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nenhum médico pode atestar óbito quando não o tenha verificado ...

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PROCESSO CONSULTA Nº 27/2010, protocolizado em 11/10/2010.<br />

INTERESSADO: Dr. D. J. P L e Dr. J. C. W. P. A<br />

ASSUNTO: Solicita posicionamento do CRM-PB quanto às questões<br />

relacionadas à emissão de Declaração de Óbito.<br />

PARECERISTA: Cons. Eurípedes Sebastião Mendonça de Souza – Conselheiro<br />

Diretor do Departamento de Fiscalização do CRM-PB.<br />

EMENTA: <strong>nenhum</strong> <strong>médico</strong> <strong>pode</strong> <strong>atestar</strong> <strong>óbito</strong> <strong>quando</strong> <strong>não</strong> o<br />

<strong>tenha</strong> <strong>verificado</strong> pessoalmente, ou <strong>quando</strong> <strong>não</strong> <strong>tenha</strong> prestado<br />

assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como<br />

plantonista, <strong>médico</strong> substituto ou em caso de necrópsia e verificação<br />

<strong>médico</strong>-legal (Art. 83 do Código de Ética Medica ou seja Res. CFM<br />

N° 1931#2009). Nas situações em que um <strong>médico</strong> seja o único em<br />

condições de <strong>atestar</strong> o <strong>óbito</strong>, independente de ser ou <strong>não</strong> <strong>médico</strong><br />

assistente, deve emitir a Declaração de Óbito (DO), obtendo<br />

informações ou na impossibilidade de formulação de causas<br />

registrar morte de causa desconhecida ou ainda enviar, de acordo<br />

com o caso e a existência dos serviços na cidade para o SVO ou<br />

IML.<br />

H I S T Ó R I C O<br />

Em 11 de outubro de 2010, foi protocolizado neste CRM-PB, sob o número<br />

2606/2010, o pedido de consulta assinado pelos <strong>médico</strong>s Dr. D. J. P L e Dr. J. C. W.<br />

P. A. No dia 11 de outubro de 2010, este conselheiro foi designado para emitir parecer.<br />

Considerando que para o entendimento do parecer é importante a reprodução na<br />

integra dos dois questionamentos.<br />

Consulta 1.<br />

CONSULTA<br />

Ao presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba – CRM-PB – Dr.<br />

João Gonçalves de Medeiros<br />

Assunto: Fornecimento de declaração de <strong>óbito</strong> sem verificar o <strong>óbito</strong> pessoalmente,<br />

Remetente: XXXXXX<br />

Sou <strong>médico</strong> do PSF, no município de Patos, desde 2006, e atuo na ESF (Equipe<br />

Saúde da Família) Aderbal Martins. No dia 22 de maio do corrente ano (num<br />

sábado), a senhora Maria Fernandes do Espírito Santo faleceu em seu domicílio. A família ligou para<br />

o SAMU, e <strong>quando</strong> o mesmo chegou à sua residência a mesma já havia falecido.<br />

No entanto, o <strong>médico</strong> do SAMU falou para a família que quem deve fornecer a<br />

Declaração de Óbito é o <strong>médico</strong> do PSF, de fato segundo a Resolução CFM Nº<br />

1779/2005, publicada no DOU de 05/10/2005, Seção I, p. 12) regulamenta a<br />

Av. Dom Pedro II, 1335 – Centro. João Pessoa - PB | CEP. 58040-440<br />

CNPJ: 10.764.033-0001-61 | Fone: (83) 2108-7200 | Fax. (83) 2108-7215<br />

E-mail: crmpb@crmpb.org.br | Site: http://www.crmpb.org.br


esponsabilidade médica no fornecimento da Declaração de Óbito e revoga a<br />

Resolução CFM Nº 1601/2000.<br />

Resolve:<br />

Art. 2º. Os <strong>médico</strong>s, <strong>quando</strong> do preenchimento da declaração de <strong>óbito</strong>,<br />

obedecendo as seguintes normas:<br />

1) Morte natural:<br />

II. Morte com assistência médica:<br />

d) A declaração de <strong>óbito</strong> do paciente em tratamento sob<br />

regime domiciliar (Programa de Saúde da Família,<br />

internação domiciliar e outros) deverá ser fornecido<br />

pelo <strong>médico</strong> pertencente ao programa ao qual o<br />

paciente estava cadastrado, ou pelo SVO, caso o<br />

<strong>médico</strong> <strong>não</strong> consiga correlacionar o <strong>óbito</strong> com o quadro<br />

clínico concernente ao acompanhamento do paciente.<br />

No entanto, essa senhora que faleceu no sábado, foi sepultada no domingo, 23 de<br />

maio de 2010, e o PSF só funciona de segunda a sexta, na manhã do dia 24 de<br />

maio de 2010 dona Benedita Fernandes da Silva me procurou solicitando que eu<br />

fornecesse a Declaração de Óbito da sua mãe, a senhora Maria Fernandes do<br />

Espírito Santo, expliquei a mesma que <strong>não</strong> podia fornecer tal declaração, pois <strong>não</strong><br />

pude verificar o <strong>óbito</strong> pessoalmente, haja vista já ter sido sepultada no dia<br />

anterior, então me baseei no que diz a Resolução CFM nº 1779/2005 que<br />

regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da Declaração de Óbito<br />

e o Código de Ética Médica no seu artigo 114 – É vedado à <strong>médico</strong> <strong>atestar</strong> <strong>óbito</strong><br />

<strong>quando</strong> <strong>não</strong> o <strong>tenha</strong> <strong>verificado</strong> pessoalmente, ou <strong>quando</strong> <strong>não</strong> <strong>tenha</strong> prestado<br />

assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista,<br />

<strong>médico</strong> substituto ou em caso de necropsia e verificação <strong>médico</strong>-legal.<br />

Daí Dona Benedita Fernandes da Silva foi ao Ministério Público Estadual – Promotoria da<br />

Justiça de Patos, procurar uma solução para que o problema em questão fosse<br />

resolvido, foi marcada uma audiência na Curadoria Cumulativa de Patos no dia<br />

22 de setembro de 2010, na qual estiveram presentes a Promotora de Justiça Dra.<br />

Edivane Saraiva de Souza, eu, XXXX João Pereira Lopes e o Coordenador Geral<br />

do SAMU/Patos, Dr. Pedro Augusto e Benedita Fernandes da Silva, filha da<br />

falecida. Na audiência o Dr. Pedro Augusto disse que conforme portaria do<br />

Ministério da Saúde nº 2048, que os <strong>médico</strong>s do SAMU <strong>não</strong> <strong>pode</strong>m fornecer<br />

declaração de <strong>óbito</strong>, afirmando que o SAMU <strong>pode</strong> fornecer uma declaração de<br />

atendimento, fazendo constar de que ao chegar ao local, a paciente já se<br />

encontrava em <strong>óbito</strong>.<br />

Pela Promotora Curadora foi dito: ficou acertado entre as partes PSF e SAMU,<br />

que o <strong>médico</strong> do PSF, no caso Dr. XXXX, com a Declaração de Atendimento<br />

fornecida pelo SAMU, de que houve atendimento à paciente Maria Fernandes, e que o<br />

<strong>médico</strong> do SAMU ao chegar ao local a encontrou em <strong>óbito</strong>, o Dr.XXXX fornecerá<br />

a Declaração de Óbito de Maria Fernandes do Espírito Santo, esta foi a solução<br />

dada pela Promotora e acordada entre os participantes.<br />

Diante do exposto, faço as seguintes indagações:<br />

1) O CRM tem alguma ferramenta para solucionar o problema?<br />

2) É legal, do ponto de vista ético e jurídico, o <strong>médico</strong> do SAMU fornecer<br />

esta Declaração de Atendimento e outro <strong>médico</strong>, no caso o do PSF,<br />

assinar a DO sem ter <strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong> pessoalmente?<br />

3) Eticamente e juridicamente, o <strong>médico</strong> do PSF, assinando a DO, caso<br />

porventura a família conteste na justiça que o <strong>óbito</strong> <strong>não</strong> foi por morte<br />

natural e sim evidência de morte violenta, o <strong>médico</strong> do SAMU responderá<br />

juridicamente juntamente com o <strong>médico</strong> do PSF? ou só o do PSF?<br />

4) O que foi dito pela Promotora de Justiça para nós <strong>médico</strong>s é legal?<br />

5) como o caso em questão configura que o <strong>médico</strong> <strong>não</strong> pôde fornecer a DO,<br />

haja vista <strong>não</strong> ter <strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong> pessoalmente, qual a solução que o<br />

CRM <strong>pode</strong> apresentar para os <strong>médico</strong>s resolverem casos dessa natureza?<br />

Av. Dom Pedro II, 1335 – Centro. João Pessoa - PB | CEP. 58040-440<br />

CNPJ: 10.764.033-0001-61 | Fone: (83) 2108-7200 | Fax. (83) 2108-7215<br />

E-mail: crmpb@crmpb.org.br | Site: http://www.crmpb.org.br


Consulta 2.<br />

Caso o CRM ache necessário entrar em contato com a Promotoria de Justiça de<br />

Patos, para que seja resolvido o problema de uma só vez, pois estamos<br />

constantemente sendo pressionados pelo representante da secretaria de saúde de<br />

Patos e, no caso mais recente, a Promotoria, para fornecermos Declaração de<br />

<strong>óbito</strong> nos casos dessa natureza.<br />

Endereço: Rua José Mendes, 670 – Santo Antonio<br />

CEP. 58701-109<br />

Patos-PB<br />

Cel. (83) 81250940<br />

e-mail: saudade_98@ig.com.br<br />

Sem mais, agradeço antecipadamente, votos de estima e consideração.<br />

“Médicos (dentre os quais me incluo) e agentes comunitários de saúde (ACS) na<br />

internet, estão com uma dúvida aqui em Patos (PB): nos casos de atendimentos<br />

<strong>médico</strong>s realizados pelo SAMU, na hipótese de morte do paciente, quem<br />

preencherá o formulário de Declaração de Óbito e Atestado de Óbito? Quais as<br />

diferenças entre: Declaração de Óbito e Atestado de Óbito. Li algo no site do<br />

CRM – PB, mais ainda me restaram muitas dúvidas. Faço estas perguntas, porque<br />

sou membro do Conselho Municipal de Saúde (Patos), mas <strong>não</strong> soube como<br />

responder tal indagação. Agradece, XXXX. (<strong>médico</strong> imaginologista).<br />

Dr. C.P. W<br />

Em decorrência do exposto, os questionamentos de ambos os consulentes resumem-se a:<br />

1) O CRM tem alguma ferramenta para solucionar o problema?<br />

2) É legal, do ponto de vista ético e jurídico, o <strong>médico</strong> do SAMU fornecer esta Declaração de<br />

Atendimento e outro <strong>médico</strong>, no caso o do PSF, assinar a DO sem ter <strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong><br />

pessoalmente?<br />

3) Eticamente e juridicamente, o <strong>médico</strong> do PSF, assinando a DO, caso porventura a família<br />

conteste na justiça que o <strong>óbito</strong> <strong>não</strong> foi por morte natural e sim evidência de morte violenta, o<br />

<strong>médico</strong> do SAMU responderá juridicamente juntamente com o <strong>médico</strong> do PSF? ou só o do PSF?<br />

4) O que foi dito pela Promotora de Justiça para nós <strong>médico</strong>s é legal?<br />

5) como o caso em questão configura que o <strong>médico</strong> <strong>não</strong> pôde fornecer a DO, haja vista <strong>não</strong> ter<br />

<strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong> pessoalmente, qual a solução que o CRM <strong>pode</strong> apresentar para os <strong>médico</strong>s<br />

resolverem casos dessa natureza?<br />

6) Nos casos de atendimentos <strong>médico</strong>s realizados pelo SAMU, na hipótese de morte do paciente,<br />

quem preencherá o formulário de Declaração de Óbito e Atestado de Óbito?<br />

7) Quais as diferenças entre: Declaração de Óbito e Atestado de Óbito<br />

MÉRITO<br />

Inicialmente gostaria de dizer que o caso acima relatado está<br />

deixando de ser uma exceção e ficando cada vez mais comum. Logo<br />

caberia a emissão de uma resolução pelo CFM ou CRM PB para nortear e<br />

otimizar a tomada de decisão por parte dos <strong>médico</strong>s que se envolvam em<br />

situações similares.<br />

Destaco como fonte mais importante da literatura consultada a<br />

“Cartilha A Declaração de Óbito: documento necessário e importante”<br />

Av. Dom Pedro II, 1335 – Centro. João Pessoa - PB | CEP. 58040-440<br />

CNPJ: 10.764.033-0001-61 | Fone: (83) 2108-7200 | Fax. (83) 2108-7215<br />

E-mail: crmpb@crmpb.org.br | Site: http://www.crmpb.org.br


publiciazado no ano de 2007 e elaborado pelo CFM em parceria com o<br />

Ministério da Saúde e o Centro Brasileiro de Doenças.<br />

Da fonte supra destaco:<br />

Na página 10, no tópico “O que o <strong>médico</strong> <strong>não</strong> deve fazer, no item<br />

2” é assinalado “Preencher a DO sem pessoalmente examinar o corpo e<br />

constatar a morte”. Recomendo a leitura da ainda do tópico “QUEM<br />

DEVERA EMITIR A DO EM CASO DE OBITO ASSISTIDO PELO<br />

PROGRAMA DE SAUDE DA FAMILIA PSF”, na página 26 da cartilha<br />

CFM/ MS que conclui ser o <strong>médico</strong> do PSF, mas ao final alerta “Contudo<br />

o <strong>médico</strong> deverá verificar pessoalmente o cadáver, após ter sido<br />

comunicado do <strong>óbito</strong>” (grifo nosso).<br />

LOGO NENHUM MEDICO, DEVE ASSINAR A<br />

DECLARAÇÃO DE ÓBITO (DO)” SEM EXAMINAR O CADÁVER. A<br />

fundamentação é o artigo 83 do Código de Ética Médica em vigor (Res.<br />

CFM n 1931/2009) que assinala:<br />

É vedado ao <strong>médico</strong>:<br />

Art. 83. Atestar <strong>óbito</strong> <strong>quando</strong> <strong>não</strong> o <strong>tenha</strong> <strong>verificado</strong> pessoalmente, ou<br />

<strong>quando</strong> <strong>não</strong> <strong>tenha</strong> prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o<br />

fizer como plantonista, <strong>médico</strong> substituto ou em caso de necropsia e verificação<br />

<strong>médico</strong>-legal.<br />

Lembrar que a Resolução CFM n 1.779/2005 que normatiza o<br />

fornecimento da declaração de <strong>óbito</strong>, apesar de nos seus<br />

artigos/parágrafos e incisos <strong>não</strong> alertar para a necessidade do<br />

diagnóstico presencial da morte ao emitir a DO o faz em seus<br />

considerandos ao citar o artigo 114 do então Código de Ética Médica. Este<br />

artigo apenas foi renumerado no atual Código Médico passando a ser o 83.<br />

A conclusão é que como o <strong>óbito</strong> foi em um sábado, dia que <strong>não</strong><br />

funciona o PSF, e o paciente fora enterrado, <strong>não</strong> há como o <strong>médico</strong> do<br />

PSF examinar o cadáver logo NÃO <strong>pode</strong>ria nem deveria PRENCHER A<br />

DO.<br />

No estado do Tocantins, a prefeitura da capital criou um plantão de<br />

<strong>médico</strong> de PSF, logo se ocorrer um <strong>óbito</strong> de pacientes de morte natural<br />

assistidos pelos PSFs da cidade nos horários em que os <strong>médico</strong>s daquelas<br />

unidades <strong>não</strong> estejam presentes no serviço como horário do almoço,<br />

sábados domingos e feriados um plantonista <strong>atestar</strong>á o <strong>óbito</strong> e preencherá<br />

a DO.<br />

Quanto à participação do <strong>médico</strong> do SAMU que atestou o <strong>óbito</strong> na<br />

residência. Como foi o único <strong>médico</strong> que diagnosticou a morte<br />

pessoalmente era o único que <strong>pode</strong>ria emitir a DO, até porque em Patos<br />

<strong>não</strong> há SVO. Na dúvida, se <strong>não</strong> tivesse condições de preencher o item VI<br />

da DO, no campo causas da morte, escreveria MORTE DE CAUSA<br />

DESCONHECIDA.<br />

A alegação de que os <strong>médico</strong>s do SAMU <strong>não</strong> <strong>pode</strong>m fornecer uma<br />

DO, com base na Portaria 2048#2002 <strong>não</strong> encontra respaldo na Cartilha<br />

MS/CFM supracitada pois foi elaborada, friso mais uma vez, em parceria<br />

CFM e MS, no item 1, do tópico “Esclarecendo as dúvidas mais<br />

comuns”, cujo titulo é “1 Óbito ocorrido em ambulância com <strong>médico</strong>.<br />

Av. Dom Pedro II, 1335 – Centro. João Pessoa - PB | CEP. 58040-440<br />

CNPJ: 10.764.033-0001-61 | Fone: (83) 2108-7200 | Fax. (83) 2108-7215<br />

E-mail: crmpb@crmpb.org.br | Site: http://www.crmpb.org.br


Quem deveria fornecer a DO?”. O texto assinala que a responsabilidade<br />

pela emissão da DO é do <strong>médico</strong> da ambulância e <strong>não</strong> excetua <strong>nenhum</strong><br />

<strong>médico</strong> nem os do SAMU.<br />

Por último gostaria de questionar a fundamentação para o cemitério<br />

providenciar o sepultamento sem a competente Certidão de Óbito pois a<br />

mesma só é emitida pelo cartório com a apresentação da Declaração de<br />

Óbito uma vez que os dados da DO são transcritos para a certidão de <strong>óbito</strong><br />

notadamente os alusivos às causas mortes.<br />

Quanto à diferença entre <strong>atestar</strong> e declarar, destacamos o posicionamento<br />

do prof. Genival Veloso de França, no seu livro Comentários ao Código de Ética<br />

Médica, Editora Guanabara-Koogan, 6ª edição, Rio de Janeiro, 2010. Pág. 194<br />

Deve-se entender ainda que o atestado é diferente de declaração. No<br />

atestado, quem o firma, por ter fé de ofício, prova, reprova ou comprova. Na<br />

declaração exige-se apenas um relato de testemunho. Entendemos que, na área<br />

de saúde, apenas os profissionais responsáveis pela elaboração do diagnóstico<br />

são competentes para firmarem atestados. Os demais <strong>pode</strong>m declarar o<br />

acompanhamento ou s coadjuvação do tratamento, o que <strong>não</strong> deixa, também,<br />

de constituir uma significante contribuição como probante.<br />

Explicitando: antigamente chamava-se de atestado de <strong>óbito</strong> e assim<br />

apenas o <strong>médico</strong> <strong>pode</strong>ria preenchê-lo e assiná-lo. Como no Brasil, existem ainda<br />

muitos municípios nos quais <strong>não</strong> existem <strong>médico</strong>s alcançáveis para comprovar a<br />

morte e conseqüentemente emitir o Atestado de Óbito, o legislador inseriu no<br />

documento oficial o campo IX, localizado na parte mais inferior, intitulado<br />

“Localidade sem <strong>médico</strong>” com espaços para a assinatura de um declarante<br />

(obviamente <strong>não</strong> <strong>médico</strong>), portanto leigo e duas testemunhas.<br />

Em decorrência da mudança o documento - ao abrir a possibilidade de um<br />

declarante assiná-lo <strong>não</strong> <strong>pode</strong>ria continuar com o nome de Atestado de Óbito,<br />

passando a Declaração de Óbito e que em conseqüência a DO será preenchida<br />

obrigatoriamente por <strong>médico</strong>s nos locais em que eles sejam alcançáveis e por<br />

leigos nos demais casos.<br />

CONCLUSÃO<br />

Respondendo objetivamente aos questionamentos:<br />

1) O CRM tem alguma ferramenta para solucionar o problema?<br />

RESPOSTA. As resoluções CFM n° 1779 2005, o Código de Ética Médica, A Cartilha de DO e os<br />

processos consultas para casos específicos ou duvidas na interpretação das resoluções do CFM/CRMs.<br />

2) É legal, do ponto de vista ético e jurídico, o <strong>médico</strong> do SAMU fornecer esta Declaração de<br />

Atendimento e outro <strong>médico</strong>, no caso o do PSF, assinar a DO sem ter <strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong><br />

pessoalmente?<br />

RESPOSTA. Ao CRM <strong>não</strong> compete abordar os aspectos jurídicos e sim os relacionados à ética<br />

medica. Todo ato <strong>médico</strong> deve ser registrado a termo, logo o SAMU <strong>pode</strong> implantar formulários<br />

próprios para tal finalidade, que deveriam ser chamados de atestados. Resumindo: a declaração de<br />

atendimento é ética. Por outro lado um <strong>médico</strong> <strong>não</strong> <strong>pode</strong> emitir uma declaração de <strong>óbito</strong> sem ter<br />

Av. Dom Pedro II, 1335 – Centro. João Pessoa - PB | CEP. 58040-440<br />

CNPJ: 10.764.033-0001-61 | Fone: (83) 2108-7200 | Fax. (83) 2108-7215<br />

E-mail: crmpb@crmpb.org.br | Site: http://www.crmpb.org.br


presencial e pessoalmente diagnosticado a morte, pois infringe o artigo 83 da Res. CFM n°<br />

1931/2009 (Código de Ética Médica que vai abreviado em CEM).<br />

3) Eticamente e juridicamente, o <strong>médico</strong> do PSF, assinando a DO, caso porventura a família<br />

conteste na justiça que o <strong>óbito</strong> <strong>não</strong> foi por morte natural e sim evidência de morte violenta, o<br />

<strong>médico</strong> do SAMU responderá juridicamente juntamente com o <strong>médico</strong> do PSF? ou só o do PSF?<br />

RESPOSTA. Repito ao CRM <strong>não</strong> compete abordar os aspectos jurídicos e sim os relacionados á ética<br />

médica. Logo o <strong>médico</strong> do PSF infringiu ao artigo 83 do CEM.<br />

Por sua vez, compete ao medico do SAMU, como atestou a morte, fez o exame do cadáver e a<br />

descrição em prontuário de possíveis causas de morte externas e ou suspeitas deverá neste caso formular<br />

denúncia junto às autoridades policiais. Se <strong>não</strong> havia indícios de lesão externa e o <strong>médico</strong> <strong>não</strong><br />

diagnosticou a morte e nem emitiu a DO o mesmo <strong>pode</strong>rá responder junto ao CRM por infração aos<br />

artigos 91 do CEM.<br />

4) O que foi dito pela Promotora de Justiça para nós <strong>médico</strong>s é legal?<br />

RESPOSTA. Não compete ao CRM averiguar a legalidade dos atos do MP. Do ponto de vista<br />

ético o <strong>médico</strong> do PSF <strong>não</strong> deveria assinar uma declaração de <strong>óbito</strong> que <strong>não</strong> o verificou<br />

pessoalmente.<br />

5) Como o caso em questão configura que o <strong>médico</strong> <strong>não</strong> pôde fornecer a DO, haja vista <strong>não</strong> ter<br />

<strong>verificado</strong> o <strong>óbito</strong> pessoalmente, qual a solução que o CRM <strong>pode</strong> apresentar para os <strong>médico</strong>s<br />

resolverem casos dessa natureza?<br />

RESPOSTA. Que seja criado um plantão do PSF para o diagnóstico e emissão de Declaração<br />

de Óbito nas 24 horas do dia como ocorre em Palmas no Estado do Tocantins. Enquanto isso<br />

nas situações em que um <strong>médico</strong> seja o único em condições de <strong>atestar</strong> o <strong>óbito</strong>, independente<br />

de ser ou <strong>não</strong> <strong>médico</strong> assistente, deve emitir a Declaração de Óbito, obtendo informações<br />

ou na impossibilidade de formulação de causas registrar “MORTE DE CAUSA<br />

DESCONHECIDA” ou ainda enviar, de acordo com o caso e a existência dos serviços na<br />

cidade para o SVO ou IML.<br />

6) Nos casos de atendimentos <strong>médico</strong>s realizados pelo SAMU, na hipótese de morte do paciente,<br />

quem preencherá o formulário de Declaração de Óbito e Atestado de Óbito?<br />

RESPOSTA. Caso o <strong>médico</strong> assistente possa emitir a Declaração de Óbito a responsabilidade é<br />

dele, caso contrário o <strong>médico</strong> do SAMU deve emitir a DO.<br />

7) Quais as diferenças entre: Declaração de Óbito e Atestado de Óbito.<br />

RESPOSTA. A declaração tanto <strong>pode</strong> ser assinada por um leigo quanto por um profissional que<br />

<strong>tenha</strong> fé de oficio. Já o atestado é um documento que só <strong>pode</strong> ser assinado por um profissional que<br />

<strong>tenha</strong> fé de oficio. No Brasil o documento Atestado de Óbito passou a ser chamado de Declaração de<br />

Óbito. Logo <strong>não</strong> existe mais o Atestado de Óbito.<br />

Este é o parecer, salvo melhor juízo.<br />

João Pessoa, 13 de dezembro de 2010.<br />

____________________________________________<br />

Conselheiro Eurípedes Sebastião Mendonça de Souza<br />

Conselheiro Diretor do Departamento de Fiscalização do CRM-PB – Parecerista<br />

Aprovado “ad referendum” em reunião de Diretoria de 17/01/2011<br />

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