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Marcos Braz de Oliveira (Macaé) - Sintracomos

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Filho <strong>de</strong> trecheiro, <strong>Macaé</strong><br />

correu por quatro estados<br />

Sangue do sindicalismo corre nas veias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que quando percebeu<br />

as dificulda<strong>de</strong>s do pai<br />

Filho <strong>de</strong> trecheiro, trecheiro é. O pai <strong>de</strong> <strong>Macaé</strong>, seu José <strong>Braz</strong> <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>, pernambucano, trabalhou na construção da Cosipa, em Cubatão.<br />

E morou no Marapé, em Santos.<br />

Seu José lembra que andava <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>, na cida<strong>de</strong>, e que a construção<br />

da usina era com o pé na lama. Nessa época, sua família, com <strong>Macaé</strong> bem<br />

menino, estava no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

O pai era trecheiro e andou por esse Brasil afora, anos a fio, <strong>de</strong> obra<br />

em obra, garantindo, à distância, o sustento da mulher e filhos.<br />

<strong>Macaé</strong> recifense<br />

Nosso presi<strong>de</strong>nte nasceu em Recife (PE), em 8 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1958,<br />

mas foi para a cida<strong>de</strong> fluminense <strong>de</strong> Nilópolis, aos seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Aos 12 anos, começou a trabalhar na feira livre, com frutas e<br />

verduras. Aos 14, virou ajudante <strong>de</strong> serralheiro. E, aos 16, conseguiu<br />

registro em carteira, como montador <strong>de</strong> serralheria.<br />

Foi para o serviço militar obrigatório do Exército aos 18 anos,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> saiu para trabalhar naquela que seria sua profissão <strong>de</strong>finitiva:<br />

montador industrial.<br />

Tendência<br />

Profissão:<br />

montador<br />

Montador <strong>de</strong> estrutura na empresa House foi seu primeiro emprego<br />

como adulto. Depois <strong>de</strong> dois anos, mirou-se no pai e resolveu ‘correr<br />

trecho’.<br />

Primeiro, trabalhou por um período embarcado, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Macaé</strong>,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ganhou o apelido que carrega até hoje, em plataforma <strong>de</strong> petróleo<br />

da Petrobras.<br />

Depois disso, pela empresa House, foi trabalhar no Recife, on<strong>de</strong><br />

ficou dois anos e conheceu a cida<strong>de</strong> em que nasceu. Isso foi no final da<br />

década <strong>de</strong> 1970.<br />

Pela mesma empresa, <strong>Macaé</strong> foi <strong>de</strong> Pernambuco para Curitiba (PR),


na montagem e ajustagem <strong>de</strong> tubulação industrial <strong>de</strong> usina da Petrobras.<br />

Depois, na cida<strong>de</strong> portuária <strong>de</strong> Paranaguá (PR), então pela empresa<br />

Tenenge, foi trabalhar na construção <strong>de</strong> duas jaquetas <strong>de</strong> plataforma, em<br />

Namorado II e PCH1, da Petrobras.<br />

Do Paraná, foi para Limeira, interior paulista, pela empresa<br />

Cal<strong>de</strong>iraria Gama, (SP), na montagem <strong>de</strong> uma fábrica da companhia <strong>de</strong><br />

açúcar União.<br />

Pela mesma Tenenge, voou para Brasília, na cida<strong>de</strong> satélite <strong>de</strong><br />

Sobradinho, para construção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> na fábrica <strong>de</strong> cimento Santa Rita,<br />

da Votorantim.<br />

Aqui<br />

Vinda para<br />

a Baixada<br />

No começo dos anos <strong>de</strong> 1980, finalmente, veio para a Cosipa, pela<br />

empreiteira FEM, para ficar apenas três meses. Mas quis o <strong>de</strong>stino que por<br />

aqui ficasse até hoje.<br />

Veio pela empreiteira FEM, que atendia por apelidos nada elogiosos,<br />

como ‘fodidos esperando melhora’ e ‘fundação estadual do menor’, como<br />

mecânico ajustador.<br />

Terminado o serviço, a Cosipa gostou e fez contrato para a FEM<br />

continuar. Eram 12 trabalhadores, mas apenas <strong>Macaé</strong> e mais dois aceitaram<br />

ficar. Os <strong>de</strong>mais continuaram no trecho.<br />

Da FEM, ele foi para a Enesa e, <strong>de</strong>pois, a Tenenge. Sempre na<br />

Cosipa e sempre ajustador. Nesse período, fez curso técnico <strong>de</strong> tubulação<br />

industrial e cal<strong>de</strong>iraria, no Sesi Cubatão, com o professor Marcelo.<br />

Como a Tenenge encerrou as ativida<strong>de</strong>s no Brasil e pertencia ao<br />

grupo O<strong>de</strong>brecht, <strong>Macaé</strong> foi registrado nessa gran<strong>de</strong> construtora, em 1996,<br />

on<strong>de</strong> está até hoje.


Retranca.<br />

Destino<br />

Sindicato<br />

no sangue<br />

Já quando trabalhava na feira, <strong>Macaé</strong> percebeu que as relações entre<br />

patrão e empregado são complicadas e obe<strong>de</strong>cem à lógica dos interesses<br />

divergentes.<br />

Ele via as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu pai com as ‘gatas’ da época, quando os<br />

direitos trabalhistas eram rasgados mais que hoje, e confirmou isso a partir<br />

do momento que começou a correr trechos.<br />

O sindicalismo, embora ele não tivesse noção muito clara disso, pois<br />

o país vivia sob uma grave ditadura, já corria em seu sangue, contra as<br />

injustiças sociais.<br />

Assim que veio para Cubatão, começou a participar das comissões<br />

<strong>de</strong> base nas campanhas salariais, o que resultou em convite para integrar a<br />

diretoria do sindicato, em 1984.<br />

Ele achou que ainda não era o momento e continuou firme na base.<br />

Até que, em 1989, ele aceitou o segundo convite e veio para a suplência da<br />

diretoria.<br />

Três anos <strong>de</strong>pois, em 1992, foi eleito o primeiro diretor <strong>de</strong><br />

patrimônio, cargo até então inédito no sindicato. Em 1996, passou a vicepresi<strong>de</strong>nte.<br />

Em 1998, com o falecimento do presi<strong>de</strong>nte José Luiz <strong>de</strong> Melo,<br />

assumiu a presidência, até 2000. No mandato seguinte, foi eleito tesoureiro,<br />

função que exerce ha 12 anos.<br />

<strong>Macaé</strong> sempre teve gran<strong>de</strong> atuação na base e, por isso, como se diz,<br />

tinha ‘garrafa para trocar’ e chegar à diretoria executiva rapidamente.<br />

Embora não tenha se filiado, teve bons aprendizados com a<br />

Convergência Socialista e o PCB (partidão). Foi filiado ao PCdoB, junto<br />

com Zé Luiz, Índio, Luiz Carlos, Chileno e outros, por cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos.<br />

Hoje, <strong>Macaé</strong> está no PDT, partido que admira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando Leonel<br />

Brizola era governador do Rio <strong>de</strong> Janeiro e o encantava com seus discursos.


Cesta básica<br />

foi idéia <strong>de</strong>le<br />

Belém do Pará, 1989. Lá estava <strong>Macaé</strong>, representando Santos, num<br />

congresso nacional <strong>de</strong> trabalhadores na construção civil, montagem e<br />

manutenção industrial.<br />

Ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o pagamento <strong>de</strong> um adicional, além do salário, para<br />

o trabalhador comprar alimentos. A <strong>de</strong>legação paulista, majoritária, não<br />

aprovou a proposta.<br />

Ele não <strong>de</strong>sistiu e propôs, então, que as empresas fornecessem uma<br />

cesta básica, com produtos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>. Também não obteve<br />

sucesso.<br />

Mas a idéia da cesta ficou registrada na ata do encontro do Belém.<br />

E, em 1992, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>bates e lutas sindicais, a indústria da<br />

construção civil paulista finalmente instituiu o benefício.<br />

<strong>Macaé</strong> lembra que a cesta acabou se transformando em tíquetealimentação,<br />

vale-supermercado e se alastrou por todo o país: “Mas tudo<br />

começou lá atrás”.<br />

.<br />

Foi barra<br />

1999: tensão na<br />

crise da Cosipa<br />

Um momento especial, e tenso, ocorreu com <strong>Macaé</strong> quando ele<br />

assumiu a presidência do sindicato. Corria o ano <strong>de</strong> 1999 e a Cosipa entrou<br />

em crise. Era sua primeira campanha salarial como presi<strong>de</strong>nte.<br />

A si<strong>de</strong>rúrgica e as empreiteiras o chamaram para dizer que não<br />

podiam dar nada <strong>de</strong> reajuste salarial. O que podiam fazer era garantir os<br />

postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

“Foi difícil subir no carro <strong>de</strong> som e passar a mensagem aos<br />

operários”, lembra ele. A maioria aten<strong>de</strong>u, mas alguns ficaram raivosos,<br />

dizendo que o sindicato ven<strong>de</strong>ra a categoria.<br />

A situação também atingiu os cosipanos. Nas empreiteiras,<br />

trabalhavam 14 mil operários. Se radicalizasse, o sindicato colocaria<br />

milhares <strong>de</strong> companheiros na rua da amargura.<br />

O pessoal aceitou a argumentação <strong>de</strong> <strong>Macaé</strong>, <strong>de</strong> que a data-base<br />

seguinte compensaria a perda, e todos seguiram, a pé, até a ‘ilha dos<br />

amores’, como forma <strong>de</strong> protesto, mas com aceitação.<br />

Hoje ele recorda que valeu a pena esperar. No ano seguinte,<br />

a categoria conseguiu reajuste <strong>de</strong> 16%, o dobro dos 8% dados aos<br />

cosipanos. “Aí, a massa aplaudiu”.


Canção<br />

Trecheiros<br />

Composição: Zé Siqueira e Silo Sotil<br />

Cantora: Helena Porto<br />

Lanço a sorte, venço o vento / Da distância temo o tempo / A mulher<br />

a lamentar / Minha cria, minha sina / A cada ponto <strong>de</strong> chegada / Novo<br />

ponto <strong>de</strong> partida / Espera / Cansa / Todo dia era sempre / O mesmo dia /<br />

Que eu via passar / Foi querendo encontrar / Em meio ao caos e a solidão<br />

/ Um remanso, um lugar / Pra inverter a situação / A cada ponto <strong>de</strong><br />

chegada / Novo ponto <strong>de</strong> partida / Espera / Cansa / Foi querendo encontrar<br />

/ Sou errante sonhador / Madame ao me ver passar / Me enxerga com<br />

horror / Mas e se eu lhe contar / Ouça bem o que eu sou / Sou trecheiro a<br />

procurar / Sou trecheiro cantador / Sou trecheiro a batalhar / Sou trecheiro<br />

brigador / Sou trecheiro e vim lutar / Por uma vida sem favor.<br />

Posse em fevereiro<br />

<strong>Macaé</strong>, presi<strong>de</strong>nte<br />

pela segunda vez<br />

Entre suas propostas, está a <strong>de</strong> aproximar mais o sindicato dos<br />

trabalhadores e suas comunida<strong>de</strong>s<br />

Pela segunda vez, ‘<strong>Macaé</strong>’ <strong>Marcos</strong> <strong>Braz</strong> <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> será presi<strong>de</strong>nte<br />

do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e<br />

Manutenção Industrial <strong>de</strong> Santos e região (<strong>Sintracomos</strong>).<br />

Em 28 <strong>de</strong> outubro, ele foi <strong>de</strong>clarado vencedor da eleição iniciada no<br />

dia 26. Tomará posse em 11 <strong>de</strong> fevereiro, três dias após seu aniversário,<br />

para mandato <strong>de</strong> quatro anos.<br />

“Serão 48 meses <strong>de</strong> lutas diárias para a categoria ter dias melhores”,<br />

disse <strong>Macaé</strong>, logo após a apuração dos votos. O pleito teve chapa única.<br />

Ele já exerceu a presidência, entre 1998 e 2000, após falecimento<br />

do presi<strong>de</strong>nte José Luiz <strong>de</strong> Melo. <strong>Macaé</strong> é o primeiro representante da<br />

montagem industrial a ocupar o cargo. Ele funcionário da O<strong>de</strong>brecht.


Demais<br />

diretores<br />

Executiva<br />

Luiz Carlos <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

Almir Marinho Costa<br />

Secretário-geral<br />

Roberto Alves <strong>de</strong> Carvalho ‘Betão’<br />

Secretário<br />

Geraldino Cruz Nascimento<br />

Tesoureiro<br />

João Brasílio Serragioli<br />

Patrimônio<br />

Maria Bernar<strong>de</strong>te <strong>Oliveira</strong> Trajano da Silva<br />

Saú<strong>de</strong> e assistência<br />

Ornilo Dias <strong>de</strong> Souza<br />

Segurança do trabalho e meio ambiente<br />

José Francisco <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> da Silva ‘Índio’<br />

Eventos e lazer<br />

Suplentes<br />

Ramilson Manoel Eloi<br />

Eraldo Severino da Silva Filho<br />

Roberto Carlos Rodrigues dos Santos<br />

Maria Neil<strong>de</strong> Santos


Francisco Wilson Pereira Veras<br />

Leandro César dos Santos<br />

Sandro Roberto Silva<br />

Roque Tomé <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> Neto<br />

Lau<strong>de</strong>lino <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> Xavier<br />

Conselho fiscal<br />

Edson dos Santos Paschoa<br />

Paula Liliane Monteiro da Silva<br />

Francisco Carlos <strong>Oliveira</strong> da Silva<br />

Suplentes<br />

Ana Maria dos Santos<br />

Cloves Alexandrino <strong>de</strong> Jesus<br />

Antônio Manoel da Silva<br />

Representantes na fe<strong>de</strong>ração estadual<br />

Roberto Morgado dos Santos<br />

Maria José <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> Cassu<br />

Suplentes<br />

Naia Rodrigues da Conceição<br />

Miguel Bustos Romero.

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