,<br />
traumas, distúrbios emocionais, queimaduras,<br />
agentes inflamatórios, dor, hipotensão e<br />
hemorragias, entre outros, estimulam o referido<br />
eixo, aumentando a secreção <strong>de</strong> cortisol. Existem<br />
controvérsias sobre quais níveis <strong>de</strong> cortisol<br />
circulante seriam consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados <strong>com</strong>o<br />
resposta ao estresse 5 . Estudos mostraram que o<br />
cortisol circulante na resposta ao estresse <strong>de</strong>veria<br />
estar em níveis superiores a 18μg/dl 7 .<br />
Critérios diagnósticos para insuficiência<br />
adrenal<br />
A insuficiência adrenal é baseada na medida<br />
dos níveis do cortisol sérico. Normalmente, a integrida<strong>de</strong><br />
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal<br />
tem sido avaliada por um teste curto <strong>de</strong> estimulação<br />
da corticotrofina. Este teste é usualmente<br />
realizado pela administração <strong>de</strong> 250μg <strong>de</strong> corticotrofina<br />
sintética endove<strong>no</strong>sa e obtenção do cortisol<br />
sérico antes, 30 e 60 minutos após a infusão<br />
<strong>de</strong>ssa substância. Níveis séricos inferiores a 18μg/<br />
dl <strong>com</strong> 30 e 60 minutos ou aumentos inferiores<br />
a 9μg/dl têm sido consi<strong>de</strong>rados, por muitos autores,<br />
diagnóstico <strong>de</strong> insuficiência adrenal. Entretanto,<br />
estes critérios foram <strong>de</strong>senvolvidos para<br />
avaliar a reserva adrenal em pacientes <strong>com</strong> doenças<br />
<strong>de</strong>strutivas <strong>de</strong>ssa glândula e são baseados em<br />
respostas <strong>de</strong> indivíduos controles <strong>no</strong>rmais não<br />
estressados e saudáveis. Pelo exposto, acredita-se<br />
que <strong>no</strong> teste falte sensibilida<strong>de</strong> para o diagnóstico<br />
da insuficiência adrenal em pacientes <strong>com</strong> <strong>choque</strong><br />
<strong>séptico</strong> 7 .<br />
Na faixa etária pediátrica merecem <strong>de</strong>staque<br />
alguns estudos. Hartherill et al. (1999) 5 avaliaram<br />
crianças <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 48 meses e diagnóstico<br />
<strong>de</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong>. Na pesquisa foi <strong>de</strong>finido<br />
<strong>com</strong>o critério principal para o diagnóstico<br />
da insuficiência adrenal o nível do cortisol sérico<br />
em relação ao basal após estímulo <strong>com</strong> uma dose<br />
<strong>de</strong> 145μg/m 2 <strong>de</strong> hormônio adre<strong>no</strong>-corticotrófico<br />
sintético. Uma elevação inferior a 7μg/dl foi consi<strong>de</strong>rada<br />
insuficiência adrenal, encontrado-se<br />
Choque SéPtiCo<br />
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incidência <strong>de</strong> 52%. Já Me<strong>no</strong>n e Clarson (2002) 8<br />
<strong>de</strong>finiram insuficiência adrenal <strong>com</strong>o um nível <strong>de</strong><br />
cortisol basal inferior a 7μg/dl e/ou um valor <strong>de</strong><br />
pico, após estímulo, inferior a 18ug/dl. Estes autores<br />
utilizaram uma dose <strong>de</strong> hormônio adre<strong>no</strong>corticotrófico<br />
<strong>de</strong> 125μg em crianças abaixo <strong>de</strong> 10<br />
kg e <strong>de</strong> 250μg acima <strong>de</strong>ste peso e <strong>de</strong>screveram<br />
incidência <strong>de</strong> insuficiência adrenal <strong>de</strong> 31%. Bone<br />
et al. 9 avaliaram o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal<br />
em crianças <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> entre 2 meses e 15<br />
a<strong>no</strong>s <strong>com</strong> doença meningocócica. O critério <strong>de</strong>stes<br />
autores para <strong>de</strong>finir a insuficiência adrenal foi<br />
um valor <strong>de</strong> cortisol matinal
<strong>de</strong>m a doses relativamente baixas <strong>de</strong> hidrocortisona,<br />
<strong>no</strong>rmalizando rapidamente as condições<br />
cardiovasculares e diminuindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vasopressores e i<strong>no</strong>trópicos 17 .<br />
Ng PC et al. (2001) 18 avaliaram <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s<br />
<strong>de</strong> muito baixo peso <strong>com</strong> quadro <strong>de</strong> hipotensão<br />
grave e insuficiência adrenal. Esta hipotensão<br />
não respon<strong>de</strong>u à expansão <strong>de</strong> fluídos e ao<br />
tratamento i<strong>no</strong>trópico, melhorando prontamente<br />
somente após o tratamento <strong>com</strong> corticosterói<strong>de</strong>s.<br />
Um teste <strong>com</strong> corticotrofina, realizado antes do<br />
tratamento, mostrou a<strong>de</strong>quada função pituitária<br />
e disfunção adrenal. A duração da reposição<br />
hormonal foi <strong>de</strong> 5 dias e foram utilizadas doses<br />
<strong>de</strong> 0,5 mg/kg/dia <strong>de</strong> <strong>de</strong>xametasona ou 1 mg <strong>de</strong><br />
hidrocortisona, quando a expansão <strong>de</strong> volume e<br />
as drogas i<strong>no</strong>trópicas não conseguiram manter<br />
pressão arterial média acima <strong>de</strong> 20mmHg. Todos<br />
os pacientes respon<strong>de</strong>ram prontamente ao <strong>uso</strong> <strong>de</strong><br />
corticói<strong>de</strong> e i<strong>no</strong>trópicos, sendo estes <strong>de</strong>scontinuados<br />
entre 28 e 54 horas após o início da terapia<br />
<strong>com</strong> corticosterói<strong>de</strong>.<br />
Seri et al. (2001) 19 , em um estudo retrospectivo,<br />
avaliaram os efeitos cardiovasculares da hidrocortisona<br />
em <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s <strong>de</strong> muito baixo<br />
peso <strong>com</strong> hipotensão resistente à expansão fluídica<br />
e a vasopressores e constataram que a hidrocortisona<br />
associou-se a um aumento significativo<br />
da pressão sanguínea 2 horas após a sua administração,<br />
proporcionando me<strong>no</strong>r necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vasopressores 8 a 12 horas após a primeira dose.<br />
Em estudo randomizado 20 , duplo cego, que<br />
incluiu 48 <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>s <strong>de</strong> muito baixo peso,<br />
<strong>com</strong> hipotensão refratária e insuficiência adrenal<br />
e necessitaram <strong>de</strong> dopamina em altas doses, os<br />
autores observaram que, após a administração <strong>de</strong><br />
uma dose <strong>de</strong> 1 mg/kg <strong>de</strong> hidrocortisona a cada<br />
8 horas por 5 dias a 24 pacientes consi<strong>de</strong>rados<br />
<strong>com</strong>o grupo <strong>de</strong> estudo e substância líquida em<br />
volume equivalente aos outros 24 pacientes consi<strong>de</strong>rados<br />
<strong>com</strong>o grupo placebo, a hidrocortisona<br />
foi eficaz <strong>no</strong> tratamento da hipotensão refratária,<br />
além <strong>de</strong> diminuir a duração do tratamento vasopressor<br />
ou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associação <strong>de</strong> drogas<br />
vasopressoras <strong>no</strong> grupo <strong>de</strong> estudo.<br />
Entretanto, o <strong>uso</strong> rotineiro <strong>de</strong> hidrocortisona<br />
não é re<strong>com</strong>endado, pois além dos efeitos adversos,<br />
somente uma pequena porcentagem <strong>de</strong>sses <strong>recém</strong><strong>nascido</strong>s<br />
que realmente apresentam insuficiência<br />
adrenal se beneficiariam <strong>com</strong> o tratamento 20 .<br />
Em um estudo <strong>com</strong>parativo que incluiu 40<br />
RN <strong>de</strong> baixo peso que utilizaram hidrocortisona<br />
ou dopamina <strong>no</strong> tratamento <strong>de</strong> hipotensão grave,<br />
Bourchier & Weston 21 verificaram que ambas as<br />
drogas foram eficientes e não houve diferença em<br />
relação à eficácia.<br />
Pelo exposto, ainda não há <strong>com</strong>provação real<br />
dos benefícios do corticosterói<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>choque</strong> <strong>séptico</strong><br />
do <strong>recém</strong>-<strong>nascido</strong>. Além disso, <strong>de</strong>ve-se levar<br />
em conta que esses fármacos apresentam uma<br />
série <strong>de</strong> efeitos adversos a curto, médio e longo<br />
prazo 22 .<br />
Consi<strong>de</strong>rações finais<br />
Ainda é controverso o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s<br />
em pacientes gravemente doentes, embora em alguns<br />
casos a utilização tenha se mostrado eficaz.<br />
O número <strong>de</strong> estudos em Pediatria e principalmente<br />
em Neonatologia é escasso para se concluir<br />
qual o risco-benefício <strong>de</strong> seu <strong>uso</strong>, bem <strong>com</strong>o<br />
a dose, a forma e o tempo <strong>de</strong> utilização.<br />
Entretanto, corticosterói<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />
<strong>no</strong> tratamento da insuficiência adrenal e<br />
po<strong>de</strong> amenizar a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em <strong>recém</strong><strong>nascido</strong>s,<br />
especialmente prematuros, <strong>com</strong> <strong>choque</strong><br />
<strong>séptico</strong> que não respon<strong>de</strong>ram ao tratamento<br />
convencional <strong>com</strong>o expansão <strong>de</strong> volume e terapia<br />
i<strong>no</strong>trópica.<br />
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Trabalho realizado <strong>no</strong> Instituto da Criança – Hospital das Clínicas – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
(USP), São Paulo, SP, Brasil<br />
Submissão: 6/11/2010<br />
Aceito para publicação: 2/3/2011