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Guia de Estudos - Faap

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<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />

cada arma aprendida, outras trinta entram ilegalmente<br />

no país, normalmente por vias aéreas e marítimas,<br />

transferências terrestres são feitas em pequena quantida<strong>de</strong><br />

somente como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>spistar as autorida<strong>de</strong>s.<br />

Os traficantes utilizam rodovias estaduais até chegar às<br />

gran<strong>de</strong>s capitais como São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. As armas<br />

são “exportadas” principalmente do Paraguai e outros<br />

países como Argentina, Bolívia, Uruguai e Filipinas.<br />

Dentre as principais rotas utilizadas pelo crime organizado<br />

para a entrada <strong>de</strong> armas estão: Foz do Iguaçu,<br />

Mato Grosso do Sul e, a mais frequente <strong>de</strong> todas, Uruguaiana.<br />

Segundo as autorida<strong>de</strong>s, os traficantes que<br />

estão presos contam com o apoio <strong>de</strong> seus advogados,<br />

amigos e familiares, que durantes as visitas transitam<br />

livremente com informações e fora das penitenciárias<br />

são os responsáveis pela manutenção dos negócios. Ao<br />

entrar para a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> esses colaboradores dos<br />

gran<strong>de</strong>s chefes do tráfico, além <strong>de</strong> beneficiar seus clientes,<br />

passam também a fazer parte do crime organizado,<br />

muitas vezes se tornando sócios em alguns “empreendimentos”.<br />

Outro fator que auxilia a continuida<strong>de</strong> do crime,<br />

mesmo que <strong>de</strong>ntro das ca<strong>de</strong>ias, é a falta <strong>de</strong> infraetrutura<br />

carcerária em muitos estados brasileiros, on<strong>de</strong> presos<br />

<strong>de</strong> mesmas facções permanecem nos mesmos presídios<br />

e muitas vezes nas mesmas celas. O fácil acesso a<br />

aparelhos celulares e outras formas <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>vido<br />

à falta <strong>de</strong> fiscalização e brechas nas leis, facilitam a<br />

vida dos chefes do crime organizado.<br />

Segundo os próprios traficantes a própria polícia<br />

possui um papel importante no esquema do tráfico,<br />

que é o <strong>de</strong> um agente facilitador ao passar informações<br />

secretas e ao participar em troca <strong>de</strong> propina no auxílio<br />

ao trabalho ilegal. Ainda <strong>de</strong> acordo com <strong>de</strong>tentos, policiais<br />

participam do crime organizado ganhando uma<br />

porcentagem do lucro <strong>de</strong> 10% a 20%.<br />

Como forma <strong>de</strong> combate ao tráfico <strong>de</strong> armas e ao<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas o governo colocou em votação um referendo<br />

sobre a proibição da comercialização <strong>de</strong> armas<br />

<strong>de</strong> fogo no qual a população <strong>de</strong>cidiu pela manutenção<br />

da não proibição. A partir <strong>de</strong> então entrou em discussão<br />

um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>bate entre aqueles que são a favor da livre<br />

circulação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo contra aqueles que são a<br />

favor da extinção do comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo.<br />

Os que <strong>de</strong>fendiam a não proibição acharam correta a<br />

<strong>de</strong>cisão dos eleitores. Seriam <strong>de</strong>sarmados os traficantes<br />

e bandidos? Existe hoje aproximadamente uma arma<br />

para cada doze habitantes e o comércio clan<strong>de</strong>stino<br />

trabalha para levar armas para cada onze <strong>de</strong>ssas doze<br />

pessoas.<br />

Aqueles que eram a favor no momento do referendo<br />

e ainda são, mesmo após o pleito, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

que, enquanto o governo discute se as armas são um<br />

mal a ser extirpado ou um mal necessário, muitas vidas<br />

estão sendo jogadas fora através <strong>de</strong> homicídios cometidos<br />

com armas <strong>de</strong> fogo, no caso seis em cada <strong>de</strong>z. Só no<br />

ano <strong>de</strong> 2003 a polícia apren<strong>de</strong>u 171 fuzis das facções do<br />

narcotráfico. Mesmo com a dificulda<strong>de</strong> em se estimar a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas no Rio <strong>de</strong> Janeiro, os dados apontam<br />

que na cida<strong>de</strong> existem cerca <strong>de</strong> 160 mil contra 1,3<br />

milhão em São Paulo, um número risível mesmo que no<br />

ano <strong>de</strong> 2002 só tenham sido vendidas três armas através<br />

<strong>de</strong> vias legais.<br />

Em 2003 estima-se que existiam no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

aproximadamente 60 mil armas nos morros cariocas.<br />

Muitas são alugadas para assaltantes e outras pertencem<br />

às próprias facções. “Isso produziu um volume <strong>de</strong><br />

compra maior que suas necessida<strong>de</strong>s operacionais”, explica<br />

o então secretário nacional <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />

Luis Eduardo Soares.<br />

Para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral existe uma espécie <strong>de</strong> MERCO-<br />

SUL do crime, em que as quadrilhas e os traficantes se<br />

ajudam para conseguir armas. De acordo com a Polícia<br />

Civil do Rio <strong>de</strong> Janeiro, 85% das armas que chegam ao<br />

território do estado carioca têm como última escalada<br />

o Paraguai, que não as fabrica e funciona como uma espécie<br />

<strong>de</strong> entreposto bélico, já os 15% restantes são dos<br />

Estados Unidos. O dossiê <strong>de</strong> ação estratégica da polícia<br />

civil do Rio <strong>de</strong> Janeiro aponta que oito em <strong>de</strong>z armas<br />

contraban<strong>de</strong>adas para a cida<strong>de</strong> são oriundas <strong>de</strong> negócios<br />

legais, ou seja, foram adquiridas primeiramente <strong>de</strong><br />

forma legal.<br />

Neste Mercosul do crime a Argentina ganhou <strong>de</strong>staque,<br />

pois as encomendas variam <strong>de</strong> fuzis automáticos<br />

FAL (fuzil automático leve, calibre 7,62 mm), a granadas<br />

FMK2 (granadas <strong>de</strong> mão produzidas na Fábrica Militar<br />

FRA Y LUIS BELTRAN na Argentina, o tipo <strong>de</strong> granada<br />

mais encontrada no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001). Outro<br />

dossiê obtido pela revista Isto É, realizado a pedido,<br />

mostrou que as armas encontradas com traficantes bra-<br />

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