Guia de Estudos - Faap
Guia de Estudos - Faap
Guia de Estudos - Faap
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> / Study Gui<strong>de</strong> / <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Estudios<br />
O terceiro tipo, o grey market, são os negócios<br />
em que os governos ou seus agentes autorizados exploram<br />
brechas ou tentam contornar as legislações<br />
nacionais e/ou internacionais e as políticas existentes<br />
sobre o tema 1 .<br />
Em uma breve tentativa <strong>de</strong> relacionar o caso<br />
brasileiro como uma das três abordagens, po<strong>de</strong>-se incluir<br />
o tráfico <strong>de</strong> armas leves nas comunida<strong>de</strong>s do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro como um caso típico <strong>de</strong> transferências ilegais<br />
(mercado cinza), on<strong>de</strong> sem autorização do Estado<br />
são transferidas armas leves a essa região do país, mais<br />
especificamente para as mãos <strong>de</strong> traficantes <strong>de</strong> drogas<br />
e milícias com o envolvimento <strong>de</strong> agentes governamentais<br />
corruptos.<br />
Novamente, na Guerra Fria o mundo encontrava-se<br />
dividido em dois blocos, capitalistas e socialistas,<br />
dominados por duas esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, as duas<br />
superpotências: Estados Unidos da América (EUA) e<br />
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Estes<br />
eram os maiores <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> armamentos nucleares.<br />
Durante a Guerra Fria, o maior medo presente em<br />
todo o planeta era a ocorrência <strong>de</strong> um conflito nuclear,<br />
o que sem dúvida traria danos irreversíveis à humanida<strong>de</strong>.<br />
Durante a Guerra Fria, a comunida<strong>de</strong> internacional<br />
estava focada na criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> regulação e<br />
regimes para controlar armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa.<br />
Um quadro regulatório <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong>sarmamento para<br />
armas convencionais em geral, e armas leves em particular,<br />
era praticamente inexistente.<br />
De acordo com Garcia, o fim do comunismo e consequentemente<br />
da União Soviética e da Guerra Fria,<br />
somados à primeira Guerra do Golfo (1990), foram os<br />
principais acontecimentos que motivaram as negociações<br />
sobre o controle <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong>sarmamento, que<br />
está ligado à preocupação a respeito da disponibilida<strong>de</strong>,<br />
uso e transferência <strong>de</strong> armas leves e à construção<br />
<strong>de</strong> normas internacionais a respeito.<br />
Ainda segundo o autor, nesse contexto percebeu-<br />
-se que os armamentos causadores <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> mortes e violência armada pelo mundo são as<br />
armas leves, e não como se pensava, os armamentos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa, que raramente foram usados<br />
pelo homem.<br />
Ainda segundo Garcia, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
a área da saú<strong>de</strong> precária e com pouca ajuda<br />
humanitária, as vítimas indiretas que chegam a morrer<br />
nos conflitos são muito maiores dos que as diretas. Os<br />
custos financeiros da proliferação <strong>de</strong>ssas armas são elevados,<br />
mas além <strong>de</strong>sses e da perda <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> vidas<br />
existem os custos sociais e econômicos que afetam diretamente<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do país.<br />
O fim do comunismo proporcionou aos vários países<br />
como as antigas repúblicas soviéticas, ou ainda os<br />
Estados satélites da esfera capitalista, uma espécie <strong>de</strong><br />
soltura das amarras i<strong>de</strong>ológicas, passando a <strong>de</strong>terminar<br />
suas próprias ações dali em diante, porém se <strong>de</strong>pararam<br />
com o surgimento <strong>de</strong> problemas inerentes aos próprios<br />
países, que antes eram cercados.<br />
Estes Estados tornaram-se combustíveis para conflitos<br />
internos e guerras civis, as quais são abastecidas<br />
principalmente pelo tráfico internacional <strong>de</strong> armas leves.<br />
Segundo Garcia, isto mostra que o térmico <strong>de</strong>ste<br />
período leva os conflitos a uma mudança <strong>de</strong> paradigma,<br />
em que é alterada a natureza dos conflitos, sendo<br />
que hoje a gran<strong>de</strong> maioria passou <strong>de</strong> interestatais para<br />
intraestatais com a utilização <strong>de</strong> armas leves, já que possuem<br />
um baixo custo em relação às <strong>de</strong>mais, o uso e o<br />
transporte também são fáceis e a manutenção é muito<br />
simples e quase inexistente.<br />
O Brasil, mesmo que <strong>de</strong> forma menos intensa, durante<br />
muitos anos foi alinhado aos Estados Unidos, nunca<br />
abriu mão <strong>de</strong> sua soberania, mas seguiu muitas políticas<br />
e diretrizes norte-americanas contrárias ao comunismo.<br />
Na década <strong>de</strong> 1990 o problema do tráfico <strong>de</strong> drogas<br />
presente principalmente nos morros da cida<strong>de</strong> do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro passou a ocupar o lugar <strong>de</strong> outros conflitos e<br />
ganhou repercussão internacional.<br />
Segundo Rogers, a socieda<strong>de</strong> civil organizada atenta<br />
para o tema em função da gran<strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> dos armamentos<br />
leves, apoiando pesquisas e estudos a respeito<br />
durante os anos 1990. O motivo era estabelecer os armamentos<br />
leves como um assunto a ser discutido por<br />
analistas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas convencionais e inserir<br />
esse tema na agenda <strong>de</strong> segurança da comunida<strong>de</strong> internacional.<br />
Logo as organizações internacionais passaram a<br />
conduzir seus próprios estudos a fim <strong>de</strong> convencer, in-<br />
79